• Nenhum resultado encontrado

IV – SITUAÇÃO DAS OBRAS DE MOBILIDADE URBANA

No documento ACÓRDÃO Nº 1608/2014 TCU Plenário (páginas 34-36)

Execução Física

IV – SITUAÇÃO DAS OBRAS DE MOBILIDADE URBANA

80. O relatório consolidado de peça 15 deste TC 009.205/2013-6 apresenta considerações acerca do panorama geral, em abril de 2013, das obras de mobilidade urbana da Copa do Mundo de 2014, bem como as justificativas e os esclarecimentos do Ministério das Cidades quanto às deliberações proferidas pelo TCU por meio do Acórdão 3011/2012-Plenário.

81. No presente relatório, cabe-nos, com base nos acompanhamentos realizados pelas diversas unidades técnicas do tribunal, atualizar a situação dos financiamentos e da execução das obras de mobilidade urbana.

82. A SecexFazenda procedeu a novo acompanhamento, mediante a autuação do TC 002.532/2014-0, tendo por objetivo a verificação junto à Caixa da situação individualizada dos financiamentos para cada obra de mobilidade urbana prevista na matriz de responsabilidades, apresentando de modo sistemático as eventuais pendências para a assinatura do acordo e para a liberação dos recursos.

83. Com vistas a obter as referidas informações atinentes às obras de mobilidade urbana, foi efetuada diligência junto à Caixa e consultado o portal eletrônico www.copa2014.gov.br (Resolução Gecopa 23/2013). A partir da análise documental dos dados disponibilizados pela Caixa, Ofício 039/2014/Susan/Gecoa e seu Anexo I (peças 4 e 6 do TC 002.532/2014-0), além dos dados obtidos diretamente pela equipe de auditoria por meio do referido portal, foram elaboradas planilhas nas quais estão sistematizadas as informações coletadas, fornecendo um panorama geral das ações de mobilidade urbana relacionadas à Copa de 2014 financiadas pela Caixa (Anexo 3 deste Relatório).

84. Ressalta a SecexFazenda em seu relatório que há contratos em que os valores apresentados na Matriz de Responsabilidades divergem dos dados enviados pela Caixa. Segundo a Caixa, os principais motivos que ensejaram tais divergências foram: a) modificação no custo das obras (aumento ou redução); e b) valores licitados menores que os previstos e aumento de valores de contrapartida para suprir os custos da obra.

85. Para melhor visualização das informações, foram evidenciados, na tabela constante do anexo 3, além do ‘Valor total do empreendimento - Caixa’ (constante do sistema do banco), o ‘Valor total do empreendimento – Matriz de Responsabilidade’. 86. A partir de uma análise expedita acerca dos dados encaminhados pela Caixa, percebeu-se a existência de algumas inconsistências, entre elas: i) descompasso no cronograma físico-financeiro; ii) ‘situação do empreendimento’ em desconformidade com a data de previsão de término da obra; iii) obras sem nenhum desembolso financeiro, apesar da proximidade da realização da Copa do Mundo de 2014; e iv) obras com previsão de término após a realização do evento.

87. A título ilustrativo, cita-se o empreendimento ‘Corredor da Via Mangue’, que está sendo executado em Recife. Apesar de ter sido liberado 84,6% do valor total financiado pela Caixa, foi executado apenas 49,58% de toda a obra, o que demonstra descompasso no referido cronograma. Para esse mesmo empreendimento, no sistema da Caixa, consta que a sua situação é ‘normal’, apesar de a data estabelecida para a sua conclusão ter sido em 30/6/2013. Fato que evidencia o atraso em sua execução.

88. Outro exemplo é o empreendimento ‘BRT Dede Brasil’, que está sendo executado em Fortaleza, apesar de já ter financiamento contratado e previsão de término em 30/4/2014, até o presente momento (fev/2014), não teve nenhum desembolso financeiro. Desse modo, infere-se que é alta a probabilidade de que esse empreendimento e outros que também não tiveram nenhum desembolso não fiquem prontos até o início da Copa, a ser realizada a pouco mais de três meses.

89. Informa-se, ainda, que o empreendimento ‘VLT Cuiabá/Várzea Grande’, localizado em Cuiabá, tem previsão de término em dezembro de 2014, ou seja, quase cinco meses após o término da Copa.

90. Em face dessas inconsistências relatadas, em 25/2/2014, a equipe de fiscalização realizou reunião com técnicos da Caixa com o fim de tomar conhecimento dos motivos dos atrasos na execução de vários empreendimentos, bem como qual seria a reprogramação para o respectivo término. Na ocasião, foi informado que os percentuais de execução de determinados empreendimentos, constante no sistema da Caixa, podiam estar menores que os reais, haja vista corresponderem apenas aos serviços executados já atestados por ela.

91. A Caixa, em sua resposta datada de 28/2/2014 prestou diversas informações, as quais foram inseridas nas tabelas constantes do Anexo 3 deste relatório.

Conclusões quanto às Obras de Mobilidade Urbana

92. Após realizar análises preliminares com base nos dados encaminhados pelo banco estatal e identificada a situação física e financeira atual dos empreendimentos da Copa, a SecexFazenda aponta a existência de indícios de irregularidades, que podem

ocasionar eventuais atrasos e riscos de que eles não sejam concluídos até o início do evento em comento, entre eles: i) descompasso no cronograma físico-financeiro; ii) ‘situação do empreendimento’ em desconformidade com a data de previsão de término da obra; iii) obras sem nenhum desembolso financeiro apesar da proximidade da realização da Copa; iv) obras com previsão de término após a realização do evento.

93. Cabe acrescentar que em diversas ocasiões ao longo dos últimos cinco anos, ao apreciar ações de controle específicas, o tribunal alertou as autoridades competentes para a existência de riscos relevantes de que determinados projetos de mobilidade urbana nas cidades-sede da Copa não seriam concluídos ou estariam em operação até o Mundial. 94. Apesar da atuação preventiva do Tribunal, de uma forma geral, é forçoso concluir pela baixa execução dos projetos de mobilidade urbana planejados pelos entes públicos para a Copa do Mundo de 2014. Vale notar que aproximadamente 50% dos projetos previstos nas primeiras edições da Matriz de Responsabilidades da Copa foram excluídos da matriz, já que os entes tinham certeza de que as obras não seriam concluídas a tempo. Entre outros, citam-se os veículos leves sobre trilho (VLT) de Brasília e de Salvador, o monotrilho e o BRT de Manaus, o monotrilho de São Paulo e os oito projetos (BRT e corredores de ônibus) de Porto Alegre.

95. Segundo os dados da tabela do anexo 3 deste relatório, ao final de janeiro deste ano, faltando aproximadamente quatro meses para o início da Copa, dos 34 empreendimentos que ainda faziam parte da carteira da Copa, 20 projetos, ou seja, 59%, estavam com menos de 50% de desembolso, sendo que, desse total, 4 projetos estavam ainda sem desembolso.

No documento ACÓRDÃO Nº 1608/2014 TCU Plenário (páginas 34-36)