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O belo rosto de D. Júlia aparece-me, agora que se festeja o seu centenário, com a maior nitidez com que me apareceu, certa manhã de verão, na Rua do Ouvidor. Fazia o maior calor, mas, na sua blusa branca, e com o seu claro sorriso, D. Júlia, com as têmporas úmidas, tinha uma frescura de flor orvalhada. Seus olhos possuíam uma inteligência tranquila e penetrante: pareciam mais científicos do que artísticos. A Arte, porém, estava em sua figura harmoniosa, em seu gesto e em sua palavra, na sua elegância natural, de uma dignidade que os tristes dias de hoje não fazem senão, por amargo contraste, ressaltar.

Cecília Meireles

O trecho composto pela escritora Cecília Meireles por ocasião do centenário de nascimento de Júlia Lopes de Almeida traduz muito mais do que simples palavras de admiração; ele mostra a importância da escritora para o universo literário. Tal forte foi o impacto do primeiro contato da jovem Cecília Meireles com Dona Júlia, que aquela procurou conservar com nitidez tal cena em sua memória, de modo a captar com emoção todas as impressões acerca daquele momento.

Além de demonstrar um traço profundamente delicado em relação à descrição de Júlia Lopes de Almeida, Meireles subjetivamente compara os gestos e as ações da escritora à grandeza da Arte, evidenciando que esta tinha impregnado em seu ser certo vigor artístico, tal qual um dom inato.

Ao ser analisada a vida e a obra de Júlia Lopes de Almeida, percebe-se que a homenagem prestada por Cecília Meireles configura-se mais do que justa. Júlia foi filha, esposa, mãe, jornalista, escritora, e ao desempenhar esses múltiplos papéis ao longo de sua vida, conseguiu driblar o destino comum reservado às mulheres de sua época em favor de uma carreira literária reconhecida.

Sendo assim, não se pode deixar de notar em sua obra um encantamento pontual pela figura emblemática da mulher, como o resultado de sua própria percepção sobre a condição social feminina na sociedade em que fez parte. Como já citado anteriormente, apesar de renomada escritora, Júlia Lopes soube conciliar perfeitamente os papéis de esposa, dona-de- casa e mãe com o seu trabalho de ficcionista. Segundo Norma Telles na apresentação da

reedição do romance A falência (2003), Júlia Lopes de Almeida “conseguiu viver de sua pena, um feito para uma época em que à mulher não era permitido escrever nem expressar opiniões” (TELLES In: ALMEIDA, 2003).

Sua principal influência partiu de dentro de seu próprio ambiente familiar. Filha de pais burgueses, de origem portuguesa, Júlia foi criada em um clima intelectual propício, uma das condições para o desenvolvimento de seu talento literário. Seu pai antes de graduar-se em Medicina na Europa, foi o fundador do hoje extinto Colégio de Humanidades, com sede na Rua do Lavradio. A mãe de Júlia, além de pedagoga, era musicista, graduada em composição, canto e piano pelo Conservatório de Lisboa.

Foi, pois, na sede do Colégio de Humanidades, também residência de sua família, que nasceu Júlia Valentina Silveira Lopes em 24 de setembro de 1862, no Rio de Janeiro. Nessa instituição escolar engajou-se nas primeiras letras, recebendo da irmã mais velha, Adelina, total acompanhamento em sua alfabetização.

Há de se atentar para o fato de que o Colégio de Humanidades era direcionado à educação de moças, fato que pode ter influenciado Júlia em suas categóricas observações sobre o universo feminino, reavivando seus pontos de vista acerca da importância da leitura, do estudo e do trabalho na vida das jovens em prol de uma melhor formação individual.

Além do contexto familiar favorável, Júlia Lopes de Almeida ainda obteve experiências particulares, tais quais as diversas mudanças de cidade feitas por sua família: do zero aos vinte e três anos de idade, Júlia residiu na capital do Rio de Janeiro, em Friburgo e em Campinas. Nesta última cidade, por exemplo, a escritora residiu de 1869 a 1885.

Aliada às mudanças, a família de Júlia Lopes empreendeu viagens significativas ao exterior: a Portugal, em 1875 e ao Uruguai, em 1876. Aliás, algumas informações dão conta que a família teria permanecido em Montevideo durante dois anos, em virtude de um problema de saúde do Dr. Valentim, pai da escritora.

As mudanças aliadas às viagens empreendidas em função do acompanhamento de seus familiares permitiram que a autora criasse condições de aguçar as percepções acerca das dimensões culturais, sociais e históricas entre os diferentes espaços geográficos que conhecera. Campinas, por exemplo, é retratada em um dos seus romances, A família Medeiros

(1892), obra de cunho abolicionista que também descreve o período de ascensão pré- republicana, principalmente através do comércio cafeicultor.

O pai de Júlia Lopes logo se torna seu principal entusiasta; é ele quem a convida a exercer a função de escritora-colaboradora no jornal A Gazeta de Campinas. Sendo assim, em 1881, a jovem Júlia tem publicada em 07 de dezembro, a sua primeira crônica intitulada Gemma Cunibert. Esta se encontra relacionada no capítulo anexo para leitura e apreciação.

Ao final de 1883, Júlia Lopes de Almeida, então com vinte e um anos, já é considerada uma das prosadoras mais importantes de tal jornal. Em seus primeiros artigos, a escritora já mostrava conhecimento e domínio das ciências modernas, apontando aspectos psicológicos, pedagógicos, higiênicos, médicos usados no dia-a-dia em favor de uma nova concepção de organização do lar. Além disso, já traduzia em seus textos inclinações para a percepção dos diversos problemas sofridos pelas donas-de-casa daquela época, em especial, a falta de informação.

Começando a ter seu trabalho notadamente reconhecido, Júlia é convidada, em 1884, para se tornar uma das cronistas do jornal carioca O paiz. Desta feita, mesmo residindo em Campinas, a autora acaba empreendendo várias visitas ao Rio de Janeiro, onde vem a conhecer, em 1885, seu futuro marido, o escritor e jornalista português Filinto de Almeida.

Em agosto de 1886, mais uma viagem de notável importância: a família de Júlia Lopes segue para Lisboa. Mesmo afastada das terras brasileiras, a escritora não se desvencilha do seu trabalho de cronista, continuando assim, a serviço da Gazeta de Campinas, onde publica dois contos-crônicas sob os nomes “Lisboa na rua” e “Litz”. Ainda nesse ano não se pode deixar de relatar a primeira publicação em livro de uma obra de sua autoria. Contos infantis, escrito em colaboração com a irmã Adelina Lopes Vieira, continha uma compilação de contos em forma de verso e prosa. Tal foi a importância desse livro para o universo infantil da época, que em 14 de abril de 1891, a Inspetoria Geral da Instrução Primária e Secundária da Capital Federal Brasileira, aprovou o seu uso em todas as instituições públicas que abrigassem o ensino primário.

Procurando seguir uma trajetória de sequentes publicações, em 1887, Júlia prepara novos contos para a edição de um novo livro. Desta vez, esse recebe o nome de Traços e

própria família. Nesse mesmo ano, em 28 de novembro, a escritora casa-se com Filinto de Almeida e, ao contrário do que poderia ocorrer, em nada foi alterada a sua rotina em relação à sua produção literária.

Ao tornar-se cada vez mais conhecida em seu meio, Júlia Lopes de Almeida passa a escrever em diversos jornais e periódicos da época, entre os quais se encontram Gazeta de

noticias, O paiz e O jornal do commercio.

Retornando ao Brasil em 1888, Júlia prepara para a Tribuna Liberal do Rio de Janeiro o seu primeiro romance a ser publicado em folhetim: Memórias de Martha. Segue no ano posterior para São Paulo, em virtude de uma proposta emitida ao sr. Filinto de Almeida, que o convidava a assumir o cargo de diretor do jornal A província de São Paulo. Aproveitando o sucesso obtido com a publicação em folhetim do seu primeiro romance, a autora publica pela Casa Durski de Sorocaba, Memórias de Martha.

É de suma importância fazer referência a essa obra, não só por ser o primeiro romance de Júlia Lopes de Almeida a ser publicado em livro, mas principalmente por conter em seu enredo uma aclamação ao universo feminino, mostrando a sua preocupação em retratá-lo de maneira o mais próximo possível do real, com personagens de carne e osso, que enfrentam suas agruras com garra e perseverança mostrando serem capazes de trilhar sozinhas seus próprios destinos.

Em 1891, outro romance é publicado em formato de folhetim, agora pela Gazeta de

Noticias, do Rio de Janeiro: A família Medeiros. Tal foi a repercussão da obra que esta vem a

público em 1892, esgotando-se seus exemplares em três meses. Mesmo sendo publicada após a abolição da escravatura, tal obra é considerada como detentora de um perfil abolicionista, não por colocar-se a contra os atos escravagistas em si, mas principalmente, por antever os inúmeros problemas pelos quais passariam os negros pós-libertação, demonstrando uma sensibilidade da escritora em refletir sobre os fatos políticos da época. Sobre a obra, escreve Wilson Martins que esta “sendo um romance abolicionista publicado em 1892, continha mais atualidade do que seu aparente anacronismo poderia deixar supor” (1996, p. 399).

Em 1895, publica em folhetim pela Gazeta de Noticias seu terceiro romance, A viúva

Júlia encontrar-se durante todo o ano de 1896, ocupada com a confecção e edição de seu Livro

das noivas.

Ainda no ano de 1896 participa ativamente da organização dos princípios fundadores da Academia Brasileira de Letras. Porém esse episódio pode ser considerado um retrato da maneira como as mulheres de letras eram encaradas na época. Apesar de contar com o respeito do meio literário, e de ter contribuído diretamente para fundação dessa instituição, Júlia tem a sua candidatura negada. Segundo Luiz Ruffato4, no texto de abertura do livro 25

Mulheres que estão fazendo a nova literatura brasileira, o nome de Júlia Lopes de Almeida

constava na primeira lista de membros efetivos, porém pela possível “perda” do artigo que regulava a aceitação de mulheres na Academia, a ficcionista não foi admitida como uma das “imortais”. Devido ao constrangimento provocado pela situação, Lúcio de Mendonça, junto aos membros fundadores, decidiu incluir Filinto de Almeida à cadeira número três, deliberando desculpar-se junto à família Almeida.

A casa verde, romance escrito em colaboração com o marido Filinto de Almeida,

começa a ser publicado em formato de folhetim no final de 1898, vindo a público sob o pseudônimo de A. Julinto, destacando uma associação dos nomes do casal. É interessante fazer, pois, um apontamento significativo em relação a essa parceria, visto que tal obra era considerada pela escritora como uma das suas favoritas, conforme afirmara em uma entrevista a João do Rio.

É publicado em 1901 pela Oficina de Obras d’A Tribuna, o romance A falência. Tal foi o seu acolhimento junto ao público leitor, que este recebeu uma nova edição no mesmo ano de sua publicação.

Aproveitando o sucesso de suas várias colaborações em jornais e revistas da época, Júlia Lopes de Almeida decide publicar pela primeira vez em terras brasileiras, um livro de contos. Este recebe o nome de Ânsia eterna, sendo publicado pela livraria H.Garnier, em 1903.

Aproveitando o sucesso de Ânsia eterna, Júlia decide editar em 1905, uma compilação de algumas de suas crônicas jornalísticas, fato que deu origem ao Livro das donas e donzelas.

4 RUFFATO, Luiz (org.). Mulheres: contribuição para a história literária. In: 25 mulheres que estão fazendo a

Aliás, 1905 pode ser destacado como um ano de muito trabalho para Dona Júlia, visto que dedicou-se à publicação em folhetim do romance A intrusa, pelo Jornal do Commercio.

Em 1907, publica mais um número dedicado ao público infantil, intitulado Histórias

da nossa terra. Vale mencionar que esse é a primeira obra da autora de uma série de vinte

uma edições a serem publicadas pela Francisco Alves.

Aproveitando essa parceria, em 1908, Júlia Lopes tem seu romance A intrusa editado pela mesma empresa. Na mesma ocasião, era publicado, em formato de folhetim, pelo Jornal

do Commercio o romance Cruel amor. Ainda nesse ano é encenada a peça A Herança, de sua

autoria, e esta recebe o prêmio referente à Exposição Nacional.

Dando continuidade à parceria com Francisco Alves editor, Júlia Lopes publica, em 1910, Eles e Elas, também uma compilação das crônicas veiculadas no jornal O paiz entre os anos de 1907 e 1909.

O romance Cruel amor é finalmente publicado no ano de 1911 também pela Francisco Alves. Quanto a esse romance vale fazer uma ressalva específica, visto que foi fruto de severa pesquisa da autora quanto aos hábitos e costumes da comunidade de pescadores que habitavam a região de Copacabana no início do século. Em entrevista a João do Rio, Júlia revela que considerava esse seu trabalho como um livro de difícil composição, visto as inúmeras investigações a que procedera a fim de torná-lo o mais fiel possível àquela realidade descrita.

Em 1913, empreende nova viagem com a família à Europa, e dedica-se a preparar para edição o livro Correio da roça, que vem a público ainda nesse mesmo ano, também sob os cuidados da Francisco Alves editores. Por esse trabalho, ela recebe o prêmio da revista

Chácaras e quintais, passando a colaborar nesta, com vários artigos sobre jardinagem.

Em 1914, publica também pela Francisco Alves, um novo romance, intitulado A

Silverinha (crônica de um verão). É importante frisar que nesse mesmo ano, em 14 de

fevereiro, Júlia Lopes de Almeida é homenageada por vários intelectuais da época com um jantar oferecido no Mac-Mahon Palace Hotel, em Paris.

Os anos de 1916 e 1917 foram dedicados quase que exclusivamente à produção de narrativas dedicadas ao público infantil. Em 1916, publica pela Francisco Alves o livro A

apresentada em Correio da roça. Em 1917, publica o conto Era uma vez, pela Jacinto Ribeiro dos Santos.

Ainda em 1917, é veiculada uma nova obra que se apresenta sob o título Teatro. Esta contem em sua composição três peças: “Quem não perdoa”, “Doidos de amor” e “Nos jardins de Saul”.

Impedida de seguir em viagens à Europa, por causa das destruições causadas pela Grande Guerra, Júlia empreende uma visita de quatro meses à região sul do Brasil. De suas impressões publica, em 1920, Jornadas no meu país, pela Francisco Alves editor.

Ainda por essa época começa a sofrer com seguidos problemas linfáticos e renais, que passam a fragilizar a saúde da escritora. No entanto, se sua produção romanesca veio a diminuir, a sua militância em favor do sexo feminino tornou-se cada vez mais ativa, engajando-se junto à Alice Rego Monteiro, em diversas campanhas feministas e consagrando- se como uma das principais integrantes do I Congresso Feminino do Brasil.

Desta feita, em 1922, é convidada como conferencista pelo Conselho Nacional de Mulheres da Argentina, onde profere a palestra intitulada “Brasil”. Em homenagem à escritora, em 22 de outubro, o jornal La Nación, de Buenos Aires, publica em suas páginas o conto A caolha sob a tradução de “La tuerta”.

Ainda em 1922, publica pela Leite Ribeiro o livro A isca, contendo em sua composição quatro novelas literárias: “A isca”, “O homem que olha para dentro”, “O laço azul” e “O dedo do velho”.

Entre 1925 e 1932, Júlia parte com a família para a Europa onde fixa residência em Paris, à Avenue de Friedland. Esse é um período em que a autora vai, aos poucos, deixando rastros de sua obra pelo Velho continente: vários contos de sua autoria são traduzidos para o francês e publicados em jornais parisienses.

Ambientado no contexto parisiense da década de vinte, a autora escreve um novo romance intitulado Pássaro tonto. A obra publicada apenas em 1934, após a morte da autora, contem uma severa crítica da sociedade pós-guerra, visto a observação de novos padrões de comportamento.

No início de 1934, Júlia parte para Beira, na África, a fim de cuidar de sua filha caçula, Lúcia, que se encontrava com alguns problemas de saúde devido ao seu último parto.

Essa empreitada dura três meses, sendo sua viagem de retorno ao Brasil retardada por ocasião das epidemias de sarampo que costumeiramente assolavam os navios da época.

Sendo assim, a autora, agora acompanhada de sua filha Lúcia e das netas, regressa ao Brasil somente em 22 de maio de 1934. Porém, percebe-se que sua saúde em muito se fragilizara, principalmente devido ao surto de malária que assolara o vapor durante a sua viagem. Oito dias após sua chegada ao Rio de Janeiro, Dona Júlia vem a falecer no dia 30 de maio de 1934, então com 72 anos de idade.

A morte da ficcionista gerou uma comoção tanto no Brasil quanto no exterior. Vários jornais noticiaram o falecimento da escritora, procurando não só lhe render as merecidas homenagens, mas principalmente chamando atenção para a importância e notoriedade de sua obra. Dentre as notas mais expressivas, deve ser destacada àquela publicada, em Portugal, pelo periódico O século, sob o título “D. Júlia Lopes de Almeida – Faleceu a ilustre romancista brasileira”. A reportagem exaltava o caráter e a qualidade da literatura produzida por Júlia Lopes de Almeida, enfatizando pontos chaves de sua obra, que demonstravam uma “profunda observação da sociedade da época, a fim de revelar um sopro de revolta contra as injustiças sociais”.

Pode-se dizer que a afirmação sobre as virtudes presentes na produção literária de Dona Júlia contemplam a importância de sua carreira dentro do círculo artístico da época. De forma simples e despretensiosa, a escritora foi, aos poucos, garantindo seu espaço em um universo, até então, dominado pela presença do elemento masculino. Não é por acaso que Dona Júlia conquistara a simpatia e o respeito de Machado de Assis e tornara-se amiga de Olavo Bilac. O poeta parnasiano reconhecendo o valor da ficcionista para o enriquecimento da Literatura presta-lhe homenagem através de singelas palavras: “Bendita a Arte, como a tua, que sai do pensamento, mas nasce da piedade”5

.

Se enquanto solteira Júlia teve em seu pai um grande incentivador, deve-se mais uma vez enfatizar que mesmo após o seu casamento, a escritora continuou recebendo todo apoio do marido Filinto de Almeida em relação à solidificação de sua carreira literária. Essa harmonia se justifica na execução no romance A casa verde (1932), escrito a quatro mãos pelo

5 Tal trecho se encontra nas páginas da revista A Mensageira, por ocasião de uma homenagem prestada à Júlia

casal, e pode ser confirmada através da entrevista intitulada Um lar de artistas, prestada pelos Almeidas a João do Rio6. O título da matéria, idealizado pelo jornalista, descreve com exatidão a dedicação da família à Literatura, principalmente considerando as reuniões frequentadas pela classe intelectual no casarão de propriedade do casal, situado em Santa Tereza.

A impressão deixada pela escritora, em relação à composição de sua obra, se inscreve sob o signo da aproximação de sua literatura com o público, procurando discorrer sobre temas palpáveis, cenários reais, personagens comuns. A “primeira romancista brasileira”, tal como era considerada pela Revista Nacional, procurava descrever sobre uma realidade que pudesse ser facilmente relacionada com o momento no qual produzira sua obra, delineando um painel onde se encontram claramente presentes os componentes ideológicos cultivados pela sociedade brasileira da época.

Nesse sentido, pode-se afirmar que uma das qualidades mais importantes da produção de dona Júlia pauta-se em uma singular simplicidade na maneira de narrar os fatos apresentados em suas histórias. Segundo as palavras da própria escritora, a opção por distanciar-se do estilo rebuscado, inscreve-se em um compromisso particular assumido na composição de sua obra. Tal fato pode ser constatado na entrevista prestada a João do Rio,

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