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J USTIFICATIVA DE ESTUDO , QUESTÃO DE INVESTIGAÇÃO E OBJETIVOS

No documento Relatório de Estágio (páginas 46-50)

A escolha desta área científica, a História e Geografia de Portugal, para o desenvolvimento desta investigação parte do gosto e motivação da formanda em querer aprofundar os conhecimentos sobre o ensino da História, nomeadamente sobre a forma como esta pode desenvolver o espírito crítico dos alunos, tornando-os futuros cidadãos críticos e participativos.

Ao longo da PES, foi possível observar que nas práticas educativas relativas ao ensino da HGP e do EM predominam, maioritariamente, a leitura de informações do manual escolar. Esta forma de abordar o ensino destas áreas disciplinares faz com que muitos alunos se desmotivem para a disciplina. Por conseguinte, a temática elegida surgiu a partir de observações cuidadosas sobre a prática pedagógica, em que foi observado a falta de técnicas para desenvolver o espírito crítico dos alunos, o que se tornou num verdadeiro desafio para a futura docente.

Posto isto, e tendo em conta os referenciais teóricos da didática da História, estes reforçam a ideia de que o ensino da História contribui para o desenvolvimento do espírito crítico, lidando com a informação que recebe de um modo crítico, mas fundamentado, distinguindo o que são dados informativos e o que são opiniões (Roldão, 1987). Do mesmo modo, ao fomentar o sentido de análise crítica permite que os alunos fundamentem escolhas, lancem hipóteses e tomem decisões, de modo a facilitar a estruturação de um pensamento histórico, através de momentos e estratégias de aprendizagem que levem os alunos a sentirem-se motivados por aprender História e Geografia de Portugal (Proença, 1992). Para além do mais, está

31 elencado na Organização Curricular e Programas de História (2013), nomeadamente nas finalidades, a importância de se promover o desenvolvimento da sensibilidade, do espírito crítico, da criatividade e das capacidades de expressão, bem como de contribuir para o desenvolvimento de atitudes e valores que conduzam a uma integração e intervenção democráticas na sociedade que o rodeia.

Tendo em consideração as motivações referidas anteriormente, e tendo em conta os vários objetivos a seguir mencionados, surgiu a seguinte questão de partida: “Quais as potencialidades do ensino da História para o desenvolvimento do espírito crítico que contribua para a formação do futuro cidadão crítico e participativo?”.

À vista disso, optou-se por envolver na presente investigação a participação em simultâneo dos dois ciclos de ensino, o 1.ºCEB e o 2.ºCEB, nomeadamente a turma do 3.ºD e o 6.ºJ, o que auxiliou a elaboração deste estudo, uma vez que existiu um maior tempo em ambos os ciclos para a sua concretização. De notar que no 1.ºciclo do Ensino Básico esta temática não se encontrava no plano curricular, uma vez que nos dois primeiros anos de formação do 1.ºCiclo, a área do Estudo do Meio apenas abrange conteúdos programáticos ligados às Ciências Sociais e Humanas e Ciências Físico-Naturais, contudo e em conexão entre todas as partes envolventes, entenda-se Orientadora Cooperante, Orientadora Institucional e professora estagiária, chegou-se à conclusão de que para além de ser uma temática muito importante na edificação do conhecimento e da cultura geral dos alunos, era algo que permitia potenciar uma série de outras competências nos domínios da História.

Todo este processo ocorreu numa perspetiva interdisciplinar e multidisciplinar, sustentada na articulação de outras disciplinas e de outros domínios do saber, recorrendo a ideias de segunda ordem como a mudança e a permanência, focando a ideia de que o passado ajuda a compreender o presente e de que os valores do passado já não são os mesmos dos dias de hoje, dado que a construção do conhecimento histórico e o desenvolvimento de competências específicas são também transversais, pois como menciona Collingwood (2006, p.265) “[n]ão há qualquer aspeto da estratégia que não possa ser aplicado em qualquer disciplina, incluindo a História”.

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Neste seguimento, e de forma a dar resposta à questão de partida enunciada, foi importante traçar objetivos que nortearam o trabalho de investigação, entre os quais:

i. reconhecer o papel da História no exercício da cidadania e a sua influência para o desenvolvimento do espírito crítico que contribua para a formação do futuro cidadão crítico e participativo. Para dar resposta a este objetivo, procurou-se, fundamentalmente, perceber qual era o papel da História para o desenvolvimento do espírito crítico dos alunos, reconhecendo práticas educativas que o possam potenciar, nomeadamente, promovendo uma atitude de pesquisa histórica, para que interprete informação e levante hipóteses explicativas de situações históricas, contribuindo assim, para uma postura ativa do aluno ao longo do seu processo de aprendizagem (Roldão, 1987).Pretendeu-se ainda, criar estratégias para que os alunos compreendessem, através de fontes históricas e historiográficas, as evoluções existentes e os contributos que o passado trouxe para o presente, bem como a promoção de ideias prévias, de ideias substantivas e ideias de segunda ordem em História, pois esta área curricular tem imensas potencialidades integradoras, dado que incorpora dimensões da realidade individual e social, mas também inclui uma dimensão complementar e única, que é a dinâmica da mudança (Roldão, 1987). ii. compreender as conceções prévias dos alunos acerca do potencial da

História no desenvolvimento do espírito crítico que contribua para a formação do futuro cidadão crítico e participativo. Com este objetivo específico pretendia-se compreender se os alunos tinham algum conhecimento sobre a função social da História, mais concretamente, através dos seus conhecimentos prévios sobre o que pensam ser o espírito crítico e como é que a História os poderia ajudar a ser pessoas mais críticas. Procurou-se desenvolver este objetivo através de um trabalho de fontes com diferentes perspetivas sobre o mesmo facto histórico, denominado de multiperspetiva em História. Ademais, foi interesse da professora estagiária investigar de que forma os valores e as atitudes estimulados nas aulas de História podem favorecer a

33 formação do futuro cidadão crítico e participativo, dado que é essencial estimular nos alunos a aprendizagem de métodos de análise, desenvolvendo o rigor de pensamento e o sentido crítico, confrontando diversas civilizações, para que se promova atitudes de tolerância na forma de pensar e agir (Proença, 1992).

iii. identificar atividades construídas pelos docentes cooperantes para o desenvolvimento do espírito crítico que contribua para a formação do futuro cidadão crítico e participativo, reconhecendo as várias estratégias utilizadas. Pretendeu-se verificar com este objetivo de que forma o espírito crítico é trabalhado/potenciado na prática pedagógica dos Orientadores Cooperantes e se costumam aliar os valores e o espírito crítico ao trabalho de conteúdos históricos, visto que cabe à Escola propiciar momentos em que os alunos sejam capazes de interpretar questões relevantes do seu tempo e da sua realidade social, promovendo consequentemente a formação de cidadãos críticos e conscientes sobre o seu contexto envolvente (Silva, Aleixo, & Araújo, S.d).

iv. aferir atividades construídas pelos Orientadores Cooperantes que coloque em evidência que o passado influencia o presente e que é influenciador da evolução do pensamento e dos valores do cidadão. Foi tido em atenção a identificação de atividades que privilegiassem a relação de presente/passado, compreendendo ideias de segunda ordem, como a explicação, mudança, permanência, tempo, empatia, que estruturam o pensamento histórico e que permitem a compreensão da História e dos conceitos substantivos da disciplina (Freitas, Solé, & Pereira, 2010). Este objetivo teve ainda como intenção perceber se os alunos acham que é importante conhecer o passado e de que forma é que o passado influencia o presente, já que o passado ajuda a compreender o presente (Roldão, 1987).

v. construir atividades que evidenciam o potencial da História no desenvolvimento do espírito crítico que contribua para a formação do futuro cidadão crítico e participativo. No que concerne a este objetivo,

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foi promovida a criação de intervenções que tinham como intenção desenvolver o espírito crítico aliado aos valores e às atitudes, fazendo com que os alunos percebessem os contributos que o passado pode dar ao presente, recorrendo ao cruzamento de fontes históricas e de conceitos de segunda ordem. Ao desenvolver momentos de aprendizagem tendo em conta os aspetos mencionados no parágrafo anterior, a formanda baseou-se em referenciais teóricos que evidenciam que, por um lado é importante que o aluno compreenda a função dos valores nas motivações humanas e a forma como se organiza a sociedade, por outro lado é fundamental compreender que a História contribui significativamente para a formação do aluno crítico e participativo, uma vez que os alunos ao conhecer o passado podem entender melhor o presente e consequentemente desenvolver melhor o futuro (Miranda & Schier, 2016).

No documento Relatório de Estágio (páginas 46-50)