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O Jardim Avenida Júlio Graça o passeio público do Bairro Balnear

Seccionando a Avenida Bento de Freitas, a antiga rua dos banhos, a Avenida Júlio Graça orienta-se no sentido norte-sul, acolhendo, na maior parte da sua área, um jardim com o mesmo nome, plantado em dois grandes tabuleiros que confinam, a nascente, com a Rua Dr. João Canavarro e, a poente, com a Avenida Sacadura Cabral.

Este espaço verde começou a ser aberto durante a presidência de João da Silva Barros, que chefiou o Executivo Municipal entre os anos 1883 e 1887, mas foi Júlio Graça

quem lhe deu o maior desenvolvimento e o aformoseou80e por isso, foi-lhe atribuído o nome do chefe político do Partido Progressista local, que presidiu à Câmara Municipal entre 1887 e 1892. Através da leitura de um artigo publicado no Comércio de Villa do

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A. Silva, A nossa Gravura. Avenida Júlio Graça in « Commércio de Villa do Conde», nº 3, 9-12-1906, p. 1

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Conde81, percebemos a sua configuração original : a avenida Júlio Graça, aberta quasi

a meio da rua Bento de Freitas, e que se estende até à margem do rio Ave n ´uma extensão de perto de 800 metros, tem de largura mais de 80. É ladeado por duas espaçosas ruas e está ajardinado n ´uma extensão de mais de 150 metros, tendo além de bem delineadas ruas, um lago no centro, e no meio d´aquele uma ilha arborizada, cujo acesso se faz por uma pitoresca ponte. Macissos d´arbustos e flores, perfumando e purificando o ar que ali se respira, tornam este lugar hygiénico e agradável.(…)A outra parte d ´avenida, embora não ajardinada já contém maciços de árvores e arbustos, e tem magníficos locais para jogos de law- tennis e cricket com que os banhistas se entretêm, e passam horas agradáveis.

O jardim, integrando uma estratégia de urbanização dos terrenos localizados a poente do núcleo residencial da vila, seria apropriado, quase, exclusivamente, pelos banhistas, como um espaço de ocupação do tempo livre pois, fora dos meses de verão, não registava procura significativa por parte dos habitantes locais.

Sabe-se que nos primeiros anos, a permanência na praia, para além do tempo necessário à tomada do banho de mar, ainda não era um hábito, como se depreende das palavras de Ramalho Ortigão: depois do banho ninguém tem outra preocupação imediata que não

seja a de almoçar pão com manteiga e café com leite. (…)Durante o dia as senhoras deixam enxugar o cabelo e tocam nos pianos a Marcha Turca de Mozart82 Os banhos de sol serão, pois, uma inovação do século XX83e, por isso, a permanência na praia tinha um carácter breve, pelo que se tornava necessário criar propostas que ocupassem a restante parte do dia que se passava fora do areal.

Será neste espaço ajardinado que se sedeará a primeira sala de reuniões e diversão dos veraneantes da praia de Vila do Conde. Aqui, Joaquim Maria de Melo, um dos maiores

propagandistas da nossa praia84, construirá uma casa para a Assembleia, onde se reúne a comunidade balnear, assistindo a entusiásticos divertimentos que ocupavam algumas das muitas horas de ócio. Também no enquadramento do jardim, se localizará o Grande

81 A. Silva, A nossa Gravura. Avenida Júlio Graça in « Commércio de Villa do Conde», nº 3, 9-12-1906, p.

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Ramalho Ortigão, As Farpas, Lisboa, Livraria Clássica Editora, 1966, tomo I, p. 287

83 Roy Porter, Os ingleses e o lazer in « História dos Tempos Livres», dir. Alain Corbin, Lisboa, Teorema,

2001, p. 43

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A. Silva, A nossa Gravura. Avenida Júlio Graça in « Commércio de Villa do Conde», nº 3, 9-12-1906, p. 1

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Hotel da Avenida, com o seu café e restaurante, fundado para servir os distintos banhistas da nossa praia. O Jardim Júlio graça será, ainda, a localização escolhida para,

anos mais tarde, se edificar o Casino de Vila do Conde.

Como era moda então, o Passeio Público devia proporcionar música aos seus frequentadores e, seguindo a corrente, também no jardim será instalado um coreto, no verão do ano de 189685, no qual há música: às quintas- feiras e domingos, na época

balnear, (…) e se faz ouvir uma banda de música.86

Esta será uma prática corrente até aos anos 40, assumindo a Câmara Municipal, nalgumas épocas, o pagamento a bandas musicais que atuavam no jardim. Entre as bandas que aqui atuaram encontram-se a

Banda do Reformatório e a da Companhia Rio Ave87, embora também fossem contratados os serviços de grupos musicais externos ao concelho.

Neste local, ao longo dos tempos, teve lugar um conjunto diversificado de iniciativas lúdicas promovidas pelos banhistas e nas quais os residentes sazonais participavam.

Fig. 9- Jardim Júlio Graça, Col. Postais, BMJR.

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AMVC, Livro de registo das atas das Sessões, 24-09-1896, fl. 44, nº 72.

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A. Silva, A nossa Gravura. Avenida Júlio Graça in « Commércio de Villa do Conde», nº 3, 9-12-1906, p. 1

47 1.5 Reflexo das políticas regeneradoras nacionais na estruturação da localidade como estância balnear

A prática balnear junto ao mar é um fenómeno tardio em Portugal, quando comparado com outro países europeus. Pode ser detetado após a implantação do liberalismo e anunciado pelo despontar de « novos gostos e diferentes hábitos de sociabilidade» no seio da emergente burguesia liberal88. Identificam-se, ainda, como contributos para o fomento e incremento destes hábitos, na sociedade portuguesa, um conjunto de fatores potenciadores, que podem ser entendidos como reflexos das politicas regeneradoras nacionais, concretamente, no que se refere a estruturas viárias e a meios de transporte e que também se fizeram sentir na vila da foz do Ave.

Com efeito, passam por Vila do Conde os caminhos da civilização que se abriram em Portugal ao longo da segunda metade do século XIX.89. A construção destes caminhos, no sentido literal, irá ser uma realidade um pouco por todo o país, pois a política

fontista visava, por um lado, diminuir as assimetrias regionais e, por outro lado, facilitar a integração europeia de Portugal, estabelecendo uma rede viária de estradas e caminho-de-ferro90. Assim, constataremos que o desenvolvimento nacional,

protagonizado pela política de transportes e criação de mercados internacionais, decorreria paralelamente à execução de iniciativas regionais e locais.91 Cremos pois, que a estruturação de Vila do Conde, como estância balnear, se poderá inserir nestes propósitos, tendo sido protagonistas locais da interpretação do ideário fontista políticos

de prestígio local e nacional (…) como Bento de Freitas, regenerador, e Júlio Graça, progressista92 .

Após a conclusão das obras de contenção do rio ave na sua margem direita, já dobrada a primeira metade do século XIX, tendo-se terminado, em Julho de 1864, as obras(…)

no campo da Feira próximo ao Senhor da Lavandeira para melhor direção das ágoas de enxurro ao Rio e evitar que o entulho do campo se precipitasse no mesmo93, a

88

Rui Cascão, A invenção da praia: notas para a História do Turismo balnear in «A Cidade e o campo» Coletânea de Estudos, Coimbra, Centro de História da Sociedade e Cultura, 2000, p. 325

89

A. do Carmo Reis, Nova História de Vila do Conde, Vila do Conde, CMVC, 2000, p. 179

90

Maria Manuela Tavares Ribeiro, A Regeneração e o seu significado in «História de Portugal» org. José Mattoso, Lisboa, Círculo de Leitores, 1993, vol. 5., p. 126

91

Maria Manuela Tavares Ribeiro, A Regeneração e o seu significado in «História de Portugal» org. José Mattoso, Lisboa, Círculo de Leitores, 1993, vol. 5., p. 127

92

A. do Carmo Reis, Nova História de Vila do Conde, Vila do Conde, CMVC, 2000, p. 179

48 abertura da Estrada Real nº 30 ocupará a agenda municipal. Como já foi referido anteriormente, numa primeira fase, pretendia-se, com a abertura desta estrada, ligar o Porto a S. Bento da Porta Aberta, alterando-se, posteriormente, a rota em direção a Viana do Castelo. O primeiro troço desta via, em Vila do Conde, partirá do Campo da Feira ou Terreiro, ficando paralelo à Rua das Hortas ou Rua Direita (que no futuro adotará outros nomes) até à Praça de S. João. Data de 1857, o anúncio que o Presidente da Câmara, Francisco José Teixeira, fizera ao seu Executivo, sobre a aprovação do projeto na Sessão da Câmara dos senhores deputados» e a publicação do «Projecto de

Ley no Diário do Governo nº 105, de seis deste mês de maio94. A construção desta estrada era há muito era reclamada por alguns comerciantes e também pelos concelhos vizinhos, chegando a surgir a ideia de constituir-se uma sociedade para a sua concretização, como pode verificar-se através do registado na ata de reunião do governo municipal, de 16 de maio de 1855, na qual é mencionada uma carta enviada

pelo sr. Eduardo Moser(…) que apresentava respeito a organizar-se nesta villa uma companhia para por meio de acções no valor de quarenta contos de reis se fazer a estrada da cidade do Porto para esta Villa do Conde e Póvoa de Varzim. Por

dificuldades em obter a comparticipação do Governo na concretização da abertura do arruamento, a Câmara Municipal chega, formalmente, após várias reuniões com os executivos de Bouças e Póvoa de Varzim, a integrar a Companhia União do Ave95 , que constataremos, não virá ater atividade conhecida, tomando as estâncias nacionais e locais a abertura da estrada a seu cargo.

O segmento da estrada real nº 30, desde a Póvoa até ao lugar de Portas Fronhas, estará concluído em 1862, conforme se percebe pelo exarado no livro das atas das sessões :

disse o sr. Presidente que com a maior satisfação comunicava que(…) no dia vinte e um de março se deo principio à abertura da estrada entre esta vila e a Póvoa de Varzim, estando já aberta até ao lugar das Portas Fronhas e pagas as respectivas expropriações(…)tendo-lhe afiançado o Engenheiro que (…) em breve estaria a estrada aberta até ao Largo de S. Sebastião.96. A construção da rua será demorada e só em 1872, altura em que o Exmº Doutor Faria se tinha oferecido voluntariamente a ceder o

terreno preciso do seu quintal gratuitamente para se conseguir o alargamento97 , estará

94

AMVC, Livro de registo das atas das sessões, 20-07-1864, fl. 43, nº53

95

AMVC, Livro de registo das atas das sessões, 29-08-1855, fl. 120 v., nº 47.

96

AMVC, Livro de registo das atas das sessões, 23-04-1862, fl. 20, nº 52

49 concluída. Esta via era assumia-se como fundamental na ligação com os concelhos vizinhos e será a artéria principal, por onde fluirá o trânsito automóvel em direção ao Porto, a sul e para a Póvoa de Varzim, a norte, até ao final da década de 1990, altura em que se construirá o IC1, que deu origem à A28.

A ligação entre as duas margens do rio Ave fazia-se, após as grandes cheias do inverno de 1821, responsáveis pelo desmoronamento da ponte das Neves, através de uma ponte de madeira assente em estacas que, todos os anos, consumia avultadas somas na sua manutenção. Com a abertura da estrada, é natural que a vontade de construir uma nova ponte surgisse e se impusesse como imprescindível. Assim, o projeto da sua construção é conhecido, pela primeira vez, através de um ofício do Diretor das Obras Públicas do distrito do Porto, enviado à Câmara Municipal, no qual refere ser indispensável fazer

uma nova ponte sobre o Ave para a passagem da nova estrada através desta vila98. A nova ligação entre Vila do Conde e a freguesia de Azurara, será aberta ao trânsito em 26 de setembro de 1893. A ponte metálica permitirá a travessia do Ave até 197499, ano no qual procederá à construção da atual, que fora projetada com 4 faixas rodoviárias. Aberta a nova estrada, mesmo antes da nova ponte metálica ser uma realidade, já há ligação à Póvoa de Varzim através do carro americano. A instalação deste meio de transporte, de iniciativa privada, é assumida como um grande melhoramento que este

elemento de progresso havia de produzir nas duas vilas100. Refere o jornal O Correio

do Ave que, em outubro de 1874, o director das obras públicas d ´este distrito andou(…) em visita d ´inspeção a toda a linha qual achou em estado de começar a ser explorada». O articulista indica ainda as vantagens da ligação de Vila do Conde à sua vizinha a norte: «depois de inaugurada essa via de Comunicação (…) o que será breve, projectam-se vários divertimentos aqui, taes como regatas, corridas de cavalos, etc. que de certo atrairão grande concorrência, a gozá-los da gente que se acha a banhos na Póvoa de Varzim». A linha americana iniciava o seu trajeto no Campo da Feira, em

Vila do Conde, e terminava na Praça do Almada, na Póvoa de Varzim, havendo, sensivelmente, a meio do percurso uma estação de muda dos cavalos.

98

AMVC, Livro de registo das atas das sessões, 20-08-1862, fl. 35, nº 52

99

O jornal Renovação, no seu número 1680, p. 3, de 27-04-1974, refere: construída há 80 anos a ponte

metálica ainda há poucos dias ligava Vila do Conde com Azurara está a ser desmantelada.

50 Passados, sensivelmente, dois anos após a abertura da linha do carro americano, já se pode viajar entre o Porto e a Póvoa de Varzim, de comboio. A primeira viagem entre a Boavista e a Póvoa tivera lugar em outubro de 1875101, passando, a partir de então, o comboio a estar acessível regularmente. Este meio de transporte, rápido, seguro, fiável e barato, foi, na opinião de Roy Porter, o mais poderoso instrumento de transformação

social do século XIX e o seu aparecimento revolucionou incontestavelmente o uso do tempo livre. Ligado às outras inovações que revolucionaram os transportes, esteve na origem da ideia de que as férias, enquanto instituição social, implicavam partir para uma grande viagem102. Defende ainda que a sua influência sobre os lugares de

vilegiatura foi enorme.

Também Raquel Henriques da Silva partilha a posição de Porter, reconhecendo, relativamente, às praias do Estoril, que o caminho de ferro, rápido e eficaz, abre, aos

lisboetas uma vontade de modernização, as margens próximas e afinal económicas do concelho vizinho que se descobre debruçado sobre o mar.103

Esta é também a posição de Irene Vaquinhas, que reconhece, na existência do caminho-de-ferro, um fator de desenvolvimento das estâncias balneares, de que é um exemplo a praia da Figueira da Foz104.

Vila do Conde viu, também, neste meio de transporte a possibilidade de se afirmar como estância balnear, passando a incluir na propaganda da sua praia, como elemento de atração, a ligação ao Porto por comboio. Veja-se, a propósito, um pequeno texto publicado no jornal O Ave, de 4 de maio de 1893: Nos jornais, nos diários da capital,

devem aparecer annuncios de estabelecimentos em Vila do Conde, sempre encimados com esta epigraphe: Praia de Villa do Conde, a 4 léguas do Porto com via férrea.

No entanto, a localização muito afastada entre o bairro balnear e a estação de caminho- de-ferro, não potenciou, como o desejado, a escolha da foz do Ave como estância de férias. A estação ficava num ermo, e todos aqueles que tinham necessidade, no Inverno,

101 Adalberto Ferreira Pinto, Troços de linhas férreas portuguesas abertas à exploração desde 1856 e sua

extensão in « Gazeta dos caminhos-de- ferro», nº 1652, 16-10-1956, p. 528

102

Roy Porter, Os ingleses e o lazer in «História dos tempos livres»,org. Alain Corbin, Lisboa, 2001, Teorema, p.28

103

Raquel Henriques da Silva, A arquitectura de veraneio em S. João do Estoril, Parede e Carcavelos,

1890-1930 in «Arquivo de Cascais- Boletim Cultural da Câmara Municipal de Cascais», nº 7, 1988, p. 95

104

Irene Vaquinhas, Apontamentos para a história do Teatro- Circo Saraiva de Carvalho da Figueira da

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de seguir no comboio para qualquer destino, davam graças a Deus por, tendo atravessado caminhos tão ínvios, chegarem a salvo, sem beliscadura alguma e com fatos enxutos, à referida estação. Muitos levavam meias de reserva105

Também Luís da Costa Maia era de opinião de que a linha férrea, mais avizinhada da

praia, trazia a esta Villa maiores e mais directos interesses, mais notável e imediato desenvolvimento, sem prejudicar os povos de outras localidades.(…) Não o quiseram, porém, assim, deixando ficar a estação a enorme distância da praia106.

Roy Porter107 reconhece também na proximidade da estação do caminho-de-ferro da praia, uma grande vantagem, funcionando esta facilidade como um fator de particular atração para todo o tipo de públicos, tornando-as procuradas por um maior número de indivíduos de diferentes grupos sociais: em muitas estâncias, a frequência da clientela

operária, nem que fosse por um dia, não era verdadeiramente nova. (…)Os pobres, vindos das cidades fabris, ainda que por um dia, vinham provar as virtudes do mar como remédio.

A ligação, por transporte público, entre a estação do comboio e a Avenida Bento de Freitas só passará a ser uma realidade a partir de 1899, aparecendo, em reunião de Câmara de 12 de Junho de 1899, o requerimento de José Branco Soares Galiza pedindo

a concessão d ´ uma linha americana, entre a estação de caminho- de- ferro (…) e o extremo da rua de Bento de Freitas ( anexo 1)

105

João dos Reis, Subsídios para uma monografia de Vila do Conde : curiosidades da antiga Vila,

contadas por um seu filho, o Comandante João dos Reis, Porto, 1950, separata do Boletim Douro Litoral,

nº IX, 3ª série, e nºs I-II, 4ª série, p.30

106

Luís Costa Maia ( Neöe), A Nossa Praia, Vila do Conde, Tipografia do Ave, 1910, p.22

107

Roy Porter, Os ingleses e o lazer in «História dos tempos livres»,org. Alain Corbin, Lisboa, 2001, Teorema, p.40

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Figura 10- Planta de Vila do Conde com a distância entre a estação do caminho-de-ferro e o litoral elaborada a partir da imagem recolhida em https://www.google.pt/maps/place/Av.+Bento+de+Freitas,+4480-656+Vila+do+Conde/@41.3528033,-

8.7493895,16z/data=!4m2!3m1!1s0xd2446aa2484bb97:0x22d50ca656a0b7dd, acedido em maio, 2015

Para além destes melhoramentos, há ainda em curso, após os anos 70 do século XIX, outras obras de relevo, de que se apresentam alguns exemplos: em 1873, a construção

da Estrada de Villa do Conde à Ponte d´Este e a terraplanagem da estrada da Cruz do Rendo aos Nove Irmãos 108; a construção de um mercado fechado pelo norte da Praça

de Sam João109, cuja planta é apresentada em 1875; a proposta de abertura de uma rua

pública que ligue o Campo da Feira d´esta villa com a estação do Caminho de Ferro110, em 1878 ; a apresentação do projeto, em 1884, de abertura de uma rua que ligasse esta villa à Poça da Barca(…) pelo norte da Rua Bento de Freitas111 ; a abertura

da estrada municipal da Praça S. João ao litoral, em 1890112 .

Vila do Conde, dobrado o 3º quartel do século XIX, possui um conjunto de infra- estruturas, nas quais se incluem as viárias e os meios de transporte, os quais permitem a circulação de pessoas e produtos. A existência destes elementos, à semelhança, do que aconteceu, um pouco, por todo o país, enquadrou-se nas orientações políticas nacionais que visavam conduzir o país ao progresso e ao desenvolvimento económico, de que a possibilidade, reconhecida pelos dirigentes políticos locais, de atração de banhistas à

108

Edital. A Câmara Municipal deste concelho de Villa do Conde & in « Eco da Beira- Mar» nº 65, 31-08- 1873, p.3

109

AMVC, Livro de registo das atas das sessões, 21-07-1875, fl. 6, nº 61

110

AMVC, Livro de registo das atas das sessões, 15-05-1878, fl. 15, nº 62

111

AMVC, Livro de registo das atas das sessões, 10-12-1884, fl. 182, nº 66

53 praia vila-condense não é fator menos considerado e que contribuíram para a procura da vila como espaço de lazer.