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Plantas volúveis, aparentemente não lenhosa na base, glabras, exceto partes florais,

ramos cilíndricos. Folhas opostas, pecioladas; lâmina foliar oblonga, oval, elíptica a orbicular.

Pleiotirsóide frondoso, inflorescências parciais axilares, opostas, ás vezes repetidamente

dicótomas ou tricótomas, pedunculadas. Sépalas polimorfas, glabras. Corola rotácea, subcampanulada a subglobosa; lacínias ovais, oval-triangulares, oblongas ou orbiculares, eretas ou deflexas. Corona simples, segmentos trilobados, conatos entre si formando um tubo, região proximal adnata à corola e ao ginostégio. Ginostégio séssil ou estipitado. Retináculo espesso em vista lateral, oblongo, ovado-oblongo ou elíptico, caudículos horizontais ou levemente

descendentes, simples, desprovidos de dente, polínios elipsóides, clavados a oblongos. Folículo fusiforme, glabro, estriado a costado. Sementes ovadas, comosas, testa puncticulada a verrucosa.

Jobinia é bastante homogêneo quanto ao hábito; as plantas são sempre volúveis com

ramos muito alongados e ramificados. Vegetam no interior das matas e florescem em clareiras, copas de árvores, bordas das trilhas, capões e matas de galeria.

Aproxima-se de Gonioanthela Malme por apresentar inflorescências parciais axilares, opostas e corona simples. Porém exibe corona com os segmentos adnatos entre si formando um tubo e inflorescências parciais di-tricótomas, laxas. Gonioanthela, por outro lado, apresenta os segmentos da corona livres ou ligeiramente conatos na base e inflorescências parciais freqüentemente furcadas e congestas, curto-pedundulada.

Os dois folículos, suspensos por longos pedúnculos, são muito diagnósticos para o reconhecimento de Jobinia no campo.

Distribuição geográfica: Equador, Bolívia e, no Brasil, na Bahia, Distrito Federal,

Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e Região Sul (Fontella-Pereira & Paixão 1994, Goyder 1995, Schwarz & Fontella-Pereira 1995).

Somente J. lindbergii E. Fourn., espécie de maior área de distribuição entre as cinco espécies brasileiras, ocorre na Serra da Canastra.

Jobinia lindbergii E. Fourn., Fl. bras. 6(4): 327. 1885.

Figs. 16. D-E, 17. F-M.

Planta volúvel, base aparentemente não lenhosa, ramos delgados, estriados, 2 coléteres

interpeciolares. Folhas patentes, pecíolo 0,9-2,4 cm, sulcado; lâmina foliar 4-8 cm compr., 2-4,5 cm larg., elíptica a ligeiramente oval, discolor, cartácea, margem plana, venação broquidódroma, ápice agudo a acuminado, base arredondada, 2 coléteres na base junto à inserção com o pecíolo.

Inflorescência parciais 15-32 flores, eretas; pedúnculo 1,6-9 mm compr., brácteas 0,8-1,5 mm

compr., 0,3-0,6 mm larg., lanceoladas, face abaxial pubescente, face adaxial glaba, coléteres presentes na base. Pedicelo 2,5-7,2 mm compr. Cálice verde, sépalas 1,8-2 mm compr., 0,3-0,7 mm larg., lineares a lanceoladas, glabras, vascularização evidente, margem sinuosa, ápice acuminado, 1-2 coléteres axilares. Corola creme, subglobosa, tubo 0,8-1,3 mm compr., glabro; lacínias 3,3-4 mm compr., 1,4-1,5 mm larg., oval-triangulares, eretas, inflexas, face adaxial glabra, face abaxial pubescente, margem sinuosa, revoluta, margem que recobre a lacínia posterior na prefloração hialina, ápice agudo, torcido. Corona creme, segmentos trilobulados, lóbulo central 0,5-0,7 mm triangular, inflexo, ápice agudo, ultrapassando o ginostégio, lóbulos laterais 0,2 mm, arredondados. Ginostégio creme, 1-1,4 mm compr., estipitado, 0,2 mm alt., ápice mamilado. Anteras 0,4-0,55 mm compr., 0,35-0,4 mm larg., trapeziformes, apêndice membranáceo 0,25-0,30 mm compr., 0,27-0,3 mm larg., oval, inflexo, asas superando o dorso.

Retináculo 0,09-0,13 mm compr., 0,04-0,06 mm larg., oblongo, ápice retuso, caudículos 0,02-

0,04 mm compr., horizontais, descendentes nas extremidades, polínios 0,1-0,13 mm compr., 0,09-0,12 mm larg., oblongos. Folículo verde, marrom-claro quando seco, 8,2-8,8 cm compr., 0,5-0,7 cm diâm., fusiforme, glabro, canaliculado. Sementes não vistas.

Distribuição geográfica: Brasil: Bahia, Goiás, Distrito Federal, Minas Gerais, Rio de

Janeiro, São Paulo, Paraná e Santa Catarina (Fontella-Pereira & Paixão 1994, Goyder 1995, Schwarz & Fontella-Pereira 1995).

Na Serra da Canastra, J. lindbergii foi encontrada com flores ou frutos somente nas bordas das matas ciliares ou capões, sempre em solo hidromórfico. No interior da mata, só foi observada em estádio vegetativo. Em outros locais foi encontrada entre rochas, mas sempre

51 associada a solos bastante úmidos. Foi registrada em altitudes entre 400 e 1550 m (Schwarz & Fontella-Pereira 1995).

Fenologia: Floresce praticamente o ano todo (Schwarz & Fontella-Pereira 1995), com

pico entre setembro e dezembro, frutificando em seguida. No Parque foi coletada com flores em novembro e com frutos em fevereiro, junho e agosto.

Materiais examinados: MINAS GERAIS: São Roque de Minas, Parque Nacional da Serra da

Canastra, trilha da parte de baixo da cachoeira Casca d’Anta, 21/II/1997 (fr), R. Romero et al. 3933 (HRCB, HUFU, SPF); estrada São Roque de Minas - Sacramento, nascente do Córrego do Bárbaro, 25/VI/ 1997 (fr), R. Romero et al. 4280 (HUFU); nascente do Córrego do Bárbaro, 24/VIII/1997 (fr), J.N. Nakajima et al. 2799 (HUFU); nascente do Córrego do Bárbaro, 22/XI/1998 (fl), M.A. Farinaccio et al. 194 (HRCB, HUFU, SPF).

Materiais adicionais selecionados: BAHIA. Rio de Contas, Pico das Almas, NW do Campo do

Queiroz, 26/XI/1988 (fl), R.M. Harley et al. 26621 (SP, SPF). DISTRITO FEDERAL. Brasília, Reserva

Ecológica do IBGE, 20/IX/1983 (fl), B.H.S. Pereira 776 (RB). GOIÁS. Alto Paraíso, rodovia GO-327,

15/X/1990 (fl), G. Hatschbach 54580 (MBM). MINAS GERAIS. Caparaó, Parque Nacional do Caparaó,

24/X/1989 (fl), R.M. Silva et al. 109 (RB, SPF). Carandaí, km 416, 20/III/1946 (fl), (A.P.) Duarte 578 (RB). Poços de Caldas, 1/XII/1983 (fl), F.R. Martins 2128 (UEC). PARANÁ. Jaguariaíva, Rio das

Mortes, 2/XI/1973 (fl), A.C. Cervi et al. 2981 (MBM). Balsa Nova, 15/XII/1973 (fl), G. Hatschbach 33538 (BHCB, MBM, SP, UB). RIO DE JANEIRO. Rezende, Parque Nacional do Itatiaia, 18/X/1977 (fl),

V.F. Ferreira & Briolanjo 158 (RB). SÃO PAULO. Botucatu, 29/XI/1972 (fl), A. Amaral 1258 (HRCB). Itararé, estrada Itararé - Bonsucesso, fazenda Ibiti, 13/XI/1994 (fl), V.C. Souza et al. 7133 (HRCB, SPF). Pariquera-Açu, Parque Ecológico de Pariquera, abaixo, na estrada da Fazenda Lambadinha, pela trilha

do Morro do Carrapato, 10/I/1999 (fl), D. Sampaio et al. 132 (UEC). Limeira, s.d. (fl), M. Kuhlmann & F.C. Hoehne 2694 (SPF). Serra Negra, 22/XII/1991 (fl), F. Barros & S.A.C. Chiea 2359 (SPF).

Há apenas um sinônimo de J. lindbergii. Fontella-Pereira (1970), transferiu Cyathostelma

furcatum E. Fourn. para Jobinia. Posteriormente, Fontella-Pereira & Schwarz (1982c)

sinonimizaram J. furcata (E. Fourn.) Fontella-Pereira em J. lindbergii.

Jobinia lindbergii assemelha-se a J. connives (Hook. & Arn.) Malme principalmente

pelos polinários. Entretanto, J. connives exibe polínios muricados, caudículos sigmóides, asas do mesmo comprimento que o dorso e segmentos da corona conatos na base (Scharwaz 1995).

A

B

C

D

E

Figura 16. A-C. Hemipogon acerosus Decne. A. Ramo em floração. B.

Inflorescência. C. Flor. D-E. Jobinia lindbergii E. Fourn. D. Ramo em floração. E. Detalhe da inflorescência. (A-C, Romero 4773. D-E, Farinaccio