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jovens que conhecemos o seu paradeiro, 17 reincidiram em novas fugas (14 jovens mais de 3 vezes) Relativamente aos outros sabemos que a maioria não efetuou outras fugas.

Resultados Qualitativos / Quantitativos

Dos 40 jovens que conhecemos o seu paradeiro, 17 reincidiram em novas fugas (14 jovens mais de 3 vezes) Relativamente aos outros sabemos que a maioria não efetuou outras fugas.

Grande parte dos rapazes e raparigas apresenta comorbilidade de problemáticas psicológicas que culminam muitas vezes com a exposição a modelos de comportamento desviante, bem como, ao consumo de estupefacientes, sendo estes fatores de risco que os podem levar ao envolvimento em atos ilícitos. A este contexto, acresce a não valorização da educação escolar acabando os jovens por interromper os estudos.

Na maioria dos casos têm o 6º e o 9º ano. Verifica-se que as raparigas de um modo geral investem mais no seu percurso educativo, obtendo uma escolaridade mais elevada.

Tendo em conta a tipologia familiar, a maioria é monoparental feminina (20) e reconstituída (11). A família nuclear existe apenas em 9 casos, bem como na monoparental masculina. De referir ainda em 5 situações a família alargada e 2 em acolhimento. Em quatro casos não temos informação.

A maior parte destes jovens tem uma das figuras parentais ausente da sua vida, por motivo de morte, detenção ou (e)migração. Á semelhança dos jovens em diagnóstico, também nestes se verifica a fragilidade das suas relações familiares, relembramos que a rutura familiar é a causa principal das fugas.

Esta instabilidade a par com as várias problemáticas já enunciadas contribui para a elevada percentagem de jovens com medidas de promoção e proteção (33) e tutelares educativas (3) Alguns deles (6) acumulam ambas, outros cumprem medidas penais (2). Não temos informação relativamente a 16 casos.

A nível de promoção e proteção, salientamos que foi aplicada a 18 destes jovens a medida de acolhimento em instituição. Posteriormente a dois deles foi deliberada a medida tutelar de internamento em centro educativo. Desde cedo muitos destes jovens têm uma relação próxima com a justiça. Alguns deles, privados de certos direitos, tornam-se posteriormente agressores. Os seus atos são a expressão das suas dificuldades emocionais.

“A saída delinquente pressupõe sempre uma organização psíquica frágil, em intenso sofrimento,

de que os atos marginais são a defesa possível, já que outros recursos não estão ainda desenvolvidos, quer por imaturidade, quer pela própria intensidade pulsional.”17

“Fazendo da agressividade a forma principal de relação com os outros. Toleram muito mal as frustrações e expressam as suas fortes dificuldades emocionais nos comportamentos agidos, instáveis e frequentemente impregnados de conteúdos sexuais fragmentados e clivados dos afetos. Não reconhecem a autoridade em ninguém, não desenvolvem um sentido eficaz de culpa, logo, não possuem movimentos de reparação.”18

“O sujeito recorre então á violência para se proteger. Serve-se dela como paliativo para a falta de afeto. Ele ou eu, eu ou Nada.”19

Estes comportamentos têm que ser entendidos e “trabalhados” pelo próprio, caso contrário mesmo que sejam contidos durante algum tempo voltarão a manifestar-se. É importante identificar potencialidades, descobrir interesses e mobilizar para a mudança.

Em conjunto, jovem, equipa, família (sempre que possível) e parceiros, iniciam um novo caminho com múltiplos desafios e aprendizagens constantes.

Relativamente aos jovens que abordámos e começámos a acompanhar, 17 foram recetivos á nossa intervenção. Com eles estabelecemos uma relação de confiança, conhecemos a sua história e identificámos os seus interesses. Em colaboração com as diferentes instituições, foi possível integrar socialmente 15 jovens (3 na família, 1 em formação, 5 na família e escola, 1 na família e formação, 3 na família e trabalho e 2 na escola e outros).

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Strecht P. (2003). “À Margem do Amor: notas sobre delinquência juvenil ”. Assírio & Alvim. p. 185 18

Strecht P. (2003). “À Margem do Amor: notas sobre delinquência juvenil ”. Assírio & Alvim. p.61 e 65

50

Regressaram á família 12 jovens, passaram a frequentar a escola, formação profissional ou a trabalhar 11.

Arquivámos 4 processos porque os objetivos propostos foram alcançados.

Tendo em conta que a nossa intervenção tem por base a implicação dos diferentes serviços e entidades, foi possível arquivar 7 casos, pois estava assegurada a continuidade do acompanhamento social.

Constatamos que o investimento nestas situações é moroso, enfrenta bastantes dificuldades, nomeadamente pessoais, familiares e sociais.

Dos processos acompanhados foram arquivado 28, cinco (5) por impossibilidade de intervenção, 3 nunca mais foram encontrados em giro, 3 atingiram a maioridade e não solicitaram o nosso apoio e outros 3 mudaram de residência para zonas exteriores à área metropolitana de Lisboa. No decurso da intervenção, foi aplicada uma medida de internamento em centro educativo a 2 jovens e 1 foi detido.

Uma das situações, após investigação, verificámos que se tratava de um HOAX.

Todos os casos em que foi alcançada estabilidade, mas salvaguardando a possibilidade de ainda ser necessário o nosso apoio, encontram-se em follow-up 10 situações (7 deste ano e 3 que dizem respeito a denuncias de 2012).

1.1.3. Acolhimento em Emergência

Esta equipa dispõe de um recurso fragilizado a nível do acolhimento em emergência. Continuamos limitados pelas condições físicas deste espaço, que não permitem o acolhimento condigno das situações encontradas pela equipa ou sinalizadas por outras instituições.

Outro constrangimento com o qual nos deparamos é a falta de recursos humanos, que possa garantir o acompanhamento dos casos nas 72 horas de acolhimento. Relembramos que esta resposta tem como intenção uma permanência nunca superior ao tempo mencionado, face aos condicionantes acima referidos.

No ano de 2013 registou-se um pedido para acolhimento em emergência, que foi encaminhado em articulação com a CPCJ - Lisboa Centro para o Conselho Português para os Refugiados.

Relembramos que esta resposta criada no âmbito de um Protocolo de Cooperação com a SCML continua sob a gestão do ISS, encontrando-se ainda em fase de avaliação relativamente à pertinência da sua continuidade, por motivos de ordem técnica e financeira e á necessidade de ajustar a intervenção a novas situações e circunstâncias.

Contudo, face à intervenção que esta equipa desenvolve e atendendo às características do grupo alvo, consideramos que seria muito benéfica a existência de uma resposta de acolhimento facilitadora de uma estruturação de rotinas na vida destes jovens.

1.1.4. Sinalizações

Neste enfoque estão contempladas as situações que nos são encaminhadas pelas diferentes entidades parceiras, particulares, ou equipas do IAC, para averiguação de situação, acompanhamento individual e/ ou atendimento psicológico cumprimento de Medidas de Reinserção Social.

De um modo geral, são-nos sinalizados adolescentes e jovens que manifestam comportamentos disruptivos. As dificuldades relacionais e os comportamentos desajustados que apresentam revelam o sofrimento em que se encontram. São adolescentes e jovens nos quais predomina a ausência de quadros de referência, assim como uma baixa autoestima e intolerância à frustração. Caracterizam-se, ainda, por dificuldades da aceitação/cumprimento de regras, por falta de disciplina na sua vida quotidiana. A maioria destes adolescentes e jovens têm a decorrer processos de promoção e proteção, tutelar educativos e/ ou penal. São vários os estudos que sustentam que aquelas lacunas podem ser superadas através de programas de treino de competências pessoais e sociais.

Face ao exposto e tendo em conta o Protocolo de Cooperação entre o IAC e a DGRSP esta foi a entidade que sinalizou a maioria (7) das situações em 2013 para acompanhamento individual.

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Seguem-se sinalizações vindas do SOS – Criança e outras equipas do IAC (6), CPCJ - Lisboa Centro (2), Centro Educativo do Mondego (2) e de particulares (2). Recebemos ainda (1) da Casa Pia de Lisboa, Associação Crescer na Maior (1) e do Centro Educativo dos Olivais (1).

Das 22 sinalizações recebidas destacam-se aquelas que foram efetuadas só para acompanhamento