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FORMAS DE ORGANIZAÇÃO

VI. FIGURAS COLETIVAS QUE SE DESTACAM NO BAIRRO

6.2. Jovens Unidos Pela Paz e o Amor em Cristo

Os jovens Unidos Pela Paz e o Amor a Cristo - JUPAC, que formam o Grupo de Jovens do Conjunto São Miguel se dividem em várias atividades no Bairro. No campo religioso organizam-se em torno da catequese, dos grupos de crismados, de perseverantes, do Conselho Pastoral, e do coral, ajudando na coordenação das várias atividades da Igreja Católica. No campo cultural os jovens atuam no grupo de teatro que dá o tom lúdico e criativo ao grupo com seus ensaios no salão paroquial ou no Centro Social. Estes grupos promovem ainda manhãs de lazer na quadra do bairro, passeios turísticos nas praias próximas e reuniões e encontros que realizados com apoio da Igreja ou do Centro Social Urbano.

Outra atividades dos jovens é o jornal comunitário realizado, com o apoio e a orientação do Grupo Comunicação e Cultura. O Jornal é patrocinado por pequenos comerciantes em troca da divulgação da publicidade dos seus negócios no jornal. As notícias discutem os problemas do bairro como: a violência e o descaso das autoridades para com o bairro. Informam sobre as atividades da Igreja, do Centro social, e dos grupos organizados. Os jovens aproveitam o espaço para divulgarem pequenos recados e confidências amorosas.

Percebemos nas reuniões e encontros uma hierarquia que se expressa na coordenação do presidente que se encarrega da organização das atividades. No mais são designados coordenadores para os grupos de catequese, de teatro, de crisma, de esporte que passam a organizar estas atividades. As reuniões são realizadas de acordo com interesses momentâneos dos participantes para organizar o jornal, ensaios do grupo de teatro, dias de lazer, passeios. Percebemos uma preocupação dos jovens com problemas vividos no bairro como: brigas, gangues, falta de lazer, doenças e precariedade do bairro. A necessidade de informação e a convivência social entre eles é um dos aspectos importante nos depoimentos dos mesmos:

“A importância do grupo acho que não está em coisas grandes, acho que o grupo ele não é importante por fazer grandes atitudes ele é importante por começar das pequenas coisas né, das pequenas coisas daquelas coisas que agente pensa que não iriam causar grandes mudanças mas que causam, tipo ter mais relacionamento uns com os outros vê, poder a pessoa conversa mais com os outros, o conhecimento vê, são esses atos de conversa de uma brincadeira de outra que a gente vai socializando o jovem vai colocando ele na sociedade vê, pôr meio do grupo que ele vai aprendendo a ser em ser social e sociável vê, que é poder conversar todos, e se comunicar, ter um relacionamento com todos, então em acho que essa característica do grupo de jovem é primordial, todo grupo tem, até nos grupos mais fracos, mesmo que não tenha grandes atividades esportivas, ou torneio todo mês, mas tem aqueles encontros que as pessoas vêem conversam, as vezes um com novidades, bate papo despreende mais o jovem, acho que são de coisas pequenas que o grupo cresce, que ele demonstre que não é preciso bolar grandes idéias pra ajudar,

a sair mais desse mundo escuro que é drogas, pichação, são badernas precisam de soluções bem práticas, retornar a importância das conversas vê, a importância da socialização do jovem mesmo, colocá-lo na sociedade com o pensamento positivo né, porque o que fazem esses grupos de pessoas, esses grupos que a gente um agora, gangue num sei o que eles vão fazendo com o que o próprio jovem se revolte contra a sociedade, que a gente ver que a gente não olhar de fruto e tentar resolver os problemas, encarar, vamos fazer alguma coisa pra mudar não o que esses outros grupos fazem já que a gente não pode ir contra eles então agente vai fazer o que a gente pode. Vai quebrar, vai, vai badernar, pensa que isso resolve. Vai destruir e deturpar a consciência do jovem e a maioria do jovem e a maioria do jovem fazem coisas sem consciência. O grupo tem mais é que ajudar os jovens não em coisas grandes mas em coisas pequenas mesmas”. (Adriano, Coordenador do grupo de Jovens, 1994).

Poderíamos a partir deste depoimentos identificar aspectos como a convivência social e o diálogo como elementos importantes para participação do jovens no grupo. Percebe-se nos encontros dos membros o prazer de estar ali conversando, a necessidade de fazer amizade. Nos membros mais antigos nota-se a desenvoltura, e o nível de informação como algo que foi construído na própria dinâmica do grupo.

O ato de fala, o processo de comunicação é incentivado para os mais novos, haja visto que é o diálogo o ponto central de envolvimento do jovens do grupo. Tendo em vista facilitar o envolvimento dos jovens utiliza-se ainda de dinâmicas de grupo, encontros festivos e religiosos, que facilitam aos mais tímidos a inserção no grupo.

O grupo funciona ainda como um espaço de socialização, como um elo de ligação dos jovens com a sociedade. Neste processo de interação substancia-se a noção de direitos que se contrapõe as injustiças sociais:

“Aos poucos vai aumentando a importância do jovem saber a sua posição real na sociedade e que ele é uma pessoa que tem direitos, acho que isso e primordial”. (Adriano , Coordenador do grupo de Jovens, 1994).

Esse processo de aprendizado acontece num contexto de imprevisibilidade no qual o lúdico e o gratuito dam o tom da dinâmica nesse grupo. As conversas informais, as brincadeiras e as pilhérias fazem parte de um ambiente onde o tempo linear apolíneo que define um rotina diária é quebrada na sua temporalidade. Os projetos e planos bem traçados não tem nenhum significado. Vive-se o Presente.