• Nenhum resultado encontrado

Diego Abadan

Planta dente-de-leão em preto e raízes em branco.

O que você vai encontrar neste capítulo:

Iniciativas inovadoras e integrativas na publicação científica; Evolução da PKP;

Recursos internos e externos do OJS;Publicações científicas inovadoras.

Esse material tem por objetivo ser instrutivo e reflexivo. Visa a apresentar boas práticas de gestão do fluxo editorial de acesso aberto, com o emprego de ferramentas gratuitas que podem ser empregadas no processo de editoração, algumas no próprio OJS, e outras servem de apoio no processo de publicação.

Vários pontos apresentados visam à melhoria e disseminação da comu- nicação científica, a fim de exemplificar maneiras simples de editorar periódico científico de acesso aberto, com base nas tendências globais.

1 INTRODUÇÃO

O ciclo de vida da produção científica passa a seguir uma visão de ciência colaborativa, transparente e aberta, prática advinda do movimento open science ou ciência aberta, influenciado por movimentos iniciados há mais tempo, como o de Software Livre e o de Acesso Aberto.

A ciência aberta representa uma ruptura de padrões, não importa mais quem escreveu o quê, mas sim para quê, onde se aplica essa informação, e se ajudará a inovar ou propiciar algum tipo de benefício científico, econômico ou social.

Em vista desse processo de transição formal da comunicação científica, a Europa criou o programa Foster (2018)1, promovido pelo projeto “Horizon 2020”,

desenvolvendo metas, organizando documentos, diretrizes, manuais e capacitações para instituições de ensino, pesquisa e para autores. No relatório da Mutual Learning Exercise (MLE) (2017, tradução nossa) sobre estratégias, experimentos e modelos para implementação da ciência aberta, destacam-se as seguintes prioridades:

1 O programa visa à promoção da implementação prática do Open Science. Tem por objetivo contri- buir para que haja uma mudança no comportamento dos pesquisadores europeus de maneira que possa garantir que a ciência aberta torne-se duradoura e uma norma (FOSTER, 2018).

a) Promover o acesso aberto das publicações;

b) Aplicar método de educação baseado na ciência e dados abertos;

c) Aplicar múltiplos indicadores para avaliação de pesquisa (métricas quantitativas e qualitativas);

d) Esclarecer responsabilidades a serem tomadas na implemen- tação da ciência aberta;

e) Avaliar os investimentos em infraestrutura e recursos para aplicação do projeto;

f) Esclarecer o quadro jurídico da propriedade intelectual em ciência aberta;

g) Coordenar com a governança Europeia e outros estados mem- bros;

h) Envolver pesquisadores e organizações de pesquisa em todos os aspectos da ciência aberta;

i) Priorizar o engajamento público na tomada de decisões sobre atividades de ciência aberta;

j) Melhorar os resultados da pesquisa e a qualidade, tornando a pesquisa dentro de cada país mais competitiva, melhorando a visibilidade de pesquisadores e colaborações com a indústria tanto nacional como internacional;

k) Apoiar pesquisadores em início de carreira e evitar a fuga de cérebros;

l) Monitorar a transição para a ciência aberta para minimizar as preocupações emergentes.

Esse modelo segue alguns princípios da MLE (2017, p. 6-7, tradução nossa) que são vitais para o funcionamento do programa: 1) Respeito pela diversidade; 2) Colaboração; 3) Prestação de contas; 4) Transparência; 5) Responsabilidade social e engajamento; 6) Justiça; 7) Impacto.

O maior objetivo do modelo de ciência aberta é oportunizar à comunidade científica e social a tomada de decisões a respeito do conhecimento produzido na academia e organismos de pesquisa. Visa a propiciar aos pesquisadores igualdade

no modelo de avaliação e mensuração de impactos, acesso ao acervo, promoção e reconhecimento do seu trabalho, assim como o fortalecimento do desenvolvimento científico e inovador nos países, grupos e instituições de pesquisa que participam e compactuam com o modelo aberto.

Para que a ciência aberta seja livre de barreiras, é necessário aplicar instru- mentos de gestão e de fluxo editorial com a mesma filosofia, não apenas a gratuidade de um sistema editorial, mas também a possibilidade de aplicar ferramentas que auxiliam em todas as etapas do fluxo editorial, maximizando esforços e viabilizando melhor desempenho no processo de publicação científica em acesso aberto. A seguir, apresentam-se algumas ferramentas inovadoras gratuitas que podem ajudar no processo editorial, junto ao sistema de publicação do Open Journal Systems (OJS).

2 FERRAMENTAS INTEGRATIVAS PARA EDITORAÇÃO DE PERIÓDICOS

Para saber quais eram as tendências de uso e aplicação de ferramentas no processo de produção e comunicação científica, Kramer e Bosman (2016) identifi- caram 101 ferramentas consideradas relevantes para autores e editores. O estudo teve o objetivo de verificar com os participantes quais ferramentas eles usavam ou consideram importantes. Com base nas respostas, os autores elaboraram o ciclo da pesquisa com os sistemas mais indicados pelos respondentes. Esse ciclo é composto por seis etapas: pesquisar, analisar, escrever, publicar, divulgar e avaliar pesquisa. O estudo teve a adesão de 20.000 participantes e foi aplicado em seis idiomas, distribuído em vários países, como: China, Japão, Rússia e América Latina. A figura 1 apresenta as ferramentas que foram consideradas inovativas, impactantes, e, conforme os autores, elas “mudam os fluxos de trabalho e pesquisa, e podem contribuir para uma ciência aberta, boa e eficiente” (KRAMER; BOSMAN, 2015, tradução nossa). A figura 1 apresenta as ferramentas indicadas pelos participantes do estudo citado.

Estudos como o de Kramer e Bosman ajudam os editores a conhecer e acompanhar as tendências da comunidade científica, como, por exemplo, onde os autores mais buscam informação para desenvolver suas pesquisas. Esse dado ajuda no pensar em quais bases de dados são mais relevantes para a visibilidade da comunicação científica. São elementos que ajudam a repensar nas políticas

editoriais e adequá-las aos novos movimentos integrativos que a comunidade científica vem adotando como padrão.

Gulka e Silveira (2018) identificaram em seus estudos, gestão e experiência de portal2 de periódicos, a existência de nove etapas no ciclo do processo editorial.

Cada etapa é distinta, e uma influencia a outra. São elas: a) Planejar;

b) Proceder ao fluxo editorial; c) Publicar;

d) Divulgar;

2 Para mais informações sobre portais de periódicos, veja o capítulo 7.

Figura 1 – Ferramentas aplicadas ao Fluxo de trabalho da Pesquisa

Fonte: Kramer e Bosman (2015).

Descrição da imagem: A Figura está organizada em sete colunas e sete linhas, apresenta logos de ferramentas que servem para atender ao ciclo de pesquisa seguindo as etapas de desco-

e) Alimentar indexadores; f) Analisar as métricas; g) Acompanhar inovações; h) Reavaliar estratégias; i) Preservar dados.

O que as autoras propõem com as nove etapas é que o trabalho de publi- cação científica não se limite apenas em administrar o software de editoração e publicação, e sim em realizar a gestão, criar metas, ter um planejamento anual e avaliar todo o ciclo editorial, ou seja, é trazer os elementos da administração de um serviço ou produto para o cotidiano editorial.

Administrar um periódico requer dedicação e investimento contínuo para que sua qualidade editorial melhore ou mantenha-se estável. Nos próximos itens, são descritas cada uma das categorias sugeridas por Gulka e Silveira, acrescentando aplicações e sugestões de ferramentas para auxiliar a equipe editorial na gestão do periódico científico e tomada de decisões.