• Nenhum resultado encontrado

A Súmula nº. 279 do Supremo Tribunal Federal33 veda a utilização do recurso extraordinário interposto com o fito de discutir questões de fato, ou de examinar matéria de caráter probatório.

Assim sendo, eventual recurso dirigido ao Pretório Excelso não poderá envolver a discussão do caso concreto à luz do conjunto probatório utilizado para decidir sobre a procedência ou improcedência do pedido de amparo social ao deficiente.34

Outrossim, para os mesmos objetivos supramencionados, é vedado recurso especial ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), conforme Súmula nº 7, editada em 28/06/1990.35

Nessa perspectiva, a aferição de preenchimento, ou não, dos requisitos necessários à concessão de benefício de amparo ao deficiente não tem cabimento em sede de recursos extraordinário e especial, por ser necessário o reexame de matéria fática que fundamentou a decisão recorrida.

No que tange ao requisito da hipossuficiência econômica, os tribunais têm entendido que, não obstante a renda familiar per capita ser superior a ¼ do salário-mínimo, outros fatores podem ser considerados para a avaliação das condições de sobrevivência da parte autora e de sua família, conforme os seguintes julgados:

PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. ARTIGO 20 DA LEI Nº 8.742/93. ARTIGO 34, § ÚNICO DA LEI Nº 10.741/03. PESSOA PORTADORA DE DEFICIÊNCIA. RENDA FAMILIAR PER CAPITA INFERIOR A ¼ DO SALÁRIO MÍNIMO. COMPROVAÇÃO. 1. A comprovação da situação econômica do requerente e sua real necessidade não se restringe à hipótese do artigo 20, § 3º, da Lei 8.742/93, que exige renda mensal familiar per capita não superior a 1/4 (um quarto) do salário mínimo, pois a condição de miserabilidade poderá ser verificada

33 Para simples reexame de prova não cabe recurso extraordinário (STF, Súmula nº 279, de 13/12/1963).

34 Nesse sentido, decisão proferida no RE-AgR 396907: “A aferição de preenchimento ou não dos requisitos

necessários à concessão de benefício que trata a Lei 8.742/93 não tem cabimento em sede de recurso extraordinário por ser necessário o reexame de matéria fática que fundamentou o acórdão recorrido. Agravo regimental a que se nega provimento” (STF - RE: 396907 MS, Relator: Min. EROS GRAU, Data de Julgamento: 30/11/2004, Primeira Turma, Data de Publicação: DJ 17-12-2004).

por outros meios de prova. Precedentes do STJ. (...) (TRF-4 - AC: 1504 PR 2008.70.09.001504-7, Relator: EDUARDO TONETTO PICARELLI, Data de Julgamento: 16/12/2009, Data de Publicação: D.E. 11/01/2010)

CONSTITUCIONAL. ASSISTÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO

CONTINUADA. PESSOA PORTADORA DE SURDO-MUDEZ.

INCAPACIDADE PARA VIDA INDEPENDENTE E PARA O TRABALHO. HIPOSSUFICIÊNCIA ECONÔMICA COMPROVADA. CONCESSÃO DO BENEFÍCIO. JUROS MORATÓRIOS DE 6% AO ANO. REDUÇÃO DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. ART. 20, PARÁGRAFO 4º DO CPC. SÚMULA Nº 111 DO STJ. (...) 4. Embora o art. 20, PARÁGRAFO 3º da Lei nº 8.742/93, estabeleça um critério objetivo para aferir a hipossuficiência econômica (renda mensal per capita inferior a 1/4 do salário mínimo), também deve ser considerado o contexto social em que em vive a família, as necessidades materiais da autora e outras circunstâncias, a exemplo dos documentos anexados atestando a parca renda familiar (um salário mínimo), bem como as despesas da família. (...) (TRF-5 - APELREEX: 4323 CE 0019155-60.2000.4.05.8100, Relator: Desembargador Federal Francisco Cavalcanti, Data de Julgamento: 22/04/2010, Primeira Turma, Data de Publicação: Fonte: Diário da Justiça Eletrônico - Data: 18/05/2010 - Página: 109 - Ano: 2010)

BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. LIMITE DE ¼ DO SALÁRIO MÍNIMO PREVISTO NO § 3º,ART. 20, DA LEI Nº 8.742/93.1. A Turma Recursal de Tocantins negou ao autor o direito ao benefício assistencial sob ofundamento de sua renda ultrapassar o limite de ¼ (um quarto) de saláriomínimo, previstoartigo 20 da Lei 8.742/1993.2. A questão atinente à comprovação da miserabilidade vem sofrendomodificaçõesjurisprudenciais, para considerar que o preceito contido no art. 20, § 3ºda Lei nº 8.742/93 não éo único critério válido para comprovar a condição de miserabilidadepreceituado no artigo 203,V, da Constituição Federal.3. Incidente conhecido e parcialmente provido, para anular o acórdão esentença proferidos(TNU - PEDILEF: 200543009039683 TO, Relator: JUÍZA FEDERAL MARIA DIVINA VITÓRIA, Data de Julgamento: 13/08/2007, Turma Nacional de Uniformização, Data de Publicação: DJU 24/03/2008).

Conforme jurisprudência dominante, nas ações judiciais em que se pleiteia a concessão do amparo social, apenas o INSS é parte legítima para figurar no polo passivo da demanda.

Nesse sentido, vejam-se as decisões do STJ (AGRESP 200600833935) e do TRF da 2ª Região (AC 200151100023668), reproduzidas a seguir:

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. PREVIDENCIÁRIO.

CONCESSÃO DE BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA.

LEGITIMIDADE PASSIVA DA UNIÃO. MUDANÇA DE ATRIBUIÇÃO APÓS O AJUIZAMENTO DA AÇÃO. INAPLICABILIDADE. AGRAVO IMPROVIDO. 1- Até o advento da Lei nº 9.720/98 que acrescentou o parágrafo único no art. 29 da LOAS, os recursos destinados ao pagamento dos benefícios de prestação continuada da assistência social estavam a cargo da União. A partir de então, a execução e a manutenção do benefício, foi repassado ao Ministério da Previdência Social, por meio do INSS, ente, a partir de então, responsável pela concessão e manutenção do mencionado benefício. 2- Após aludida alteração legislativa, esta Corte Superior de Justiça consolidou seu entendimento no sentido de que, mesmo que o benefício esteja sob a tutela da União, como é do INSS a responsabilidade pela execução e manutenção do mesmo, somente ele está apto, a figurar no polo passivo nas causas desta natureza. (...) (STJ - AgRg no REsp: 837401 MS 2006/0083393-5, Relator:

Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, Data de Julgamento: 16/06/2009, T6 - SEXTA TURMA, Data de Publicação: DJe 01/07/2009)

PREVIDENCIÁRIO – BENEFÍCIO ASSISTENCIAL – LEI Nº 8.742/93 –

LEGITIMIDADE PASSIVA – PORTADOR DE DEFICIÊNCIA –

ATENDIMENTO AOS REQUISITOS – JUROS MORATÓRIOS. 1. No tocante à arguição do INSS de ilegitimidade passiva ad causam, a própria LOAS atribui ao INSS toda a gerência e operacionalização do benefício assistencial de prestação continuada, inclusive sua concessão (art. 32, parágrafo único, do Decreto nº 1744, de 1995, que regulamentou a Lei nº 8.742/93), o que pressupõe a sua representação judicial na defesa de questões envolvendo a referida prestação. Ademais, o art. 29 da LOAS é claro ao dispor que os recursos de responsabilidade da União destinados ao benefício de prestação continuada serão automaticamente repassados ao Fundo Nacional de Assistência Social. Jurisprudência do STJ no sentido de que a União não é parte legítima para figurar no polo passivo nas causas que visem a percepção de benefício de prestação continuada, tal como previsto no art. 20 da Lei nº 8.742/93, devendo o polo passivo ser composto apenas pelo INSS. (TRF-2 - AC: 345276 RJ 2001.51.10.002366-8, Relator: Desembargador Federal ABEL GOMES, Data de Julgamento: 11/12/2007, PRIMEIRA TURMA ESPECIALIZADA, Data de Publicação: DJU - Data:04/03/2008 - Página:175/176)

Nos casos de benefício assistencial ao deficiente, quando não for possível ao perito judicial atestar o início da incapacidade ou dos impedimentos de longo prazo, ou, ainda, quando houver alguma contradição quanto à data de início, a maioria dos tribunais tem determinado a concessão do amparo social ao deficiente a partir da juntada aos autos do laudo pericial, conforme julgado do Tribunal Regional Federal da 2ª Região:

PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL - RESTABELECIMENTO DE AUXÍLIO-DOENÇA - INÍCIO DOS EFEITOS DA CONDENAÇÃO - LAUDO PERICIAL - DATA DA JUNTADA - BENEFÍCIO ASSISTENCIAL - IMPOSSIBILIDADE DE ACÚMULO - ARTIGO 20, § 4º DA LEI Nº 8.742/93 - JUROS DE MORA - INAPLICABILIDADE DA LEI 11.960/2009 AOS PROCESSOS EM ANDAMENTO. RECURSO DO INSS PARCIALMENTE PROVIDO. I - Em razão da ausência de informação sobre a data de início da incapacidade laborativa do autor no laudo pericial constante dos autos, deve ser fixada a data de juntada do laudo pericial aos autos como março inicial dos efeitos da condenação. (...) (TRF-2 - REEX: 201002010095082, Relator: Desembargador Federal ALUISIO GONCALVES DE CASTRO MENDES, Data de Julgamento: 14/12/2010, PRIMEIRA TURMA ESPECIALIZADA, Data de Publicação: 22/12/2010)

Todavia, quando a data de início da incapacidade for comprovadamente anterior à data do requerimento feito na via administrativa, é a partir dessa que o benefício será concedido, conforme orientação da Turma Nacional de Uniformização.36

36 “Tendo o laudo atestado a existência da incapacidade à época dorequerimento administrativo, a data de início

do benefício deve ser fixado apartir do competente requerimento na via administrativo” (TNU - PEDILEF: 200563020027245 SP, Relator: JUIZ FEDERAL OTÁVIO HENRIQUE MARTINS PORT, Data de Julgamento: 14/09/2009, Turma Nacional de Uniformização, Data de Publicação: DJ 13/10/2009).

37Nesse sentido, já decidiu a Turma Nacional de Uniformização: “Nos benefícios por incapacidade, em regra, o

magistrado fixa o seu entendimento com base no laudo pericial. Todavia, não está o magistradoadstrito somente ao resultado do laudo pericial, podendo julgar a demandacom base nas demais provas dos autos. Na

Ainda nos casos de benefício ao portador de deficiência, o juiz designará perito médico para avaliar a existência de incapacidade laboral ou impedimentos em longo prazo, por parte do requerente. O laudo elaborado pelo perito servirá de base ao julgamento da demanda. No entanto, o magistrado não está adstrito ao parecer médico, podendo firmar seu convencimento a partir de outros elementos constantes dos autos.37

Outrossim, se a parte autora reúne os requisitos para a concessão do amparo social, porém ingressa com ação pugnando por benefício diverso, poderá o magistrado deferir ao postulante o benefício de prestação continuada, não se caracterizado julgamento extra petita.

Nesse sentido, seguem os seguintes precedentes:

PREVIDENCIÁRIO. PROCESSO CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. RENDA MENSAL VITALÍCIA. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. JULGAMENTO EXTRA PETITA AFASTADO. POSSIBILIDADE DE CONCESSÃO DE BENEFÍCIO ASSISTENCIAL TERMO INICIAL. - Admitida a concessão de benefício assistencial, diante dos requisitos exigidos pela Lei nº 8.742/93, mesmo considerando o pedido inicial de concessão de renda mensal vitalícia, nos termos da Lei nº 6.179/74; questão superada diante da decisão do Superior Tribunal de Justiça, no REsp nº 822.633-SP, que determina a manifestação do Tribunal "sobre a concessão do benefício assistencial desde a citação do recorrente, tendo em vista o que dispõe o art. 1º da LICC". - Concedido à parte autora o benefício assistencial, com base na Lei nº 8.742/93, o termo inicial é de ser fixado na data da publicação da Lei nº 8.742/93, isto é, em 8.12.1993, e não na data da citação, ocorrida no ano de 1990.(TRF-3 - AC: 202128 SP 0202128-60.1990.4.03.6104, Relator: DESEMBARGADORA FEDERAL THEREZINHA CAZERTA, Data de Julgamento: 07/10/2013, OITAVA TURMA)

PREVIDENCIÁRIO. RECURSO ESPECIAL. DEFERIDO BENEFÍCIO ASSISTENCIAL EM VEZ DE APOSENTADORIA POR INVALIDEZ OU AUXÍLIO-DOENÇA. DECISÃO EXTRA PETITA. NÃO-OCORRÊNCIA. JUROS DE MORA. RECURSO PROVIDO. 1. Cuidando-se de matéria previdenciária, o pleito contido na peça inaugural deve ser analisado com certa flexibilidade. In casu, postulada na inicial a concessão de aposentadoria por invalidez ou auxílio-doença, incensurável a decisão judicial que reconhece o preenchimento dos requisitos e concede ao autor o benefício assistencial de prestação continuada. 2. Os juros moratórios, em se tratando de benefício previdenciário, devem ser fixados à razão de 1% (um por cento) ao mês em face de sua natureza alimentar, a partir da citação, conforme o disposto no art. 3º do Decreto-Lei 2.322/87. 3. Recurso especial provido(STJ - REsp: 847587 SP 2006/0109273-3, Relator: Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, Data de Julgamento: 07/10/2008, T5 - QUINTA TURMA, Data de Publicação: DJe 01/12/2008).

“A fixação da data de início do benefício por incapacidade, oentendimento deste Colegiado é no sentido de que se deve privilegiar o livreconvencimento do julgador que teve contato com toda a prova dos autos, podendoeste fixar a data do ajuizamento como a DIB do benefício, em especial seo laudo pericial é inconclusivo no que se refere ao início da incapacidade” (TNU, PEDILEF 200881025019564, Rel. Juiz Federal Paulo Ricardo Arena Filho, DOU de 23-9-2011).

Amparado pelo artigo 109, § 3º da Constituição Federal38 a parte autora poderá pleitear a concessão do benefício assistencial junto ao juízo estadual, quando não houver vara federal instalada em seu domicílio, cabendo ao Tribunal Regional Federal (TRF) da respectiva região decidir sobre eventuais conflitos de competência entre juiz federal e juiz estadual investido de competência federal, conforme julgados abaixo reproduzidos:

PROCESSUAL CIVIL. CONFLITO DE COMPETÊNCIA. AMPARO SOCIAL. RESTABELECIMENTO DO BENEFÍCIO. AÇÃO PROPOSTA PERANTE A

JUSTIÇA ESTADUAL. INEXISTÊNCIA DE VARA FEDERAL.

POSSIBILIDADE (ART. 109, PARÁGRAFO 3º, DA CF/88). INCOMPETÊNCIA RELATIVA. DECLINAÇÃO DE OFÍCIO. IMPOSSIBILIDADE. - Podem ser processadas na Justiça Estadual, no foro do domicílio do beneficiário do amparo social, as causas em que o INSS for parte, ex vi do art. 109, parágrafo 3o, da CF. - Conquanto o texto constitucional se refira às causas em que figurem como partes "instituição de previdência social e segurado", a regra de delegação de competência há que ser estendida às lides em que sejam partes idosos ou deficientes físicos ou mentais, pleiteando benefícios assistenciais de Seguridade Social. Precedentes. - A aplicação analógica da norma deve ser feita nos termos do antigo aforisma ubi

eadem ratio ibi eadem dispositio. - A incompetência, nesses casos, é relativa, não

podendo ser declarada de ofício. - Conflito de competência conhecido. Competência do Juízo de Direito da Vara Única da Comarca de São Benedito/CE, ora suscitante, declarada (TRF5 – Pleno – Relator: Des. Federal Rubens de Mendonça Canuto – Data da Decisão: 26/05/2010).

PROCESSUAL CIVIL. CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. AÇÃO PREVIDENCIÁRIA (CONCESSÃO DE AMPARO SOCIAL). AJUIZAMENTO NA JUSTIÇA ESTADUAL. INSTALAÇÃO DE VARA DA JUSTIÇA FEDERAL. DETERMINAÇÃO DE REMESSA DOS AUTOS AO JUÍZO FEDERAL. MUNICÍPIO QUE NÃO É SEDE, MAS É ABRANGIDO PELA JURISDIÇÃO DA NOVA VARA. PERSISTÊNCIA DA APLICABILIDADE DA REGRA DO ART. 109, PARÁGRAFO 3º, DA CF/88. 1. Compete ao TRF o julgamento de conflito de competência entre Juiz Federal e Juiz Estadual investido de competência federal, ambos da região correspondente. 2. Segundo o art. 109, parágrafo 3o, da CF/88, "serão processadas e julgadas na justiça estadual, no foro do domicílio dos segurados ou beneficiários, as causas em que forem parte instituição de previdência social e segurado, sempre que a comarca não seja sede de vara do juízo federal, e, se verificada essa condição, a lei poderá permitir que outras causas sejam também processadas e julgadas pela justiça estadual". 3. Não sendo, o Município de Murici - como efetivamente não o é - sede de Vara Federal, apenas sendo abrangido pela jurisdição de Vara da Justiça Federal sediada em outro Município, permanece o Juízo Estadual competente para os fins do art. 109, parágrafo 3o, da CF/88. 4. "A

38 “Serão processadas e julgadas na justiça estadual, no foro do domicílio dos segurados ou beneficiários, as

causas em que forem parte instituição de previdência social e segurado, sempre que a comarca não seja sede de vara do juízo federal, e, se verificada essa condição, a lei poderá permitir que outras causas sejam também processadas e julgadas pela justiça estadual.” (artigo 109, § 3º da CF/88).

criação de Vara Federal em comarca vizinha não acaba com a competência federal delegada à Justiça Estadual. Entendimento firmado por esta Corte Superior" (trecho da ementa do CC nº 66322/SP, julgado pela Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça, Rel. Min. Maria Theresa de Assis Moura, j. em 28.02.2007, publ. em DJ de 26.03.2007). 5. Precedente desta Corte Regional: CC nº 1266/CE (j. em 30.05.2007, Rel. Desembargador Federal Francisco Cavalcanti, por unanimidade). 6. Pelo conhecimento do conflito, declarando-se competente o Juízo Estadual suscitado. (TRF5 – Pleno – Relator: Des. Federal Francisco de Barros e Silva– Data da Decisão: 22/06/2011)

De acordo com o entendimento dominante, as prestações relativas ao benefício assistencial possuem caráter alimentar, razão pela qual se admite, em 1º grau, a antecipação dos efeitos da tutela, ante a ameaça de lesão à sobrevivência da parte autora.39 Além disso, nos casos em que a decisão de primeira instância é reformada em grau de recurso, os valores percebidos pelo requerente, por força de antecipação da tutela, não estão passíveis de devolução aos cofres do INSS.40

Nas ações ajuizadas com o objetivo de obter o benefício assistencial, o Superior Tribunal de Justiça consolidou o entendimento no sentido de afastar a prescrição do fundo de direito, aplicando, tão-somente, a prescrição das parcelas vencidas antes do quinquênio anterior ao ajuizamento do feito.41 Contudo, se o autor da ação for menor impúbere ou maior incapaz, contra ele não corre o lustro prescricional (artigo198, CC/02 e art. 79 da Lei de Benefícios). 42

39 TRF-5 - AGTR: 59239 PB 0037651-51.2004.4.05.0000, Relator: Desembargador Federal Edílson Nobre

(Substituto), Data de Julgamento: 15/03/2005, Quarta Turma, Data de Publicação: - Página: 375 - Ano: 2005).

40“A Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça, à unanimidade, sedimentou o entendimento sobre o tema

para assentar que, em se tratando de verba alimentar percebida por força de tutela antecipada, posteriormente revogada, aplicável a jurisprudência consagrada por este Tribunal, pautado pelo princípio da irrepetibilidade dos alimentos.” (AgRg no REsp 1.054.163/RS, Sexta Turma, Rel. Min. MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, DJe 30/6/08).

41 STJ - AgRg no REsp: 1376033 PB 2013/0084496-8, Relator: Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES,

Data de Julgamento: 03/04/2014, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DJe 09/04/2014.

42 Precedentes: TRF5; AC 00002409520144059999, Rel. Des. Federal Geraldo Apoliano, 3ª Turma, 25/03/2014;

APELREEX 0000220712011405820102, Des. Fed. Paulo Roberto de Oliveira Lima / TRF5 - 2ª Turma, 06/03/2014.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Dando cumprimento ao determinado pelo artigo 203, inciso V, da Constituição Federal de 1988, que garantiu benefício mensal no valor de um salário mínimo à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovarem não possuir meios de prover a própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, foi editada a Lei Nº 8.742/93 que delineou, em seus artigos 20 e 21, os parâmetros para concessão e manutenção de referida prestação.

O amparo assistencial chama a atenção, particularmente, por ser um benefício oferecido pelo Estado sem a exigência de nenhuma contraprestação por parte do postulante. Assim, uma vez preenchidas as condições estabelecidas por lei, o requerente fará jus ao benefício, ainda que nunca tenha contribuído para a previdência social.

O que se observa na via administrativa é um excessivo rigor para a concessão de tal benefício. Os pedidos indeferidos pelo INSS se multiplicam, bem como as ações judiciais pugnando pelo benefício outrora negado administrativamente.

No âmbito judicial, há uma interpretação da legislação mais favorável ao requerente. Os magistrados, em geral, tendem a flexibilizar dispositivos legais interpretados de forma literal pela Autarquia Previdenciária.

O amparo social é pago com recursos oriundos do Governo Federal, no entanto, a operacionalização, manutenção e o reconhecimento do direito a este benefício estão a cargo do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A jurisprudência majoritária tem entendido que, apenas o INSS, é parte legítima para figurar no polo passivo das demandas judiciais em que se pleiteia a concessão do benefício assistencial.

Tanto na via administrativa quanto na judicial, o postulante ao benefício assistencial de amparo ao deficiente é submetido a uma avaliação médico-pericial para atestar a existência, ou não, de impedimentos em longo prazo, que o impeçam de exercer atividade laboral. Na seara administrativa, o laudo pericial vincula a decisão da Autarquia Previdenciária. Diante disso, um laudo desfavorável ao requerente acarretará o indeferimento administrativo do benefício, enquanto, na seara judicial, as conclusões da perícia não vinculam o julgador, o qual pronuncia sua decisão de acordo com o princípio do livre convencimento motivado.

Ainda no que se refere aos impedimentos de longo prazo, a concessão do benefício assistencial deve, segundo a jurisprudência majoritária, pautar-se, não apenas, na situação física do assistido, mas também, em suas condições pessoais, uma vez que se cuida de um benefício de caráter socioeconômico e cultural, de modo que, somente em face do caso

concreto, poderá o magistrado avaliar a efetiva possibilidade de o requerente desempenhar um labor que lhe assegure o sustento.

Para efeito de aferir a miserabilidade do grupo familiar, a LOAS fixou como patamar máximo a renda familiar mensal per capita de ¼ (um quarto) do salário mínimo. Tal dispositivo foi questionado na Ação Direta de Inconstitucionalidade nº. 1.232, tendo o STF definido que o critério de ¼ do salário mínimo é objetivo e não pode ser conjugado com outros fatores indicativos da miserabilidade do indivíduo e de seu grupo familiar, cabendo ao legislador, e não ao juiz, na solução do caso concreto, a criação de outros requisitos para a aferição do estado de pobreza daquele que pleiteia o benefício assistencial.

Ocorre que, ao julgar a Reclamação de nº. 4.374, de relatoria do Min. Gilmar Mendes, o Pretório Excelso deixou claro que teve por constitucional, em tese, a norma do artigo 20,§ 3º,da Lei nº. 8.742/93, porém ressalvou a existência de situações concretas que impõem atendimento constitucional e não subsunção àquela norma. A constitucionalidade da norma legal, assim, não significa a inconstitucionalidade dos comportamentos judiciais que atestam a hipossuficiência do requerente mesmo nos casos em que a renda per capita do grupo familiar sobeja o limite fixado por lei.

Segundo o § 8º do artigo 20 da Lei Nº 8.742/93, “a renda familiar mensal a que se refere o § 3º deverá ser declarada pelo requerente ou seu representante legal, sujeitando-se aos demais procedimentos previstos no regulamento para o deferimento do pedido.” O Regulamento da Loas, por sua vez, em seu artigo 13, esclarece que “a comprovação da renda

Documentos relacionados