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Justificação e relevância do estudo

PARTE II – TRABALHO DE INVESTIGAÇÃO

1. Definição do problema

1.2. Justificação e relevância do estudo

Tanto a matemática como as ciências naturais estão presentes diariamente, dentro e fora da sala de aula, sem darmos por elas. Existe, contudo, uma grande diferença entre elas. Enquanto que o objeto de estudo das ciências naturais pode ser observado e, nalguns casos, manipulado porque tem uma existência física, o objeto de estudo da matemática é, na maior parte das vezes, abstrato. Por essa razão, entre outras, a matemática tende a ser encarada, pelos alunos, como algo muito complicado. Também alguns conteúdos do programa de Ciências Naturais podem ser vistos como algo bastante complexo, se não houver contacto ou simulação da realidade que se pretende ensinar. Como tal, os professores ao lecionar os conteúdos devem recorrer a uma grande variedade de recursos didáticos, de modo a proporcionar novas aprendizagens ou utilizar os mesmos para a consolidação das aprendizagens. Neste sentido, parece-nos, importante compreender em que medida a utilização dos recursos didáticos, de natureza tecnológica, promove a relação entre Matemática e Ciências Naturais.

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perceber as vantagens e, eventualmente, desvantagens decorrentes da utilização dos recursos didáticos, principalmente de natureza tecnológica e por estes serem pouco utilizados na sala de aula.

No ano letivo de 2015/2016, utilizámos ao longo do estágio, um recurso didático designado Matemáticas Mágicas, recurso esse que provocou, tanto quanto nos pudemos aperceber, alguma dinâmica na sala de aula. Foi encarado pelos alunos, como algo divertido e permitiu-nos constatar, de um modo geral, que os alunos tinham compreendido os conteúdos lecionados, devido ao seu envolvimento e interesse na atividade.

Para além dos recursos didáticos terem uma grande importância porque facilitam a construção do conhecimento e auxiliam na comunicação, não podemos esquecer que no Programa de Matemática (Ministério da Educação e Ciência, 2013), se refere que “as escolas e os professores devem decidir quais as metodologias e os recursos mais adequados para auxiliar os seus alunos a alcançar os desempenhos definidos nas Metas Curriculares” (p. 28).

A preocupação com a utilização dos recursos didáticos não é recente dado que, já em 2005 se verificava, por exemplo no artigo 44.º do capítulo V da Lei de Bases do Sistema Educativo-Lei nº49/2005 de 30 de agosto, algumas indicações para que estes fossem utilizados em contexto de sala de aula. Este artigo faz alusão a uma possível definição de recurso didático, bem como a enumeração de alguns dos recursos que necessitam de uma maior atenção como, por exemplo, os manuais que são recursos utilizados em todas as áreas disciplinares e ao alcance de todos os alunos. Para além deste, ainda sugere outros recursos didáticos:

1 - Constituem recursos educativos todos os meios materiais utilizados para conveniente realização da actividade educativa.

2 - São recursos educativos privilegiados, a exigirem especial atenção:

a) Os manuais escolares;

b) As bibliotecas e mediatecas escolares; c) Os equipamentos laboratoriais e oficinais;

d) Os equipamentos para educação física e desportos; e) Os equipamentos para educação musical e plástica;

f) Os centros regionais de recursos educativos (Cap. V, Artigo 44).

Também Ponte et al. (2007) no Programa de Matemática mencionam que a aprendizagem desta disciplina envolve sempre o uso de diferentes recursos. Por isso,

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“os alunos devem utilizar materiais manipuláveis na aprendizagem de diversos conceitos” (Ponte et al, p. 9), nomeadamente no domínio da Geometria e Medida, sobretudo nos primeiros anos de escolaridade. Os recursos possibilitam criar ligações e retirar as devidas conclusões, auxiliando o entendimento de um conteúdo. Para além dos geoplanos, sólidos geométricos, réguas e espelhos facilitarem a aprendizagem dos alunos, o computador também é considerado um importante recurso didático. Este “possibilita explorações que podem enriquecer as aprendizagens realizadas no âmbito deste tema, nomeadamente através de applets – pequenos programas ou aplicações disponíveis na Internet – e permitir a realização de jogos e outras actividades de natureza interactiva” (Ponte et al., p. 21).

Pelo facto de o computador ser um recurso didático conhecido e muito usado pelos alunos no dia-a-dia, decidimos incluir as TIC neste estudo, visto que os alunos pertencem a uma geração digital, ou seja, desde muito cedo têm contacto com as novas tecnologias. Para além disso, este recurso torna-se útil para demonstrar conceitos mais abstratos, simular outras realidades ou simplesmente apresentar a realidade. De acordo com Monteiro e Osório (2010), a nomenclatura de geração digital leva-nos para um grupo de pessoas com competências inatas e empreendedoras para a utilização das novas tecnologias, possuindo assim um grande potencial que distingue das outras gerações. Raby (2004, citado por Gonçalo, 2010) indica que a correta utilização das novas tecnologias permitirá desenvolver, nos alunos, competências transversais a todas as áreas disciplinares e não disciplinares.

No artigo n.º 3 do Decreto-Lei nº 6/2001, de 18 de Janeiro é valorizada a utilização das TIC, uma vez que, segundo este documento, estas permitem o progresso de capacidades no aluno, ao longo do tempo. Este Decreto-Lei refere ainda que o uso das TIC proporcionam aprendizagens transdisciplinares, ou seja, comuns a todas as áreas disciplinares.

Atualmente, as ciências naturais assumem um papel fundamental na sociedade, uma vez que permitem perceber cientificamente os fenómenos que nos rodeiam e desenvolver atitudes nos indivíduos, de modo a garantir o uso e a apreciação dos saberes. Sendo assim, as ciências permitem: i) compreender a evolução e o entendimento do próprio indivíduo e do meio que envolve; ii) promover a perceção da mesma como ação humana que procura e emprega saberes científicos nos problemas do dia-a-dia, abrangendo soluções com recurso à tecnologia e iii) desenvolver conceitos, atitudes e competências, de modo a proporcionar interesse e desejo em aprender (Ministério de Educação, s/d a). O programa de Ciências Naturais menciona também

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que há muitos programas de computadores disponíveis “como processamento de texto, gestão de bases de dados, folha de cálculo, que permitem grande flexibilidade de aplicação e estão preparados para uma manipulação muito simples” (p. 187) por parte dos indivíduos. Os softwares podem ser considerados recursos facilitadores do processo de aprendizagem do aluno, deste modo permitem o desenvolvimento da sua autonomia. O conhecimento construído deve ser relacionado com os saberes já existentes, de modo a ser um “todo coerente, tendo em vista uma aprendizagem progressiva em anos subsequentes” (Ministério de Educação, s/d a, p. 187).

No documento Currículo Nacional do Ensino Básico – Competências Essenciais proposto pelo Ministério de Educação (s/d b) faz-se referência à Ciência como uma disciplina essencial, uma vez que permite aos alunos:

 despertar a curiosidade acerca do mundo natural à sua volta e criar um sentimento de admiração, entusiasmo e interesse pela Ciência;

 adquirir uma compreensão geral e alargada das ideias importantes das

estruturas explicativas da Ciência, bem como dos procedimentos da investigação científica, de modo a sentir confiança na abordagem de questões científicas e tecnológicas;

 questionar o comportamento humano perante o mundo, bem como o impacto da

Ciência e da Tecnologia no nosso ambiente e na nossa cultura em geral (p. 129).

Para esta investigação selecionámos o tema alimentação saudável por ser uma temática bastante importante e que, atualmente, os indivíduos, de um modo geral, tendem a descurar no seu dia-a-dia. De acordo com o Serviço Nacional de Saúde (2016) os indivíduos que têm hábitos alimentares inadequados e que não realizam atividade física podem vir a ter diversas doenças, como a obesidade, a diabetes, cancro e problemas cardiovasculares.

Num estudo realizado pela Associação Portuguesa Contra a Obesidade Infantil (2017) constatou-se que numa amostra de 17.698 crianças entre os 2 e os dez anos 28,5% tinham excesso de peso e destas 12,7% eram obesas. Para contrariar esta estatística e para que os alunos tenham uma vida saudável é necessário que o docente relembre, algumas vezes, a importância de uma alimentação completa, variada e equilibrada com o intuito de sensibilizar e motivar os alunos, e consequentemente os seus familiares, para um estilo de vida mais saudável.

Este tema foi um dos primeiros a ser abordado pela turma, no entanto, constatámos que o mesmo foi retratado com uma certa ligeireza, principalmente a

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Pirâmide Alimentar Mediterrânica. Este conteúdo estava descrito de forma muito breve

no manual adotado de Ciências Naturais de Ramos e Lima (2015) designado por CSI:

ciências sob investigação, mencionando apenas os princípios da Pirâmide Alimentar Mediterrânica através do exercício Aprender a aprender: Como interpretar a pirâmide mediterrânica?

Para relacionar com o tema alimentação saudável optámos pelos conteúdos da geometria por diversas razões, nomeadamente, pelo facto de os alunos necessitarem de se recordar de alguns conceitos para puderem compreenderem e aplicar outros conteúdos e, também, por gostarmos deste domínio da Matemática. Para além disso, segundo Idris (2009), os alunos apresentam dificuldades na Geometria, especificamente na capacidade de abstração. Para que estes consigam ultrapassar as complexidades, o docente deve proporcionar tarefas que permitam, aos alunos, observar, investigar, relacionar e construir, recorrendo a recursos didáticos para facilitar o entendimento dos conceitos (Ponte et al., 2007).

Desta forma, achámos relevante investigar em que medida a utilização dos recursos didáticos, nomeadamente do Scratch, promove a relação entre Matemática e Ciências Naturais, no 6.º ano, de forma a relembrar conteúdos abordados anteriormente.