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3. METODOLOGIA

3.1 Justificação do Estudo

A febre continua a ser vivenciada, pelos pais, como uma situação grave e urgente, levando a que seja um dos principais motivos de procura dos serviços de saúde, grande parte das vezes injustificadamente (Herzog, et al., 2011; Sullivan,

et al., 2011). É um dos “(…) sinais ou sintomas mais frequentes na prática clínica pediátrica e aquele que motiva mais visitas às urgências hospitalares.” (MarcadorPosição2p. 463). O receio da febre, particularmente entre pais e cuidadores de crianças, é um sentimento generalizado na Europa (Chiappini, et al., 2009) sendo frequentemente interpretada de forma errónea, gerando uma grande e, frequentemente, desnecessária preocupação nos pais (Algren, et al., 2006).

É nesta perspetiva de vivência ansiosa de um episódio febril e de falta de consenso e uniformidade de atuação, não só entre os pais e profissionais de saúde, mas inclusive na diferente bibliografia consultada e, reportando-nos a Portugal, na ausência de gui del i nes ou de autores de referência que sejam universalmente utilizados por todos os profissionais, que pensamos ser pertinente a escolha desta temática. Por outro lado, e em termos de estudos realizados em Portugal, relativamente às atitudes e conhecimentos dos pais sobre a febre, foram somente encontrados dois, da autoria de médicos, um de Pestana (2003) realizado no Centro de Saúde de Oeiras e um outro, mais recente, de 2010, realizado também em contexto comunitário, a nível da Unidade Local de Saúde de Matosinhos, da autoria de Rodrigues e col(2010).

Nesta sequência, achámos que seria interessante e muito pertinente conhecer o que realmente os pais sabem sobre a febre, por que critérios de atuação se orientam e como intervêm nas situações febris dos seus filhos, menores de seis anos de idade.

A nossa abordagem difere da encontrada em estudos anteriores portugueses, na medida em que a aplicação do instrumento de colheita de dados é feita fora do contexto dos serviços de saúde, o que poderá, ou não, determinar, resultados diferentes.

O nosso estudo é subordinado ao tema: Intervenções parentais à criança com febre.

A sua justificação e pertinência baseiam-se na perceção que a investigadora tem de que embora a febre seja, de facto, um sinal clínico muito habitual na criança, particularmente nos menores de seis anos de idade, a grande maioria dos pais continua a vivenciá-la com muita ansiedade, receio e com falta de conhecimento sobre o funcionamento do mecanismo termorregulador e, consequentemente, do mecanismo da febre. Acreditamos por esta razão, embora outras possam estar implícitas, a febre, mesmo sem estar associada a outros sinais/sintomas, é habitualmente considerada pela população em geral, como a doença em si, levando a que muitos pais intervenham no curso natural de uma situação febril simples quando, grande parte das vezes, não há critérios clínicos para o fazer.

Toda a investigação tem por base uma situação, um contexto, um desempenho, que suscita dúvidas, mal-estar ou inquietação, acerca de algum questionamento, ou problema, que se pretende explicar ou, pelo menos compreender melhor (Fortin, et al ., 2009). Consideramos que há um problema

“(…) quando sentimos a necessidade de preencher o desvio entre uma situação de partida insatisfatória e uma situação de chegada desejável- (…) é um desvio consciente que se pretende anular entre o que sabemos, julgado insatisfatório, e o que deveríamos saber, julgado desejável.” (Chevrier, 2003 p. 66). Existe uma infinidade de razões, de ordem prática ou intelectual, que podem levar à formulação de um problema. Geralmente inicia-se o processo de investigação pela escolha do tema que, por si só, não constitui o problema. Ao serem formulados questionamentos acerca da temática escolhida é que se provoca a sua problematização (Gil, 1996).

Na prática profissional podemos constatar que há muita divergência de conhecimentos e de intervenções parentais e que urge a necessidade de selecionar e uniformizar os conhecimentos sobre esta matéria para, posteriormente, poderem ser transmitidos aos pais. Para o podermos fazer temos, primeiro, que conhecer a situação atual a nível das práticas parentais para, posteriormente, podermos delinear um plano de intervenção, assente nas necessidade detetadas, que permita aos pais adquirir as competências necessárias para intervir consciente, e fundamentadamente, nestes momentos de crise.

Foi nesta sequência, após reflexão sobre as práticas profissionais quotidianas, e com o intuito de detetar problemas válidos na área da enfermagem, ou que de algum modo se traduzissem em áreas problema de especial interesse para a enfermagem em Saúde Infantil e Pediatria, que emergiram as seguintes questões de investigação:

- Quais as intervenções que os pais adotam para gerir a febre da criança menor de seis anos de idade?

- Que conhecimentos têm sobre a febre os pais das crianças, menores de seis anos de idade?

- Que necessidades de formação têm estes pais relativamente a esta temática?

Tendo por referência estas questões de investigação, e com o intuito de melhor conhecer a dinâmica envolvida na gestão da febre por parte dos pais da criança menor de seis anos de idade, delineamos os seguintes objetivos:

- Identificar as intervenções adotadas pelos pais face à criança, menor de seis anos de idade, com febre;

- Identificar as necessidades em educação para a saúde, dos pais das crianças menores de seis anos de idade, sobre febre na criança.

A investigação científica permite a aquisição de novos conhecimentos, através de um processo racional, que tem como objetivo a obtenção de respostas às questões que se pretendem aprofundar, e cujo processo se distingue dos outros tipos de conhecimentos pelo seu caráter sistemático e rigoroso (Fortin, et al., 2009) sendo, por isso, essencial em qualquer investigação de carácter científico (Polit, et al., 1993). Depois de termos delimitado a área específica a estudar e, consequentemente, o problema, faremos, de seguida, referência a outros aspetos metodológicos do estudo.

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