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Após a especialização em Educação Especial – domínio cognitivo e motor, concluída por mim em março de 2012, foi imediatamente iniciado o planeamento e estabelecidos os principais objetivos que estruturam este trabalho. Estes princípios, que perduraram meses, foram concebidos mediante fatores profissionais, mas também por fatores pessoais.

Os fatores profissionais a que me refiro estão relacionados com o meu trabalho diário e com as necessidades reais com que me deparo todos os dias. Estar no terreno, conviver todos os dias com aqueles que são o sentido da educação, as crianças, é sinónimo de algumas limitações no que concerne á realização de estudos académicos. No entanto, os prós associados a este fator são muito maiores que os contras. O contacto diário com eles faz-me compreender as suas reais necessidades.

E perante as suas necessidades, uma constatação retirada da experiência profissional, algo muito condicionado pela minha experiência pessoal começou a fazer sentido. Percebi então que o levantamento de um problema não é tudoOaliásO é quase nada. Não é com questionários que vou combater as suas necessidades. Não é com as opiniões dos pais, professores ou coordenadores que vou dar voz aos alunos. Não é com avaliações daquilo que já se sabe, nem com gritos de problemas há muito evidenciados que vou fazer algo por eles. Os alunos com estas características não vão colmatar as suas dificuldades com adaptações do programa ou currículo, com mais tempo para testes, com condições específicas de avaliação! Não vão resolver os seus problemas se o professor ler as perguntas por eles, se realizaram tarefas diferentes dos demais, se colocarmos o seu nome num sem número de atas e formulários de referenciação. Como professor, não é por me permitirem, em jeito de obrigação, o desenho de planos de recuperação que vou ver os meus problemas resolvidos! Não é com um professor de apoio educativo 1 hora por semana que vou ver o meu aluno a progredir como pretendo! Não é com pseudoformações administradas por pessoas que, muitas delas, nunca trabalharam diretamente com a faixa etária que leciono, que vou aprender algo pragmaticamente produtivo. Percebi que para centrar o meu estudo nas necessidades dos alunos teria que focar neles todas as minhas forças e atenção. O estudo empírico teria que se debruçar sobre eles, não só no diagnóstico das suas necessidades, mas principalmente na intervenção: o que poderia eu fazer por eles?

défice da fluência da leitura diagnosticado em vários estudos académicos, e tão (in)formalmente comum nas salas de aula onde se trabalhe a aquisição da leitura e da escrita, há a necessidade de criar um método que procure corrigir esta necessidade. As medidas de apoio educativo revelaram-se, na maioria dos casos, muito caras e muito pouco eficazes. Procura-se neste trabalho desenhar uma intervenção barata, simples, de fácil compreensão e execução, e cuja implementação seja imediata.

A aplicação dessa intervenção está enquadrada nas próximas folhas onde se destacam cinco capítulos. No primeiro capítulo foram definidos os objetivos do trabalho. Especifico objetivos teóricos e práticos. As hipóteses são formuladas no segundo capítulo. A metodologia é o capítulo mais longo. Aqui é caracterizada a amostra, o procedimento e apresentados os materiais utilizados. A apresentação dos resultados e respetiva discussão são o capítulo quatro. Aqui são abordadas as limitações do estudo e propostas futuras. Por fim, o capítulo seis é dedicado à conclusão.

Objetivos

Podemos dividir os objetivos deste trabalho em dois planos: objetivos desenhados mediante um plano teórico e objetivos estabelecidos mediante um plano mais prático.

No plano teórico, os objetivos foram descritos na introdução que antecedeu o enquadramento teórico deste trabalho. Muito sucintamente, tais objetivos procuraram:

• Esclarecer o conceito de dificuldades de aprendizagem, nomeadamente as dificuldades específicas de aprendizagem na leitura. Por ser um tema ainda assim abrangente, o enquadramento teórico focalizou-se nas dificuldades específicas de consolidação da fluência leitora;

• Compreender a importância da velocidade da leitura para a competência leitora e a prevalência das suas dificuldades no contexto educacional português;

• Interpretar as dificuldades de fluência leitora à luz das teorias cognitivas explicativas do processamento da leitura no cérebro.

• Compreender as medidas privilegiadas pela escola para intervir face às dificuldades dos alunos com dificuldades específicas de aprendizagem, e perceber quais as limitações destas medidas.

• Refletir como podem as tecnologias computacionais e de informação apoiar a escola para suprimir as limitações das medidas tomadas e falhadas do passado.

Com suporte nestes objetivos teóricos, foi desenhado o objetivo principal assente no estudo empírico deste trabalho. Ao longo do enquadramento teórico foram diagnosticados vários problemas e limitações. Interpretados num só, deram fundamento ao principal objetivo deste trabalho: criar um método facilitador que permita que alunos com dificuldades específicas de consolidação da fluência leitora superem a sua debilidade, permitindo-lhes uma leitura mais fluida e, por isso, mais competente.

Perante este objetivo demasiado ambicioso, e até cientificamente ingénuo face às limitações do estudo (que descreverei com mais rigor no capítulo reservado para o efeito), estabelecemos objetivos mais específicos à realidade empírica deste trabalho.

Assim, destacam-se dois objetivos principais:

1. Perceber se os alunos referenciados por défice ao nível da fluência da leitura melhoram a velocidade da leitura com a discriminação visual de sílabas;

2. Perceber a relação entre a velocidade da leitura de alunos referenciados com problemas de fluência de leitura e a velocidade de leitura dos alunos do grupo de controlo, mediante estímulos de palavras com e sem discriminação visual de sílabas;