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O envelhecimento é uma realidade que não se pode negar actualmente. Com ela podem surgir níveis de dependência inegáveis e como resposta surgem os cuidados continuados. Estes, por sua vez, podem ser assegurados por unidades institucionais ou pela unidade familiar da pessoa idosa. Neste segundo caso, o referencial teórico assegura que os apoios sociais e políticos de que as famílias dispõem para as ajudar são muito reduzidos, contudo, será que o apoio da equipa de Enfermagem é suficiente e/ou eficaz?

Num estudo realizado por Palma (1999) no qual se pretendeu conhecer as expectativas dos familiares relativamente à intervenção da enfermagem no domicílio, em resposta às suas necessidades/ problemas enquanto prestadores de cuidados, concluiu-se que todos os idosos dependentes (à excepção de um) eram cuidados por outros idosos e revelam, entre outros aspectos, que: a) cuidar de idosos dependentes é difícil para os sujeitos do estudo; b) As prestadoras de cuidados encontram-se cansadas física e emocionalmente por terem a seu cargo esta tarefa; c) Todas as prestadoras de cuidados recebem ajuda de outros familiares, mas esta, em alguns casos, é pontual e não é suficiente; d) existem necessidades de informação/formação acerca da situação de saúde do idoso e de técnicas de cuidar; e) as expectativas expressas pelas entrevistadas, relativamente à intervenção do enfermeiro no domicílio, dizem respeito a: orientação (formação e encaminhamento), prestação de cuidados (pensos, algaliações e cuidados de

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higiene/vestir), controle da situação dos idosos, vigilância de saúde do prestador de cuidados e ainda ajuda para obtenção de recursos económicos (Palma, 1999).

Num outro estudo de carácter descritivo realizado por Mendonça, Martinez e Rodrigues (2000), no último trimestre de 1998, cujo objectivo era identificar os cidadãos que prestam cuidados a doentes dependentes no concelho de Faro e as necessidades em saúde desses prestadores de cuidados informais, entre outros aspectos, concluíram que 23,1% dos prestadores afirmavam não ter apoios de qualquer serviço ou instituição. Pereira, num estudo mais recente (2006) através da revisão sistemática da literatura que pretendia dar resposta à questão “Qual a experiência de transição para o papel de

cuidador informal na sequência de um evento súbito e imprevisto?” concluiu que “há necessidade de explorar as experiências dos cuidadores informais no desenvolvimento de papel como forma de expandir o conhecimento sobre esse fenómeno complexo”

(p.19) e no que diz respeito à Enfermagem acrescenta que é urgente “o estudo das

experiências dos cuidadores nos seus percursos e trajectórias de cuidado” (p.30).

Desta feita parece-nos que o debruçarmo-nos sobre os cuidados ao doente crónico dependente: espectativas do cuidador informal face à promoção e educação para a saúde realizada pelo enfermeiro, se reveste de relevância social e para a área da saúde. Assim, face a estes pressupostos e à nossa motivação pessoal e profissional, enquanto enfermeira num serviço de Medicina a cuidar de doentes crónico-dependentes e a lidar com as inseguranças dos cuidadores impulsionou-nos para Conhecer as expectativas do cuidador informal, face à promoção e educação para a saúde realizada pelo enfermeiro, para cuidar do doente crónico-dependente no domicílio, como forma de poder melhorar em termos futuros o processo de preparação do regresso a casa.

A questão que serviu de ponto de partida à presente investigação assentou na seguinte aspeto: “Quais as expectativas do cuidador informal, face à promoção e educação para

a saúde realizada pelo enfermeiro, para cuidar do doente crónico-dependente no domicílio?”.

A partir desta questão, colocamos questões orientadoras:

- Que contributos esperam os cuidadores dos enfermeiros de uma unidade de medicina

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- Que necessidades e dificuldades são sentidas pelos cuidadores para cuidar no

domicílio, durante o período de internamento do seu familiar?

- Que práticas educativas de promoção e/ou educação para a saúde recebem os

cuidadores, no sentido de colmatar as suas necessidades/dificuldades, do enfermeiro da unidade de Medicina?

- Que contributos esperam os cuidadores dos enfermeiros de cuidados de saúde

primários no sentido da continuidade de cuidados no domicílio?

- Que necessidades e dificuldades são sentidas pelos cuidadores no cuidar no

domicílio?

- Que práticas educativas de promoção e/ou educação para a saúde recebem os

cuidadores, no sentido de colmatar as suas necessidades/dificuldades, do enfermeiro de cuidados de saúde primários?

Com o intuito de dar resposta às questões formuladas definimos os seguintes objectivos específicos:

- Identificar os contributos que os cuidadores esperam dos enfermeiros de uma unidade

de medicina no sentido de continuidade de cuidados.

- Identificar as necessidades e dificuldades aspiradas/ sentidas pelos cuidadores durante o internamento numa unidade de Medicina.

- Identificar as práticas educativas de promoção e/ou educação para a saúde realizadas pelos enfermeiros da unidade de medicina aos cuidadores no sentido da continuidade de cuidados.

- Identificar os contributos que os cuidadores esperam dos enfermeiros de cuidados de saúde primários no sentido de continuidade de cuidados no domicílio.

- Identificar as necessidades e dificuldades aspiradas/ sentidas pelos cuidadores aquando a sua recém-chegada ao domicilio com o seu familiar dependente.

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- Identificar as práticas educativas de promoção e/ou educação para a saúde realizadas pelos enfermeiros de cuidados de saúde primários aos cuidadores no sentido da continuidade de cuidados.

A finalidade deste estudo de investigação prende-se com o contribuir para a melhoria dos cuidados ao doente cronico-dependente no domicílio, reduzindo as dúvidas e ansiedade dos cuidadores informais e consequentemente os reinternamentos hospitalares.

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