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Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais e Pediátricos Hospital Central

JUSTIFICAÇÃO DO PROJETO DE ESTÁGIO

No âmbito do 7º Mestrado de Especialização em Enfermagem: área de Especialização em Enfermagem de Saúde Infantil e Pediatria impõe-se a realização de um projeto de estágio que se coadune com a finalidade de desenvolver competências comuns e específicas do Enfermeiro Especialista em Saúde Infantil e Pediatria e com as competências de mestre. Para além destes, que concorrem para a consecução dos objetivos académicos, importa também atentar àqueles que são os meus interesses pessoais e profissionais, pois são fundamentalmente estes que me proporcionam a constante procura de novos saberes em Enfermagem.

Assim, a elaboração deste projeto procura dar resposta a uma aprendizagem que se quer organizada e estruturada, de modo a coadunar-se com as minhas inquietações pessoais, mas também com os requisitos pré-estabelecidos. Partindo deste constructo, após um trabalho de reflexão procurei estruturar e sumarizar a minha inquietação proveniente da prática clínica e comprovar a sua pertinência através da confrontação com a evidência mais atual. Assim, estabeleço como objeto de estudo as intervenções do enfermeiro especialista enquanto promotor do desenvolvimento motor do recém-nascido pré-termo.

A evolução dos cuidados de saúde ao longo das últimas décadas proporcionou a oportunidade de sobrevivência de recém-nascidos com idade gestacional superior a 22 semanas (Altimier & Phillips, 2013). No entanto, frequentemente os cuidados aos recém-nascidos estão orientados para a manutenção da vida, em detrimento de medidas preventivas que poderiam minimizar os danos ao sistema neuro-músculo- esquelético (Araújo, 2010). Atendendo a que o desenvolvimento continua após o nascimento, sem o ambiente de proteção proporcionado pelo útero materno, estas crianças possuem um alto risco de desenvolvimento de variados problemas, nomeadamente alterações no desenvolvimento motor (Altimier & Phillips, 2013). Uma percentagem elevada de crianças prematuras pode apresentar estas alterações ou incapacidades, o que justifica o estabelecimento de estratégias de prevenção e estimulação durante o período de internamento (Araújo, 2010).

Em consonância com as alterações que um parto prematuro provoca no recém- nascido, também os pais experienciam a interrupção do processo evolucionário da parentalidade, sendo assim de alguma maneira tão prematuros quanto os seus bebés (Lawhon, 2002; Andreani, Custódio & Crepaldi, 2006). Os pais ao presenciaram o

ambiente das Unidades de Cuidados Intensivos, intensificam a ideia de que o seu bebé é extremamente frágil, o que vem reforçar a necessidade de serem auxiliados para que se possam concentrar nas reais capacidades de desenvolvimento do seu bebé e não no que este poderia ter sido (Brazelton, 2004).

O Enfermeiro Especialista em Enfermagem de Saúde Infantil e Pediatria (EEESIP) assume neste processo um papel da maior relevância ao “trabalhar em parceria com a criança e família/pessoa significativa em qualquer contexto que ela se encontre para promover o mais elevado estado de saúde possível” (Ordem dos Enfermeiros, 2010, p.1). Neste sentido, a atuação do enfermeiro em pediatria deve ter por base a parceria de cuidados e o reconhecimento dos pais como os melhores cuidadores para o seu filho (Casey, 1995). Assim, o planeamento dos cuidados torna- se um processo dinâmico e negociado, em que a responsabilidade dos cuidados prestados é partilhada entre a criança (quando tem capacidade para o fazer), a família e o enfermeiro (Casey, 2011).

O ingresso de um novo elemento na família através do nascimento é considerado um momento de transição nos ciclos de vida individual e familiar (neste caso dificultada pelo nascimento prematuro), com um impacto relevante nos comportamentos, relações e funções dos respetivos elementos familiares (Palácios, 2005; Meleis, 2010; Hockenberry & Wilson, 2014). Desta forma, os enfermeiros ao prestarem cuidados a pessoas que antecipam e experienciam transições, têm como objetivo facilitar essas mesmas transições, para que sejam bem-sucedidas (Meleis, 2010).

Cumulativamente à situação de transição que estas famílias atravessam, existe um potencial défice de cuidado a dependentes, na medida em que os pais sendo confrontados com uma condição que foge às expectativas individuais, familiares e sociais do exercício da parentalidade, podem inicialmente não estar preparados para responder às necessidades específicas do seu bebé pré-termo. Desta forma, atendendo à particularidade das necessidades e desejos de cada criança e família, o enfermeiro tem um papel fulcral no processo de capacitação dos pais, nomeadamente para que estes se tornem elementos cruciais na promoção do desenvolvimento motor dos seus filhos.

Importa ainda referir que o nascimento prematuro acarreta para o próprio recém-nascido uma transição de desenvolvimento (adaptação da vida intra-uterina

para a vida extra-uterina) e por diversas vezes de saúde/doença deveras exigente. A complexidade dos cuidados de saúde prestados proporciona a que o enfermeiro, numa fase inicial ou de maior instabilidade hemodinâmica, seja o cuidador por excelência no que se refere aos cuidados promotores do desenvolvimento motor. Em consonância, Meleis (2010) refere que, os enfermeiros devem ter em consideração todas as possíveis situações transicionais com relevância no contexto familiar, em detrimento de se focarem num único tipo específico de transição. Desta forma torna- se fulcral que o enfermeiro desenvolva atividades promotoras do desenvolvimento motor do recém-nascido pré-termo com o foco nas particularidades do recém-nascido e da sua família.

Por fim, tendo em conta que este projeto se encontra inserido também numa lógica de desenvolvimento de competências enquanto futuro EEESIP, tornou-se pertinente realizar o autodiagnóstico das competências comuns e específicas do Enfermeiro Especialista em Enfermagem de Saúde da Criança e do Jovem. Consequentemente, atendendo ao diagnóstico realizado, estabeleço como prioritárias para desenvolvimento as seguintes competências:

 Competências Comuns do Enfermeiro Especialista

B2 — Concebe, gere e colabora em programas de melhoria contínua da qualidade.

 Competências Específicas do Enfermeiro Especialista em Enfermagem de Saúde da Criança e do Jovem

E3.1 — Promove o crescimento e o desenvolvimento infantil.

E3.3 — Comunica com a criança e família de forma apropriada ao estádio de desenvolvimento e à cultura.

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