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Justifica-se a necessidade da contratação de empresa especializada no fornecimento dos materiais em razão do disposto no Decreto nº 7.778, que especifica como competência da

SEÇÃO XXXV – DA GARANTIA DO PRODUTO

TERMO DE REFERÊNCIA

55 CONEXÃO HIDRÁULICA, MATERIAL PVC CLORETO DE POLIVINILA, TIPO ADAPTADOR

2.7 Justifica-se a necessidade da contratação de empresa especializada no fornecimento dos materiais em razão do disposto no Decreto nº 7.778, que especifica como competência da

Diretoria de Proteção Territorial a responsabilidade sobre ações cujo alvo são populações indígenas isoladas e recém contatadas. Como se dispõe no texto original, à Diretoria de Proteção Territorial compete, dentre outras atribuições: i) monitorar as terras indígenas regularizadas e aquelas ocupadas por populações indígenas, incluídas as isoladas e de recente contato; ii)formular e coordenar a implementação das políticas nas terras ocupadas por populações indígenas de recente contato, em articulação com a Diretoria de Promoção ao Desenvolvimento Sustentável; iii) coordenar e monitorar as atividades das Frentes de Proteção Etnoambiental.

2.8 Considerando as peculiaridades elencadas acima e para que Fundação Nacional do Índio possa cumprir o seu papel institucional, principalmente no que se refere a garantia da

proteção e conservação do meio ambiente nas terras indígenas, é necessário melhor

monitoramento e fiscalização ambiental e territorial. Desse modo o Registro de Preços para este serviço é necessário, haja vista a inexistência de veículos disponíveis para a realização de tais ações, havendo, portanto, a necessidade ímpar do processo em questão;

2.9 Para que Fundação Nacional do Índio possa cumprir o seu papel institucional é necessário melhor aperfeiçoar sua estrutura física e logística, para que seja possível atender às exigências dos indígenas, cada vez mais impulsionados a buscar e cobrar seus direitos.

2.10 A área de jurisdição desta Coordenação é composta por várias terras indígenas, as aldeias que são distantes são atendidas por acessos terrestres. O atendimento de algumas demandas, sobretudo as relacionadas ao direito social, previdenciário e de assistência social se dá em outras cidades da região, consideradas polo.

2.11. O Decreto nº. 7.778 especifica ainda as atribuições respectivas das Coordenações Regionais e das Frentes de Proteção Etnoambientais, esclarecendo inclusive a relação entre as duas, senão, vejamos: No artigo 21, descreve-se que as Coordenações Regionais têm competência para: i) supervisionar técnica e administrativamente as coordenações técnicas locais, exceto aquelas que estejam sob subordinação das Frentes de Proteção Etnoambientais, e de outros mecanismos de gestão localizados em suas áreas de jurisdição, e representar política e socialmente o Presidente da FUNAI na região; ii) coordenar e monitorar a implementação de ações relacionadas à administração orçamentária, financeira, patrimonial e de pessoas, realizadas pelas Frentes de Proteção Etnoambientais. E no artigo 22, descrevem-se como competência das Coordenações das Frentes de Proteção Etnoambientais as seguintes ações:

I - proteger os povos indígenas isolados, assegurando o exercício de sua liberdade, cultura e atividades tradicionais;

II - promover o levantamento de informações relativas à presença e localização de índios isolados;

III - coordenar as ações locais de proteção e promoção dos povos indígenas de recente contato;

IV - fornecer subsídios à Diretoria de Proteção Territorial para disciplinar o ingresso e trânsito de terceiros em áreas com a presença de índios isolados; e

V - supervisionar técnica e administrativamente as coordenações técnicas locais que estiverem sob sua subordinação.

§ 1o As Frentes de Proteção Etnoambiental serão dirigidas por coordenadores, sob a orientação e supervisão da Diretoria de Proteção Territorial.

§ 2o Ato do Presidente da FUNAI definirá as áreas e terras indígenas de atuação das Coordenações das Frentes de Proteção Etnoambiental.

§ 3o As Coordenações das Frentes de Proteção Etnoambiental poderão ter sob sua subordinação Coordenações Técnicas Locais, na forma definida em ato do Presidente da FUNAI.”

2.12. Desta forma, fica claro que as Frentes de Proteção Etnoambientais têm competência exclusiva para o trabalho com os povos indígenas isolados e recém contatados, no entanto, não constituem-se como unidades administrativas dotadas de autonomia para executar as ações relativas à administração orçamentária, financeira, patrimonial e de pessoas, o que fica ao encargo da Coordenação Regional. Por este motivo, as FPEs, ainda que não sejam hierarquicamente subordinadas às CRs, não podem executar quaisquer das ações, que lhe são exclusivamente pertinentes, sem a intermediação administrativa da CR de sua área de jurisdição. Portanto, quaisquer ações realizadas pelas FPEs devem, necessariamente, ser geridas por atos administrativos orçamentários, financeiro e de pessoal, da CRs.

2.13. Tendo esclarecido a natureza do vínculo administrativo entre a CR e as FPEs, será ainda oportuno esclarecermos alguns pontos sobre a política específica para povos indígenas isolados e recém contatados, executada exclusivamente pelas FPEs. E, para tanto, devemos recapitular o histórico das ações estatais perante os povos indígenas de modo geral.

2.14. O ato inaugural do indigenismo oficial deu-se na criação do Serviço de Proteção ao Índio em 1910. Este passo foi fundamental para afirmar como atribuição do Estado a regulamentação das relações entre as sociedades indígenas e a sociedade nacional, já que, até então, o tratamento das questões pertinentes aos indígenas tinha sido incumbência das congregações religiosas. Contudo, mesmo partindo do reconhecimento do Estado de que a implementação de uma política indigenista, para proteção dos povos indígenas, era seu dever, a criação do órgão indigenista foi orientada por ideais evolucionistas, bastante hegemônicos à época, e que podem ser resumidos na imagem de uma humanidade homogênea em termos de desenvolvimento civilizacional, na qual todas as sociedades tenderiam, não fortuitamente, ao modelo ocidental. Desta forma, a proteção do SPI aos povos originários baseava-se no horizonte da integração gradual e harmoniosa das sociedades indígenas à sociedade nacional. O SPI (desde 1910) e, depois, a FUNAI, criada em 1967, tiveram a mesma postura assimilacionista e tutelar perante os povos indígenas. Tentaram assegurar a implementação de uma estratégia de ocupação territorial do país, promovendo o contato com os grupos indígenas, na intenção de pacificação dos índios e desobstrução dos territórios por eles originariamente ocupados, necessários ao desenvolvimento das frentes de expansão nacionais, ou às ações de integração do próprio Estado. Garantia-se aos índios um território suficiente

para que se efetuasse sua “redução”, “descimento” ou “aldeamento”, e por tempo suficiente para que pudessem ser e assimilados, de modo pacífico, à sociedade nacional1.

7. Esta concepção da finalidade ou da missão das ações indigenistas começou a alterar- se na segunda metade da década de 1980. A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 231, reconheceu “aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições,

e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens.” A Constituição Federal de 1988

instaurou um novo marco conceitual para o indigenismo, ao afirmar a pluralidade étnica como direito e estabelecer como obrigação da União a proteção e a promoção dos direitos indígenas.

2.15. Para os povos indígenas não-contatados, esta perspectiva do respeito à diversidade étnica, transformou o “contato”, e a consequente assimilação indígena ao modo de vida nacional, de um procedimento automático, em um procedimento evitável, já que o objetivo da ação indigenista deixou de ser a integração do povo indígena à sociedade nacional e passou a ser o respeito à sua diversidade étnica.

2.16. No interior da própria FUNAI, e um pouco antes da promulgação da Carta de 1988, outra reviravolta conceitual direcionou também o horizonte da política indigenista para o respeito ao reconhecimento das formas sociais próprias dos grupos indígenas. Em 1986, foi realizada pela então “Coordenadoria de Índios Isolados” a primeira Reunião dos Sertanistas, a qual partia justamente da constatação destes servidores do órgão indigenista, incumbidos de promover o contato com os índios (arredios ou não-contatados), de que o contato não os protegia de fato, ao contrário, produzia efeitos extremamente prejudiciais à manutenção física e cultural dos grupos indígenas contatados. Partindo de tal constatação, a Reunião dos Sertanistas de 1986 culminou na criação do Sistema de Proteção aos Índios Isolados e na elaboração de uma lista de Diretrizes para pautar a ação deste Sistema, que ficou sob a responsabilidade da Coordenadoria de Índios Isolados. Os resultados da Reunião de Sertanistas foram publicados pelas Portarias nos 1901 e 1900, respectivamente, ambas datadas de 06 de julho de 1987.

1 As “finalidades” da FUNAI foram descritas na Lei Nº 5.371, de 5 de dezembro de 1967, que autorizou a sua instituição. De

acordo com esta lei, compete à FUNAI, dentre outras atribuições: i) resguardar a aculturação espontânea do índio, de forma a que sua evolução sócio-econômica se processe a salvo de mudanças bruscas, ii) promover a educação de base apropriada do índio visando à sua progressiva integração na sociedade nacional.

2.17. O “Sistema de Proteção aos Índios Isolados”, norteado pelas “Diretrizes” da Coordenadoria de Índios Isolados representou um instrumento jurídico-administrativo que possibilitou afirmar a formulação de uma política específica para os índios isolados; possibilitou indicar que o “contato” não deveria ser um procedimento necessário, sendo analisado em cada caso; possibilitou também determinar a instituição de unidades e equipes descentralizadas para executar as ações do Sistema (esboçando o que, hoje, são as Frentes de Proteção Etnoambientais); e sustentou, enfim, que a política de proteção aos índios isolados fosse orientada no sentido de “garantir aos índios o pleno exercício de suas liberdades e atividades tradicionais2”.

2.18. Seguindo o fluxo de construção de uma política indigenista diferençada para os grupos indígenas isolados, em 1993, a FUNAI faz aprovar seu Regimento Interno (Portaria nº 542, de 21 de dezembro de 1993) alterando um dos critérios que pautava o cumprimento da política indigenista, desde a Lei Nº 5.371. O critério que dizia respeito à aculturação dos índios foi substituindo por critério oposto, qual seja: “d) resguardar a identidade diferenciada do índio no contexto da sociedade nacional”. Além disto, o Regimento Interno, de 1993 definiu (em seu artigo 2º, item III) como uma de suas diretrizes “garantir aos índios e grupos isolados o

direito de assim permanecerem, mantendo a integridade de seu território, intervindo apenas quando qualquer fator coloque em risco a sua sobrevivência e organização sócio- cultural”. O Regimento Interno de 1993 avançou ainda no sentido de explicitar que a política

indigenista elaborada e executada pela FUNAI deveria ser realizada por meio de Programas com diretrizes também fixadas no próprio Regimento. Voltaremos a este ponto mais tarde. 2.19. Ainda com o propósito de garantir a proteção dos índios isolados e oferecer condições para o levantamento/identificação do território ocupado por eles, o Decreto 1175/96, em seu artigo 7°, previu que o órgão indigenista deve: “disciplinar o ingresso e trânsito de

terceiros em áreas em que se constate a presença de índios isolados, bem como tomar as providências necessárias à proteção dos índios”. Assim, tal Decreto dá poder ao Presidente

da FUNAI para que o mesmo emita Portaria de Restrição de Uso de área ocupada por grupos indígenas isolados.

2.20. Em 2000, a Funai determinou (Portaria/PRES no 290 de 20.04.00) que a política de Localização e Proteção dos Índios Isolados fosse executada pelas Frentes de Proteção Etnoambientais. Regulamentou assim, a ação das Frentes de Proteção como unidades

2Mais tarde, as Diretrizes foram alteradas pela Portaria nº 281, de 20 de abril de 2000, contudo, o conteúdo não

foi alterado, apenas foram realizadas revisões formais quanto à nomenclatura das ações e unidades administrativas.

executoras do Sistema de Proteção ao Índio Isolados, padronizando-as e renomeando-as. Deixaram, então de serem “Frentes de Contato”.

2.21. Esta guinada nos rumos da política de proteção aos povos isolados engendrou uma questão nova no cenário das atribuições do órgão. Assim como foi possível e necessário diferenciar a política destinada aos povos isolados, a partir da premissa do não-contato, foi igualmente constatada a necessidade de se distinguir política destinada à outros grupos indígenas, que, tendo sido já alcançados pelo contato, seguiam sinalizando que o contato representa para eles uma forte ameaça à suas condições de reprodução física e cultural. 2.22. O Decreto N°7056, de 28/12/09 (que promoveu a Reestruturação da Funai) veio responder a esta questão. Por meio dele, estabeleceu-se que a Coordenação Geral de Índios Isolados (CGII) teria também a responsabilidade pela definição e implementação das políticas específicas para os índios recém contatados. A CGII passou a ser nomeada por Coordenação Geral de Índios Isolados e Recém Contatados (CGIIRC). A Reestruturação de 2009 (Dec. N °7056, de 28/12/09), possibilitou também, no tocante ao quadro demonstrativo de cargos, a criação de outras 6 Frentes de Proteção Etnoambientais (FPEs), que, somadas às já existentes, totalizaram 12 FPEs, visando ampliar as ações da política específica para índios isolados, e os recém contatados.

2.23. Como já mencionamos, o Decreto de Reestruturação (N°7.778, de 27.07.12, que revogou o Dec. N °7056, de 28/12/09, alterou o Estatuto da Funai no que tange às atividades relativas aos índios isolados, acrescentando à competência das FPEs a realização de todas as atividades relativas aos índios recém contatados (além das relativas aos índios isolados). 2.24. Especificando e aprofundando as diretizes da política diferenciada para os povos recém contatados, o Plano Plurianual (PPA) da Funai para o período de 2012-2015 –

Programa de Proteção e Promoção dos Direitos dos Povos Indígenas –, inscreveu o dever da Funai no tocante à proteção dos índios recém contatados no seu objetivo 0951: “Promover e

proteger os direitos dos povos indígenas de recente contato por meio da implementação de iniciativas que considerem sua situação de extrema vulnerabilidade física e cultural”.

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