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JUSTIFICATIVA PARA A UTILIZAÇÃO DO MÉTODO

3. METODOLOGIA

3.1. JUSTIFICATIVA PARA A UTILIZAÇÃO DO MÉTODO

Para Neuman (2003), a pesquisa científica pode partir de diferentes abordagens, quais sejam, abordagem positivista, interpretativista ou crítica. Analisando-se as características de cada uma quanto às razões para o ato de pesquisar, conclui-se que a abordagem interpretativista é a mais adequada para a pesquisa a ser feita no presente estudo, por compreender e descrever as relações sociais significantes. A abordagem positivista é mais apropriada para a descoberta de leis naturais onde se possam predizer ou controlar eventos, já a abordagem crítica se propõe a quebrar mitos e dar maior poder às pessoas para radicalmente modificar a sociedade.

Yin (2005) entende que existem muitas maneiras de se fazer pesquisa em ciências sociais. Cada estratégia de pesquisa apresenta vantagens e desvantagens de acordo com três condições: 1) o tipo de questão da pesquisa; 2) o controle que o pesquisador terá, sobre os eventos comportamentais efetivos; e 3) o foco em fenômenos históricos, em oposição a fenômenos que são contemporâneos. O autor destaca o experimento, o levantamento (survey), a análise documental, a pesquisa histórica e o estudo de caso, como formas diferentes de pesquisa.

Para Yin (2005), três são as condições para se diferenciar as estratégias de pesquisa. A primeira e mais importante condição é a identificação do tipo de questão de pesquisa (Yin, 2005). Os estudos de caso são uma estratégia adequada, quando se colocam questões do tipo “como” e “por que”, que são questões mais explanatórias e lidam com ligações operacionais que necessitam ser traçadas ao longo do tempo, ao invés de serem tratadas como meras repetições ou incidências. A segunda condição para a escolha do estudo de caso se dá na diferenciação entre esse, com a pesquisa histórica e o experimento, no que se refere ao controle sobre os eventos comportamentais. O estudo de caso não tem a possibilidade de manipulação dos comportamentos relevantes. A

terceira condição refere-se à focalização de acontecimentos contemporâneos, em contraposição aos acontecimentos históricos. O autor refere-se ao estudo de caso como estratégia de pesquisa, a qual compreende um método que abrange tudo: a lógica de planejamento, as técnicas de coleta de dados e as abordagens específicas para análise desses dados. O autor ainda considera que o estudo de caso inclui tanto estudos de caso único, quanto de casos múltiplos.

O modelo de investigação decorrente do problema colocado nesta pesquisa, qual seja: De que maneira as empresas que operam os terminais portuários no Porto Organizado de Santos trabalham sua gestão ambiental, e como capacitam seus funcionários para a assimilação das novas competências necessárias para isto?, exige que seja um estudo de caso. De acordo com Yin (2005) é a questão de investigação que definirá o tipo de estudo. A escolha dessa estratégia de pesquisa se dá também em função de o problema de pesquisa não permitir a manipulação de comportamentos, e envolver acontecimentos contemporâneos, qual seja, a gestão ambiental de empresas no Porto Organizado de Santos, estudo realizado nos anos presentes de 2009 e 2010.

O presente estudo é qualitativo, na medida em que pretende explorar ideias iniciais sobre um problema, e não uma recomendação final (Parasuraman, 1991), e tem como ponto de partida dados constatados de forma particular, com o objetivo de inferirem um comportamento geral (Lakatos; Marconi, 1983). Para Yin (2005), os estudos de caso, embora sejam estudos qualitativos, podem incluir evidências quantitativas e até a elas ficarem limitados. O contraste entre evidências quantitativas e qualitativas não diferencia as várias estratégias de pesquisa.

Para Yin (2005), um estudo de caso pode ser uma estratégia exploratória, explanatória ou descritiva, podendo-se utilizar cada estratégia para os três propósitos – exploratório, explanatório ou descritivo. Não existe hierarquia de estratégias; embora cada estratégia tenha suas características distintas, há grandes áreas de sobreposição entre elas e o importante é evitar desajustes exagerados na escolha da estratégia. A presente pesquisa refere-se a um estudo de caso exploratório, o qual está de acordo com a questão da pesquisa apresentada, e também envolve elementos descritivos.

Com referência aos projetos para estudo de caso, Yin (2005) desenvolveu uma matriz 2x2, a qual mostra que estudos de caso único e de casos múltiplos refletem situações

diferentes, pois dentro desses dois tipos de projetos, também pode haver unidades unitárias ou múltiplas de análise. Os quatro tipos resultantes de projetos são: 1) projetos holísticos de caso único; 2) projetos incorporados de caso único; 3) projetos holísticos de casos múltiplos; e 4) projetos incorporados de casos múltiplos. Os estudos de casos únicos são projetos apropriados para circunstâncias que irão tratar de um caso decisivo, ou de um caso raro ou extremo, um caso representativo ou típico, um caso revelador ou um caso longitudinal, o qual estuda o mesmo caso único em dois ou mais pontos diferentes no tempo. O projeto de estudo de caso incorporado trabalha com as unidades incorporadas, por meio de técnicas de amostragem ou agrupamentos. Em contraste, um projeto holístico examina apenas a natureza global de um programa ou de uma organização.

Para esse autor, os estudos de casos múltiplos, diferentemente do que é considerado na antropologia e na ciência política, por exemplo, estão classificados como estudos de caso. Os projetos de casos múltiplos apresentam vantagens e desvantagens, em comparação com os projetos de caso único. As evidências resultantes de casos múltiplos são consideradas mais convincentes, e o estudo global é visto como algo mais robusto. Por outro lado, geralmente os fundamentos lógicos para projetos de caso único não podem ser satisfeitos por casos múltiplos. É importante considerar-se, ainda, que a condução de um estudo de casos múltiplos pode exigir tempo e amplos recursos para a sua realização. Para esta pesquisa, foi escolhido um estudo de casos múltiplos, o qual envolveu quatro empresas arrendatárias de áreas no Porto Organizado de Santos.