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CAPÍTULO I. INTRODUÇÃO

1.02 Justificativa

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Essa tese investiga os mecanismos de busca social para melhoria do processo da busca para o usuário criança em comparação ao modelo tradicional de busca. Tradicionalmente a busca na internet é tratada como uma experiência solitária, os navegadores web e as máquinas de busca são tipicamente projetados para suportar um único usuário, trabalhando sozinho. Contudo, a colaboração nas tarefas de busca por informações é atualmente uma realidade (MORRIS, MEREDITH RINGEL; TEEVAN, 2010). A construção do conhecimento é enriquecida ao se agregar a colaboração as tarefas de busca. Por exemplo, estudantes podem pesquisar um tópico de trabalho em conjunto, integrantes de uma família podem conjuntamente consultar informações relacionadas a doença de um ente querido, e amigos podem planejar o roteiro de férias em conjunto. É possível também construir um cenário de colaboração tendo um usuário mais experiente participando como tutor para auxiliar usuários iniciantes (MORRIS, MEREDITH RINGEL; TEEVAN, 2010).

Os avanços na tecnologia de informação e o surgimento das mídias sociais simplificam o processo de colaboração remota. A busca na web não se refere apenas ao processo de entrada de palavras chave na máquina de busca, mas ela inclui vários processos relacionados à busca de informação, tais como: a busca por uma URL (Uniform Resource Locator) específica; a avaliação e a adequação do conteúdo encontrado; a reconstrução interativa da consulta; e a disseminação dos resultados (MORRIS, MEREDITH RINGEL, 2007). .

Quando um grupo de pessoas realiza o processo de busca com um objetivo em comum e é capaz de efetivamente colaborar nas tarefas de busca na internet, o grupo experimenta várias vantagens em relação à busca individual, tais como: o aumento de cobertura do espaço de informação relevante e de alta-qualidade; maior confiança do usuário na completude e/ou corretude da busca; exposição a estratégias de busca e sintaxe

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de consulta variadas; uma maior confiança na qualidade de seus resultados; maior produtividade devido à redução de trabalho redundante (MORRIS, MEREDITH RINGEL, 2007).

Um levantamento (MORRIS, MEREDITH RINGEL, 2008) feito por meio de questionários entregues a 204 empregados de uma empresa de tecnologia apontou que a grande maioria dos usuários realizam buscas que envolvem atividades de colaboração. Os entrevistados indicaram ter utilizado uma variedade de estratégias de busca colaborativa na ausência de navegadores com funcionalidades explicitas para colaboração. Os métodos mais comuns relatados para colaborar na busca foram: troca de e-mails com links; uso de softwares de mensagem instantânea para envio de links ou termos de consulta, telefonema para um colaborador enquanto se navega na internet. Concluiu-se que as pessoas colaboram tanto no processo quanto no produto da busca. O levantamento revelou que a maioria dos entrevistados já desejou colaborar com amigos, parentes e colegas enquanto pesquisava na internet. Sendo que 97,1% dos entrevistados relataram envolvimento em pelo menos uma das formas de colaboração. Por exemplo, 30,4% dos entrevistados relataram que tinham enviado mensagens instantâneas para outras pessoas com o objetivo de coordenar processos de busca em tempo real na internet; 18,1% relataram ter explicitamente dividido em partes as responsabilidades de uma tarefa de pesquisa entre várias pessoas, e posteriormente compartilhado seus resultados. O levantamento também coletou relatos de colaboração em família, incluindo pais que ajudavam seus filhos com a lição de casa e membros da família que buscavam em conjuntos informações médicas sobre um ente querido. O resultado deste levantamento (MORRIS, MEREDITH RINGEL, 2008) serviu de suporte para direcionar o projeto de três sistemas de busca colaborativa: SearchTogether (MORRIS, MEREDITH RINGEL; HORVITZ, 2007) , S3 (MORRIS, MEREDITH; HORVITZ, 2007), e CoSearch

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(AMERSHI; MORRIS, 2008). Os sistemas de busca colaborativa atualmente propostos na literatura, tais como o SearchTogether (MORRIS, MEREDITH RINGEL; HORVITZ, 2007), S3 (MORRIS, MEREDITH; HORVITZ, 2007), e CoSearch (AMERSHI; MORRIS, 2008) foram desenvolvidos para o público em geral, sem focar nas necessidades específicas do usuário criança.

Lento, O'Neill, e Gomez (LENTO; O’NEILL; GOMEZ, 1998) defendem que o aprendizado na internet por meio de visualização colaborativa. Por trás dessa sugestão fica a ideia de que a aprendizagem é facilitada pela participação em comunidades de prática de grupos de pessoas que compartilham um objetivo comum através da linguagem, práticas de trabalho, ferramentas, e os valores intelectuais (LARGE, ANDREW, 2005). Large et al. (LARGE, ANDREW; BEHESHTI; RAHMAN, 2002) relataram que estudantes do ensino elementar frequentemente colaboram nas atividades de busca na internet, devido tanto as pedagogias de ensino em grupos quanto a restrições de recursos disponíveis para uso. Um estudo baseado em entrevistas com professores e bibliotecários revelou que a colaboração na busca na web é comum também entre alunos do ensino médio (AMERSHI; MORRIS, 2008).

Caskey (CASKEY, 2002) considerou as instruções entre gerações envolvendo pais, e avaliou os efeitos de tais instruções nas atitudes de jovens adolescentes e seus pais no uso da internet para fins escolares. No estudo foram definidos dois tipos de grupos para os quais foram designadas instruções de internet: grupos de pais e filhos separados; e grupos familiares de pais e filhos juntos. Ambos grupos aumentaram suas atitudes positivas, independentemente do grupo, sendo que os pais preferiram emparelhamento familiar. Um levantamento (BRACKEN, 2000) realizado nos Estados Unidos, também indicou que os pais acreditam que a internet pode ser uma poderosa ferramenta para aprendizagem e comunicação entre os familiares.

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Meyers (MEYERS, 2011) argumenta que os novos sistemas colaborativos de suporte a busca de informação devem considerar as restrições e saídas esperadas para uma grande variedade de contextos, incluindo a educação para os grupos K-12 (grupo que compreende estudantes do jardim de infância - educação infantil - até a última série do ensino médio). A busca não tem um fim em si, mas é uma atividade que promove um objetivo produtivo. Meyers (MEYERS, 2011) desafia os desenvolvedores de sistema a considerar a complexidade da busca colaborativa tanto quanto os desafios em estabelecer métricas de avaliação de desempenho para esse tipo de busca.

Morris e Teevan. (MORRIS, MEREDITH RINGEL; TEEVAN, 2010) enfatizam que as ferramentas projetadas para suportar colaboração como seu ponto principal de forma de busca na internet tem o potencial de oferecer substâncias benefícios se comparadas às ferramentas de busca tradicionais.

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