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Justificativa, Relevância e Contribuições do Estudo

Capítulo 1 Introdução

1.2 Justificativa, Relevância e Contribuições do Estudo

De acordo com Bernhardt, McClain e Parrott (2004) a prevalência de eHealth (serviços eletrónicos de saúde) está crescendo e vai continuar a crescer por causa das vantagens das ofertas de comunicação de saúde baseadas na Internet e, além disso as empresas obtêm proveitos com a sua implementação. Estas e outras características de comunicação em saúde baseadas na Internet podem sugerir por que as pesquisas anteriores indicam o grande potencial da Internet para a divulgação de informações de saúde para o público em geral, incluindo extratos da população com baixos rendimentos, populações minoritárias e pessoas com menor grau de escolaridade (Cotten & Gupta, 2004). Embora estes autores forneçam uma investigação preliminar sobre a construção da e-Literacia em Saúde - eHealth Literacy (literacia nos serviços eletrónicos de saúde), ainda é necessária uma sofisticação teórica com contribuições de outras literaturas relevantes que irão ajudar nesta tarefa.

Em 2012, enquanto 84% dos utilizadores de smartphones baixaram pelo menos uma aplicação relacionada à saúde, 19% deles tinham usado uma aplicação de saúde com o objetivo de rastrear e gerir sua saúde (Fox & Duggan, 2012). De acordo com estes autores, a adoção das aplicações de saúde é mais forte entre mulheres, pessoas com maior rendimento e populações jovens. Tais aplicações, fornecem aos utilizadores serviços relacionados à saúde, como por exemplo: informações médicas, verificação da pressão sanguínea, entre outros. No que se refere às funções específicas das aplicações de saúde, existem três áreas predominantes, a saber: exercícios, dietas e gestão do peso (Fox & Duggan, 2012). O grande aumento de

6 aplicações de saúde em smartphones é um fato que não pode ser negado (Bender et al., 2013; Cummiskey, 2011; Fox & Duggan, 2012; Kratzke & Cox, 2012).

No entanto, pode-se dizer que há pouca compreensão das motivações cognitivas gerais que desencadeiam o uso de aplicações de saúde pelas pessoas e que são relevantes para as condições psicológicas individuais. O trabalho de Lim et al. (2011) é um dos poucos onde houve pesquisa empírica sobre os fatores motivacionais cognitivos do uso de aplicações de saúde. Sem uma compreensão adequada dos fatores motivacionais e cognitivos de adoção e uso das aplicações de saúde, torna-se difícil entender completamente o uso dessas aplicações por parte dos indivíduos. Desta forma, o presente estudo tem como um dos seus objetivos explorar os fatores cognitivos que levam as pessoas a usar aplicações de saúde entre proprietários de smartphones. Além disso, pretende-se discutir o papel da tecnologia móvel como uma ferramenta para promover, gerir ou monitorar a saúde.

Recentemente Fiordelli et al. (2013) realizaram uma revisão sistemática da literatura, de forma a fornecer uma visão abrangente do campo de pesquisa acerca do mHealth, analisando as publicações de 2002 até 2012. Além disso, o objetivo era também promover a compreensão de como a nova geração de smartphones estava desencadeando pesquisas, desde sua introdução no mercado. Especificamente, os autores se concentraram em estudos que visavam avaliar o impacto dos telemóveis na saúde e procuraram identificar as principais áreas de atendimento de saúde onde as tecnologias móveis poderiam ter um impacto. A amostra final consistiu em 117 artigos publicados entre 2002 e 2012, com um nítido aumento entre 2007 e 2008, quando o número de artigos quase dobrou. Os artigos foram publicados em 77 journals, principalmente no campo da medicina e tecnologia. Fiordelli et al. (2013) ainda destacaram que a maioria dos estudos testou características básicas do telemóvel (como por exemplo: mensagens de texto), enquanto que apenas alguns avaliaram o impacto de aplicações de smartphones. A tecnologia móvel, com sua difusão e características, possui um grande potencial no que se refere às aplicações de cuidados em saúde, mas o uso dos telemóveis na assistência médica não foi totalmente explorado e os resultados da mHealth foram pouco documentados (Fiordelli et al. 2013).

De acordo com este mapeamento feito por Fiordelli et al. (2013), metade dos artigos analisados eram, do ponto de vista metodológico, referentes a ensaios clínicos, seguidos de 44% das publicações referentes a estudos-piloto. Os autores concluíram que era evidente o aumento de publicações sobre mHealth, mas que, entretanto, a utilização de dispositivos móveis para o cuidado da saúde ainda é um tema não totalmente documentado e explorado. Algo que se mantém atualmente, tendo em conta o destacado por Cameron, Ramaprasad, e Syn (2017), de onde se percebe que o cenário em torno do mHealth é fragmentado em pesquisas de nicho.

7 Ainda no que diz respeito aos resultados das investigações de Fiordelli et al. (2013), os autores observaram uma mudança de avaliação da própria tecnologia para avaliação de seu impacto. Como conclusão, Fiordelli et al. (2013) ressaltam que o interesse na pesquisa sobre o mHealth está crescendo, juntamente com uma crescente complexidade em projetos de pesquisa e especificações de objetivos, bem como uma diversificação das áreas de impacto. No entanto, as novas oportunidades oferecidas pelas novas tecnologias móveis não pareciam estar sendo exploradas até o fim do período analisado pelos autores.

Diante do exposto, o presente estudo é realizado com o intuito de preencher esta lacuna, uma vez que engloba os tópicos citados. Explorar a adoção ao mHealth vai de encontro ao que Kotz, Avancha, e Baxi (2009) afirmaram em seu estudo ao dizer que questões sociais, comportamentais e tecnológicas envolvidas na criação de crenças de uma atitude positiva nos consumidores para adotar sistemas mHealth, são significativamente diferentes dos serviços médicos tradicionais em hospitais; e por isto esse novo contexto deve ser investigado. Desta forma, de modo a preencher este gap e enriquecer a presente investigação, são integradas algumas dimensões em um quadro teórico amplo e coerente, conforme demonstrado na Figura 1. Ressalta-se que no contexto da presente pesquisa, a adoção ao mHealth se estende à vontade, intenção e disponibilidade para usar a tecnologia de computação móvel em saúde.

A Figura 1 ilustra a integração entre o mHealth, a teoria UTAUT2 e as dimensões utilizadas no modelo conceptual, a saber: Condição de Saúde Percebida, Competência de Saúde Percebida e e-Literacia em Saúde. Esta integração tem como objetivo demonstrar o diferencial deste trabalho onde se integram todos estes tópicos para promover uma análise dos fatores que condicionam a adoção do mHealth. Tais tópicos são definidos e explicados individualmente no Capítulo 2 – Revisão da Literatura.

Figura 1: Diagrama do GAP. Fonte: Elaboração própria (2018).

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