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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO

1.2 JUSTIFICATIVA TEÓRICA

Dentro do contexto, de produtos ambientalmente corretos, a concepção de fábrica verde não se reflete apenas às empresas que tenham fábricas que utilizam energia solar e que façam captação de água. A preocupação deve ser também com o produto que é fabricado e também com o rastro de carbono que o produto deixa quando é utilizado ou consumido. Como exemplo Esty (2008) cita a fábrica da Ford, onde foi contratado um projetista ecologista que transformou a fábrica num modelo de eficiência ambiental, com painéis solares e células combustíveis, mas não se preocupou com a poluição gerada pelos veículos. Este é o verdadeiro problema da Ford, os veículos com grande consumo de gasolina que acabam contribuindo para o aquecimento global com suas emissões de Gases de Efeito Estufa - GEE. Para os ambientalistas, a Ford só será uma fábrica verde depois de realizar mudanças reais e sustentáveis na eficiência do consumo de combustível e nas emissões de gases de efeito estufa de seus veículos produzidos (ESTY, 2008).

Ao contrário da idéia da Ford, a Toyota investiu na tecnologia híbrida, entre motores à combustão e elétricos, se destacando neste setor de proteção ao meio ambiente. Para ter decisões acertadas, as empresas precisam saber onde são vulneráveis e atacar nesta área, como diz Esty (2008: 226), “as empresas precisam enxergar a floresta e não apenas as árvores”.

Seguindo esta tendência, Grigg e colaboradores (2009) dizem que um grande incentivador das empresas à valorizar a biodiversidade e os serviços ambientais é o setor financeiro, já que este diretamente pode mostrar os riscos empresariais. Isso pode ser feito através da quantificação dos riscos e oportunidades. É importante, pois, se para a sociedade a perda da biodiversidade é um grande problema, para as empresas essas perdas são maiores ainda, já que ela muitas vezes pode ser sua matéria-prima, especialmente as que possuem cadeias de suprimentos agrícolas.

Ainda conforme os autores, o declínio da biodiversidade e dos serviços ambientais1 cada vez mais evidencia que os riscos e oportunidades de negócios não estão desvinculados dos riscos à reputação, da segurança de suprimentos e do cumprimento de normas legais.

A crise financeira de 2008 e os problemas relacionados ao meio ambiente, fez com que as empresas começassem a pensar em seus riscos, o que inclui as fontes de matéria-prima (biodiversidade). Isso trouxe evidencias que muitas empresas não possuem instrumentos para gerenciar os riscos que incidem sobre a biodiversidade e os serviços ambientais, que tem impactos diretos e tangíveis sobre o desempenho financeiro, os riscos a reputação e os compromissos de longo prazo dos investidores.

De certa maneira, a forma como as empresas sofrem e interferem na biodiversidade e nos serviços ambientais ainda não é clara, mas se sabe que há a carência de ferramentas eficazes que permitam avaliar esse risco (GRIGG et al., 2009).

As empresas consideram os serviços ambientais como garantidos, como se fossem gratuitos, no entanto, as recentes pressões sobre o uso dos recursos naturais apontam que no futuro esses serviços começarão a ter seu preço ou, pior ainda, deixarão de existir, o que será um profundo impacto sobre as estratégias e as avaliações de empresas que atuam em setores de alto risco.

Diante destes fatos, e analisando o Estado do Mato Grosso do Sul, onde a pesquisa ocorreu, pode-se perceber que ele também depende do meio ambiente, já que se trata de um Estado que tem como característica a agroindústria e a pecuária. Nos últimos anos, o Estado vem sofrendo uma mudança em sua economia. A paisagem, que era predominantemente de soja, está cedendo lugar para o cultivo da cana- de-açúcar. O número de empresas sucroalcooleiras implantadas no Estado saiu de 9 para 22.

Conforme estes dados e a atual tendência ambiental justifica-se a elaboração deste trabalho com a finalidade de verificar se as empresas

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Os serviços ambientais são os benefícios que se obtêm dos ecossistemas, como por exemplo: água doce, madeira, regulação climática, recreação, proteção contra desastres naturais e controle de erosão. Uma empresa depende de um serviço ambiental se esse serviço funciona como um insumo ou se ele permite, beneficia ou influencia as condições ambientais necessárias para o sucesso ou desempenho empresarial, e ela exerce impacto se afeta a quantidade ou qualidade deste serviço (GRIGG et al., 2009).

estão considerando a problemática ambiental e se estão incorporando alguns dos conceitos de preservação e conservação para continuarem no mercado. Mais precisamente, este trabalho terá foco exclusivamente no desempenho ambiental, pois as empresas em geral não possuem uma visão (definição) clara do que tratam esses termos. No caso das indústrias sucroalcooleiras, em vários trabalhos publicados na literatura, a questão ambiental é vinculada a substituição da colheita manual pela mecanizada. Outras empresas se dizem ambientalmente sustentáveis pela simples plantação de mudas de árvores. Mas o problema vai muito além disso, tem-se a compactação do solo, a utilização de agrotóxicos, a mudança no clima da região e outros aspectos que serão abordados no trabalho, que pretende avaliar todos estes aspectos diferenciados desta cultura em relação ao seu desempenho ambiental. (GIRARDIM 2010)

No levantamento dos modelos de sustentabilidade ambiental estudados, indicadores ambientais da OECD, os indicadores do GRI, Dow Jones, Indicadores MAIS, o Método GAIA, os Princípios de Valdez (CERES), os indicadores da Agência Proteção Ambiental Americana (Environmental Protection Agency, US – EPA), ou da ISO 14031 que trata da Avaliação de Desempenho Ambiental, algumas limitações foram percebidas que prejudicam a avaliação adequada do desempenho ambiental. Entre elas se destacam a ausência de orientações no modo de como identificar e avaliar os principais aspectos de desempenho ambiental, visto que deverá ser aplicado no setor agroindustrial, e como desenvolver indicadores específicos que possam ser aplicados nas indústrias sucroalcooleiras.

Partindo disso, é que este trabalho pretende desenvolver o modelo de autoavaliação de desempenho ambiental que considere as características das agroindústrias, em especial das indústrias sucroalcooleiras. Com a disponibilidade de um modelo, onde as empresas possam autoavaliar o seu desempenho ambiental, elas poderão passar para um próximo passo, que seria a certificação ambiental, o que abriria mais mercado para as exportações.

1.3 CONTRIBUIÇÃO

A contribuição científica proposta neste trabalho é a elaboração de um modelo para autoavaliação do desempenho ambiental específico para as empresas sucroalcooleiras. Neste modelo, devem ser apontados itens importantes para essas empresas focarem seus esforços ambientais, os quais garantissem sua sustentabilidade ambiental.

Mesmo havendo vários modelos que avaliam a sustentabilidade ambiental, este modelo específico será uma forma que as empresas sucroalcooleiras verifiquem o seu desempenho e compararem com outras do mesmo setor, pois este leva em conta suas particularidades, o que pode melhorar a competitividade.

O modelo contribui frente aos modelos existentes pela sua especificidade, por ser formulado para a realidade das indústrias sucroalcooleiras, já que, como poderá ser verificado no decorrer do trabalho, nenhum dos indicadores pesquisados conseguiria avaliar a realidade destas empresas de forma abrangente como também pontual. 1.4 ORIGINALIDADE

O setor do agronegócio no Brasil está em pleno desenvolvimento, ligado a ele têm-se as preocupações ambientais e as exigências impostas por outros países no mercado de exportação. Os indicadores de desempenho ambiental podem ser aplicados a todas as empresas que desejam mensurar seu nível de comprometimento ambiental. Dessa forma existem vários indicadores disponíveis, específicos para cada empresa.

Neste sentido, o presente trabalho pretende desenvolver um modelo de indicadores de sustentabilidade ambiental que seja aplicável nas agroindústrias, em específico as indústrias sucroalcooleiras do Estado do Mato Grosso do Sul, para que facilite a visualização dos aspectos que interferem neste setor, sua forma de medida e o grau de sustentabilidade ambiental.

Este modelo, que será composto de diretrizes para autoavaliação do desempenho ambiental, irá condensar vários indicadores de desempenho ambiental já existentes, além de se adaptar com a realidade das empresas sucroalcooleiras do Estado do Mato Grosso do Sul. Assim, terá caráter inovador, pois trará melhorias, possibilitando que empresas do mesmo setor possam comparar seus índices e buscar sempre a melhoria na sustentabilidade ambiental, além de poder servir como uma ferramenta para os órgãos ambientais.