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O CASO DA UNIDADE SIASS/UFU UBERLÂNDIA

3.3. Uma mirada nos relatos dos entrevistados – Desvelando as aventuras

3.3.2. Grupo B Servidores que não realizaram os EMP no período 2011 2015: “O exame médico periódico como alternativa à Saúde Suplementar”

3.3.2.2. Justificativas para a não realização dos EMP

A realização de acompanhamento da saúde fora da Instituição, por meio de convênio médico, foi a principal alegação apresentada por esses servidores para não realizarem os EMP na universidade, seguida da alegação por alguns do conhecimento da boa condição de saúde. Parte deles manifestou a iniciativa de documentar essa opção facultada pela legislação, em termo apropriado para a recusa aos EMP (Termo de Responsabilidade). No entanto, houve aqueles que disseram não se preocupar em fazê-lo por acreditarem não haver consequências por não se apresentarem negativas, pois sabe-se que nunca existiu nenhum tipo de cobrança por parte da Instituição até o momento.

“... eu achei que podia dispensar, né; esse, inclusive, um custo prá universidade porque eu já faço, eu tenho o convênio [...] então eu acho que estaria ocupando o espaço de alguém” (S12).

“..., mas eu recebi o e-mail (de convocação para os EMP) e fiquei preocupado com isso, e aí tinha esse termo lá; aí eu resolvi assinar, já que eu não tinha feito o último” (S15).

“Nem sei se vai ter algum problema quando eu for aposentar: ‘nós te oferecemos e você não nos dá o retorno’; eu creio que não vai ter nenhum problema” (S10).

Aspectos relacionados à dinâmica do trabalho também foram citados como justificativas para o não cumprimento dessa questão legal:

“Não sei se é por causa da minha área aqui, que a gente corre o tempo todo; é muita atribuição. Então a gente prefere trabalhar, deixar o serviço em dia, né, cumprir as atribuições [...] às vezes encontro mais facilidade de fazer fora do que dentro da própria Universidade” (S16).

A dificuldade de marcação da consulta médica foi apontada também por esses servidores. A longa demora na conciliação de horários médicos examinadores e/ou dos consultórios e clínicas com os dos servidores acarretava também perda dos exames, que tem um tempo para ser considerado válido. A desistência, nesse caso, era a melhor escolha entre repetir exames e retornar, reiniciando tudo.

A quantidade de exames solicitados foi outra alegação apresentada por esse grupo: “São tantos exames [...] que são pedidos! Eu acho válido, mas é que a gente normalmente não faz essa quantidade de uma vez só, né”? (S12).

Em outra direção, houve quem alegou que não realiza os EMP porque o serviço não dispõe dos especialistas de que ela necessita: “Eu só não faço porque eu prefiro fazer fora, porque eu tenho todos os médicos de todas as áreas” (S14).

A insatisfação com a avaliação clínica, vista como meramente como um cumprimento de protocolo, foi considerada pelo grupo:

“... as duas últimas vezes que eu fui para entregar os exames [...] não me senti confortável em relação ao atendimento; [...] fica muito a desejar, fica muito mecânico, ele só anotava...” (S10).

“... eu acho que os exames periódicos aqui, como os próprios exames admissionais [...] a própria pessoa que tá avaliando, ela faz aquilo ali de uma forma tão mecânica [...] na minha opinião, não avalia muita coisa nada, não tira a pessoa do risco” (S16).

Foi mencionado ainda, um aparente descaso da Instituição com a saúde do servidor como justificativa para a não realização dos EMP:

“... o servidor tem que estar bem; mas não há uma preocupação de ir até esse servidor, de ir até o setor dele pra tá vendo, conhecendo os processos, que nível de estresse que ele tá vivendo [...] então

isso tudo, essa falta de cobrança, essa falta de preocupação, né, então eu acho que isso também desmotiva, entendeu? E você acaba deixando passar...” (S16).

3.3.2.3. Conhecimento da legislação pertinente aos EMP

As respostas organizadas sob esse tema revelaram que os servidores que não têm realizado os EMP se distribuem entre os que desconhecem a regulamentação, os que conhecem sobre a obrigatoriedade, e também aqueles que a desconsideram pela falta de cobrança e de acompanhamento efetivo da saúde do servidor pela instituição. Assim, encontraram-se os seguintes posicionamentos: “eu nem sabia que era obrigatório [...] isso pra mim nunca foi falado, que era obrigatório; tanto é que não só eu; vários colegas nunca fazem” – (S13).

“É assustador falar ‘é lei’; a gente sabe que tem que cumprir...” (S16).

“... é uma lei que tá só no papel, infelizmente como tantas outras leis que a gente tem só no papel; porque, na verdade, primeiro, como você disse, é obrigatório; mas um obrigatório que eu nunca fiz e ninguém nunca me cobrou, ninguém nunca foi atrás de mim...” – (S11).

Da mesma maneira, há aqueles que entendem e aceitam que os EMP devem existir para que a Instituição “fique a par das doenças dos funcionários e possa fazer algo em prol da saúde deles” (S14) e também se resguardar do ponto de vista legal ao lado do entendimento de que o acompanhamento periódico da saúde não necessita ser realizado pela própria Instituição, ou seja, o servidor deve se responsabilizar pela sua saúde e responder por ela.

Eu creio assim, que cada um tem que ter a responsabilidade pela sua saúde, né; enquanto eu tenho a consciência que eu tô fazendo exames periódicos, que eu tô mantendo a minha saúde num nível adequado, então eu creio que eu tenho essa responsabilidade; a responsabilidade primeira é minha” (S15).

“... eu acho que deve ser feito, inclusive para resguardar a Instituição, mas desde que a gente esteja consciente de não fazer pelo órgão de lotação, eu acho que tudo bem” (S15).

Em relação à regulamentação, o grupo se divide entre aqueles que se preocupam com possíveis consequências por não fazer os referidos exames e não documentar essa opção, e aqueles que acreditam não haver nenhum tipo de

sanção. Alguns servidores relataram ter os comprovantes de realização de suas avaliações periódicas fora da Instituição para, em caso de necessidade, isso seja necessário: S10, “mas eu creio que não vai ter nenhum problema não; eu tenho todos os exames. Eu levo se tiver algum problema”.

Registrou-se ainda o entendimento de alguns servidores quanto a obrigação da prática dos EMP desacompanhada de ações dirigidas às questões mais amplas da saúde do servidor, como, por exemplo, o cuidado com as condições de trabalho e uma

“visão global do ser [...] que tem que estar bem em todos os sentidos prá ter saúde; saúde não é só ausência de doença [...] pra mim também não adianta nada cê fazer um exame periódico, sendo que, por exemplo, eu já pedi um apoio para os pés já tem vários anos e não chega. Incentivar a prática de atividade física, incentivar alimentação saudável. [...] acho que tem que ser mais amplo...” (S15).