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CAPÍTULO II − JUVENTUDE E CONSUMO DE DROGAS:CONSTRUÇÃO DO

2.1 Juventude e consumo de drogas

Distinguiram-se quatros famílias de drogas: 1) as psicodepressoras, que se caracterizam por uma ação calmante, soporífera e ansiolítica: álcool, as originadas do ópio, barbitúricos, tranquilizantes (sedativos e hipnóticos) ou solventes (éter e terebrina); 2) as psicoestimulantes, como a cocaína e seu derivado, o crack, as anfetaminas, o ectasy, inclusive a cafeína e a nicotina; 3) as psicodélicas, conhecidas também como alucinógenas, como o LSD, algum cogumelo e o haxixe; e 4) certos remédios com efeitos psicotrópicos. Deve-se destacar que as drogas não são apenas diferentes quanto à sua natureza; o destaque muito especial radica em que apresentam efeitos psicoativos diferentes, por apresentarem uma variabilidade quanto ao seu poder de drogar. Algumas ainda apresentam toxicidades severas e comprovadas, inclusive em doses pequenas, porém outras são consideradas menos agressivas ao organismo humano (BERGERON, 2012).

A distinção até o ponto de se tornar canônica (entre a dependência psicológica e física), que se constitui uma referência cognitiva de base que prevaleceu muito tempo nos campos sanitário e clínico, tende a ser posta em questão pelos progressos das neurociências. Sem a intenção de questionar o fundamento dessas definições e classificações médicas, é importante chamar a atenção para o fato de que a dependência “revela uma dimensão essencial da definição de drogas” (BERGERON, 2012, p. 15): essas substâncias mais ou menos tóxicas não apenas apresentam o poder de alterar os estados de consciência, mas também podem ser o suporte de um investimento pessoal considerado de substância e objeto de uma dependência poderosa, porém em grau bastante diferenciado.

Adverte Bergeron (2012, p. 17), que nem todos os produtos com efeitos psicoativos e/ou que podem conduzir à dependência recebem a classificação como entorpecentes na lei. A categorização de uma substância como “droga” é “originada numa convenção social e cultural arbitrária”, de modo que a droga é socialmente definida como tal pela sociedade e juridicamente classificada como tal pelo Direito. Os remédios psicotrópicos, como o álcool, igualmente o café e o tabaco, no entanto, que apresentam efeitos psicoativos e cujo uso pode levar à dependência, não são considerados drogas nas legislações. Para definir uma substância como droga, não basta ter em consideração o seu poder farmacológico, muito apreciado pelos usuários. Sua capacidade de intoxicar e seu potencial dependem de vários fatores: “ao mesmo tempo, com efeitos, as drogas designam também as substâncias psicoativas proibidas, cujo uso é proibido na lei” (BERGERON, 2012, p. 17); de modo geral e espontâneo, um limiar simbólico considerável persiste entre as duas classes de produtos.

Segundo Bergeron (2012), ainda nos dias de hoje, é atribuída à droga o poder para subjugar as almas, dissipar toda moralidade, perverter as vontades e arrebatar os sujeitos física e psicologicamente vulneráveis em uma viagem sem volta. Cada pessoa apresenta o seu argumento para consumir, alguns manifestam ter escolhido de forma livre, outros explicam pelo lado do prazer e não entendem por que vêm a ser condenados. Outros, porém, dizem passar por ela a fim de desenvolver certas capacidades com as quais não se consideram de forma natural agraciados, como: dotes artísticos, espirituais, esportivos, associabilidades etc. Não importando quais sejam as motivações, a verdade é que o consumo de droga é moralmente reprovado, médica − mentalmente apreendido − e juridicamente sancionado.

Nas sociedades atuais, o uso de “drogas” atingiu um ponto de preocupação central no debate público, devido ao perigo para a saúde individual e grupal, bem como pela sua vinculação com a criminalidade e a violência urbana. Esse tem sido considerado um problema social na medida em que ameaça a saúde, a família, a juventude e a ordem pública, pois as drogas organizam em grande percentagem o debate do tema, promovendo uma distorção que consiste em atribuir a existência de “drogas” à “encarnação do mal” e considerá-las uma dificuldade “conjuntural que poderia ser definitivamente eliminada por meio da repressão e proibição” (SIMÕES, 2008, p. 13).

A utilização das “drogas” por parte da juventude, segundo Simões (2008), traz pelo menos dois sérios problemas. Em primeiro lugar, a discussão se centra ao “âmbito da patologia da drogadição”, portanto nas drogas e nos usos pelos “viciados” ou “dependentes” e nos problemas acarretados à saúde pessoal e à ordem pública. Em segundo lugar, a existência das “drogas” de forma unilateral é colocada como um perigo em si, um bicho-papão para a

sociedade. Dessa forma, no mesmo cenário familiar, inicia-se a “guerra às drogas”, com a conhecida sequela de “estigmatização, violência, cinismo, e estreiteza intelectual, numa espécie de espiral viciosa” (SIMÕES, 2008, p. 14), que torna natural a ilegalidade e fortalece a repressão.

Socialmente candente, resulta uma questão e um campo de trabalho de vários profissionais, especialistas e cientistas, que a colocam em pauta diária dos meios midiáticos e acadêmicos e conversas cotidianas. Esse é o campo que vem se construindo ao redor dessa cadeia que envolve a produção, o comércio e o consumo de algumas substâncias, as quais se convencionou chamar de “drogas”, conformando, dessa maneira, a “questão das drogas”. De acordo com Labate, Fiore e Goulart (2008, p. 23), “o consumo sistemático de um grande conjunto de substâncias capazes de alterar o comportamento, a consciência e o humor dos seres humanos é comprovadamente milenar”. Porém, sua elevação à categoria de problema social é historicamente recente, ultrapassando muito pouco mais de um século. Desde então, uma série de atores sociais e instituições estatais e privadas se ocupam dela direta ou indiretamente. Com o problema das drogas, é costumeira a associação a outros problemas sociais, a exemplo da violência, miséria e doenças do consumo de drogas, jogando-as no panteão dos males que afetaram a humanidade desde o século passado. Assim, Labate, Fiore e Goulart (2008, p. 23), afirmam:

Que muito do conhecimento produzido sobre o uso de „drogas‟ se construiu sob o ponto de vista do enfrentamento, do combate a um mal. Em outras palavras, desde que as drogas e seu uso se tornaram uma questão social relevante, a produção de conhecimento a seu respeito foi, com raras e valiosas exceções, pautada pela lógica da negatividade: não se pode estudar, pensar e discutir a questão do uso de „drogas‟ sem um posicionamento claramente entrincheirado − a trincheira capaz de conter esse mal.

Para Romani (2010), um fenômeno muito relacionado com a utilização das drogas é a

automedicação,que apresenta características marcantes ao longo da história humana. A automedicação consiste no tratamento autônomo, baseado em emplastos, ervas, beberagens e

medicinas de distintos tipos (incluídos entre eles os fármacos), que podem ser encontrados em quaisquer sociedades. Dessa forma, faz-se referência a uma coisa muito maior que o fenômeno contemporâneo da automedicação com medicamentos industriais. O autor acrescenta o seguinte:

Las drogas han sido, y continúan siendo en muchas sociedades, componentes importantes de los procesos de automedicación y autoatención, ya sea como remedios empíricos, como elementos simbólicos (en el contexto de múltiples rituales sociales), o como ambas cosas a la vez. E incluso en las sociedades urbano- industriales contemporáneas en que „el problema de la droga‟ y, por lo tanto, „la

droga‟ como tal ha adquirido una entidad muy específica, desconocida antes y que no se asocia sistemáticamente con los citados procesos, podemos encontrarnos con muchos casos de consumo de drogas − por lo menos en ciertas fases de los mismos − que, desde luego, responden a su función de automedicación como un componente de la autoatención en salud (ROMANI, 2010, p. 54).

Segundo Romani (1999, p. 86, grifos do autor), as inter-relações dos temas juventude e drogas se relacionam pelo menos com três elementos fundamentais no surgimento das sociedades industriais:

a) El conjunto de hechos a los que se refieren tienen una intima relación con el consumo, elementos básicos de estas sociedades. Al mismo tiempo la existencia de dichos conceptos permite una manipulación de la realidad tendiente a la máxima rentabilización económica de distintos niveles de la misma; b) posibilita también unos tipos de control social distintos de los existentes en la sociedades tradicionales, y muchas veces más sutiles y eficaces, sobre todo porque usos y/o actividades relacionados con la juventud o las drogas pueden verse en referencia a ciertas „necesidades‟ bio-psicológicas del hombre (ligadas al ciclo vital o al control de sus estados emocionales), con que resultan fácilmente manipulables por distintos tipos de poder, c) han contribuido a la elaboración de cierto consenso en torno a aquellos valores básicos, pues se han podido presentar como „problemas‟ en sí mismo (cosa que ha permitido muchas veces enmascarar aspectos de la realidad y desviar la atención de los verdaderos problemas estructurales) y crear o consolidar ideas acerca del „futuro‟ de la sociedad, de la „naturalidad‟ de cierto tipo de jerarquización social, de aquello que es propio e impropio, sano e insano y, por lo tanto, bueno o malo, etc.

Para Romani (1999), no contexto espanhol, distinguem-se dois tipos de subculturas ligadas ao haxixe, que o autor distingue como jipi-freak1 e jipis de laguache divine2. O autor procura compreender como uma droga, desconhecida para essa cultura, integrou-se a ela através dos mencionados grupos de jovens. Romani observa que esse fato aconteceu não apenas com os derivados da cânabis, mas com todas as drogas ilegais.

No paradigma dominante sobre a droga, tem se tornado muito fácil a ligação entre “joven” e “drogadicto”, dando origem ao mito da droga, via ideologia dominante, de signo indubitavelmente obscurantista, limpando o caminho para identificar com ela os grupos juvenis. Dessa forma, houve a estigmatização desses grupos sociais, a fim de poder exercer um melhor e maior controle sobre eles e expandir o mercado desses produtos para setores até aquele momento − anos 70 − alheios a eles.

No entendimento de Romani (1999), os grupos juvenis não ficaram na passividade, pois de algum modo mostraram os seus repúdios ao tipo de sociedade. Um dos elementos

1 Grupo específico, com sentido de solidariedade entre seus membros e de “diferença” a respeito da

“normalidade”, pois tratam de viver de forma distinta; dentro dessa forma de vida, também trocam as drogas, do haxixe ao LSD em determinado momento.

2

Intelectuais e profissionais que não rompem com sua vida anterior, senão através de seus canais profissionais e sociais, em que realizam seus contatos com a contracultura, que os permitirá estendê-la qual boa nova sobre os pobres ibéricos.

simbólicos empregados foi o uso de certas drogas não normalizadas unindo-as à transgressão, aos grupos sociais diferentes (étnicos, índios, negros etc.) e às culturas exóticas. Isso tem aprofundado a mitificação negativa das drogas; porém, não porque seja negativa, deixou de ter uma das principais características de mito, mas pelo fato de surgir uma ação de parte dos estigmatizados, que muitas vezes acabaram aderindo ao terror criado não só pelo critério dominante da época sobre a questão, como também por amplos setores mais “convencionais”, que se “uniram” em um processo de reação social.

Na situação atual, na qual os usos de drogas de parte da juventude têm significados distintos, conforme reflexões de Romani (1999, p. 93):

Esta etapa de transición a la vida adulta se caracteriza por una serie de elementos contradictorios, como pueden ser − aparte de la misma constitución de la juventud como un modo diferenciado que, como hemos visto, se percibe de forma contradictoria − el mayor distanciamiento entre generaciones (producto de una sociedad basada no ya en la repetición de la tradición, sino de la especialización y la innovación); el retraso de la incorporación a la vida adulta, a través de la escolarización general cada vez más prolongada, y que tiene su justificación en la exigencia de una mayor formación en todos los terrenos; pero al mismo tiempo, una desvalorización de la mano de obra juvenil, tanto por razones ligadas a la evolución tecnológica como a estructura del mercado de trabajo.

Como se pode observar, o uso das drogas sempre foi marcado por contradições, pois, em um primeiro momento, pode se constituir em elemento de rendas (em um sentido geral, de possibilitar identificações, recursos, relações etc.). Em um segundo momento, o uso das drogas na vida de muitos indivíduos − jovens − pode ser facilitador do aprofundamento, quanto menos na “gestação”, de certas patologias psicossomáticas e anomias sociais de marginalização, de exploração e de manipulação das populações juvenis. Romani (1999, p. 94) salienta que, nas sociedades atuais,

La integración, en las últimas fases de desarrollo de las sociedades urbano- industriales, de dos tipos de procesos sociales contemporáneos pero, en principios distintos (juventud y drogas), ha propiciado la aparición de unos usos específicos de drogas por la juventud que debemos considerar como un nuevo fenómeno social (y dentro del cual hay que contemplar − aunque formando parte también de un fenómeno más general de drogodependencia − la drogodependencia juvenil); fenómeno en el que se establece una falaz identificación entre droga y cultura juvenil que, si bien no responde a la realidad de los hechos por lo que a los consumos se refiere, sí es muy sintomático de algunos de los principales problema que se tiene planteados nuestra sociedad.

Ao estudar a construção social da juventude norte-americana, Savage (2009), observou que, no contexto do desenvolvimento industrial, a paixão pela excitação, o desejo de sair da monotonia da vida, induziu os jovens a experimentarem bebidas e drogas de forma

surpreendente. A cocaína, em particular, dava estímulo ao desejo de sonhar e ter visões. Na relação dos jovens americanos com as drogas, o autor destaca:

As drogas eram uma parte integrante da vida americana: os tônicos ideais para os cidadãos de um país que exigia qualidades sobre-humanas na sua corrida para o crescimento econômico. A Guerra Civil introduzira o uso da morfina em todo país, enquanto que os chineses haviam trazido o ópio para os bairros mais pobres. A cocaína, na época era considerada um narcótico ainda mais pobre, uma reserva para uso próprio das prostitutas, gangsteres e crianças dos bairros miseráveis. Oferecendo efeitos ao mesmo tempo estimulantes e analgésicos, excitando-os e tornando-os insensíveis à dor, era uma droga bem adequada para as suas duras condições de vida. Entretanto, a droga na época não era associada à ideologia de uma geração crítica: pelo contrário, fazia parte de uma cultura urbana pobre, de profunda dissolução, que aderia aos valores tipicamente americanos. Embora deixando o público em geral muito alarmado, este gosto ilegal ecoava a obsessão da América por remédios patenteados. No início da década de 1890 o refrigerante Coca-Cola, que tinha como ingrediente básico a cocaína, era anunciado como uma bebida estimulante. Ao mesmo tempo, remédios populares vendidos legalmente sem receita como Ryno‟s Hay Fever e Catarrh Remedy eram quase 100% cocaína pura. Seus consumidores, sem saber disso, ficavam viciados: „Está acabando com os nossos meninos‟, um pai escreveu para as autoridades do US Boreau of Chemistry. „Tenho um filho que vem usando e desde o ano passado tento fazer com que largue, mas não adianta, já que ele consegue arranjar‟. O uso de drogas fortes combinava como o ambiente excessivamente estimulado da metrópole americana, assim como reforçava os anseios dos novos contingentes por sonhos de qualquer tipo. Ao mesmo tempo, o uso exagerado encurtava as vidas dos jovens gangsteres, já reduzida pela pobreza e o perigo inerente ao seu estilo de vida. A cocaína era mais perturbadora do que a morfina porque seus efeitos eram eufóricos. Exigindo um reabastecimento quase instantâneo, ela transforma os jovens criminosos nos consumidores mais ávidos, ao mesmo tempo que os deixava travados num eterno presente (SAVAGE, 2009, p. 76).

Romani (1999) afirma que, como fenômeno relevante para a sociedade, o problema do consumo das drogas surgiu nas sociedades urbano-industriais contemporâneas centrais, que, por influência destas, foram se impondo nas sociedades subalternas quase sempre ligadas à urbanização, uma vez que as cidades dão condições para o surgimento do fenômeno. A dependência das drogas, na sociedade, pode ser associada com drogas institucionalizadas, a exemplo do álcool, barbitúrico, ou não institucionalizadas, como a heroína e cocaína. Contudo, tal recorte faz referência a uma parte do fenômeno, pois a dependência às drogas pode estar ligada à identidade de grupo, à curiosidade etc. Tais aspectos não podem ser deixados de lado. Todavia, o campo das drogas encontra-se estigmatizado, especialmente porque muitos falam dela sem conhecimento de causa, realizam intervenções, pesquisas, sem se perguntar, partindo dos conceitos estigmatizados, estereotipados, e dos prejuízos decorrentes das drogas.

Para Romani (1999), o surgimento do fenômeno da dependência das drogas vem de longa data: ele começou a ser notado em alguns países, como a Inglaterra, ainda no final do século XVIII e persiste até os dias de hoje. Considerando o ponto de vista socioeconômico, a

expansão do mercado mundial e a Revolução Industrial são fatores decisivos nesse processo. Na Europa, o mercantilismo gerou um grande potencial econômico, motivado por diferentes necessidades sociais que têm conduzido a grandes transformações tecnológicas. Um dos fatos marcantes é que a circulação das mercadorias é uns dos alicerces do sistema capitalista, o que leva a se poder converter quase tudo em mercadoria e gerar benefícios. Tal processo acontece também com a maioria das drogas de forma coerente com essa lógica. O sistema fabril propiciou a produção em série, muito especialmente no último terço do século XIX, com o grande desenvolvimento das indústrias químicas e farmacêuticas (produção em série e síntese de novas drogas etc.), que até hoje continua sendo um dos setores econômicos mais dinâmicos que existem.

Romani (1999), acrescenta que o aumento das comunicações e dos transportes contribuiu positivamente para a expansão dos mercados e, dessa forma, facilitou que as drogas chegassem a todas as partes, permitindo que fossem conhecidas e utilizadas fora do contexto no qual tinham sido usadas anteriormente. Segundo o autor, a expansão das vias de transporte e comunicação acarretou um importante efeito em cascata na modificação do uso das drogas, considerando que, junto ao produto em questão, são transportados também notícias, conhecimentos, estereótipos, que facilitam sua inserção nos mercados. Isso significa que as drogas são acompanhadas de conjunto de ideias e argumentações, que justificam a sua difusão e racionalização. No campo sociocultural, Romani (1999, p. 57), afirma que:

Todo ello se relaciona con grandes migraciones y situaciones de desarraigo más o menos profundo, pues hay una significativa concentración de poblaciones que provienen de sitios distintos en espacios − nuevos radicalmente transformados − como son las minas o las fábricas; formación de nuevos grupos y clases sociales alrededor de una nueva organización del trabajo; crisis de las pautas tradicionales del comportamiento, de las formas de sociabilidad y, más en concreto de las formas de control social informal y formal predominantes hasta el momento; aparición de nuevas condiciones de vida urbana, que modelan desde las relaciones de géneros, parentesco y vecindaje hasta el ritmo de la vida social, cambios culturales en la percepción del tiempo y el espacio, la fragmentación de roles sociales que puede jugar un individuo, etc. A nivel individual las tensiones provocadas por la explotación, la alienación o por ciertos estilos de vidas urbanos y la inseguridad que pueden provocar situaciones ante las cuales se dispone de pautas de comportamiento poco claras o incluso contradictorias, pueden encontrar una vía de salida en ciertos usos de drogas.

Quando se ouvem, em determinados contextos, as palavras “dependência” ou “viciado‟, de forma muito clara a mensagem que chega é de que se trata de um fenômeno muito perverso. Mas, como destaca Romani (1999, p. 58), o homem “es un animal con una programación genética abierta, con una orientación muy general de sus instintos, que es modelado de una manera decisiva por su cultura, la cual incorpora a través de la interacción

social y el aprendizaje”. Essa dependência do meio ambiente sociocultural se constitui em um aspecto crucial na vida de cada indivíduo. Portanto, o mais importante é formular um conjunto de conhecimentos e ações para encaminhar soluções positivas para que o indivíduo e a sociedade consigam enfrentar as pequenas − ou não pequenas − dependências que se configuram na vida cotidiana e viver como seres humanos. O autor afirma que são muitas as formas de dependências:

A las drogas, al juego, al trabajo, al orden, al sexo, al dinero… Para algunos individuos y en determinadas condiciones, algunas pueden ser entendidas como patológicas y qué duda cabe que, a partir de nuestro nivel actual de conocimientos, podemos afirmar que ciertos fármacos pueden precipitar, coadyuvar, fijar, etc.,