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1. Globalização – Dimensões e Medição

1.4. Como se Mede a Globalização?

1.4.4. KOF Globalisation Index

Foi primeiramente publicado em 2002, tendo desde então sido alvo de algumas actualizações. Este índice baseia-se parcialmente nas variáveis utilizadas no índice ATK/FP e que são também usadas no MGI, mas cobre um número maior de países e uma maior margem de tempo. O índice KOF de 2002 cobre 123 países e inclui 23 variáveis, cuja ponderação é calculada através de métodos estatísticos. Tanto a versão 2002 como a 2007 e a recente versão de 2010 deste índice, estão organizadas por três dimensões de globalização, a globalização económica, a globalização social e a globalização política (ver Tabela 3).

Tabela 3 – 2010 KOF Globalization3 Index

Dimensão Variável Indicador Peso

Económica

Fluxos

Comércio (percentagem do PIB) 19%

50%

37% Investimento Directo Estrangeiro, fluxos (% PIB) 20%

Investimento Directo Estrangeiro, stocks (% PIB) 24% Investimentos de Carteira (% PIB) 17% Rendimentos Pagos a Nacionais Estrangeiros (%

PIB) 20%

Restrições

Barreiras Ocultas à Importação 22%

50%

Taxas Aduaneiras Médias 28%

Impostos sobre o Comércio Internacional (% da

receita corrente) 27%

Restrições ao Acesso a Mercados de Capital 22%

Social Contactos Pessoais Tráfego Telefónico 26% 33% 39% Transferências (% PIB) 3% Turismo Internacional 26%

População Estrangeira (% da população total) 20% Correspondência Internacional (per capita) 25% Fluxos de

Informação

Utilizadores de Internet (por 1000 pessoas) 36%

36%

Televisão (por 1000 pessoas) 36%

Comércio de Jornais (% PIB) 28%

Proximidade Cultural

Número de Restaurantes McDonald’s (per capita) 43%

31% Número de Lojas IKEA (per capita) 44%

Comércio de Livros (% PIB) 12%

Política

Embaixadas no País 25%

25% Membros em Organizações Internacionais 28%

Participação em Missões do Concelho de Segurança

das N.U. 22%

Ratificação de Tratados Internacionais 25% Tal como foi feita referência anteriormente, reforça-se a ideia de que neste índice as ponderações são calculadas através de métodos estatísticos, logo os valores apresentados na Tabela 3 são arredondamentos e por conseguinte a soma destes pode não ser exactamente 100%. Aqui a globalização económica assume um peso de 35% em 2002, 36% em 2007 e 37% em 2010, a globalização social manteve-se nos 38% em 2002 e 2007 e chega agora aos 39%, sendo que a globalização política, que tem vindo a perder importância, passa de 28% para 26% e actualmente para 25%.

No KOF Index of Globalization 2010, de forma diversa ao que acontecia em 2002 em que existiam 23 variáveis e em 2007 que eram 26, actualmente o

número de variáveis cifra-se nas 24 e nesta edição está disponível também informação e o ranking para 208 países.

Em 2002 o turismo internacional, uma das componentes da globalização social, recebe uma ponderação de 1% de 38%, meramente simbólica. Na versão do Índice de KOF 2010 assume um peso que espelha a crescente importância que esta componente vai assumindo na aferição da globalização, 26% de 39%. É curioso constatar que segundo este índice, Portugal ocupava nos dados de 2004 um interessante 13º lugar, sendo a sua evolução de 1970 a 2004 a que mais se destacou (38,54%) seguido da China (38,41%) e Hungria (38,40%). No KOF Index of Globalization 2010, Portugal aparece agora no oitavo lugar.

Ainda antes de partirmos para as considerações finais deste capítulo, parece-nos importante fazer referência ao trabalho de Vujakovic (2010) que desenvolve o New

Globalisation Index (NGI), comparando-o com os resultados obtidos pelo KOF Index.

Neste índice são trazidas algumas novidades como a utilização de 5 novas variáveis ainda não utilizadas na construção de outros índices de globalização, abarcando um total de 21 variáveis que sustentam o índice. Nestas variáveis surge o turismo internacional com um peso de 15% de 31%. A autora traz ainda a importante novidade das distâncias/geografia na aferição da globalização.

Procura-se assim contornar uma das limitações apontadas por Lombaerde e Iapadre (2008) aos índices existentes, uma vez que estes se apresentavam, até agora, cegos à questão do número de países a que uma economia está aberta (mantém relações) e mais ainda relativamente à “impossibilidade” de reflectir nesses índices a informação sobre se os países em análise seriam realmente globalizadores/globalizados ou apenas manteriam relações com aqueles que lhe estariam mais próximos (integração regional e não globalização).

No NGI, Vujakovic resolve essa questão para os dados das trocas de bens entre países, utilizando um factor multiplicador que atribui maior pontuação quanto maior a distância entre os países. Este ponderador tem ainda em conta a distribuição da população no território.

Após este capítulo introdutório estamos em condições de perceber a relevância e actualidade do tema em referência, bem como da sua complexidade, dificuldade de

medição e dos esforços que têm sido feitos nessa área para tornarem a globalização mensurável. “Continuamos contudo a precisar de novos dados estatísticos de melhor

qualidade, de indicadores estatísticos mais precisos que consigam distinguir de forma clara a interdependência regional da global” (Lombaerde e Iapadre, 2008).

Da análise feita aos indicadores acima descritos ficou notória a presença da variável turismo, comum a todos eles, embora com uma relevância ainda limitada, e ficou também a ideia de que a soma das partidas e chegadas será um indicador bastante limitado para aferir a real dimensão e contribuição desta variável para a globalização. Ora, parece-nos evidente que há a necessidade de uma medição mais abrangente e específica da componente do turismo internacional. Até aqui apenas se utiliza a soma do fluxo de turistas internacionais (como já referido) num dado país (os que chegam e os que vão) para medir a componente do turismo internacional nos índices compostos mencionados. Assim, o trabalho que nos propomos fazer é desenvolver indicadores que possam ser utilizados de forma independente ou integrados num índice compósito na medição da globalização e que tratem de uma forma mais específica e detalhada a questão do turismo internacional, nomeadamente considerando o efeito geográfico, a questão das distâncias entre países, e ainda a aferição da abertura e ligação de cada país com os restantes.

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