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LÍQUIDO DE PROVISÕES

No documento Textos de política e situação económica (páginas 46-48)

com alterações nas políticas de detenção de parti- cipações estratégicas em empresas não financeiras por parte dos bancos (as quais não são contabiliza- das nas carteiras de títulos, mas sim em imobiliza- ções financeiras), num contexto de forte queda dos preços nos mercados de capitais.

3.2 Recursos

O abrandamento observado na captação de de- pósitos, cuja taxa de variação se reduziu 5.6 p.p. no primeiro semestre de 2001, situando-se no final de Junho em 3.8 por cento, é atribuível à quase es- tagnação dos depósitos de residentes (incluindo emigrantes e excluindo o sector público adminis- trativo), que averbaram uma taxa de crescimento de 1.2 por cento. Este comportamento está em linha com o aumento da inflação, com o abranda- mento da actividade económica e com os baixos níveis das taxas de juro (nominais e reais), embora, de acordo com estimações econométricas efectua- das, e tendo em conta a evolução dos principais determinantes (PIB, inflação e taxa de juro), a de- saceleração durante os dois primeiros trimestres de 2001 pudesse ter sido ainda mais acentuada (veja-se caixa 1: A evolução recente dos depósitos ban-

cários).

Os depósitos do sector público administrativo, cuja importância em termos de recursos de clientes é bastante diminuta (5.3 por cento do total de de- pósitos de clientes no final do primeiro semestre de 2001), reduziram-se 2.0 por cento em Junho deste ano, contra um crescimento de 22.5 por cento no final de 2000. No seu conjunto, os recursos de clientes continuaram a perder peso como fonte de financiamento dos bancos, quer em termos do flu- xo de crédito concedido, quer em temos do stock (Gráficos 3.12-A e B). A informação disponível até Setembro, com base nas Estatísticas Monetárias e Financeiras, aponta para alguma recuperação re- cente dos depósitos, em particular dos depósitos à ordem do sector privado não financeiro (incluindo emigrantes).

Subjacente à desaceleração do conjunto dos de- pósitos esteve a evolução quer dos depósitos à or- dem, que representam cerca de um terço do total e que apresentaram no primeiro semestre de 2001 uma redução de 2 por cento, quer dos depósitos a prazo (incluindo os depósitos de poupança e os depósitos com pré aviso), cujo peso é superior a 60

por cento e cujo crescimento abrandou significati- vamente (de 10.7 por cento em Dezembro de 2000 para 5.5 por cento seis meses mais tarde).

A redução do ritmo de crescimento dos recur- sos de clientes, associada à manutenção de um crescimento significativo do crédito concedido, contribuiu para acentuar, no primeiro semestre de 2001, o recurso, por parte dos bancos, a financia- mento nos mercados monetário e de capitais. De entre estas formas de financiamento, destaca- ram-se, no período referido, as emissões de títulos e os empréstimos subordinados, que apresentaram crescimentos muito significativos (quadro 3.1A). As emissões de títulos constituíram inclusivamen- te a principal fonte de financiamento do fluxo de crédito entre Dezembro de 2000 e Junho de 2001, embora, em termos de stock, os recursos de clientes (predominantemente depósitos) continuem a re- presentar a principal fonte de financiamento (Grá- fico 3.12-A). Note-se que, embora o financiamento interbancário tenha reduzido a sua importância, ele estará ainda a reflectir emissões de títulos no exterior através de filiais (veja-se caixa 2: Financia-

mento de grupos bancários portugueses através da emissão de obrigações por filiais com sede no estrangei- ro). Esta alteração da estrutura de financiamento

dos bancos teve como consequência um alarga- mento do prazo médio dos recursos dos bancos, assim como uma maior diversificação de fontes de financiamento, já que ao aumento de importância do financiamento no mercado de títulos corres- pondeu um menor recurso ao mercado monetário interbancário (tipicamente de curto prazo), melho- rando desta forma a posição de liquidez do siste- ma.

Com efeito, depois de no final dos anos 90 os passivos interbancários terem representado a prin- cipal fonte de financiamento das necessidades dos bancos, no contexto de uma forte expansão do cré- dito não acompanhada pelos recursos de clientes e de uma maior acessibilidade aos mercados inter- nacionais decorrente da participação na área do euro, os passivos interbancários (líquidos de apli- cações interbancárias) têm vindo a perder essa im- portância, contribuindo no primeiro semestre de 2001 para cobrir apenas 11.7 por cento do fluxo de crédito (50.5 por cento no primeiro semestre de 2000).

Por seu lado, a emissão de títulos foi responsá- vel, durante o primeiro semestre de 2001, pela co-

bertura de 34.4 por cento do fluxo de crédito, um valor muito acima dos 15.8 por cento verificados na primeira metade de 2000. Evolução semelhante foi observada nos passivos subordinados, cuja contribuição para o fluxo de crédito passou de 8.0 por cento no segundo semestre de 2000 para 18.9 por cento no primeiro semestre de 2001.

Os capitais próprios(10), por seu turno, averba-

ram um decréscimo de 2.2 por cento no mesmo pe- ríodo, mas este valor é influenciado pelo abate do capital de uma instituição por fusão em outra ins- tituição do respectivo grupo, ocorrida nos últimos meses do ano transacto. Corrigindo deste efeito, os capitais próprios em base individual apresentaram um crescimento de 13.0 por cento, sendo este o va- lor que se utiliza no cálculo do indicador de rendi- bilidade dos capitais próprios, em base individual, que em seguida se analisa.

4. RENDIBILIDADE

O processo de fusões e aquisições no sistema bancário português influenciou significativamente os resultados em base individual, tornando neces- sário que diversos factores de carácter especial ti- vessem de ser levados em consideração na análise da rendibilidade. Assim, procedeu-se a algumas correcções à informação de base constante dos Quadros 4.1-A e B (demonstração de resultados do sistema bancário, em valor, em taxa de variação homóloga e em percentagem do activo total mé- dio), as quais são explicitadas na análise que se se- gue. Refira-se que a informação utilizada nos Grá- ficos 4.1, 4.2 e 4.9 se encontra corrigida deste tipo de efeitos.

Observa-se que, avaliados em base individual, os resultados líquidos do sistema bancário se redu- ziram 7.2 por cento no primeiro semestre de 2001, por comparação com o período homólogo do ano anterior. No entanto, corrigindo estes valores do registo de algumas operações de venda de partici- pações ocorridas em 2000, as quais, embora origi- nando um ganho extraordinário em base indivi- dual, não tiveram reflexo nos resultados consoli- dados dos grupos financeiros, observa-se um cres- cimento de 10.0 por cento(11). Esta evolução tradu-

ziu-se numa virtual estabilização da rendibilidade líquida do activo (ROA), que passou de 0.65 por cento no primeiro semestre de 2000 para 0.67 por Gráfico 3.12A

FONTES DE FINANCIAMENTO DOS GRUPOS

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