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Lagoa de “toyotas” Foto 18: Lagoa de “gente”

VELHOS E VELHICE NUM UNIVERSO RURAL EM TRANSFORMAÇÃO

Foto 17: Lagoa de “toyotas” Foto 18: Lagoa de “gente”

Fonte: Acervo da autora, 2010

Todos esses cenários foram acessados a partir de Barreirinhas, tida como o portão de entrada para o PNLM e também local que conta com a melhor infraestrutura para o receptivo de visitantes em relação às demais sedes municipais ligadas ao PNLM.

(...) a pequena e isolada cidade do interior maranhense, até a década de 70/80 do século XX, ao assumir a condição de destino turístico nacional e internacional, vivencia uma verdadeira metamorfose sócio-espacial, com transformações no padrão de vida e formas de sociabilidade dos que habitam esse espaço turístico (Graça, 2010, p. 75).

Convém destacar também que Barreirinhas33 é um dos mais antigos municípios maranhenses, com fundação datada de 1871 (Tabela 4); está situado às margens do Rio Preguiças34

Muito da vida de Barreirinhas ocorre em função do rio Preguiças ou graças a ele: via de acesso para as comunidades e para o Parque Nacional; fonte de alimentos e recursos; área de lazer e trabalho; enfim, o rio integra a vida cotidiana das pessoas que, sem

, vive em função dele, não só como fonte de alimento como também para o lazer e o transporte. O Preguiças é afluente do Rio Parnaíba e o rio mais importante da região com mais de 100 km de extensão até o Oceano, fazendo a divisão das dunas dos Grandes Lençóis e dos Pequenos Lençóis Pequenos onde há o encontro das dunas com lagos, mangues e o rio.

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O nome Barreirinhas faz alusão às barreiras de argila observadas nas margens do rio Preguiças, que chegam a atingir cerca de 10 a 20m de altura, as quais são envoltas por dunas de areias. O nome Barreirinhas foi oficializado em fins do século XVIII, recebendo oficialmente esse título no dia 10 de outubro de 1835. A Lei provincial nº 951, de 14 de junho de 1871, elevou Barreirinhas à categoria de Vila, alcançando o status de município em 29 de março de 1938, pelo Decreto-Lei Estadual nº 45.

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De acordo com o conhecimento popular o rio é denominado Preguiças em referência à existência, no passado, de muitos bichos preguiças nas margens do rio, além do fato de suas águas correrem preguiçosamente. O rio Preguiças nasce no povoado Barra da Campineira, município de Anapurus e percorre mais de 120 km até desaguar no Oceano Atlântico (http://www.icmbio.gov.br/portal/).

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hesitar, dizem: ‘o Preguiça é a nossa riqueza’. [...] O acesso é feito, geralmente, em canoa a remo – tradicional por ali – nas ‘lanchas’ (barcos para 50 passageiros) e, mais recentemente, nas ‘voadeiras’. Muitas casas têm o Preguiças ou algum de seus braços como quintal e esta proximidade possibilita um elevado intercâmbio entre a pesca de rio, agricultura e olaria (conforme o caso). O rio, incorporado à casa, faz parte da rotina diária das famílias (D’Antona, 2000, p.37).

Barreirinhas vem experimentando um crescimento econômico nas últimas décadas do século XX com acentuadas mudanças nas suas características sociais. Na década de 1970, experimentou um primeiro surto de transformações sociais, geradas, sobretudo pela descoberta do potencial petrolífero e de gás natural do bloco da Bacia de Barreirinhas. Na década de 1990 um novo momento decorre da ampla divulgação dos atrativos naturais da região, capitaneados pelo PNLM, Caburé, Atins e Mandacaru. Empreendimentos turísticos de pequeno, médio e grande porte se instalaram na sede do município.

No setor primário, a economia local é sustentada basicamente na agricultura da mandioca para a produção da farinha, milho, arroz, feijão, extração vegetal da carnaúba, castanha de caju, buriti, coco, lenha e carvão vegetal, artesanato, na criação de animais e na pesca, que corresponde a 38% do setor primário local. A produção do artesanato, fabricado com a fibra do buriti, faz da cidade de Barreirinhas uma das principais produtoras de artesanato em linho de buriti, principal matéria-prima para sua fabricação. Devido à natureza de seu solo e a abundância de rios, riachos e córregos, o caju representa a segunda fonte de renda.

Segundo Lobato et al (2010), com a expansão dos serviços turísticos, principalmente por sua escolha como portal de entrada para do PNLM, comunidades que sobreviviam basicamente da produção do setor primário, partiram em busca de espaço de trabalho nos setores secundário e terciário, principalmente através do crescimento observado nas atividades relacionadas à construção civil, à confecção de artesanato de buriti e o turismo.

Para os autores, os indicadores de condições de vida populacional – Produto Interno Bruto (PIB) per capita e IDH – revelam a grande carência econômica que coloca o município entre os mais pobres do país e do Estado do Maranhão. Essa situação reflete a má qualidade de vida da comunidade, que ainda possui baixo nível educacional e não é plenamente atendida pelos serviços públicos de saúde e saneamento. Os problemas econômicos do Município ocasionam

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ainda uma baixa geração de emprego e renda, promovendo dentre outras consequências o êxodo do morador rural para a sede (Lobato et al, 2010).

Tabela 4: Barreirinhas, MA: perfil municipal

Data de instalação Ano de 1871

População – Censo 2010 54.930 habitantes

População urbana 22.053 hab.

População rural 32.877 hab.

Estimativa populacional – 2011 56.123 habitantes

Crescimento anual (2009 – 2007) 3,32%

Natalidade 2010 1.176 nascidos vivos

Urbanização 2010 40,29

Índice de Desenvolvimento Humano – IDH 0,552

Área 3.112 km2

Densidade Demográfica 17,65 hab./km2

Fonte: IBGE, 2011

Parte significativa da população de Barreirinhas é desprovida de condições mínimas no que tange às necessidades básicas de emprego, renda, educação, saúde, alimentação, previdência social, habitação, saneamento e transportes urbanos. Dessa parte significativa da população sem acesso aos bens e serviços, verifica-se uma maior concentração populacional na fase infanto-juvenil, remetendo à necessidade de políticas públicas que lhe tragam melhores perspectivas de vida. O tamanho médio das famílias é de 6 pessoas. A expectativa de vida é de 60 anos e do contingente populacional, apenas 5% da PEA, estão envolvidas nas atividades econômicas do município (INAGRO, s/d).

Segundo o Plano de Desenvolvimento do Assentamento Lagoas – Barreirinhas/MA (s/d), realizada pelo Instituto de Agronegócios do Maranhão (Inagro),