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2. BBTM (B ÉTON B ITUMINEUX T RÈS M INCE )

2.2 C LASSES DE BBTM E P ROPRIEDADES G ERAIS

A norma francesa XP P 98 137 (2001) define o BBTM como uma mistura asfáltica caracterizada por uma grande porcentagem de agregados graúdos (70 a 80%) em uma composição adaptada (granulometria descontínua) a uma espessura média entre 20 e 30 mm, com consumo médio na camada de 40 a 60 kg/m2.

O BBTM é utilizado como camada de rolamento de pavimentos novos, em serviços de reforço ou manutenção de rodovias. É uma mistura que admite a utilização eventual de aditivos, sejam fibras ou ligantes modificados, embora estes últimos sejam recomendados para rodovias de tráfego pesado, sujeitas a esforços de frenagem (XP P 98 137, 2001). O BBTM possui uma descontinuidade que o caracteriza como um revestimento semipermeável a permeável.

Existem duas classes de BBTM de acordo com a graduação, 0/6 e 0/10, e com a porcentagem de vazios (classe 1 e 2), além da descontinuidade e do tipo de ligante utilizado (BROSSEAUD et al., 1997 b):

a) Porcentagem de vazios à 25 giros da PCG – Prensa de Compactação a Cisalhamento Giratório (XP P 98 137, 2001):

Classe 1: 12 a 20%; Classe 2: 20 a 25%.

b) Graduação (diâmetro máximo) e descontinuidade (fração ausente):

0/6, 0/10 e 0/14, sendo que esta última não consta na norma mais recente; 2/4 e 2/6 (descontinuidades mais freqüentes).

c) Natureza do ligante: Convencional;

Modificado por polímeros (SBS, SBR, EVA e borracha).

As misturas de BBTM mais usadas são da Classe 1, graduação 0/10 com descontinuidade 2/6, e graduação 0/6 com descontinuidade 2/4. O emprego da mistura com graduação 0/6 é crescente devido principalmente aos baixos níveis de ruído. A classe 2 possui uma descontinuidade mais acentuada, assemelhando-se aos revestimentos drenantes delgados, porém, sendo geralmente produzidos com ligantes modificados, embora o emprego de aditivos não seja exclusividade desta classe.

Devido ao emprego de ligantes modificados, as misturas de BBTM puderam ser cada vez mais descontínuas, com um decréscimo na fração-areia (dosagem média entre 20 e 28%, no lugar de 30 a 35%), ocorrendo também uma redução no teor de ligante (-0,2 a -0,4%).

A composição para cada classe de BBTM encontra-se na Tabela 2.3.

Tabela 2.3 – Composição do BBTM (BROSSEAUD et al., 1997 b)

BBTM Classe 6/10 ou 4/6 (%) 0/2 (%) Total de finos (%) Teor de ligante 0/6 (%) Teor de ligante 0/10 (%) 1 70 - 80 20 - 27 7 - 9 6,2 - 6,7 5,7 - 6,2 2 75 - 88 10 - 22 4 - 5 5,0 - 5,5 4,5 - 5,5

O teor de ligante pode ser superior ao indicado caso se utilizem ligantes modificados ou fibras; os ligantes puros mais utilizados são 50/70 e 70/100, e algumas vezes 35/50 quando o tráfego é muito pesado, embora nesses casos seja recomendado o uso de ligantes modificados com polímeros ou adição de fibras.

O BBTM classe 1 e classe 2 são distinguidos principalmente pelo seu desempenho com o passar do tempo, ou seja, a evolução de suas características e a importância dessas mudanças na funcionalidade do revestimento.

Existem dois critérios que podem ser considerados na avaliação do desempenho das duas classes (BROSSEAUD, 1997 b):

Aspecto e a integridade da superfície do revestimento (homogeneidade e defeitos) e;

Características relacionadas à segurança e ao conforto dos usuários (rugosidade, aderência, irregularidade e ruído).

Com o intuito de compreender as particularidades de cada classe, serão descritas a seguir as principais características das duas graduações (0/10 e 0/6) (BROSSEAUD, 1997 a):

a) BBTM Classe 1: Vida útil média de 10 anos.

a.1) Faixa Granulométrica 0/10: A superfície apresenta um aspecto homogêneo, com boa rugosidade (altura média de areia entre 1,0 e 1,3 mm), boas características de aderência (valores do coeficiente de atrito longitudinal satisfatórios mesmo a velocidades elevadas) e conservação das características iniciais (5 a 7 anos). O nível de ruido é elevado, pois a absorção parcial das ondas sonoras no interior da mistura não ocorre da mesma forma que nos revestimentos drenantes;

a.2) Faixa Granulométrica 0/6: Também caracteriza-se por um aspecto homogêneo conservado ao longo do tempo, seja qual for o tráfego, o ambiente e a idade do revestimento, mostrando-se eficiente em cruzamentos e em curvas com pequenos raios. Apresenta boa durabilidade se comparada com os revestimentos tradicionais, preservando sua integridade por até 8 anos sob ação de tráfego pesado. Os valores da macrotextura variam, no ensaio de mancha de areia, entre 0,8 e 0,9 mm. A drenabilidade é considerada boa observando-se uma redução da macrotextura de apenas 10% sob ação de tráfego pesado. Quanto à aderência, observa-se uma pequena redução do coeficiente de atrito longitudinal a 40 km/h (5 a 10%) e a 120 km/h (0 a 5%). As propriedades acústicas não são alteradas com o tempo e por isso é classificado como um revestimento pouco ruidoso (<76 dB), com valores médios entre 74,3 dB (0 - 1 ano) e 73,9 dB (1 - 3 anos).

b) BBTM Classe 2:

b.1) Faixa Granulométrica 0/10: caracteriza-se por um aspecto homogêneo, embora seja observado o desprendimento do agregado em zonas com solicitação de média a alta, como em cruzamentos e curvas fechadas. A macrotextura é classificada como de alta rugosidade (altura média de areia em torno de 2 mm) e durável (bom estado após 8 anos sob um tráfego pesado). A sua drenabilidade superficial assemelha-se a dos revestimentos drenantes, contribuindo para melhorar a visibilidade em tempo de chuva. Os valores de coeficiente de atrito longitudinal também são comparáveis aos dos revestimentos drenantes.

b.2) Faixa Granulométrica 0/6: É empregado principalmente em vias urbanas, tendo o objetivo de conciliar uma forte aderência, uma redução significativa das projeções d´água – evitando a densificação interna – e uma limitação nos níveis de ruído. A altura média de areia é de 1,2 mm, sendo uma mistura pobre na fração-areia (15 a 20%) e cujo ruído é reduzido devido ao diâmetro máximo dos agregados (6 mm). Para manter a coesão da mistura é necessária a utilização de ligantes fortemente modificados.

Nota-se que o problema de desagregação é minimizado com a utilização de ligantes asfálticos modificados por polímeros. Este fato é explicado pela elevada coesão proporcionada pelos asfaltos modificados, viabilizando o emprego de misturas asfálticas com expressiva quantidade de agregados graúdos. A aplicação do BBTM com asfaltos modificados é recomendada para rodovias com elevado volume de tráfego e alta velocidade (BROSSEAUD, 1998).

O BBTM também pode ser utilizado sobre pavimentos novos, com uma base de concreto magro ou outras alternativas. A adoção do BBTM como revestimento desde a construção permite a escolha dos componentes do concreto unicamente para resistir a esforços específicos das camadas de base, como a resistência à fadiga (flexão). Em serviços de manutenção o BBTM resolve os problemas de aderência e irregularidade do concreto, sendo necessária a aplicação de uma manta de geotêxtil impregnada por

betume, além da emulsão utilizada na imprimação, garantindo a aderência entre as camadas (CHARONNAT, 1992).

A dosagem do BBTM se resume em três etapas: a definição da classe (volume de vazios) pela Prensa de Compactação a Cisalhamento Giratório – PCG, avaliação da ação deletéria da água (Ensaio Duriez) e da evolução da macrotextura (Mancha de Areia), sendo esta última determinada durante simulação do tráfego, no Ensaio de Deformação Permanente.

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