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O lazer vem se firmando em nossa sociedade e conquistando um espaço cada vez maior, tanto no âmbito acadêmico, quanto no dia a dia das pessoas em geral. Podemos observar esse crescimento por meio das propagandas divulgadas pelos meios de comunicação de massa, em que há uma ênfase ao lazer na promoção de vendas.

O que vem ocorrendo é a associação do lazer pela população em geral a atividades recreativas e eventos sociais, o que caracteriza uma visão funcionalista do lazer, sendo reforçada pelos meios de comunicação. Dessa forma, a população acaba tendo uma visão parcial do significado do lazer em sua vida, associando a vivência nesse âmbito somente ao divertimento e descanso, tornando-se uma compensação do trabalho.

Em virtude desse quadro em que nossa sociedade se encontra, é necessário que os profissionais do lazer estejam aptos a atuar profissionalmente, considerando o momento em que vivemos.

Como sabemos, o lazer é uma área interdisciplinar, que requer a participação efetiva de vários profissionais de diferentes áreas, uma delas é a educação física. Desse modo, lembramos que o lazer possui seis conteúdos culturais: os intelectuais, os manuais, os artísticos, os sociais, os turísticos e os físico-esportivos. Dentre esses conteúdos, como veremos no próximo capítulo, a especificidade da educação física está centrada nos físico-esportivos. Porém, o lazer trabalhado na escola deve contemplar, na medida do possível, todos os conteúdos culturais. Para tal tarefa é preciso que os professores trabalhem em conjunto, como uma equipe interdisciplinar, privilegiando a troca de conhecimentos e metodologias entre as disciplinas. Com alguns pontos esclarecidos, entraremos agora na questão de como trabalhar o lazer na escola. Temos duas opções neste caso: trabalhar com o lazer como objeto de educação – ou seja, a educação para o lazer – ou o lazer como um veículo de educação, caracterizando uma educação pelo lazer.

Em primeiro lugar, devemos entender que para caracterizar o lazer são necessários três aspectos fundamentais: tempo, espaço e atitude. Marcellino

(2006, p. 8) defende esse ponto e explica: “O lazer ligado ao aspecto tempo considera as atividades desenvolvidas no tempo liberado do trabalho, ou no ‘tempo livre’, não só das obrigações profissionais, mas também das familiares, sociais e religiosas”.

Explica também que o lazer ligado à atitude é caracterizado “(...) pelo tipo de relação verificada entre o sujeito e a experiência vivida, basicamente a satisfação provocada pela atitude” (ibidem).

Agora vamos voltar ao ponto principal deste texto: como trabalhar o lazer na escola. Considerando os aspectos tempo, espaço e atitude, conclui- se que o lazer trabalhado no horário de aula só pode ser considerado objeto de educação, ou seja, durante a aula o que se trabalha é a educação para o lazer. Nesse momento, o professor, e voltamos a frisar, não só o professor de educação física, deve trabalhar com metodologias que proporcionem um entendimento por parte do aluno sobre o que é lazer, o que está envolvido nessa palavra tão difundida na sociedade. Com isso, espera-se despertar nos alunos o gosto pelo lazer de qualidade, bem como uma consciência crítica sobre os eventos sociais que trazem sempre o nome lazer e recreação embutidos.

Marcellino (2010, p. 82) apoia a educação para o lazer na escola:

Não tenho dúvidas de que a aprendizagem possa se beneficiar de aspectos característicos do lazer, como a espontaneidade na escolha dos temas e o caráter lúdico como forma de abordagem. Mas nem por isso o trabalho escolar deixará de ser trabalho para se constituir em lazer.

Sobre a educação pelo lazer na escola, Marcellino (ibidem) afirma que há espaço para o lazer na escola que não seja o dos “dias de lazer na escola” e de festas, que normalmente são impostos, transformando-se em instrumentos de arrecadação de fundos. Diz também que há outros espaços para o lazer que não o da orientação educacional, na qual se constata uma abordagem utilitarista do lazer.

Tendo isso em vista, o autor defende que “há espaço para o lazer na escola que considere as suas possibilidades de aproveitamento enquanto práticas educativas” (ibidem, p. 84). Assim, devemos levar em conta

as possibilidades de desenvolvimento pessoal e social que podem ser proporcionados pela educação pelo lazer:

(...) as atividades de lazer favorecem, a par do desenvolvimento pessoal, também o desenvolvimento social, pelo reconhecimento das responsabilidades sociais, a partir do aguçamento da sensibilidade ao nível pessoal, pelo incentivo ao autoaperfeiçoamento, pelas oportunidades de contatos primários e de desenvolvimento de sentimentos de solidariedade. (Ibidem, p. 51)

O autor complementa dizendo que a educação pelo lazer se daria numa perspectiva de educação permanente, buscando o desenvolvimento cultural por meio da animação cultural.

Com essas informações em vista, podemos ter uma efetiva atuação pedagógica, seja atuando na escola durante as aulas com a educação para o lazer, seja nos momentos disponíveis na escola para se realizar a educação

pelo lazer. Tudo isso sempre com base em valores, ética e pluralidade cultural

que tentamos passar para os alunos, respeitando o tempo, o espaço e a atitude em que e com que a educação pelo e para o lazer acontecerão; enfatizando a possibilidade de escolha das atividades e seu caráter desinteressado; enaltecendo as possibilidades educativas contidas no lazer. Por último, e não menos importante, vale lembrar que o descanso e o divertimento são os valores mais comumente associados ao lazer, porém temos o dever de relembrar outra possibilidade, não tão perceptível, que ocorre no lazer, que é o desenvolvimento pessoal e social do indivíduo.

Questões

• Como o lazer pode ser trabalhado na escola?

• Qual a diferença entre a educação para o lazer e pelo lazer? Referências bibliográficas

MARCELLINO, N.C. (2006). Estudos do lazer: Uma introdução. 4a ed. Campinas:

Autores Associados.

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OS CONTEÚDOS DO LAZER E A