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CAPÍTULO 1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

1.2 Perspectivas para formação de professores

1.2.2 Políticas de Formação

1.2.2.2 LDB/96 e o Curso de Pedagogia

A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 atribuiu importante papel para a educação, estabeleceu parâmetros e novas orientações para o Ensino Superior, induzindo a realização de estudos e análises sobre o ensino brasileiro. E, com o objetivo de tornar a educação condizente com o preconizado na lei, foram produzidos pareceres e sugestões, que culminaram com a segunda Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB, Lei n° 9 394/96.

A LDB propõe uma mudança na formação docente para atuar na educação básica, ao inserir no Artigo 62 a exigência do nível de graduação plena para o exercício profissional, inclusive nas séries iniciais. No entanto, o Decreto nº 3276/99 vinculava a formação dos professores da Educação Infantil e dos anos iniciais do Ensino Fundamental, exclusivamente, aos cursos normais superiores e aos Institutos Superiores de Educação, sinalizando uma política educacional voltada a uma formação acelerada por meio de cursos de curta duração, com tendência a um nivelamento inferior.

O Decreto Presidencial n° 3.554/00 substituiu a exigência de exclusividade pela preferência de formação nos cursos normais superiores. Neste sentido, o Parecer n° 133/2001 deu nova redação ao § 2° do Artigo 3º do Decreto nº 3 276/99, ao dispor sobre a formação em nível superior de professores para atuar na educação básica.

a) quando se tratar de universidades e de centros universitários os cursos poderão ser oferecidos, preferencialmente, como Curso Normal Superior ou como curso com outra denominação, desde que observadas as respectivas diretrizes curriculares;

b) as instituições não universitárias terão que criar Institutos Superiores de Educação, caso pretendam formar professores em nível superior para Educação Infantil e anos iniciais do Ensino Fundamental, esta formação deverá ser oferecida em Curso Normal Superior, obedecendo ao disposto na Resolução CNE/CP 1/99. (BRASIL, 1999)

O curso normal superior sugerido na lei foi interpretado como uma evolução do curso normal, com a atribuição de formar profissionais para a educação básica. Contudo ele difere do curso de Pedagogia em relação ao ingresso, já que nas universidades e nos centros universitários só poderiam ingressar alunos que fossem portadores de diploma do ensino médio.

A Nova LDB10 nomeia os seguintes cursos, admitindo, no nível médio, como formação mínima, a modalidade normal conforme Quadro 2 e 3 a seguir:

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Quadro 2 - Nova LDB, curso Superior: níveis e programas Fonte: CARVALHO (1998, p.85)

Quadro 3 - Nova LDB, cursos: nível médio

Fonte: CARVALHO (1998, p.85)

O Sistema Federal de Ensino, de acordo com o art. 8º do Decreto n.º 2.306, de 19/08/97, comporta as seguintes instituições de ensino superior, todas com possibilidade de participar, de alguma forma, do processo de formação de profissionais da educação: I – universidades; II – centros universitários; III – faculdades integradas; IV – faculdades e V – institutos superiores ou escolas superiores.

Libâneo e Pimenta (1999, p. 16), abordando este aspecto, denunciam a falta de definição explícita de uma “[...] estrutura organizacional para um sistema nacional de formação de profissionais da educação, incluindo a definição de locais institucionais do processo formativo“, reivindicam o ordenamento legal e funcional do Título VI da nova LDB, assim resumido:

a) Cursos de licenciatura plena para formar professores de educação básica, em universidades e institutos superiores de educação.

- Curso normal superior (licenciatura para formar docente de educação infantil e séries iniciais do ensino fundamental) e licenciaturas para formar professores de 5ª a 8ª e ensino médio.

- Programas de formação pedagógica para portadores de diplomas de educação superior.

- Programas de educação continuada.

b) Cursos de graduação e pós-graduação em Pedagogia para formar profissionais da educação para administração, planejamento, inspeção, supervisão e orientação educacional.

c) Cursos de preparação para o magistério de ensino superior.

Nesse sentido Libâneo (2001) declara que as questões ambíguas no caráter de formação do pedagogo provocaram uma crise de identidade nos cursos de Pedagogia, conferindo a esse profissional em formação múltiplas identidades11, abalando o interior das Faculdades de Educação.

Desta maneira, é pertinente lembrar-se do seguinte trecho de Libâneo (2006, p.12) ao fazer uma crítica acerca da abrangência das funções do pedagogo:

[...] É difícil crer que um curso com 3.200 horas possa formar professores para três funções que têm, cada uma, sua especificidade: a docência, a gestão, a pesquisa, ou formar, ao mesmo tempo, bons professores e bons especialistas, com tantas responsabilidades profissionais a esperar tanto do professor como do especialista. Insistir nisso significa implantar um currículo inchado, fragmentado, aligeirado, levando ao empobrecimento da formação profissional.

Já para Saviani (2007, p.130) a identidade do pedagogo está intimamente relacionada com sua formação profissional:

De um curso assim estruturado espera-se que irá formar pedagogos com uma aguda consciência da realidade onde vão atuar, com uma adequada fundamentação teórica que lhes permitirá uma ação coerente e com uma satisfatória instrumentação técnica que lhes possibilitará uma ação eficaz.

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As questões referentes à identidade do profissional formado no curso de Pedagogia, estão nas pautas dos fóruns de discussão como ANFOPE, FORUMDIR, ANPED, FORUM DE PEDAGOGIA, esse último em Belo Horizonte- jul.2002/2004

Em contrapartida Garcia (1995), defende a identidade do pedagogo como o papel de especialista dentro da escola, ou seja, o orientador educacional, o supervisor educacional e o administrador escolar. Assim verificamos que existe uma área de conflito que situa na função do destino do curso de Pedagogia, ou seja, o curso deve formar professores ou especialistas, ou ambos?

Sobre esta questão concordamos com Brzezinski (2002, p.122) quando define que “O eixo nuclear da formação do Pedagogo é o trabalho pedagógico, escolar e não escolar, que tem fundamento na docência, compreendida como ato educativo intencional”12. Por isto, há algumas considerações a fazer acerca da formação do

pedagogo, de acordo com a afirmação acima; afinal esta discussão acerca da identidade do pedagogo está envolvida diretamente com a sua formação.

Seguindo a trilha de Mello (2004, p.7), se “[...] instalados que já estamos no terceiro milênio, encontramos aqui apenas aquilo que fomos capazes de trazer, é chegado o momento de inventariar: afinal, o que trouxemos?”

Isso não significa, no nosso entendimento, uma fragmentação ou simplificação na formação desse profissional, pois se tomarmos como ponto de partida que o perfil do pedagogo está ancorado na docência, fica um pouco mais visível algumas trilhas que levam à reformulação dos currículos dos cursos de Pedagogia, inclusive com a necessária inserção das tecnologias.

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Essa posição é defendida pela ANFOPE. Outros autores, como Libâneo e Pimenta, são contrários a esse posicionamento.