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3 ASPECTOS DESCRITIVOS DOS RITOS E DOS PRINCIPAIS GRUPOS

3.5. DOM LEFEBVRE E A FRATERNIDADE SÃO PIO

Considerado pelos tradicionalistas um grande defensor da igreja católica e dos seus costumes a figura de Marcel Lefebvre é de importante compreensão para essa parte da história de Igreja Católica por isso, foi feito esse destaque com o intuito de entender melhor um dos protagonistas da chamada ala tradicional católica que é visto por muitos desses adeptos como santo.

Durante todo o Concilio Dom Lefebvre e um grupo de cardeais se opõem as ideias reformistas do concilio. Após seu termino, ele continua pregando e celebrando no antigo rito e se afasta da sua congregação. Nesse período Dom Lefebvre com o apoio de Dom Charriére, bispo de Fribourg, na Suiça cria uma universidade e mantem o clima de permanência da tradição essa decisão se dar em maio de 1969.

Dom Lefebvre sempre mostrou preocupação com a regularidade canônica e por inúmeras razões acreditava que mesmo depois de formados esses novos sacerdotes deveriam permanecer ligados a fraternidade. Nesse período também ele tinha a aprovação de Roma.

Em 1970 eles se mudam em busca de uma maior independência visto que as mudanças modernistas também haviam chegado à universidade de Fribourg. Eles se mudam para Econe no Valaes, Suiça. Mesmo com a imposição do novo rito Dom Lefebvre decide instruir seus seminaristas no antigo rito. Isso se deve ao

pensamento dele de que a missa não é um encontro das pessoas e sim primeiramente o sacrifício de Cristo para remissão dos pecados.

Inúmeros jovens são formados na tradição pela fraternidade e inicialmente muitos outros cardeais o encorajam. Porem, as oposições chegam e Dom Lefebvre é censurado por não celebrar a nova missa. Em 1974 dois enviados de Roma vêm inspecionar a casa, eles foram enviados pela Secretaria de Estado, porém essa visita chocou a todos e fez Dom Lefebvre fazer sua famosa declaração.

Nós aderimos de todo o coração e com toda a nossa alma à Roma católica, guardiã da fé católica e das tradições necessárias para a manutenção dessa fé, à Roma eterna, mestra de sabedoria e de verdade.

Pelo contrário, negamo-nos e sempre nos temos negado a seguir a Roma de tendência neomodernista e neoprotestante que se manifestou claramente no Concílio Vaticano II, e depois do Concílio em todas as reformas que dele surgiram.

Todas estas reformas, com efeito, contribuíram, e continuam contribuindo, para a demolição da Igreja, a ruína do sacerdócio, a destruição do Sacrifício e dos Sacramentos, a desaparição da vida religiosa, e a implantação de um ensino naturalista e teilhardiano nas universidades, nos seminários e na catequese, um ensino surgido do liberalismo e do protestantismo, condenados múltiplas vezes pelo magistério solene da Igreja.

Nenhuma autoridade, nem sequer a mais alta na hierarquia, pode obrigar-nos a abandonar ou a diminuir a nossa fé católica, claramente expressa e professada pelo magistério da Igreja há dezenove séculos.

‗Se ocorresse – disse São Paulo – que eu mesmo ou um anjo do céu vos ensinasse outra coisa distinta do que eu vos ensinei, seja anátema‘ (Gal. 1, 8).

Não é isto o que nos repete hoje o Santo Padre? E se se manifesta certa contradição nas suas palavras e nos seus atos, assim como nos atos dos dicastérios, então elegeremos o que sempre foi ensinado e seremos surdos ante as novidades destruidoras da Igreja. Não se pode modificar profundamente a lex orandi (lei da oração, liturgia) sem modificar a lex credendi (lei da Fé, doutrina, magistério). À Missa nova corresponde catecismo novo, sacerdócio novo, seminários novos, universidades novas, uma Igreja carismática e pentecostalista, coisas todas opostas à ortodoxia e ao magistério de sempre.

Esta Reforma, por ter surgido do liberalismo e do modernismo, está completamente empeçonhada, surge da heresia e acaba na heresia, ainda que todos os seus atos não sejam formalmente heréticos. É, pois, impossível para todo o católico consciente e fiel adotar esta reforma e submeter-se a ela de qualquer modo que seja.

A única atitude de fidelidade à Igreja e à doutrina católica, para bem da nossa salvação, é uma negativa categórica à aceitação da Reforma.

E por isso, sem nenhuma rebelião, sem amargura alguma e sem nenhum ressentimento, prosseguimos a nossa obra de formação

sacerdotal à luz do magistério de sempre, convencidos de que não podemos prestar maior serviço à Santa Igreja Católica, ao Soberano Pontífice e às gerações futuras.

Por isso, cingimo-nos com firmeza a tudo o que foi crido e praticado na fé, costumes, culto, ensino do catecismo, formação do sacerdote e instituição da Igreja, pela Igreja de sempre, e codificado nos livros publicados antes da influência modernista do Concílio, à espera de que a verdadeira luz da Tradição dissipe as trevas que obscurecem o céu da Roma eterna.

Fazendo assim, com a graça de Deus, o socorro da Virgem Maria, de São José e de São Pio X, estamos convictos de permanecer fiéis à Igreja Católica e Romana e a todos os sucessores de Pedro, e de ser os ‗fideles dispensatores mysteriorum Domini Nostri Jesu Christi in

Spiritu Sancto‘ (fiéis dispensadores dos Mistérios de Nosso Senhor

Jesus Cristo no Espírito Santo). Amem. (cf. I Cor. 4, 1 e ss.)‖ (LEFEBVRE, 1974)

Após essas suas palavras que provoca comoção em alguns ele é convidado a Roma onde recebido por autoridades é anunciado o fim da fraternidade. Porém, em uma difícil resolução ele continua sua obra e é convocada inúmera outras vezes a Roma para explicar sua decisão. Apesar de surgir aqui dentro dos modernistas20, uma linha de conduta que acusa Dom Lefebvre e sua fraternidade de serem sedevacantistas. O contrario do que diz todos os meios pesquisados que dizem haver um reforço na união a Roma e um pedido de que sempre rezassem no Canon Romano pelo Papa e o Bispo.

Em 1974 ele recebe uma sanção que afirma que ele não pode mais celebrar sacramentos. Nesse período ele consegue uma audiência com Paulo VI onde pede para continuar a ensinar na tradição, em todo esse tempo pessoas o apoiam e encorajam a prosseguir porem apenas com o próximo papa é que ele terá algum retorno de seu pedido.

Na década de 1970 mais especificamente no ano de 1986 Dom Lefebvre se choca com o convite do então Papa João Paulo II que convida a todos os representante das religiões para rezarem juntos colocando na pratica uma das mais controvérsias reforma do Concílio, que trata da liberdade religiosa. Segundo o Vaticano II cada pessoa tem o direito de seguir sua própria consciência na escolha do exercício da religião. O reconhecimento da liberdade de religião não diz expressamente que todas as religiões são iguais ou que são identicamente verdadeiras. Porem não é isso que é entendido pelos tradicionalistas e por Dom Lefebvre.

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Para ele é impensável ver tal cena. Era como se a Igreja tivesse se rebaixado e colocado à verdade e a mentira no mesmo patamar, esse pensamento também é compartilhado atualmente por seus seguidores.

Em 1989, em um acordo, é dada a permissão a Fraternidade de celebrar a missa, porém, com idade avançada e não querendo mais perder tempo e temendo pelo futuro da fraternidade, ele pede a Roma que lhes consagre um bispo para sucedê-lo. Roma não atende a seu pedido e o mesmo toma a decisão de consagrar não um, mas quatro bispos, criando assim um cisma dentro da Igreja e promovendo sua excomunhão junto com os quatro bispos sagrados.

Em sua morte a fraternidade estava em 22 países, com 239 padres e 5 seminários. Suas ideias são defendidas até hoje por inúmeros jovens que sentidos órfãos de um passado veem na fraternidade a chama da verdadeira igreja. Existem também muitos escritos deixados pelo seu fundador que são a base teológica dos adeptos a tradição.