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2.4 RECOMPRA DE AÇÕES

2.4.3 Legislação brasileira

A Lei nº 6.385, de 7 de dezembro de 1976 – que regulamenta o mercado de valores mobiliários e cria a CVM, e a Lei no 6.404, de 15 de dezembro de 1976 – Lei das Sociedades Anônimas – são a base legal para a aquisição, pela companhia, de ações de sua própria emissão, permitindo, inclusive, entre outras operações, a aquisição para cancelamento ou manutenção em tesouraria, bem como a posterior alienação desses títulos.

A partir de então, diversas instruções foram baixadas para implementar melhorias na regulação do mecanismo de recompra de ações, sendo a primeira a Instrução CVM nº 10, de 14 de fevereiro de 1980, determinando as penalidades sujeitas aos negócios que infrinjam as normas diretamente ligadas às operações de aquisição das próprias ações.

A quantidade máxima, em termos percentuais, de ações que podem ser recompradas do mercado variou conforme os avanços da legislação, sendo fixado primeiramente em 5% de cada classe de ação em circulação pela Instrução CVM nº 10, respeitando-se a quantidade de

ações que podem ser mantidas em tesouraria, cujo limite não pode ser ultrapassado por meio de autorizações consecutivas de recompra de ações. A Instrução CVM nº 100, de 13 de junho de 1989, elevou esse limite para 10%, e ele foi novamente reduzido logo em seguida novamente a 5%, pela Instrução CVM nº 111, de janeiro de 1990. A Instrução CVM nº 268, de 13 de novembro de 1997, aumentou outra vez o limite para 10%.

A instrução CVM nº 229, de 16 de janeiro de 1995, dispôs sobre o cancelamento de registro de companhia aberta, incluindo todas as etapas necessárias neste processo, enquanto que a Instrução CVM nº 299, de 9 de fevereiro de 1999, regulamentou a alienação de controle acionário, negociação com as próprias ações e ofertas públicas para a aquisição de ações, dificultando o fechamento branco de capital; entretanto, partindo de pressupostos de que os acionistas minoritários determinariam tal condição por meio da aceitação ou não de negociação de suas ações, com base nas informações disponíveis.

Mudanças significativas no âmbito da regulação quanto às OPAs foram introduzidas pela Instrução CVM nº 361/2002, que regulamenta as diversas modalidades de Oferta Pública de Aquisição de Ações ("OPA") e revoga as Instruções CVM nos 229/95, 299/99 e 345/00, que, até então, regulamentavam o assunto. A edição da Instrução CVM nº 361/02 teve como principal objetivo a regulamentação de dispositivos introduzidos pela reforma da Lei nº 6.404/76, implementada pela edição da Lei nº 10.303/01, a nova Lei das S/As.

A nova regulamentação promove o aperfeiçoamento dos mecanismos de ofertas públicas, dispondo sobre o procedimento aplicável às OPAs de companhia aberta, que inclui as modalidades:

 cancelamento de registro – obrigatória, realizada como condição do cancelamento do registro de companhia aberta, tendo por objeto todas as ações de emissão da companhia. Como condição ao efetivo cancelamento do registro de companhia aberta, os acionistas titulares de mais de 2/3 das ações em circulação deverão aceitar a OPA ou concordar expressamente com o cancelamento do registro, permanecendo na companhia, sendo que o silêncio dos acionistas será entendido como discordância em relação ao cancelamento do registro;

 aumento de participação – obrigatória, realizada em consequência de aumento da participação do acionista controlador no capital social de companhia aberta. Para as companhias abertas já existentes na data de entrada em vigor da Instrução CVM nº 361/02, o limite de 1/3 será calculado considerando-se as ações em circulação na data de entrada em vigor da Instrução CVM nº 345/00, em 5 de setembro de 2000, de modo que as ações adquiridas pelo ofertante, por meio de oferta pública, desde aquela data, sejam deduzidas do saldo a adquirir;

 alienação de controle – obrigatória, realizada como condição de alienação de controle de companhia aberta. Deve ser formulada pelo adquirente do controle sempre que houver alienação, direta ou indireta, do controle da companhia aberta, e deve ter por objeto todas as ações de emissão da companhia às quais seja atribuído o pleno e permanente direito de voto, por disposição legal ou estatutária;

 voluntária – visa à aquisição de ações de emissão de companhia aberta, excetuando-se as obrigatórias, sempre que envolvam permuta por valores mobiliários;

 aquisição de controle de companhia aberta; e

 concorrente – formulada por um terceiro que não o ofertante, ou pessoa a ele vinculada, e que tenha por objeto ações abrangidas por OPA já apresentadas para registro perante a CVM, ou por OPA não sujeitas a registro que esteja em curso. Quando concorrerem com OPA, sujeitas a registro na CVM.

A regulamentação já determinava que a OPA deveria ser intermediada por sociedade corretora ou distribuidora de títulos e valores mobiliários ou instituição financeira com carteira de investimento. A Instrução CVM nº 361/02 acrescenta que a instituição intermediária não poderá negociar com as ações emitidas pela companhia objeto da OPA durante o respectivo período da oferta.

A OPA era realizada pelo valor de mercado da ação, calculado pelo valor médio de cotação em bolsa de valores nos doze meses anteriores à oferta. As novas regras estabelecem que sempre que a OPA for formulada pela própria companhia, pelo acionista controlador ou por pessoa a ele vinculada, deverá ser instruída com laudo de avaliação da companhia, elaborado pela instituição intermediária ou por empresa especializada.

Um dos avanços se refere às barreiras ao fechamento branco de capital, introduzindo o conceito de preço justo, um elemento novo e subjetivo, a ser determinado conforme laudo de avaliação, considerando critérios relativos ao valor de mercado, valor patrimonial, valor econômico e valor da companhia segundo o critério de avaliação adotado pelo ofertante para a definição do preço justo. O acionista minoritário passa a ter como base uma avaliação econômico-financeira da companhia preparada pelo avaliador, responsável pela determinação do preço justo e, consequentemente, do preço mínimo das OPAs.

Antes irrevogável, o lançamento de uma OPA no mercado passa a ser passível de modificação ou revogação, caso ocorra alguma alteração substancial, posterior e imprevisível, nas circunstâncias de fato existentes quando do seu lançamento.

As OPAs passam a ser realizadas por meio de leilão em bolsa de valores ou em mercado de balcão organizado, no prazo mínimo de 30 e máximo de 45 dias, contados da data de publicação do edital da OPA.

Os instrumentos da OPA, formulados pelo acionista controlador, pessoa a ele vinculada ou pela própria companhia, deverão prever que, caso estes venham a adquirir mais de 2/3 das ações de uma mesma classe em circulação, ficarão obrigados a adquirir as ações em circulação remanescentes, durante o prazo de três meses, contados da data da realização do leilão, pelo preço final do leilão atualizado até a data do efetivo pagamento. O prazo para a compra das ações remanescentes é de dois anos.

2.4.3.1 Opções

As negociações com opções de venda e de compra, referenciadas em ações de sua emissão, para fins de cancelamento, permanência em tesouraria ou alienação, é introduzida pela Instrução nº 390, de 8 de julho de 2003. Esta operação pode ser realizada desde que o estatuto social da companhia atribua ao Conselho de Administração poderes para autorizar a negociação com suas próprias ações, ou, na falta de previsão estatutária, se houver deliberação específica da Assembleia Geral de acionistas.

Nesta operação, o total das ações em tesouraria não poderá ser superior a 10% de cada espécie ou classe de ações em circulação, incluindo aquelas que a companhia poderá vir a adquirir, de forma direta ou indireta, mediante o exercício de opções de compra ou de venda. As negociações devem ser realizadas nos mercados onde são negociadas as ações da companhia.

2.5 ASSIMETRIA INFORMACIONAL, SINALIZAÇÃO DE MERCADO E CUSTOS DE

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