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PERSPECTIVAS HISTÓRICAS

2.4 Legislação Constitucional Federal

Desde a Constituição Federal de 1934, em seu artigo 138, as PNEs recebiam, ainda que timidamente, alguma atenção, onde se previa a criação de serviços especializados para oferecer “amparo aos desvalidos”, atenção esta que não foi aprimorada na Constituição de 1937.

Foi na Constituição de 1946, em seu artigo 157, inciso XVI, que foi instituído o direito à previdência ao “trabalhador inválido”, mantido pela Constituição de 1967, que alterada pela emenda 1/69, determinou que lei especial dispusesse sobre a educação dos excepcionais. Porém, emenda mais significativa ocorreu em 1978, quando a emenda n° 12 garantiu melhoria nas condições sociais e econômicas das PNEs. (NIESS, 2003).

Embora todas as Constituições apresentadas representem avanço quanto à garantia dos direitos das PNEs, foi na Constituição Federal Brasileira promulgada em 1988 que estes direitos receberam maior atenção, sendo marcada pelos princípios da igualdade entre todas as pessoas, independente de possuir algum tipo de deficiência, como dispõe seu o 5° caput:

Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País, a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade. (BRASIL, 1998)

É também neste sentido o seu artigo 7º, inciso XXXI, onde se proíbe qualquer ato discriminatório, seja quanto a salários, ou a critérios para admissão de trabalhador com necessidades especiais, assegurando-se a igualdade de oportunidades e, conseqüentemente impedindo a concessão de privilégios a alguns em detrimento de

44 outros.

O princípio de igualdade, base de nossa Constituição Federal não apenas impede que seja conferido tratamento desigual aos iguais, como também impõe tratamento diferenciado entre os desiguais, visando a redução das desigualdades estabelecidas.

Este caráter de proteção garantido pelo legislador constituinte baseia-se no fundamento de que a nação deve promover a dignidade da pessoa humana e garantir o exercício da cidadania, evitando-se que haja desigualdade social, preconceito ou discriminação, concedendo a todos, sem a exclusão das PNEs, os direitos sociais à educação, à saúde, ao trabalho, ao lazer, à segurança e à previdência social.

A proteção e garantia dos direitos das PNEs deve ser garantido não apenas pela União, mas também pelos Estados, Distrito Federal e municípios, assegurando, por exemplo:

• a reserva de percentual dos cargos e empregos públicos para as PNEs, • a aposentadoria por invalidez permanente, a assistência social aos

necessitados, com a garantia de um salário mínimo às PNEs que não puderem prover seu próprio sustento;

• atendimento educacional especializado às PNEs;

• a adaptação dos logradouros, edifícios e transportes públicos às condições de utilização pelas PNEs;

• a criação de programas de prevenção e atendimento especializado para as PNEs;

• a facilitação o acesso aos bens e serviços coletivos, com a eliminação de preconceitos e obstáculos arquitetônicos.

Como restou demonstrado, a legislação constitucional brasileira é bastante abrangente quanto aos direitos das PNEs, sendo este um dos motivos que qualifica o Brasil como um dos países mais avançados quanto a legislação que garante tais direitos.

Porém, para complementar o disposto na Constituição Federal, também a legislação infraconstitucional dispõe sobre o assunto.

45 2.5 Legislação Infraconstitucional Federal

Como já mencionado, a legislação brasileira é muito ampla quanto aos direitos das PNE, motivo pelo qual a presente pesquisa se baseará em normas infraconstitucionais disponibilizadas no site da OAB/SP, estas são consideradas as mais significativas para a garantia dos direitos das PNEs, segundo sua “Comissão dos Direitos das Pessoas com Deficiência” (ORDEM, 2007).

Entre estas normas infraconstitucionais constantes no site mencionado serão apresentadas apenas alguns exemplos, tendo em vista a inviabilidade de descrevê-las na íntegra. Assim, merecem destaque as seguintes normas:

LEI Nº 4.737, de 15 de julho de 1965: Dispõe sobre a facilitação do voto do portador de deficiência visual, e o dever dos juízes eleitorais indicarem aos deficientes físicos os locais de mais fácil acesso para a votação.

LEI 7.405, de 12 de novembro de 1985: Dispõe "É obrigatória a colocação, de forma visível, do Símbolo Internacional de Acesso, em todos os locais que possibilitem acesso, circulação e utilização por pessoas portadoras de deficiência, e em todos os serviços que forem postos à disposição ou que possibilitem o seu uso".

LEI Nº 8.899 de 29 de junho de 1994: Concede passe livre às pessoas portadoras de deficiência, comprovadamente carentes, no sistema de transporte coletivo interestadual.

LEI n° 10.048, de 8 de novembro de 2000: Dá prioridade de atendimento às pessoas que especifica, entre elas as PNEs.

LEI n° 10.098, de 19 de dezembro de 2000: Dispõe sobre a garantia de acessibilidade às PNEs com mobilidade reduzida.

Também compondo as normas infraconstitucionais federais, devem ser mencionadas as normas dirigidas aos direitos trabalhistas das PNEs, com a finalidade de demonstrar-se que também neste aspecto a legislação brasileira é bastante ampla.

A Constituição Federal de 1988, por meio das leis 7.853/89 e 8.213/91, trouxe normas protetoras, garantias de integração e reserva de mercado de trabalho para as PNEs em organizações de administração pública e do setor privado. Porém estas

46 normas, apesar de muito importantes, não são as únicas destinadas ao assunto, como exemplo podemos citar:

LEI Nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990: Assegura às PNEs o direito de se inscrever em concurso público para provimento de cargo cujas atribuições sejam compatíveis com a deficiência de que são portadoras, sendo reservadas até 20% (vinte por cento) das vagas oferecidas no concurso.

DECRETO Nº 129, de 22 de maio de 1991: Promulga a Convenção nº 159, da Organização Internacional do Trabalho - OIT, sobre Reabilitação Profissional e Emprego de Pessoas Deficientes.

PORTARIA Nº 4.677 de 29 de julho de 1998: Determina que as empresas com cem ou mais empregados será obrigada a preencher de dois a cinco por cento dos seus cargos com beneficiários reabilitados ou PNEs, na seguinte proporção: I - até 200 empregados -.2%; II - de 201 a 500 empregados.- 3% ; III - de 501 a 1000 empregados - 4% ; IV - mais de 1000 empregados - 5%; § 1º Consideram-se beneficiários reabilitados todos os segurados e dependentes vinculados ao Regime da Previdência Social - RGPS, submetidos a processo de reabilitação profissional desenvolvido ou homologado pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS.

§ 2º consideram-se pessoas portadoras de deficiência, habilitadas, aquelas não vinculadas ao RGPS, que tenham submetido a processo de habilitação profissional desenvolvido pelo INSS ou por entidade reconhecida legalmente para este fim.