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O acto de projectar e a respectiva prescrição dos materiais é, actualmente, indissociável da legislação que lhe corresponde. Nesse sentido, interessa apresentar as exigências da legislação aplicadas ao tema. De um modo geral todos os tipos de vidro são abrangidos por legislação, que está dividida em quatro grandes temas, desde a regulamentação térmica, de incêndio, de segurança e, consequentemente, a marcação CE.

Na análise da legislação relativa à colocação de vidros em fachadas, é possível concluir que, em Portugal, a regulamentação existente responde essencialmente às necessidades de isolamento térmico e acústico, assim como, de protecção contra incêndio dos edifícios. Contudo, a nível internacional existe vários regulamentos, que controlam desde a qualidade da produção aos tratamentos do vidro e, posterior fixação e aplicação (lista

de normas – Anexo C). Pelo que, são as Normas Europeias (EN) que regem a actividade vidreira, porém gra- dualmente, as normas aplicáveis à tecnologia do vidro plano têm sido adaptadas à legislação nacional - Nor- mas Portuguesas (NP).

O vidro para construção deve cumprir a legislação em vigor, permitindo que as obras cumpram as exigências essenciais especificadas na Directiva dos Produtos da Construção (DPC), actualmente transposta para a ordem jurídica portuguesa pelo Decreto-Lei nº 4/2007, de 8 de Janeiro. A DPC estabelece que, para serem colocados no mercado, os produtos de construção destinados a ser permanentemente incorporados numa obra, incluindo as obras de construção civil e de engenharia civil, devem estar aptos ao uso a que se desti- nam. Segundo a directiva, os vidros são sujeitos às seguintes exigências:

• Resistência mecânica;

• Segurança em caso de incêndio, pois em casos específicos os vidros devem apresentar características de resistência ao fogo;

• Higiene, saúde e protecção do ambiente, no sentido em que, não devem emitir substâncias nefastas para o ambiente e devem garantir a salubridade dos espaços;

• Segurança na utilização, considerando que, o vidro deve estar em perfeitas condições e resistir às acções do vento e á rotura por choque térmico, sem apresentar risco para a segurança das pessoas; • Protecção contra o ruído, de forma a satisfazer as exigências de isolamento sonoro das construções; • Isolamento térmico e economia de energia, quando necessário, o vidro deve permitir minimizar as per-

das térmicas no Inverno, os ganhos de calor no Verão e assegurar a admissão da luz natural;

Estas exigências devem ser satisfeitas durante um prazo economicamente razoável, pelo que, temos uma exigência adicional de durabilidade [45].

A regulamentação térmica é regida pela Directiva Europeia 2002/91/CE do Conselho de 16 de Dezembro de 2002, transposta para a ordem jurídica portuguesa pelos Decretos-Lei n.º 80 e 79, de 4 de Abril de 2006, que vieram actualizar os regulamentos: RCCTE e RSECE. A revisão do RCCTE (orientado para sector da habi- tação) e do RSECE (orientado para sector dos edifícios de serviços) veio introduzir maiores níveis de exigência no desempenho energético nas obras de construção civil e em consequência na selecção dos vidros a aplicar. E são igualmente adoptadas as convergências entre a Directiva e as Normas Europeias, como por exemplo a

EN ISO 1379016.

Entres as diferentes medidas para garantir a segurança das pessoas em caso de incêndio, é necessário garantir a escolha correcta dos materiais a utilizar na construção, considerando o seu comportamento na

presença de fogo. O vidro é classificado segundo a norma EN 35717, sendo que, é um material incombustível

e, quanto à sua resistência ao fogo, normalmente, apresenta a categoria de pára-chamas (PC18) e, nalguns

casos a de corta-fogo (CF19).

Concluindo, são as normas europeias que garantem a respectiva Marcação CE que, entre outros aspectos, assegura a conformidade dimensional e as características de desempenho mecânico. Sendo que, a aplicação do vidro em caixilhos ou fachadas deve ser avaliada como um conjunto, de forma a comprovar a adequação do sistema de fixação do vidro. E nos sistemas de fachada inovadores para assegurar o cumprimento dos requisitos de desempenho e durabilidade, de acordo com a legislação em vigor, deve ser realizada uma ava- liação da viabilidade técnica de utilização do sistema.

17EN 357:2004 (Ed. 2) - Glass in building. Fire resistant glazed elements with transparent or translucent glass products. Classification of fire resistance( Vidro na

construção. Elementos de vidro resistentes ao fogo com produtos de vidro transparente ou translúcido. Classificação da resistência ao fogo).

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A

PLICAÇÃOFACHADAS DE VIDRO

Em termos históricos a necessidade de protecção, de abrigo, contra um mundo exterior adverso e condições meteorológi- cas extremas representa a razão principal para qualquer acti- vidade de construção, para a criação de uma barreira efectiva contra o ambiente externo. Adicionados às funções primárias de protecção estão, actualmente, outros requisitos necessá- rios para satisfazer as exigências de conforto dos ocupantes, sendo que, com a evolução da tecnologia humana, as exigên- cias colocadas sobre a envolvente do edifício aumentaram (Fig. 44). Concluindo, a qualidade da evolvente tem uma influência crucial sobre a eficiência energética do edifício.

Como limite entre interior e exterior pertence a ambos, ao edi- fício e ao espaço urbano, a envolvente do edifício assume um significado especial. Para o mundo exterior a fachada é o car- tão de chamada do edifício. Neste contexto, a fachada faz uma impressão sobre a paisagem urbana. Os edifícios apre- sentados no estado do conhecimento são um excelente exemplo do protagonismo de um edifício com uma fachada de vidro.

O crescente interesse e respectiva utilização do vidro como único elemento da envolvente deve-se, num primeiro momen- to, às notáveis características estéticas e ao respectivo impac- to sobre o espectador. Uma das características mais valoriza- da é a sua transparência. Contudo, esta “abertura” do espaço ao exterior faz com que as fachadas envidraçadas tenham exigências energéticas próprias.

Fig. 44: Requisitos e tarefas da envolvente dos edifícios (adaptado de [52]).

A evolução das fachadas de vidro teve como objectivo, não só o desenvolvimento e a qualidade do vidro, como também, a evolução dos sistemas de fixação, com o intuito de reduzir ao máximo a presença da caixi- lharia na fachada, de forma a aumentar a transparência dos edifícios. Actualmente, os sistemas de fixação leves e finos, por um lado, e as novas tecnologias na produção do vidro, por outro lado, tem permitido aos arquitectos explorar um novo espectro de possibilidades entre a transparência, translucidez e opacidade do vidro, ao mesmo tempo que melhores propriedades térmicas e ópticas são alcançadas.

Este capítulo pretende focar, em termos gerais, quais os diferentes tipos de fixações disponíveis no mercado, contudo, interessa conhecer inicialmente a evolução das fachadas de vidro.