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Legislação, Fiscalização e Certificação na Produção de Frutas e Hortaliças

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CAPÍTULO IV COMÉRCIO VAREJISTA DE FRUTAS E HORTALIÇAS EM

2.2 Legislação, Fiscalização e Certificação na Produção de Frutas e Hortaliças

É obrigatória a implantação de um sistema de garantia de qualidade por unidades produtoras e processadoras de frutas e hortaliças. Não é difícil que existam diferentes tipos de perigos48 nas diversas etapas, podendo variar de um sistema para outro, com tecnologias diferentes (MATTOS et al., 2009).

A implementação de ferramentas da qualidade, como as Boas Práticas Agrícolas (BPA), Boas Práticas de Fabricação (BPF), Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC), Procedimentos Padrão de Higiene Operacional (PPHO), é primordial para prevenção da contaminação microbiana durante todo o processo. A finalidade das ferramentas é garantir a qualidade sanitária e a conformidade dos produtos alimentícios com os regulamentos técnicos. Sendo ferramentas reconhecidas, como Programas de Pré-requisitos (PPR), para a segurança do alimento, são atividades que controlam as operações durante as etapas da produção de alimentos, favorecendo a criação de condições ambientais favoráveis para a produção de um alimento seguro (MATTOS et al., 2009; PUPIN; TOGNON, 2007; SILVA JUNIOR, 2007).

Para evitar ou reduzir os riscos de doenças de origem alimentar, medidas preventivas e de controle, incluindo as boas práticas de higiene, devem ser adotadas na cadeia produtiva, nos serviços de alimentação, nas unidades de comercialização de alimentos e nos domicílios, visando a melhoria das condições sanitárias dos alimentos (PORTOCARRERO; KOSOSKI, 2007).

Os pontos críticos de controle principais, a serem observados por produtores e técnicos na implantação das Boas Práticas Agrícolas são: aspectos higiênico-sanitários do local de produção, insumos usados, escolha do material propagativo, qualidade da água e de adubos orgânicos, algumas características do solo, para que se evite contaminação por micro- organismos ou produtos químicos, adequação no uso de agroquímicos, saúde e higiene dos trabalhadores, instalações sanitárias apropriadas, equipamentos de cultivo e colheita, manuseio, armazenamento, transporte e tratamento pós-colheita (MORETTI, 2003).

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e o Ministério do Meio Ambiente (MMA), intermediado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), são os órgãos competentes para o registro de agrotóxicos, de acordo com o Decreto nº 4.074 de janeiro de 2002, que regulamentou a lei nº 7.802/89, a qual determina que os agrotóxicos só

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Risco é a probabilidade da ocorrência de perigo (SILVA JUNIOR, 2007).

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Perigo é definido como contaminação de origem, química, física ou biológica em condição potencial podendo causar danos à saúde humana (SILVA JUNIOR, 2007).

podem ser adotados, no país, se forem registrados em um desses três órgãos federais competentes (BRASIL, 2009).

Sendo assim, o Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos, da Anvisa, tem por objetivo monitorar continuamente os níveis desses resíduos, como medida profilática para redução da exposição do consumidor aos agrotóxicos, estabelecendo seus níveis de Limite Máximo de Resíduos49 (LMR) e o intervalo de segurança50, de cada ingrediente ativo de agrotóxico, para cada cultura agrícola. A Anvisa junto ao Mapa, é responsável pela avaliação toxicológica de agrotóxicos e substâncias contaminantes, em produtos de origem vegetal, estando, cada qual, exercendo o monitoramento em suas áreas de competência (BRASIL, 2009).

Com o apoio do Mapa, o Profruta incentiva o sistema de Produção Integrada de Frutas (PIF), instituída pela Instrução Normativa Mapa/SDC nº 20 de 2001. O PIF possui adesão voluntária de produtores e objetiva a produção segura de frutas, com alto nível de qualidade (INMETRO, 2008; PORTOCARRERO; KOSOSKI, 2007).

O mercado internacional, devido ao aumento das exigências por parte dos consumidores cada vez mais preocupados com a saúde, tem sinalizado grandes mudanças nos sistemas de produção de frutas, cobrando dos produtores a adoção de procedimentos que aumentem a qualidade, com uma produção certificada, rastreada, acreditada e com respeito ao homem e ao ambiente (MORETTI, 2003).

Os países europeus exigem dos exportadores brasileiros certificações agrícolas, para atestar o funcionamento das diretrizes técnicas da produção integrada. Dentre os selos de certificação atestados no Brasil, o Eurep-GAP - Euro-Tetailer Producer, é um selo privado criado por um grupo de produtores varejistas europeus, que desde 1997 trabalham na elaboração do Eurep-GAP51 - Protocolo para Frutas Frescas e Vegetais, que estabelece diretrizes para boas práticas agrícolas (Good Agricultural Practices - GAP), com o objetivo de garantir a segurança dos produtos in natura, oferecidos ao consumidor (GOMES et al., 2008).

O produtor brasileiro deve produzir vegetais saudáveis, que não sejam fontes de contaminação alimentar, para não oferecer riscos à saúde do consumidor (PUPIN; TOGNON, 2007).

É importante ressaltar que a higiene e o manuseio dos produtos embalados no campo devem ocorrer de forma adequada, ou seja, com controle higiênico-sanitário. A higienização em todas as etapas é imprescindível, tendo em vista que, se forem com falhas, anula todos os cuidados das etapas anteriores ao processo (PUPIN; TOGNON, 2007).

Segundo Moretti (2007), a competitividade nas diversas cadeias agroindustriais, tanto no mercado interno quanto no externo, tem compelido produtores e empresários rurais a buscarem produtos com maior qualidade e de maior valor agregado, sem deixar de lado as questões de segurança e a rastreabilidade. A adoção de novas tecnologias de rastreabilidade, como, por exemplo, a identificação por rádio frequência, proporciona, aos consumidores,

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Limite Máximo de Resíduos: quantidade máxima de agrotóxico legalmente aceita no alimento, em decorrência da aplicação adequada numa fase específica, desde sua produção até o consumo. É expressa em miligramas de resíduos por quilograma de alimento (mg/kg) (BRASIL, 2006).

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Intervalo de segurança ou período de carência - intervalo de tempo entre a última aplicação do agrotóxico e a colheita ou comercialização. Para os casos de tratamento de pós-colheita será o intervalo de tempo entre a última aplicação e a comercialização (IWAMI et al., 2010).

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A Certificação Eurep-GAP define elementos essenciais para o desenvolvimento de boas práticas para a produção global de produtos hortifrutícolas, como o APPCC, práticas de conservação ambiental e o bem-estar das pessoas que estão envolvidas na produção de alimentos. Essas diretrizes definem o padrão mínimo aceitável para orientar grupos de produtores europeus, que podem, contudo, também exceder o exigido pelo protocolo (PESSOA et al., 2002). O Eurep-GAP é o selo mais comum na Europa, aceito em aproximadamente 30 redes varejistas que representam 34% do mercado europeu. No Brasil, já há mais de 100 empresas que possuem este selo, entre estas, a maioria exporta melão, mamão, manga e uva (CAVICCHIOLI et al., 2005).

segurança, rapidez e confiabilidade para produtores, atacadistas e varejistas em várias partes do mundo.

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