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2.2 SISTEMAS DE APROVEITAMENTO DE ÁGUA DA CHUVA

2.2.5 Legislação e normatização

A Prefeitura Municipal de Curitiba (PMC), apresenta a sua regulamentação através do Programa de Conservação e Uso Racional da Água nas Edificações (PURAE) que faz exigências de acordo com os usos das edificações, como pode ser visto no Quadro 4.

Usos das edificações Exigências*

1 2 3 4

Habitação unifamiliar x x

Habitação de uso institucional (albergue, alojamento estudantil, asilo, convento, seminário,

internato e orfanato) x x

Habitação transitória (apart-hotel, hotel, pensão e motel) x x

Edificação de uso comunitário (ensino, assistência social, saúde, biblioteca, lazer, cultura e

culto religioso) x x

Habitação coletiva (mais de duas unidades autônomas agrupadas verticalmente), cuja área total

construída por unidade seja menor do que 250 m2 x x

Habitação coletiva (mais de duas unidades autônomas agrupadas verticalmente), cuja área total

construída por unidade seja igual ou superior a 250 m2 x x x

Conjunto habitacional (mais de vinte unidades e/ou mais de dois edifícios no mesmo terreno),

para área total construída por unidade de apartamento menor que 250 m2 x x Conjunto habitacional (mais de vinte residências e/ou mais de dois edifícios no mesmo

terreno), para residências isoladas e para área total construída por unidade de apartamento

igual ou superior a 250 m2

x x x

Habitação unifamilar em série (entre três e vinte unidades isoladas, agrupadas

horizontalmente) x x x

Casas populares em série (entre três e vinte unidades isoladas, agrupadas horizontalmente, cuja área total dividida pelo número de leitos seja menor que 10, conforme indicação no Decreto 212/2007)

x x x

Posto de abastecimento x x

Comércio e serviço com área menor do que 5000 m2 x x

Comércio e serviço com área maior do que 5000 m2 x x x

Edifício de escritórios, Sede administrativa, Serviço público, Estacionamento comercial, Centro comercial, Shopping Center, Super e Hipermercado, Lava rápido, Clínica e Ambulatório com área menor do que 5000 m2

x x

Edifício de escritórios, Sede administrativa, Serviço público, Estacionamento comercial, Centro comercial, Shopping Center, Super e Hipermercado, Lava rápido, Clínica e Ambulatório com área maior do que 5000 m2

x x x

Indústria com área menor do que 5000 m2 x x

Indústria com área maior do que 5000 m2 x x x

*1 = captação e aproveitamento da água de chuva das coberturas; 2 = bacia sanitária de volume reduzido de descarga e torneiras dotadas de arejadores; 3 = hidrômetros para medição individualizada do consumo e 4 = sistema de coleta e tratamento das águas servidas.

Quadro 4: Exigências legais do PURAE par a as ti pologias de e di ficaç ões. Fonte: Decreto Municipal Nº 212/2007 de Curiti ba-PR apud B EZ ERRA, 2012.

Esse programa estabelece medidas para induzir a conservação, o uso racional de água e a utilização de fontes alternativas de captação de água para todas as edificações novas. O funcionamento do PURAE se dá desde a solicitação do alvará de construção, quando o responsável técnico pela obra e o proprietário assinam o Termo de Responsab ilidade declarando que estão cientes das exigências do Decreto Municipal No 293/06.

Dentre outros tópicos esclarecidos, o decreto apresenta dois métodos para o volume do reservatório de armazenamento de água pluvial: um método aplicado a edificações residenciais e outro a edificações comerciais, sendo que em todos os casos fica estipulado volume mínimo de 500L (BEZERRA, et al, 2010).

A normatização nacional do aproveitamento de água de chuva, foi criada em 2007, pela associação brasileira de normas técnica s a ABNT NBR 15527 e intitulada como “Água de chuva – aproveitamento de coberturas em áreas urbanas para fins não potáveis”. Esta norma trata das instalações prediais, da qualidade da água para usos não potáveis, bombeamento e manutenção do sistema (NBR 15527/2007). Além disso, apresenta seis métodos para o dimensionamento do volume do reservatório, sendo que fica a critério do projetista o método a ser utilizado ou mesmo algum outro procedimento de cálculo, desde que sejam atendidos os critérios técnicos, econômicos e ambientais (BEZERRA, et al, 2010).

Tanto os métodos da norma NBR 15527/2007 quanto os do Decreto Municipal 293/06 de Curitiba, PR, apresentam resultados discrepantes para o dimensionamento do reservatório de água de chuva. Em particular o Decreto Municipal não considera nenhum parâmetro sobre demanda de água de chuva, nem sobre precipitação pluviométrica e área de captação, que são parâmetros fundamentais para o cálculo do volume do reservatório, segundo Bezerra et. al. (2010). A publicação “Conservação e reuso da água em edificações” da ANA também apresenta uma metodologia para a implementação de sistemas de coleta, tratamento e uso de água pluvial que envolve as etapas: determinação da precipitação média local, determinação da área de coleta e identificação dos usos da água (SAUTCHUK et al., 2005). Ou seja, o Decreto municipal de Curitiba merece mais investigações a respeito das fórmulas para o cálculo do volume do reservatório e provavelmente uma revisão.

Bezerra, 2012 apresenta algumas sugestões para melhoramento do PURAE em Curitiba, a saber:

 Definir indicadores de monitoramento da qualidade da água de chuva e reuso;

 Definir a responsabilidade de garantia do uso seguro destas águas;

 Reforçar a importância de evitar a conexão cruzada;

 Rever a fórmula de dimensionamento do reservatório de água de chuva;

 Excluir a obrigatoriedade e oferecer incentivo aos participantes, etc.

Uma das dificuldades encontradas sobre a qualidade da água da chuva está em definir quem tem essa responsabilidade. Medeiros (2014) sugere que o sistema deveria começar a ser definido como “sistema descentralizado de abastecimento de água” a fim de tentar passar a responsabilidade do sistema para o Estado. Dessa maneira seria interessante acrescentar notas na legislação do munic ípio de Curitiba sobre a responsabilidade pelo uso seguro da água da chuva, firmando alguns critérios a serem exigidos na vistoria das edificações, como: sinalização das tubulações de água da chuva e sinalização de torneiras de uso restrito.

Visto que há grande disparidade nos resultados obtidos para o dimensionamento do reservatório de água de chuva pelos métodos apresentados na norma brasileira, seria interessante que o Decreto Municipal propusesse uma fórmula de dimensionamento que apresentasse uma maior confiança no sistema, levando em consideração demanda de água, área de coleta e pluviometria local, diminuindo assim, possíveis incertezas por parte dos projetistas.

Além disso, incentivos fiscais e educação ambiental podem ser mais vantajosos do que a obrigatoriedade. Quando se consegue obter uma sociedade com mais consciência ambiental, há menos desperdício e mais pretensão de se fazer uso de técnicas que auxiliem na busca pelo desenvolvimento sustentável das cidades.

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