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4 PARADIGMA DA FITOTERAPIA

4.3 Legislação

De acordo com a ANVISA, fitoterápico é o medicamento obtido só e exclusivamente a base de plantas medicinais. Apesar de ter legislação reguladora diferente entre países, há a concordância universal em três pontos:

i. Eficácia comprovada; ii. Qualidade;

iii. Segurança.

A segurança é definida pela comprovação toxicológica pré-clínica e clínica e pela farmacologia pré-clínica e clínica, sendo necessário que estes ensaios atendam as exigências do Conselho Nacional de Saúde. Sendo aprovado ele é publicado na lista de Registro Simplificado de Fitoterápicos disponível no site da ANVISA.

A posição de importância tomada pelos fitoterápicos no cenário mundial levou muitos países a regulamentaram o uso dos mesmos. Neste ponto há duas posturas assumidas: em alguns países, como os Estados Unidos, os fitoterápicos não são regulados especificamente e estão dentro da lei de forma abrangente como suplementos alimentares sem nenhuma garantia

terapêutica definida; outra postura é a adotada no Brasil e outros países, com política regulatória própria, no qual o uso do fitomedicamento tem tradição e é aceito na comunidade médica como uma alternativa de tratamento e com suas características terapêuticas definidas.

Dado o impacto e a ampliação do mercado consumidor, a OMS tem apoiado há mais de 45 anos os estudos de plantas medicinais. Os esforços tem abrangido diversas áreas de conhecimentos, tentando criar harmonização nas regulações dos países ao estabelecer padrões de qualidade, segurança e eficácia.

Em 1987, na 40ª Assembleia Mundial da Saúde, a OMS incentivou a criação de programas que identificam, avaliam e organizam o cultivo e a preparação de plantas medicinais usadas na medicina tradicional, bem como o controle de qualidade de derivados de drogas vegetais, utilizando técnicas modernas e adequadas22. Em 1994, lançou o Guia para a Elaboração de Políticas Nacionais de Plantas Medicinais e finalmente em 1998 regulamentou os fitoterápicos no mundo.

Na Argentina há formulação de normas para o uso, registro e comercialização de plantas medicinais e fitoterápicos desde 1999. A princípio foi estabelecida uma lista com 22 plantas isentas de controle toxicológico devido as suas utilizações pela população desde sua origem. Na União Europeia, o regulamento segue as Diretivas 2001/83/CE que controla os critérios para uso das drogas vegetais e dispensa o controle para as tradicionalmente utilizadas.

Em 1982, foi criado no Brasil Programa de Pesquisa de Plantas Medicinais da Central de Medicamentos. Este programa visa contribuir para o desenvolvimento de ações terapêuticas alternativas com comprovação científica, farmacológica e toxicológica. Com a Resolução nº8 de 1988, houve a regulamentação da fitoterapia nos serviços de saúde, estabelecendo procedimentos e rotinas para a sua prática nas unidades de saúde.

Com a 10ª Conferência Nacional de Saúde em 1996, o Sistema Único de Saúde –SUS passou a incorporar a fitoterapia como prática, devendo o Ministério da Saúde incentivar o uso de medicamentos fitoterápicos. A Portaria nº 3.916 de 1998 aprovou a Política Nacional de Medicamentos, a qual incentivava e ampliava as pesquisas na flora e fauna brasileiras com o intuito de obter melhores resultados na produção de medicamentos fitoterápicos. Em 2003, o Relatório da 12ª Conferência Nacional de Saúde, já apontava a necessidade de investir na produção de medicamentos a partir da flora brasileira. Neste mesmo ano o Relatório do Seminário Nacional de Plantas Medicinais, Fitoterápicos e Assistência Farmacêutica,

22 Toda a legislação aqui utilizada foi divulgada pela ANVISA e está disponível no site da Associação Brasileira

promovido pelo Ministério da Saúde, confirmou a necessidade e a oportunidade de incluir a fitoterapia no SUS.

Com a Resolução nº 338 em 2004, o Conselho Nacional de Saúde aprovou a implementação da Política Nacional de Assistência Farmacêutica, que possuía como uma das estratégias a incorporação de plantas medicinais e fitoterápicos no atendimento a saúde pelo SUS, por meio de pactos intersetoriais. No mesmo ano a fitoterapia foi inclusa como área de interesse pela Política Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde.

Em 2006, foi aprovado a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, pelo Decreto nº 5.813, com o objetivo de desenvolver a cadeia produtiva de plantas e fitoterápicos obedecendo aos critérios de segurança, eficácia e qualidade. Em 2008, as Políticas passaram a fazer parte de um programa, o Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, instituído pela Portaria Interministerial nº 2.960, definindo ações, prazos e recursos para o desenvolvimento das estratégias definidas pelas políticas nacionais nos dois anos anteriores.

Em 2010, foi instituída a Farmácia Viva pelo SUS e ampliou o número de fitomedicamentos adotados pelo governo, além de instituir a Comissão Técnica e Multidisciplinar de Elaboração e Atualização da Relação Nacional de Plantas medicinais e Fitoterápicos- COMAFITO. O Brasil tornou-se um dos mais avançados países na regulação e nas políticas para o setor. O registro dos fitoterápicos deve seguir a Lei nº6.360/76 que dispõe sobre a vigilância sanitária de medicamentos, drogas, insumos farmacêuticos entre outros objetos da área, definidos na lei nº5.991/73. A regulamentação da lei se deu pelo Decreto nº79.094/77:

Art. 1o Os medicamentos, insumos farmacêuticos, drogas, correlatos, cosméticos,

produtos de higiene, perfumes e similares, saneantes domissanitários, produtos destinados à correção estética e os demais, submetidos ao sistema de vigilância sanitária, somente poderão ser extraídos, produzidos, fabricados, embalados ou reembalados, importados, exportados, armazenados, expedidos ou distribuídos, obedecido ao disposto na Lei no 6.360, de 23 de setembro de 1976, e neste

Regulamento. Decreto nº79.094/77.

No entanto, como a legislação sobre o assunto até 2004 era genérica, neste ano a Resolução RDC 48/2004 da ANVISA regulamentou especificamente os fitoterápicos, definindo o regulamento técnico destes medicamentos. São deliberadas ainda algumas nomenclaturas para evitar confusões de definição.

Possui também a Coordenação Nacional de Plantas Medicinais do Ministério da Saúde da Nação que regula e implementa políticas de plantas medicinais em cada estado. O Instituto

Fiocruz que pesquisa doenças tropicais e possui um departamento de desenvolvimento e investigação de medicamentos fitoterápicos.