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3.7.1 Legislação de incentivo à coleta da água de chuva

Não existe no Brasil, uma legislação sobre a captação e armazenamento de água de chuva para fins potáveis. Entretanto, a NBR-15527/2007, tem característica normativa e trata do aproveitamento da água de chuva de coberturas em áreas urbanas para fins não potáveis. A elaboração desta norma teve início em janeiro de 2007, disponível para discussão e consulta nacional no site da ABNT até março, sendo publicada em 24 de setembro de 2007. Esta norma tem por objetivo:

“Fornecer os requisitos para o aproveitamento de água de chuva de coberturas em áreas urbanas para fins não potáveis. Aplica-se a usos não potáveis em que as águas de chuva podem ser utilizadas após tratamento adequado como, por exemplo, descargas em bacias sanitárias, irrigação de gramados e plantas ornamentais, lavagem de veículos, limpeza de calçadas e ruas, limpeza de pátios, espelhos d'água e usos industriais”

Em algumas cidades e estados brasileiros já dispõem de legislações próprias sobre a captação de água de chuva em áreas urbanas, principalmente com o objetivo de utilizar as estruturas de captação já existentes (prédios, ginásios de esportes, grandes coberturas, entre outras), para a captação e armazenamento da água da chuva para fins não potáveis, com isso, reduzindo o volume de água escoado e consequentemente reduzindo as grandes inundações.

A cidade de São Paulo foi pioneira quando, em Janeiro de 2002, aprovou a Lei nº 13.276 que tornou obrigatória a construção de reservatórios para armazenamento de águas pluviais coletadas em áreas impermeabilizadas superiores a 500 m2, com o objetivo apenas de evitar inundações. No Art. 2º, parágrafo 2º, promulga:

§ 2º - A água contida pelo reservatório deverá preferencialmente infiltrar-se no solo,

podendo ser despejada na rede pública de drenagem após uma hora de chuva ou ser conduzida para outro reservatório para ser utilizada para finalidades não potáveis.

“A chuva coletada deve ser encaminhada a um reservatório de retenção para posterior

infiltração no solo ou para ser despejada na rede de drenagem após uma hora de chuva ou ainda para ser conduzida a outro reservatório, para ser utilizada para fins não potáveis.”

Em Curitiba, a Lei Nº 10.785/03 criou o Programa de Conservação e Uso Racional da Água nas Edificações – PURAE, que tem por objetivo instituir medidas que induzam à conservação, uso racional e utilização de fontes alternativas para captação de água das novas edificações, bem como a conscientização dos usuários sobre a importância da conservação da água. Os artigos 6º e 7º referem-se aos sistemas de captação e os fins destinados as águas pluviais.

Art. 6º. As ações de Utilização de Fontes Alternativas compreendem:

I - a captação, armazenamento e utilização de água proveniente das chuvas;

II - a captação e armazenamento e utilização de águas servidas.

Art. 7º. A água das chuvas será captada na cobertura das edificações e encaminhada a uma cisterna ou tanque, para ser utilizada em atividades que não requeiram o uso de água tratada, proveniente da Rede Pública de Abastecimento, tais como:

a) rega de jardins e hortas; b) lavagem de roupa; c) lavagem de veículos;

No Estado do Rio de Janeiro, foi criada a Lei N0 4248, de 16 de dezembro de 2003, que institui o programa de captação de águas pluviais no âmbito do Estado. O Programa tem como finalidade oferecer, aos habitantes das cidades, educação e treinamento visando à captação de águas pluviais, permitindo que esses habitantes se conscientizem da importância do ciclo das águas.

Na cidade do Rio de Janeiro, o Decreto Municipal Nº 23.940/04 tornou obrigatório, em edificações especificadas, a construção de reservatório para retardo do escoamento das águas pluviais para a rede de drenagem, bem como dispõe sobre o reaproveitamento da água para finalidades não potáveis. A mesma Lei determina que no caso de novas edificações residenciais multifamiliares, industriais, comerciais ou mistas que apresentem área do pavimento de telhado superior a 500m2 e, no caso de residenciais multifamiliares, cinqüenta ou mais unidades, será obrigatória a existência do reservatório, objetivando o reuso da água pluvial para finalidades não potáveis.

No Estado de São Paulo, foi criada a Lei 12.526/2007 que estabelece a obrigatoriedade de implantação de sistemas de captação e armazenamento de água de chuva e o seu condicionamento à obtenção das aprovações e licenças, de competência do Estado e das Regiões Metropolitanas sobre o uso do solo urbano e projetos de infra-estrutura.

No artigo 3º, são estabelecidos três destinos para a água reservada:

Infiltração no solo;

Lançamento na rede pública, depois de uma hora de chuva e;

Utilização para finalidades não potáveis em edificações.

Posto essas experiências, fica evidente que as legislações sobre a captação e armazenamento de água de chuva são pontuais e apresentam um contexto superficial para aproveitamento da água de pluvial, requerendo-se, portanto, legislações mais específicas, que levem em consideração o aproveitamento de água de chuva para fins potáveis.

Para as áreas rurais é importante uma legislação específica para regulamentar o uso da água de chuva para o consumo humano, mais adequado a esta realidade local. Atualmente a portaria que rege a qualidade de água para consumo humano no Brasil é a de N° 518 de 25 de março de 2004 do Ministério da Saúde (BRASIL, 2004) e se refere à água encanada e fontes alternativas como carros pipa e não há menção à água da chuva.

3.7.2 Padrões de qualidade para água de chuva armazenada em cisternas

O Ministério da Saúde, para fins de controle e vigilância da qualidade da água para consumo humano e seus padrões de potabilidade, aprovou a Portaria N° 518, de 25 de março de 2004 (BRASIL, 2004). A Portaria define a água potável como aquela destinada para consumo humano, cujos indicadores microbiológicos, físicos, químicos e radioativos atendam ao padrão de potabilidade e que não ofereça riscos a saúde.

Para os padrões de qualidade, a Portaria determina Valor Máximo Permitido (VMP) para concentração de cada parâmetro. Para os padrões microbiológicos, as amostras de água de fontes alternativas destinadas ao consumo humano podem ter a presença de coliformes totais, desde que haja a ausência de E.coli, devendo ser pesquisada a origem da ocorrência da provável contaminação e providenciar as medidas corretivas e preventivas.

Em complementação, a Portaria no seu capítulo IV, Art 11, §8°, recomenda-se a inclusão de pesquisa de organismos patogênicos, com o objetivo de atingir, como meta, um padrão de ausência, dentre outros, de enterovírus, cistos de Giardia spp e oocistos de Cryptosporidium sp. Conforme observado, esta Portaria não trata da pesquisas de parasitos na água, apenas recomenda a inclusão da pesquisa de organismos patogênicos.

4.0 MATERIAL E MÉTODOS