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3 FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA PERÍCIA CONTÁBIL

3.6 Legislação sobre a perícia contábil

3.6.1 Órgãos profissionais e normatizadores da perícia

À medida que uma atividade profissional se organiza, torna-se necessário normatizar seus procedimentos e atividades. A elaboração de normas, por organizações nacionais e internacionais, ajuda na formulação do arcabouço legal a que o perito deve obedecer.

Na Figura 3.3 a seguir, são apresentados os principais órgãos nacionais e internacionais que contribuem com a regulamentação da perícia.

Figura 3.3 - Órgãos normatizadores da perícia. Fonte: Adaptado de Oliveira (2012, p. 97).

Segundo Alberto (2007, p. 96), “as normalizações no exterior, confundem-se com aquelas relativas ao auditor”, dessa forma, tanto nos Estados Unidos quanto na Europa, alguns dos organismos identificados, originalmente, atuam e se dedicam ao trabalho desempenhado pelos auditores, no entanto, também dedicam parte de seus regulamentos à atuação dos experts em contabilidade, são eles: International Federation of Accountants (IFAC) – Federação internacional de contadores e a Union Europeé dês Experts-Comptables (UEE) – Órgão francês responsável pela elaboração de pronunciamentos quanto à atuação dos peritos naquele país. Além destes, foi identificado também o ACFE – Association of Certified Fraud Examiners, entidade americana que reúne peritos especialistas em fraudes contábeis e financeiras.

No Brasil, os principais órgãos reguladores da atividade pericial são os seguintes:

 Conselho Federal de Contabilidade (CFC) – É a autarquia federal destinada a

fiscalizar o exercício da profissão contábil, composta de contadores e técnicos em contabilidade. Foi criado em 27 de maio de 1946 pelo Decreto-Lei nº 9.295. Tem a competência para elaborar normas de conduta dos profissionais (NBC PP) e normas de procedimentos técnicos (NBC TP) para os contabilistas que atuam no Brasil;

 Conselhos Regionais de Contabilidade (CRCs) – Foi criado em conjunto com o

CFC em 27 de maio 1946 (Decreto-Lei n. 9.295). É o órgão que o aluno, após concluir o curso de Ciências Contábeis, deve procurar para obter o registro de contador. Tem o poder para registrar e fiscalizar as atividades do contador; e,

 Instituto Nacional de Criminalística (INC) – órgão central de Criminalística do

Departamento de Polícia Federal (DPF), funciona como um instituto de pesquisa desenvolvendo metodologia de trabalho, agregando conhecimento técnico-científico para difusão entre suas descentralizadas, através do intercâmbio com outras instituições. Assim, o INC presta indispensável apoio às atividades de rotina oriundas dos Estados, reforçando sua posição de sustentáculo do Sistema de Criminalística do DPF, conforme já apresentado no capítulo anterior.

3.6.2 Normas brasileiras sobre as perícias

O Conselho Federal de Contabilidade, órgão regulador da profissão contábil no Brasil, desde 1992, vem editando resoluções que aprovam as Normas Brasileiras de Contabilidade que disciplinam os procedimentos do perito e a execução do trabalho pericial contábil.

O Conselho Federal de Contabilidade considera que as Normas Brasileiras de Contabilidade e as suas Interpretações Técnicas constituem corpo de doutrina contábil que estabelece regras de procedimentos técnicos a serem observadas quando da realização de trabalhos. A constante evolução e a crescente importância da perícia exigem atualização e aprimoramento das normas endereçadas à sua regência para manter permanente justaposição e ajustamento entre o trabalho a ser realizado e o modo ou o processo dessa realização.

O exercício da perícia contábil deve estar de acordo com as Normas Brasileiras de Contabilidade cujas resoluções vigentes elaboradas pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC), são as seguintes:

 Resolução nº 1243 do CFC, de 18 de dezembro de 2009: é a NBC TP 01, que trata da

perícia contábil em todos os seus aspectos: conceito, execução, procedimentos, planejamento e o laudo pericial;

 Resolução nº 1244 do CFC, de 18 de dezembro de 2009: é a NBC PP 01, que trata

sobre o perito, a competência técnico-profissional, a independência, o impedimento, os honorários, o sigilo, a responsabilidade e o zelo, o uso de trabalho de especialista e a educação continuada.

O Código de Processo Civil - Lei Federal nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, tem alguns artigos que disciplinam a parte técnica do trabalho pericial, quais sejam:

 Art. 145 do livro I, capítulo VI - trata das provas que podem ser apresentadas de ofício

ou por requerimento das partes, procedimento probatório e valoração da prova, como também as alterações introduzidas nesse artigo pela Lei n. 7.270/84;

 Arts. 332 a 457 - tratam do papel do perito;

 Arts. 420 a 439 - definem o que vem a ser a prova;  Art. 332 - informa sobre os meios legais de prova;  Art. 333 - demonstra a quem cabe o ônus da prova;  Arts. 342 a 347 - tratam da prova de depoimento pessoal;

 Arts. 363 a 391 - apresentam o que é considerado como prova documental;  Arts. 420 a 439 - tratam da prova pericial; e,

Por sua vez, o Código de Processo Penal – Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941, e as alterações efetuadas pela Lei nº 11.690, de 9 de junho de 2008, também destacam em seus artigos aspectos relativos à perícia, como:

 Art. 105 - determina em que momento deve ser arguida a suspeição de peritos;  Art. 112 - trata da incompatibilidade ou do impedimento legal;

 Art. 158 - regulamenta sobre o corpo de delito;

 Art. 275 - informa quem é o perito não oficial sujeito à disciplina judiciária;  Art. 279 - relaciona as pessoas que não podem ser peritos; e,

 Art. 280 - apresenta dados sobre quando alegar a suspeição de juízes e peritos.

Há também leis específicas sobre a perícia, como, por exemplo:

 Lei nº 8.455/92 – Arts. 421, 422, 423, 424, 427, 433 – que trata do compromisso do

perito, do assistente técnico; do laudo do perito, do parecer do assistente técnico dos prazos do laudo e da dispensa da perícia;

 Lei nº 8.951/94 e Lei n. 8.952/94 que tratam dos honorários periciais; e,

 Lei nº 12.030/09 – que trata da autonomia técnica, científica e funcional no exercício