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TFigura 12 Distribuição dos tipos de empreendimentos estudados

4.5 Leiautes definidos para estudo

A partir da observação das 26 reuniões tradicionais e mais 10 reuniões baseadas em BIM pôde-se concluir sobre a existência de elementos relevantes nas salas de coordenação de projetos. Em uma sala de coordenação de projetos foram observados os participantes, o mobiliário e o equipamento (hardware e software). Estes elementos se inter-relacionam entre si bem como com o espaço onde estão contidos. As interações ocorrem de forma física, por exemplo, uma pessoa senta em uma cadeira, ou de modo informacional, por exemplo, inserção de um modelo tridimensional em um notebook para ser exibido em uma tela de grande dimensão. A Figura 15 ilustra estes aspectos.

Figura 15 - Interações dentro de uma sala de coordenação

 Características de visualização e interação dos elementos da sala

(participantes, equipamentos, mobiliário e espaço):

Segundo Ferreira (2010), visualização é ter a percepção visual de algo. Considerando o contexto da sala de coordenação, os participantes de uma reunião de projetos necessitam visualizar uns aos outros para que possam conversar, mostrar documentos, trocar informações escritas, trocar informações não verbais através de gestos, visualizar os equipamentos e as informações que estão sendo mostradas nos mesmos. A visualização é diferente de interação. Segundo o mesmo autor, a interação é uma ação que se exerce mutuamente entre duas ou mais coisas, duas ou mais pessoas. Neste caso o comportamento de um dos componentes é afetado pelo outro, diferentemente da visualização, onde não temos interferência no outro (seja pessoa ou objeto). No caso do contexto da sala de reunião, a interação poderá se dar entre todos os componentes que constam na Figura 15.

Foram considerados participantes todos os indivíduos que estão dentro da sala de reunião participando da reunião de projetos. Eles desenvolvem a função de vivenciar e usar o espaço. São os agentes e protagonistas da reunião e são os usuários do leiaute. Estes indivíduos podem agir visualizando uns aos outros no leiaute, visualizando informações e equipamentos ou interagindo entre eles mesmos, com os demais, com as informações, os equipamentos, o mobiliário e o espaço. No contexto de uma sala de reunião, os participantes precisam visualizar os outros participantes no processo de comunicação para que a compreensão, explicação do projeto, possa ser plena. Através do levantamento das gravações em vídeo de reuniões convencionais de projeto, observou-se que participantes com um mesmo papel em uma reunião tendem a sentarem-se uns ao lado dos outros, o que podemos chamar de “adjacências funcionais”. Estas adjacências podem facilitar o processo de interação entre os mesmos papéis. A interação entre os participantes da reunião se dá através de troca de informações, tomada de decisão em projeto, críticas e mudanças no projeto, comparação entre soluções de modelos simultaneamente, interferência nestas soluções, resolução de dúvidas de projetos e de interferências entre as disciplinas. Pessoas trocam experiências e conhecimentos durante uma reunião de projetos, além de aprenderem uns com os outros. As pessoas podem ser ativas na transmissão do conhecimento e informação do projeto ou passivas no

recebimento das mesmas. Profissionais das diversas especialidades vão às reuniões para trocar experiências, aprender e resolver problemas técnicos e de produtos dos projetos.

Os participantes também visualizam informações apresentadas durante a reunião. Estas informações podem ser apresentadas das mais diversas formas: por escrito (em forma de texto), em planilhas eletrônicas impressas, em desenhos impressos, ou nos mesmos itens em forma digital, projetadas em tela de grande dimensão para que todos possam visualizar ao mesmo tempo, ou em outras opções, com telas menores para um pequeno grupo ou apenas dois participantes. Em uma reunião de apresentação com coordenação 3D, a visualização das informações em meio digital é predominante, uma vez que o meio de apresentação determina o equipamento e a forma de visualização e facilita o compartilhamento das informações.

Os participantes de uma reunião também interagem com as informações discutidas e apresentadas dentro da sala. Esta interação pode ter caráter de análise de questões de projeto, análise de cronogramas e memorial descritivo, anotações em projetos ou modelos tridimensionais, anotações pessoais ou coletivas (em software especifico de análise de interferências). Uma vertente importante da interação entre pessoas e informações é a capacidade de arquivamento, indexação e recuperação de dados das reuniões de coordenação. Embora as atas de reunião possam fornecer pistas de recuperação para a memória humana, parece claro que a informação audiovisual pode fornecer um registro mais rico, desde que estes dados possam ser devidamente ou automaticamente anotados e eficientemente recuperados (CHARIF; MCKENNA, 2006).

Os equipamentos são todos os artefatos e ferramentas disponíveis em uma sala que facilitam e promovem o apoio às reuniões de coordenação de projetos. Com o advento de ambientes virtuais, realidade aumentada, computadores e outras tecnologias

offdesk, os incorporadores, construtores, estudantes e pesquisadores precisam se

habituar com todo o aparato necessário para gerir estas reuniões e focarem-se no objetivo que é o trabalho do projeto. É preciso entender quais são as interfaces dos usuários com o mundo 3D pois muitas vezes, com novas tecnologias novos problemas podem ser revelados.

Novos tipos de interface estão presentes dentro da sala de coordenação digital, além dos mice, teclados, monitores, windows, menus e ícones. Pode-se citar dispositivos

de entrada como os de rastreamento digital, mouse 3D, tablets de última geração ou mesmo dispositivos que permitem a entrada de dados baseada em gestos. Outros dispositivos de saída também podem ser citados como projeção em telas estereoscópicas, óculos de visualização (como Oculus Rift5), sistema de áudio espacial e sistemas táteis como telas e mesas. Apesar de viver-se em um mundo 3D, não é a mesma coisa quando tem-se que entender a realidade virtual devido às restrições e capacidades de ação que muitas vezes estão presentes no mundo virtual porém não no mundo real.

Os participantes da reunião também interagem com os equipamentos que estão dentro da sala de coordenação ou que trouxeram para participar da reunião. Em geral, computadores pessoais são tecnologias acessíveis e conhecidas pela maioria dos usuários (tipo plug and play). A questão é quando se envolvem equipamentos relacionados à realidade virtual ou 3D na sala de reuniões (BOWMAN et al., 2005). À medida que os usuários passam a usar e conhecer a nova tecnologia, aos poucos ela passa a se incorporar ao dia-a-dia das reuniões. Por exemplo, o uso de um simples apontador a laser. A partir do momento em que se retira o papel e o lápis, os usuários passam a interagir com a tela ou com a mesa tátil. Quando têm a necessidade de apontar alguma coisa na tela, a primeira reação é a de se levantar de seu lugar, ir até a tela e apontar diretamente. Em um primeiro momento, o apontador a laser é um objeto estranho. Depois de duas ou três reuniões, observou-se nas reuniões gravadas que o mesmo usuário já não traz mais tanto papel para a reunião e passa a se apropriar do apontador a laser naturalmente. Percebeu-se que aos poucos os usuários vão ganhando maturidade com a tecnologia e passam a utilizá-la, substituindo antigas práticas utilizadas nas reuniões de coordenação. Observou-se que quanto mais cresce a maturidade do usuário, aumenta-se o impacto positivo sobre os benefícios de uso da tecnologia.

A visualização dos equipamentos pelos usuários da sala está relacionada com o tipo de equipamento a ser utilizado. Por exemplo, telas de grandes dimensões utilizadas para visualização e modelos tridimensionais necessitam ser visualizadas por todos os participantes. Equipamentos pessoais, como tablets ou notebook pessoal, somente serão visualizados por todos caso seja de interesse para a tarefa em discussão.

Os equipamentos também devem ter interação entre si: se um participante externo a reunião trouxer dados em um tablet, deverá ser possível conectar este tablet a uma tela de grande dimensão ou a uma mesa tátil para discussão com outros participantes. Desta forma, as possibilidades de ligação entre equipamentos devem ser previstas na sala de coordenação. Estas possibilidades também estão interligadas com infraestrutura básica da sala, ou seja, pontos de rede, pontos de energia, iluminação e outros.

Os participantes da reunião também interagem com o mobiliário, na medida em que fazem um ajuste de altura de cadeira ou de encosto, por exemplo, para melhorar seu conforto. Este mobiliário está contido no espaço da reunião, ou seja, no espaço físico da sala de reuniões. Deve oferecer condições de passagem, circulação.

Para o presente estudo foram definidos 14 tipos de leiautes a serem avaliados. O espaço destinado à montagem dos leiautes foi uma sala de reuniões de 5,96m x 4,71m. Foram colocadas 6 mesas de 1,20m (comprimento) x 0,60m (largura) x 0,77m (altura), com 12 cadeiras, 12 participantes, dois projetores interativos com telas móveis de 96 polegadas.

Alguns leiautes foram determinados para teste da metodologia. Ao se observar os leiautes L2, L8 e L12 verifica-se que eles têm pessoas sentadas de costas para uma das telas de projeção. Obviamente este não é a posição indicada para uma sala de coordenação de projetos no entanto estes leiautes aparecem desta forma para averiguação das métricas e critérios propostos.

Figura 16 - Leiautes avaliados

Fonte:Autora