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CAPÍTULO 4 POR UMA PRÁXIS DE LEITURA FILMICA CINEMATOGRÁFICA

4.1 CONCEPÇÃO DE CINEMA: 1ª CATEGORIA DE ANÁLISE

4.2.1 Leitura Fílmica no Domínio Aprendiz: Forma (com mediação)

Depois da ação anterior realizada, a da leitura fílmica no domínio principiante, percebemos que a mediação era algo necessário para que, segundo Bourdieu (1979) apud Duarte (2009), pudéssemos promover experiências fílmicas aos acadêmicos, desenvolvendo assim, suas “competências de ver”, ou melhor, sua competência em realizar uma análise fílmica em sua totalidade, promovendo a indissociabilidade entre a forma e o conteúdo, contribuindo para a formação de um indivíduo crítico, para que ele participe de uma sociedade mais emancipada, e não de uma sociedade alienada, de um indivíduo alienado.

Logo, passamos para uma ação de leitura fílmica que chamamos de domínio aprendiz, que se subdividiu em dois momentos: primeiro momento o ensino aprendizagem dos elementos da linguagem cinematográfica, sob a mediação das pesquisadoras, em sessões fílmicas e pesquisas/análises dos acadêmicos apresentados em seminários; e no segundo momento a experiência com leituras fílmicas situando os elementos da linguagem cinematográfica na análise fílmica proposta.

No domínio aprendiz, o acadêmico já possuindo um conhecimento prévio do que seria abordado no contexto da análise fílmica, isto é, sobre o conhecimento dos elementos da linguagem cinematográfica, realizaram suas análises fílmicas.

Os conhecimentos adquiridos foram construídos culturalmente, tornando-os mais criteriosos em suas análises, os quais buscaram uma leitura mais significativa, da Forma (significante) cinematográfica, apropriando-se dos conhecimentos mediados através de pesquisas, de aulas dialogadas, de realização de seminários e o exercício proposto de análises/experiências fílmicas.

Assim, após dar subsídios teórico-práticos, iniciamos a leitura fílmica no domínio aprendiz, os acadêmicos começaram a relacionar o que aprenderam teoricamente sobre os elementos cinematográficos (Forma) com suas experiências na análise fílmica, mediado pelas pesquisadoras. Começaram a perceber elementos formais que antes não reconheciam no Cinema, e ainda, nomear elementos já conhecidos, mas, não compreendidos enquanto elementos da linguagem fílmica.

Partiram então, para a análise fílmica, percebendo as posições, objetivos e interesses que afetam a forma em que se consolida o conhecimento cinematográfico. Deram conta, de que eles mesmos, têm interesses pessoais vinculados em determinadas ações, e assim como aprendizes, poderiam desenvolver análises próprias sobre determinados conhecimentos cinematográficos. Os acadêmicos, em suas análises fílmicas, estabeleceram algumas relações bastante significativas, a partir da mediação realizada pelas pesquisadoras, para atingir o objetivo do conhecimento específico da linguagem cinematográfica. A proposta para a análise fílmica no Domínio Aprendiz com os acadêmicos se deu em momentos específicos que serão relatados no texto a seguir.

Neste momento da pesquisa em ação, há constatação do pouco conhecimento dos acadêmicos sobre a linguagem cinematográfica, leitura fílmica no domínio ingênuo/principiante. Percebeu-se, assim, a necessidade que em aulas dialogadas fossem ampliados os conhecimentos sobre e da História do Cinema, sua evolução, conceitos, e o início da aprendizagem sobre a importância dos elementos da linguagem cinematográfica, para que assim pudessem perceber a necessidade do conhecimento de tal veículo no âmbito social.

Com essa ação, os acadêmicos conheceram a história da evolução do Cinema, os termos do Cinema, seus elementos, utilizados na linguagem cinematográfica pelos cineastas na produção de seus filmes. Para assim, compreender o Cinema com objetivos específicos e ainda, o mais importante, que o professor/espectador possa com conhecimento aprimorado, usufruir da mensagem fílmica em sua totalidade, contribuindo para formação crítica do indivíduo.

A leitura fílmica desse segundo momento foi do título filme Perfume, a história de um assassino (2006) realizada a partir das aulas dialogadas sobre História do Cinema, Teorias de Cinema, Elementos da Linguagem Cinematográfica, para então iniciarem o reconhecimento dos elementos da linguagem cinematográfica- elementos formais do Cinema.

Filme: O Perfume, a história de um assassino (2006) do diretor Tom Tykwer

Proposto pelas pesquisadoras projetou-se o filme: O Perfume, a história de um assassino (2006) do diretor Tom Tykwer. Num primeiro momento todos os acadêmicos assistiram ao filme, segundo eles, não o conheciam. Foram orientados para que percebessem os elementos da linguagem cinematográfica utilizados pelo

diretor, a partir do prévio conhecimento sobre a linguagem cinematográfica dada anteriormente em aula dialogada pelas pesquisadoras.

Ao final do filme, os acadêmicos receberam individualmente das pesquisadoras, dois elementos da linguagem cinematográfica (Forma) para realizarem o estudo intencional direcionado. Assim, em casa, em outro lugar, deveriam assistir ao filme quantas vezes fossem necessárias. Pesquisar e aprofundar os conhecimentos teóricos dos elementos para fundamentar e poder identificar os elementos da linguagem cinematográfica selecionados para cada acadêmico. Estimulamos também o acadêmico a ser um aluno-pesquisador. Depois de identificadas as linguagens, deveriam recortar os frames do filme referido, para a leitura fílmica.

No momento seguinte, deveriam analisar o frame, destacando os elementos factuais da imagem com base no referencial teórico- bibliográfico pesquisado sobre os elementos da linguagem cinematográfica selecionados. Ainda na análise, foi solicitado ao acadêmico que na conclusão da sua análise fílmica, apresentasse seu posicionamento sobre essa ação e ainda, sobre a contribuição de tal conhecimento para sua vida pessoal (leitura de mundo) em relação ao Cinema.

Importante destacar, que a intervenção permanente realizada pelas pesquisadoras na sessão fílmica foi à mediação exclusiva sobre os elementos da linguagem cinematográfica, um exercício de leitura fílmica.

Ao entregarem, em data estabelecida, as análises fílmicas dos elementos da linguagem cinematográfica realizadas, cada acadêmico, em forma de seminário, em sala de aula, apresentaram em powerpoint os frames selecionados e analisados ao grupo todo. Assim, todos os acadêmicos puderam reconhecer e aprofundar seus conhecimentos sobre todos os elementos da linguagem cinematográfica que foram estabelecidos, contribuindo assim para uma futura análise fílmica a ser proposta a posteriori.

A questão do conhecimento da forma (expressão dos elementos na composição fílmica) se faz presente nessa ação realizada. As narrativas selecionadas pelas pesquisadoras demonstram que cada acadêmico respondeu à proposição de maneira satisfatória, ao selecionarem aos frames, adaptaram-nos aos conceitos pesquisados, construíram as relações solicitadas. Como resultado da ação, temos os frames e as narrativas selecionadas que contribuem de maneira

significativa à pesquisa em questão. Com isso, os acadêmicos A2, A7, A11, A12 e o A14, discursaram:

A2- [...] Panorâmica: A cena do personagem principal mostra-o no canto direto da imagem e está num campo aberto com a linha do horizonte a sua frente. Assim a câmera mostra o que está ao seu redor para alcançar a sua vitima que está fugindo a cavalo muito longe dali. O conceito de panorâmica [...] se refere a uma rotação da câmera em seu eixo, pode ser vertical ou horizontal. No filme a cena acompanha o trajeto do personagem assim mostrando toda sua visão que tem pela frente até encontrar onde ele está sentindo o odor de sua vitima. O uso de uma panorâmica diz a respeito do olhar de uma personagem ao redor de si.

Filme: O Perfume, a história de um assassino (2006)

Conclusão: Ao estudar cinema passamos cada vez mais considera-lo como uma linguagem. Assim então ao encontrar teóricos que escreveram a respeito da linguagem cinematográfica, passamos a entender que cada vez mais um filme é mais complexo do que pensamos, pois quando nos deparamos com conceitos específicos para cada modo de filmar e enquadramentos passamos a ver que o filme usa conforme o propósito de cada ação. Após entendermos essa linguagem cinematográfica passamos a relacionar com a nossa vida cotidiana com o modo de olhar, e também de dar significado naquilo que vemos com conceitos específicos, como por exemplo, ao ver uma paisagem logo associa-se ao modo de filmar panoramicamente pois lembramos de apenas a câmera vira ao seu eixo. A4- Travelling: Podemos identificar o travelling em filmes e videos atraves do movimentos da camera de tras pra frente, debaixo pra cima, sempre dando uma sensaçao de movimento para quem esta a assistir. Inventado exponteanamente em 1896 por um operador de Lumière onde eles posicionaram numa gondola fazendo o movimento de acompanhar os treis Reis magos ate Belém. Normalmente a câmera é movida sobre um carrinho e trilhos ou qualquer suporte móvel em um eixo horizontal e paralelo ao movimento do objeto filmado [...] este acompanhamento também pode ser feito lateral ou frontal [...] quando feito frontalmente pode ser de aproximação ou de afastamento. (MARTIN, 2005)

Filme: O Perfume, a história de um assassino (2006)

Nesse frame a câmera acompanha o personagem durante a caminhada dele no corredor. Podemos ver várias pessoas nesse pequeno corredor, onde a maioria são pessoas vestidas com roupas plebeias onde três delas puxam um homem sem camisa acorrentado e com um ferimento nas costas. O ferimento ainda derrama sangue. Podemos ver também ao fundo o local que é uma varanda onde outras pessoas com roupas com mais estilo de guardas aguardam a chegada do homem. Na cena vemos a presença de luz no homem que esta sendo puxado deixando em contraste o resto da cena, onde as paredes laterais ficam bem mais escuras. As vestimentas seguem um padrão de cores frias e escuras. Fora o homem que esta sendo puxado e outro que esta no canto superior direito, todos estão cobrindo a cabeça com perucas e/ou chapéus. Devido a câmera acompanhar a caminha do homem do final do corredor ate a sacada vemos o movimento da câmera indo de trás para frente, podemos assim afirmar que seria um travelling acontecendo. Conclusão: Percebo que o cinema vai além de apenas contar uma história, muito, além disso, ele tenta passar ao espectador algo a mais que simplesmente mera imagem. Através desse trabalho pude perceber que cada linguagem diferente pode ser usada para passar sensações e sentimentos. Como fã de músicas acompanho muitos vídeos clipes além de ter vários baixados pois acredito que além do ritmo e da música em si, o vídeo pesa muito para criar algum sentimento ou sentido para aquilo. Após algumas aulas de cinema, mesmo sendo apenas vídeo clipes revi vários deles tentando encontrar sentidos para aquelas filmagens. Acredito que isso possa me ajudar [...] pois estudar esses modos diferentes de câmeras e gravações aplicam também na ideia de “ver o mundo através de diferentes ângulos”.

A7- Câmera objetiva: Refere-se a um dos níveis de apresentação das imagens de um filme ou vídeo, o enquadramento que o diretor pretende mostrar para que haja a compreensão da situação pelos espectadores. Como narrador observador. Essa mostra o que acontece sem relacionar-se com um personagem específico, simplesmente retrata o que está acontecendo. De posicionamento neutro, a câmera objetiva não interfere na intenção da cena apenas a retrata. Este tipo de apresentação das imagens restringe-se à demonstrar, à expor, à informar; ou seja, reproduzir uma situação. (XAVIER, 1991)

Filme: O Perfume, a história de um assassino (2006)

No filme "O Perfume", na mise-em-scené selecionada [...] destaca-se a personagem Laura que dança radiante em torno de uma fogueira, e é admirada por vários outros personagens, avista-se também um ambiente ao ar livre que lembra uma pequena vila; neste momento percebe-se a incursão truculenta de outro personagem que a toma pelo braço grosseiramente. Este é o nítido exemplo do uso da câmera objetiva. Conclusão: O uso de linguagens adequadas enriquece qualquer discurso, a compreensão de um fato específico sobre um determinado assunto transforma o olhar do sujeito dentro da sociedade, faz com que possamos ter uma visão mais abrangente assim que entendemos cada detalhe com propriedade [...]

A11- O enquadramento é a delimitação da imagem dentro da tela, um fragmento do espaço, “[...] é a imagem em movimento dentro de uma moldura. [...]” (BO ASIO, 2008, p.9). Podemos interpretá-lo como uma composição de imagem, que é formada pela junção de planos, ângulos e movimentos de câmera.

Filme: O Perfume, a história de um assassino (2006)

[...] no frame selecionado podemos ver a escolha do realizador em mostrar partes do cenário, do ambiente em que os personagens estão: o personagem principal do filme, Jean-Baptiste Grenouille (Ben Whishaw) em um belo campo, correndo atrás da carruagem em que se encontra Laure Richis (Rachel Hurd Wood), causando a sensação psicológica no

espectador de que a beleza e o odor da moça mexeram de forma tão profunda em Jean que o fez sair disparado seguindo o cheiro. Podemos notar na composição da imagem o “desenho” da estrada serviu para conduzir o olhar à carruagem na cena [...] o enquadramento mostra um recorte, em primeiro plano vemos um tronco de uma árvore; no segundo plano a estrada, o campo florido, a silhueta do personagem que corre em direção à carruagem e a vegetação (galhos escuros no canto superior direito); em terceiro plano vemos a carruagem ofuscada pela poeira da estrada; vemos uma árvore iluminada (folhas em tom verde vivo) ao lado de um possível muro; e ao fundo montanhas e uma cidade sob o céu azulado. Conclusão: A realização deste trabalho me proporcionou olhar de forma diferente para uma obra cinematográfica, não somente como uma história narrativa composta por imagens, mas como uma linguagem artística, expressiva e informativa. Além da leitura de imagem que nos possibilita não somente “ver” a imagem, mas “enxergar” além da cena: a composição, a luz, os elementos, tudo pensado, tudo com intuito de causar um sentimento, uma sensação psicológica no espectador e conduzi-lo na narrativa fílmica. A12- A câmera plongée pode ser identificada quando a cena é filmada de cima para baixo. Seu efeito subjetivo é diminuir o indivíduo, atribuindo o sentido de inferioridade. Segundo, Martin (1990), isso esmaga o personagem moralmente e o coloca ao nível do solo. Algumas vezes indica uma imposição sofrida pelo personagem, uma perturbação ou um desequilíbrio moral.

Filme: O Perfume, a história de um assassino (2006)

[...] o frame acima apresenta uma cela de prisão. Há um homem e suas costas, braços e ombros estão nus. É possível enxergar apenas parte de seu corpo. O ambiente está escuro pela quantidade de sombras. As cores deste frame são frias. A câmera está posicionada acima da cena, o personagem parece estar prestes a ser esmagado. Há uma sensação de superioridade do espectador em relação a ele. O frame acima retrata um plongée. Conclusão: Estudar linguagens cinematográficas é algo muito interessante. O cinema faz parte do meu dia-a-dia, é algo que aprecio desde criança. Conhecer um pouco mais deste universo traz muita satisfação, é como tirar vendas dos meus olhos e enxergar, não mais como algo mágico, mas entender como tudo é feito. Como as sensações são provocadas, como as imagens filmadas de cima inferiorizam os personagens e como os opostos os engrandecem [...] o cinema não tem fronteiras nem limites, é um fluxo constante de sonhos. (Orson Welles)

A14- O campo na linguagem cinematográfica está inserido no enquadramento de planos na qual há uma limitação da visão do observador, ou seja, é o que está presente na imagem como cenário, personagens, acessórios dentro das variações de abertura do plano [...] as imagens presentes no filme, contém informações que tem o dever de serem transmitidas ao público, o campo tem o papel fundamental, juntamente com outras linguagens, na transferência do conteúdo necessário para a compreensão do tema. (AUMONT, 2006)

Filme: O Perfume, a história de um assassino (2006)

No frame escolhido, observamos a delimitação vertical e horizontal. Essas delimitações chamamos de enquadramento da imagem e tudo o que está inserido desde os detalhes mínimos até os personagens será o campo. Podemos perceber também a sensação dada para o espectador de distanciamento, através dos planos focais, então temos uma breve noção de como o primeiro personagem (desfocado), em primeiro plano, vê o cômodo [...] a imagem, logo a cima, tem o objetivo de fazer com que o observador encaminhe seu olhar diretamente para o grupo de homens ocupando espaço na horizontal ao fundo. Conclusão [...] em concepção pessoal, até então, não havia estudado assuntos referentes ao cinema, somente trabalhos no qual se faz a utilização do filme para resumo de temas a serem tratados. A expansão do conhecimento em relação ao cinema faz com que possa enxergar um filme com outros olhos, percebendo o quão difícil é transpassar as sensações e sentimentos nas cenas e como cada variante ajuda na transmissão. O cinema é uma arte visual e deve ser visualizado com todo respeito, não tem somente papel de entreter, mas sim de transmitir opções, opiniões, críticas ao espectador.

As narrativas selecionadas revelaram muitas coisas importantes a serem analisadas, principalmente, porque atingiram o objetivo da proposta apresentada pelas pesquisadoras em relação à análise fílmica, a qual tinha como princípio dar ênfase aos elementos da linguagem cinematográfica- a Forma.

Percebemos que foi de grande valor verificar e compreender o conhecimento prévio dos acadêmicos, e posteriormente, ensiná-los os conhecimentos da História da Arte e sua evolução, bem como as organizações estruturais explícitas, isto é, os elementos da linguagem cinematográfica, os quais constroem a estética fílmica.

Corrobora Xavier (2005) quando nos explica que as metáforas que a câmera propõe são uma espécie de olho de um observador astuto apoiado ao movimento de câmera para legitimar sua validade, organizações estruturais explícitas, pois as mudanças de direção, avanços e recuos, permitem as associações entre o comportamento do aparelho e os diferentes momentos do olhar intencionado, construindo assim, a estética do filme. Por isso a grande necessidade do espectador em reconhecer essas ações, isto é, os elementos da linguagem cinematográfica, para que possa realizar uma análise fílmica mais significativa.

Pudemos observar que a leitura fílmica feita por todos os acadêmicos envolvidos foram significativas, mas, as análises fílmicas A2, A4, A7, A11, A12 e A14 serviram para a análise do conteúdo do momento da pesquisa em questão.

O crescimento da leitura fílmica espontaneísta, denominado por nós de leitura fílmica no domínio principiante para a leitura fílmica no domínio aprendiz foi bastante relevante. No momento da análise fílmica, os acadêmicos em destaque, buscaram cumprir a proposta dada, quando pesquisaram a partir de referenciais os elementos selecionados para cada um deles e, na sequência, a partir do conhecimento, os identificaram no filme requerido.

O A2 demonstra o conhecimento sobre o conceito do elemento da linguagem cinematográfica selecionado: Câmera Panorâmica, e consegue a partir da sua leitura fílmica, reconhecê-lo no frame selecionado por ele. O que nos chama atenção é a leitura fílmica que faz a partir da leitura factual do frame, determinando assim o reconhecimento do elemento que é responsável. Isso ocorre igualmente em A4, A7, A11, A12 e A14.

Nas narrativas, percebemos que de maneira consciente os conceitos teórico- técnicos são por eles aplicados aos frames. Como visto nas análises, foram reconhecidos, selecionados e analisados.

O A4 foi mais longe, em sua análise sobre o elemento da linguagem cinematográfica: travelling. Identificou o elemento, selecionou o frame, apresentou o conceito referencial sobre ele. Fez uma leitura factual minuciosa do frame, explicou a sequência fílmica da cena e ainda aplicou seu conhecimento sobre o conceito de travelling, quando diz: “Devido à câmera acompanhar o caminho do homem do final do corredor até a sacada vemos o movimento da câmera indo de trás para frente, podemos assim afirmar que seria um travelling acontecendo”, com isso houve uma correlação entre a cena e o elemento da linguagem cinematográfica estudado.

Aqui podemos destacar o que Xavier (2005) cita sobre a importância do reconhecimento dos elementos da linguagem cinematográfica, pois segundo o autor tudo o que é elaborado no filme foi pensado de maneira a permitir uma análise/interpretação do espectador. A partir do conhecimento dos elementos da linguagem cinematográfica, o professor/espectador eleva a sua sensibilidade de modo a superar a leitura convencional, conseguindo ver além da objetividade da imagem.

Nas análises feitas por A7, A11, A12 e A14, as relações construídas pelos acadêmicos entre os referencias pesquisados sobre os elementos, a seleção do frame, a leitura factual e a correlação entre a sequência fílmica e o elemento da linguagem cinematográfica estudado. A “competência em ver”, segundo Bourdieu (1979), se constrói aos poucos, superando o que temos como objetivo em relação ao entendimento sobre Cinema.

Vale destacar ainda na análise fílmica em questão, as narrativas conclusivas dos acadêmicos ao serem questionados sobre seus posicionamentos à proposta dada, e quais foram às contribuições dos conhecimentos para sua vida pessoal (leitura de mundo) em relação ao Cinema.