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4. Caso de Estudo

4.2. E LEMENTOS H IDROLÓGICOS E H IDRÁULICOS

O Aproveitamento Hidroelétrico em questão implica a construção de dois escalões no curso principal do rio Vouga:

 O escalão de Ribeiradio situado e 95 km a jusante da nascente e a 2 km a jusante da confluência com o rio Gresso, nas imediações da povoação de Ribeiradio, dominando uma bacia com área total de 945 km2.

 O escalão de Ermida situa-se a cerca de 5 km a jusante da barragem de Ribeiradio, 2 km a jusante da povoação de Ermida. A bacia intermédia entre as duas barragens tem uma área total de 22 m², correspondente sensivelmente a 2% da área da bacia dominada pela barragem de Ribeiradio.

CARACTERIZAÇÃO DA BACIA HIDROGRÁFICA

O rio Vouga nasce na serra da Lapa, a cerca de 930 m de altitude e percorre 148 km até desaguar na Barra de Aveiro. A sua bacia hidrográfica situa-se na zona de transição entre o Norte e o Sul de Portugal, sendo limitada pelos paralelos 40º15’ e 40º57’ de latitude Norte e os meridianos 7º33’ e 8º48’ de longitude Oeste. É confinada a sul pela Serra do Buçaco, que a separa da bacia do rio Mondego, e a

norte pelas serras de Leomil, Montemuro, Lapa e Serra de Freita, que a separa da bacia do rio Douro. [12]

A área total da bacia do Vouga é da ordem de 3550 km², englobando‐se nesta área a ria de Aveiro, já que este rio pode ser considerado como sendo apenas um dos que descarregam na zona lagunar que constitui a ria de Aveiro. Os rios principais deste conjunto hidrográfico são o próprio Vouga (e seus afluentes até à confluência com o rio Águeda), o Águeda e o seu afluente, Cértima, podendo acrescentar- se-lhe o Caster e o Antuã, na parte Norte, e o Boco e a ribeira da Corujeira, a Sul, todos desaguando na Ria de Aveiro mas hidrograficamente independentes do Vouga. [12] Sob este ponto de vista, a área total drenada pelo rio Vouga na confluência com o Águeda – já abaixo da cota 10 ‐ é de apenas 1350 km². A albufeira de Ribeiradio, com cerca de 13 km de comprimento, abrange uma zona de vale medianamente encaixada. No entanto, no local da barragem de Ribeiradio e mais para jusante, num trecho de aproximadamente 4 km que se desenvolve até à barragem de Ermida, o Vouga atravessa uma zona de relevo mais acentuado, percorrendo um vale bastante encaixado.

Na figura 4.1 apresenta‐se a configuração da bacia dominada pela barragem de Ribeiradio e na tabela 4.1 apresentam-se os principais parâmetros morfométricos da bacia hidrográfica do rio Vouga na secção da barragem de Ribeiradio.

Tabela 4.1 - Principais parâmetros morfométricos da bacia.

Bacia Hidrográfica Rio Vouga

Área 945 km2 Comprimento 86,5 km

Comprimento 41 km Inclinação média 0,9 % Perímetro 184,5 km Altitude máxima 935 m Altitude máxima 953 m Altitude mínima 40 m Altitude mínima 40 m Padrão de drenagem Ramificado Altitude média 533

Figura 4.1 - Caracterização orográfica da bacia de Ribeiradio. [12]

Desde a nascente até próximo da confluência com a ribeira de Brazela o rio Vouga segue sensivelmente o sentido Norte‐Sul, infletindo aí para Oeste e mantendo este alinhamento geral até à secção da barragem. Entre a nascente e o local da barragem, o rio Vouga apresenta um perfil com troços bem demarcados. Nos primeiros 10 km do seu curso desce rapidamente até à cota 600, penetrando de seguida numa zona planáltica onde desce suavemente, numa extensão de 35 km, até perto da Póvoa, à cota 400. Da Póvoa até S. Pedro do Sul o rio corre num vale apertado, com vertentes muito inclinadas, passando da cota 400 à cota 150, numa extensão de 20 km. De S. Pedro do Sul para jusante até ao local da barragem, o vale é menos encaixado e com declive longitudinal suave, descendo cerca de 110 m em 22 km.

Em termos geológicos, a bacia desenvolve‐se sobre formações graníticas de génese hercínica e rochas pertencentes ao complexo xisto‐grauváquico, apresentando um relevo bastante vigoroso. De uma maneira geral pode dizer‐se que os granitos estão associados aos relevos mais salientes, enquanto que as formações xisto‐grauváquico se manifestam sob a forma de vertentes abruptas. Existem ainda abundantes rochas filonianas (quartzitos e aplitopegmatitos).

CARACTERIZAÇÃO CLIMÁTICA DA REGIÃO

4.2.2.1 Caracterização das principais grandezas climáticas

As estações climatológicas que servem de base à caracterização climática da bacia afeta ao aproveitamento hidroeléctrico em questão são as de S. Pedro do Sul, Serra da Muna e Viseu.

Com base nestas estações, estima-se que a evaporação média anual na bacia seja da ordem dos 1200 mm, com valores máximos no mês de Agosto, com uma média de 170 mm, e valores mínimos em Dezembro e Janeiro com cerca de 40 mm. No que concerne à temperatura, estima‐se que a temperatura média anual na bacia seja da ordem dos 13°C. Geralmente o mês mais frio é Janeiro, com temperaturas

médias da ordem de 6°C. Os meses mais quentes são Julho e Agosto, com temperaturas médias da ordem de 20°C.

4.2.2.2 Pluviometria

Com o objetivo de obter o valor da precipitação anual ponderada, foram considerados no total 13 postos pluviométricos, nomeadamente, Aguiar da Beira, Ariz, Arouca, Barragem Castelo Burgães, Bouça (Pessegueiro do Vouga), Calde, Castro d’Aire, Lubagueira Bodiosa, Mezio (Paiva), Queiriga, S. Pedro do Sul e Satão. Este valor cifra-se nos 1350 mm com séries temperais de 1954/55 a 2003/04.

CARACTERIZAÇÃO PLUVIOMÉTRICA DO LOCAL DAS OBRAS

Apresentam-se de seguida as precipitações mensais na zona do aproveitamento, no Figura 4.2, assim como a distribuição da precipitação diária na zona das obras, na Tabela 4.2, tendo por base a estação pluviométrica de Bouça (Pessegueiro do Vouga).

A precipitação anual média registada foi de 1542 mm e a precipitação total estimada assume o valor de 1607 mm por ano.

Figura 4.2 – Distribuição média da precipitação ao longo do ano na bacia de Ribeiradio. [12]

Tabela 4.2 - Número médio de dias por ano com precipitação superior a um determinado valor. [12]

Nome do posto P ≥ 1 mm P ≥ 10 mm P ≥ 20 mm P ≥ 50 mm

Bouça 106 55 29 3

Esta análise permite prever a probabilidade de ocorrência de precipitações intensas e indesejáveis na zona da barragem de Ribeiradio.

0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 10 20 50 100 1000 5000 10000 P m éd (m m ) Período de Retorno

ESCOAMENTOS MENSAIS NA SECÇÃO DA BARRAGEM

Na Figura 4.5 apresenta-se a distribuição média mensal dos escoamentos sendo possível verificar que os escoamentos máximos, isto é, aqueles que transportam mais energia, se verificam nos meses de Dezembro, Janeiro e Fevereiro, e os mínimos na época de estiagem, de Julho a Setembro.

Figura 4.3 - Distribuição média dos escoamentos ao longo do ano na secção da barragem. [12]

CAUDAIS DE PONTA DE CHEIA

Os estudos hidrológicos na secção da barragem de Ribeiradio têm o propósito de servir como base de dimensionamento para a solução de derivação provisória do rio Vouga e para o descarregador de cheias. Recorrendo à aplicação do modelo à análise estatística a partir de registos de caudais instantâneos máximos e a fórmulas empíricas cinemáticas, propõe-se os valores de caudais de ponta de cheia que constam na Tabela 4.3 e Figura 4.4, de acordo com diferentes períodos de retorno.

Tabela 4.3 - Caudais de ponta de cheia. [12]

Período de Retorno (anos) 10 20 50 100 1000 5000 10000 QCheia (m3/s) 1058 1249 1694 1890 2714 3260 3450 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180

Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set

E m éd (hm 3 ) Mês

Figura 4.4 - Caudais de ponta de cheia. [12]

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