• Nenhum resultado encontrado

Os leptinitos do Complexo Ipirá (Figura 9) apresentam uma relação muito

íntima com os leucogranitos. São descritos macroscopicamente por Leite (2002)

como rochas com bandas leucocráticas e mesocráticas, com espessuras de até 2

cm, marcadas por variações na moda da biotita, além da presença de granada que

pode formar agregados de até 1 cm.

A presença do feldspato potássico em forma de cristais euédricos,

milimétricos a centimétricos e a passagem lateral de bolsões e maciços de

leucogranitos com a mesma composição mineralógica dos leptinitos, também

configuram importantes feições dos leptinitos.

39

Figura 9 - Mapa geológico regional, deixando em evidência os domínios do Complexo Ipirá, onde

ocorrem os leptinitos. Fonte: Adaptado e modificado de Leite (2002)

Microscopicamente, os leptinitos se apresentam inequigranulares, com

granulometria variando de 0,1 a 3 mm, assembleia mineral composta por

plagioclásio, quartzo, mesopertita, feldspato pertítico, biotita, monazita, granada,

zircão e opacos. Apresentam textura porfiroblástica, poiquilitica, constituída por

granada e biotita em matriz lepidoblástica a granoblástica decussada.

40

Plagioclásio

Os grãos de plagioclásio representam 28,53% da rocha. Apresentam

granulometria média e tamanho dos grãos variando de 0,2 a 1,4 mm. São grãos

inequigranulares, que variam morfologicamente de subidioblásticos a xenoblásticos,

de contatos predominantemente retos, e por vezes interlobados com os demais

minerais (Fotomicrografia 1). A geminação é do tipo albita (Fotomicrografia 2).

Ocorre também, associada aos grãos desse mineral, mirmequita (exsoluções de

quartzo) (Fotomicrografias 3 e 4). Uma boa porção dos grãos encontra-se

parcialmente substituídos por sericita, principalmente nas bordas, sendo que em

alguns casos só é possível identificar algumas feições reliquiares características do

grão, como geminação e a forma original do grão. É comum a presença de inclusões

de outros minerais, tais como quartzo, biotita, monazita e grãos menores do próprio

plagioclásio.

Fotomicrografia 1 Visão geral dos grãos de

plagioclásio, segundo contatos

predominantemente curvos a interlobados.

Amostra CL-135, objetiva de 2,5x.

Fotomicrografia 2 Grãos de plagioclásio com

geminação ainda visível, alterado parcialmente

nas bordas e com inclusões de monazita e

biotita. Amostra CL-135, objetiva de 5,0x.

CL-118 200µm

Pl

Bt

Qtz

Pl

Bt

Grt

Mon

Bt

41

Fotomicrografia 3 Grãos de Plagioclásio

fortemente alterados para sericita. Detalhe para a

formação de mirmequita em um grão bastante

alterado por sericitização. Amostra CL-135,

objetiva de 2,5x.

Fotomicrografia 4 – Detalhe para a formação de

mirmequita (exsolução de quartzo) em grão de

plagioclásio completamente sericitizado. Amostra

CL-135, objetiva de 5,0x.

Quartzo

Os grãos de quartzo correspondem à 23,42% da moda. Apresentam

granulometria média e tamanho que varia entre 0,1 a 3 mm. São inequigranulares e

xenoblásticos. Apresentam contatos curvos e interlobados entre si e com a biotita.

Os grãos demonstram também a ocorrência de extinção ondulante (Fotomicrografia

5), além da presença de inclusões de minerais como plagioclásio, biotita (em

variados níveis de alteração – cloritização) e grãos menores do próprio mineral, além

de minerais acessórios como monazita. Mostram-se também em intercrescimentos

simplectiticos com a biotita (Fotomicrografia 6)

Fotomicrografia 5 – Grão de quartzo com extinção

ondulante e inclusões de biotita e quartzo. Amostra

CL-118, objetiva de 2,5x.

Fotomicrografia 6– Simplectito de quartzo + biotita.

Amostra CL-118, objetiva de 2,5x.

Pl Mp

Mir

Bt

Pl

Pl

Mir

Mp

Pl

CL-118 500µm

Bt

Qtz

Bt

CL-118 500µm

Bt

Bt

Qtz

42

Mesopertita

A mesopertita corresponde à 12,52% da rocha. Apresentam granulometria

média e tamanho dos grãos variando de 0,3 a 2,4 mm. São inequigranulares,

tabulares, apresentando-se como subidioblásticos a xenoblásticos, segundo

contatos curvos e interlobados, raramente retos com as demais fases minerais. É

comum a ocorrência de inclusões minerais tais como quartzo (Fotomicrografia 7),

plagioclásio, biotita, zircão (Fotomicrografia 8), monazita e opacos.

Fotomicrografia 7 – Mesopertita associada a

grão de plagioclásio com mirmequita e inclusão

parcial de grão de quartzo. Amostra CL-135,

objetiva de 5,0x.

Fotomicrografia 8 – Grão de mesopertita

associado a grão de zircão. Amostra CL-118,

objetiva de 5,0x.

Pertita (Feldspato Pertítico)

A pertita representa 10,09% da moda mineralógica. Apresenta tamanho que

varia de 0,5 a 1,6 mm. São equigranulares, sendo classificados morfologicamente

como xenoblásticos, apresentando contatos predominantemente interlobados

(Fotomicrografia 9). É possível observar a presença de minerais em forma de

inclusões como plagioclásio, opacos e finas faixas de biotita cloritizada.

CL-118 200µm

Mp

Pl

Pl

Qtz

Qtz

Zrn

r

Mp

Grt

Bt

Grt

43

Fotomicrografia 9 – Grão de pertita com inclusão

de grão de quartzo e contatos interlobados.

Amostra CL-118, objetiva de 5,0x.

Biotita

A biotita representa 18,30% da moda. Em luz plana apresenta coloração que

varia do castanho ao avermelhado. O pleocroísmo varia do

castanho-avermelhado (para os grãos que não apresentam processo de cloritização) ao

verde-arroxeado (para os grãos que apresentam cloritização) (Fotomicrografia 10).

Ocorrem em sua maioria em forma de ripas alongadas, orientadas e tamanho que

varia de 0,1 a 1,8 mm. Morfologicamente, são idioblásticos a subidioblásticos, com

contatos principalmente retos e por vezes curvos ou serrilhados (Fotomicrografia

11). Em alguns grãos é possível observar extinção do tipo olho de pássaro, assim

como a presença de simplectitos de biotita+quartzo. A biotita é do tipo titanífera,

caracterizada pelo seu pleocroísmo.

Pt

CL-118

44

Fotomicrografia 10 – Grãos de biotita

cloritizados e não cloritizados, com pleocroísmo

característico. Nota-se também a presença de

biotita em forma de inclusão nos grãos de

granada, plagioclásio e quartzo. Amostra CL-135,

objetiva de 2,5x.

Fotomicrografia 11 – Biotita com inclusão de

zircão e contatos retos e serrilhados com os

grãos de feldspato pertítico. Amostra CL-135,

objetiva de 5,0x.

Granada

A granada corresponde à 3,23% da moda. Em luz plana, os grãos se

apresentam levemente rosados, com relevo alto, destacando-se dos demais

minerais pelo alto relevo (Fotomicrografia 12 e 13). Os grãos ocorrem de forma

globular, por vezes formando agregados, subédricos a euédricos, e tamanho

variando entre 0,25 a 2,2 mm. Apresentam relação de contato com os grãos de

quartzo e plagioclásio predominantemente reto a interlobado, podendo ocorrer por

vezes contatos embaiados. Já com os grãos de biotita, o contato é

predominantemente interlobado. Os grãos desse mineral ocorrem sempre

acompanhados de biotita, e mesmo com inclusões deste mineral (Fotomicrografia

13). A presença de inclusões de minerais como quartzo, monazita e opacos também

é comum (Fotomicrografia 14 e 15).

Grt

Bt

Pl

Qtz

Bt

Pt

Pt

Zrn

r

45

Fotomicrografia 12 – Grão de granada com

associação da biotita. Amostra CL-118, objetiva

de 2,5x.

Fotomicrografia 13 – Granada em luz plana,

evidenciando a relação da biotita com a granada.

Amostra CL-135, objetiva de 2,5x.

Fotomicrografia 14 – Grão de granada com

inclusões de biotita, quartzo e opacos. Amostra

CL-135, objetiva de 2,5x.

Fotomicrografia 15 – Granada em nicóis

cruzados, evidenciando inclusões de grãos de

quartzo, monazita, além da presença de biotita

cloritizadas (seta verde). Amostra CL-118,

objetiva de 2,5x.

Opacos

Os grãos de opacos representam 1,35% da composição modal. São

anédricos e apresentam tamanho que varia de 0,05 a 0,2 mm. Ocorrem mais

comumente associados à mesopertita, biotita e granada (Fotomicrografia 16).

Grt

Pl

Qtz

Bt

Grt

Qtz

Bt

Grt

Qtz

Bt

Grt

Qtz

Bt

CL-118 500µm 500µm CL-118

Bt

46

Fotomicrografia 16 – Minerais opacos

associados a biotita e a granada. Amostra CL-118,

objetiva de 10x.

Zircão

Os grãos de zircão correspondem a 1,35% da composição modal.

Apresentam relevo alto e forte birrefringência característica do mineral. São

euédricos, preferencialmente em forma de elipse, com tamanho em torno de 0,05

mm. Em alguns grãos é possível observar o zoneamento metamórfico, assim como a

“queima” da biotita devido ao decaimento radioativo do mineral. Ocorre normalmente

associado à biotita (Fotomicrografia 17).

Fotomicrografia 17 – Grão de zircão em forma

de inclusão na biotita titanífera. Amostra CL-135,

objetiva de 5,0x.

Monazita

A monazita representa 1,21% da moda. É representada por grãos com alto

relevo e birrefrigência, dimensões de 0,05 mm, idioblásticos. Ocorrem comumente

associadas à mesopertita, ao plagioclásio (Fotomicrografia 18) e biotita.

Zrn

Pt

Pt

Pl

Bt

CL-118

Grt

Bt

Op

0,1 mm

Documentos relacionados