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Estado da Arte

2.2.4 Leucócitos

Os leucócitos são, na verdade, um grupo de diferentes células, com diferentes funções no sistema imunológico. Alguns leucócitos atacam diretamente o invasor, outros produzem anticorpos, outros apenas fazem a identificação. O valor normal dos leucócitos não depende do sexo do paciente e varia entre 4000 e 11000 células por ml de sangue.

Os leucócitos são reunidos de início em dois grupos: granulócitos e agranulócitos (Figura 6). Esta denominação se prende à presença ou ausência de granulação no citoplasma dos mesmos.

Figura 6. Classificação dos leucócitos (CEB, 2012).

A família de leucócitos é composta de eosinófilos, basófilos, linfócitos, monócitos e neutrófilos. Os cinco tipos de leucócitos podem ser distinguidos pelos seus grânulos citoplasmáticos, manchando propriedades dos grânulos, o tamanho da célula, a proporção do núcleo para o material citoplasmático, e do tipo de lóbulos de nucléolos (Chaira, 2014).

Segundo Saraswat & Arya (2014), são leucócitos granulócitos:

 Neutrófilos: primeira linha de defesa celular contra invasão de microrganismos, o neutrófilo é o tipo de leucócito mais comum. Representando em média de 50% a 70% dos leucócitos circulantes, os neutrófilos são especializados no combate a bactérias. Quando há uma infecção bacteriana, a medula óssea aumenta a sua

produção, fazendo com que sua concentração sanguínea se eleve. Portanto, quando temos um aumento do número de leucócitos totais, causado basicamente pela elevação dos neutrófilos, estamos provavelmente diante de um quadro infeccioso bacteriano. Os neutrófilos tem um tempo de vida de aproximadamente 24-48 horas. Por isso, assim que o processo infeccioso é controlado, a medula óssea reduz a produção de novas células e seus níveis sanguíneos retornam rapidamente aos valores normais. Os neutrófilos possuem o núcleo segmentado em lobos, em número que varia de dois a cinco, sendo denominados “neutrófilos segmentados”.

 Eosinófilos: Os eosinófilos são os leucócitos responsáveis pelo combate de parasitas e pelo mecanismo da alergia. Apenas 1 a 5% dos leucócitos circulantes são eosinófilos. Estes possuem grânulos que aparecem em tons de rosa ou vermelho em lâminas coradas, cujos núcleos possuem frequentemente dois lobos conectados. O aumento de eosinófilos ocorre em pessoas alérgicas, asmáticas ou em casos de infecção intestinal por parasitas. Os eosinófilos são um pouco maiores que os neutrófilos.

 Basófilos: tipo menos comum de leucócitos no sangue, representam menos de 1% de todos os leucócitos e apresentam grandes grânulos, corados do azul marinho ao roxo, muitas vezes tão numerosos que mascaram o núcleo. Sua elevação normalmente ocorre em processos alérgicos e estados de inflamação crônica. Normalmente em pequeno número, possuem um núcleo segmentado e granulações maiores do que aquelas existentes nos demais granulócitos.

E agranulócitos:

 Linfócitos: segundo tipo mais comum, representam de 25 a 35% dos leucócitos no sangue. Os linfócitos são as células que fazem o reconhecimento de organismos estranhos, iniciando o processo de ativação do sistema imunológico. Principais linhas de defesa contra infecções por vírus e surgimento de tumores, são eles também os responsáveis pela produção dos anticorpos. Quando temos um processo viral em curso, é comum que o número de linfócitos aumente, às vezes, ultrapassando o número de neutrófilos e tornando-se o tipo de leucócito mais presente na circulação. Possuem um núcleo regular grande e arredondado que ocupa praticamente toda a célula, deixando uma borda muito fina de

citoplasma. Em lâminas coradas, apresenta coloração azul escura ou púrpura. Esta célula é menor do que os basófilos, eosinófilos e neutrófilos.

 Monócitos: correspondem aos maiores leucócitos do sangue circulante e representam em média de 3 a 9% do total de leucócitos. Apresentam núcleo grande em forma de rim ou ferradura e sem segmentação com a cromatina delicada disposta em forma de rede. Quando corados, apresentam núcleo azul marinho ou púrpura e citoplasma azul claro. São ativados tanto em processos virais quanto bacterianos. Quando um tecido está sendo invadido por algum germe, o sistema imunológico encaminha os monócitos para o local infectado. Os monócitos tipicamente se elevam nos casos de infecções, principalmente naquelas mais crônicas como a tuberculose.

Alguns exemplos de imagens microscópicas de leucócitos podem ser vistos na Figura 7.

Figura 7. Lâminas de esfregaços sanguíneos apresentando diversos leucócitos.

As alterações quantitativas dos leucócitos na corrente sanguínea são chamadas de leucocitose e leucopenia. Enquanto a leucocitose é caracterizada pelo aumento do número de leucócitos, a leucopenia é caraterizada pela sua diminuição. A leucocitose pode ser causada por uma linfocitose, aumento do número de linfócitos, ou por uma neutrofilia, aumento do número de neutrófilos, por exemplo. Já a leucopenia pode surgir devido a uma linfopenia, diminuição do número de linfócitos, ou neutropenia, diminuição do número de neutrófilos. Quando existe aumento ou redução dos valores dos leucócitos é importante ver qual das linhagens descritas anteriormente é a responsável por essa alteração. Como neutrófilos e linfócitos são os tipos mais comuns, estes geralmente são os responsáveis pelo aumento ou diminuição da concentração dos leucócitos.

Grandes leucocitoses podem ocorrer nas leucemias, o câncer nos leucócitos. Enquanto processos infecciosos podem elevar os leucócitos até 20.000 – 30.000 células/ml, na leucemia estes valores ultrapassam facilmente os 50.000 células /ml. As leucopenias normalmente

ocorrem por lesões na medula óssea. Podem ser por quimioterapia, por drogas, por invasão de células cancerígenas ou por invasão por micro-organismos.

2.3 Trabalhos Relacionados

Diversos estudos envolvendo o processamento digital de imagens, associado à lógica

fuzzy ou a outras técnicas, e voltado para a segmentação de componentes sanguíneos e

classificação diferencial de leucócitos ou outros problemas específicos podem ser encontrados na literatura e alguns deles estão relacionados nos tópicos seguintes.

2.3.1 Segmentação de Componentes Sanguíneos e Classificação