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Levantamento das necessidades

No documento A REALIDADE E A NECESSIDADE (páginas 175-183)

III. A creche como serviço de apoio à primeira infância Sua caracterização

3. As necessidades da resposta social creche

3.2. Levantamento das necessidades

Tal como foi referido no capítulo bibliográfico, é objectivo do XVII Governo da República Portuguesa de aumentar em 50% até 2009 (tendo como base o início da legislatura, em 2005) o número de lugares disponíveis em creches e amas até ao final desta legislatura11.

Uma vez que em 2005 existiam 68.706 lugares em creches, o Governo português propõe acrescentar mais 34.353 vagas nesta resposta social em todo o país. Esta questão leva à discussão dos locais onde essas vagas são mais necessárias.

Tal como foi analisado no capítulo anterior, existem grandes

assimetrias nas taxas de cobertura para esta resposta social referente ao número de crianças dos 0 aos 3 anos. O valor mais baixo encontra-se na região do Tâmega, com 5% de cobertura, e o valor mais elevado pertence à região da Serra da Estrela com 40,5% de taxa de cobertura.

11 Programa do XVII Governo Constitucional. 2005-2009. Presidência do Conselho de Ministros.

Fonte: DGEEP-DSESSAS, Carta Social - Rede de Serviços e Equipamentos; INE.

Mapa 2 – Taxa de cobertura das creches por Nuts III. Ano 2005.

3. AS NECESSIDADES DA RESPOSTA SOCIAL CRECHE 152

Taxa de Cobertura das Creches Gráfico de Quartis - Ano 2005

0% 10% 20% 30% 40% 50%

Gráfico 47 – Gráfico de Quartis para as taxas de cobertura das creches. 28 regiões das Nuts III. Ano 2005.

Devido aos grandes valores das assimetrias existentes nas diversas taxas de cobertura, a distribuição das novas vagas propostas para as creches vai-se basear no princípio da redução das assimetrias, por forma a que exista uma correcta distribuição dos lugares em creches por todo o país.

Assim sendo, com os 34.353 novos lugares, o país disporá de 103.057 vagas no total das creches existentes, correspondendo a uma nova taxa de cobertura de 24,7%.

Considera-se que as regiões das Nuts III que contenham uma taxa de cobertura superior ou igual a 24,7% não sofram aumentos de lugares em creche, para se poder reduzir as assimetrias. Para as regiões das Nuts III que contenham uma taxa de cobertura inferior a 24,7% irá ser aplicado um aumento do número de lugares em creche, em proporção, relativamente à nova taxa de cobertura portuguesa.

Como foi referido no capítulo da literatura, cada creche (ou módulo) deverá conter 3 salas, de acordo com as idades das crianças, contendo no total 33 crianças. Logo, os módulos em falta serão calculados na razão entre os números de lugares em falta e as 33 crianças que cada creche deverá conter.

Apresenta-se de seguida uma análise ao número de vagas criadas e a sua localização geográfica, tendo como base as Nuts III, analisando, assim, as novas taxas de cobertura e as novas assimetrias existentes.

Nuts II N.º Lugares em Falta Módulos em Falta Nova Capacidade Nova Taxa de Cobertura Norte 14.888 451 37.374 24,2% Centro 4.808 145 23.148 26,2% Lisboa 12.196 370 30.891 24,2% Alentejo 1.118 34 7.046 25,4% Algarve 1.341 41 4.598 24,2% Portugal 34.351 1.041 103.057 24,7%

Fonte: DGEEP-DSESSAS, Carta Social - Rede de Serviços e Equipamentos; INE

Quadro 31 – N.º de Lugares em Falta, nova Capacidade e Nova Taxa de Cobertura por Nuts II. Proposta para 2009.

De acordo com a metodologia apresentada, é necessária a criação de 34.351 vagas em creches até ao ano 2009, o que corresponde a 1.041 módulos de creches, correspondente a uma taxa de cobertura de 24,7%.

A região que carece de um maior número de creches é a do Norte, com um aumento de quase 15.000 novas vagas (correspondendo a cerca de 43% do total de novos lugares), seguida da região de Lisboa com 12.196 novos lugares (correspondendo a quase 36% das novas vagas). Estas duas regiões reclamam, assim, 79% do total dos lugares em falta, ficando os restantes lugares repartidos pelas regiões do Centro, do Alentejo e do Algarve.

Com estes novos lugares, as regiões do Norte e de Lisboa aumentam a sua taxa de cobertura em cerca de 10 pontos percentuais, situando-se acima dos 24%. Segue-se a região do Algarve com um aumento de 7 pontos (nova taxa de cobertura de 24,2%), e as regiões do Centro e do Alentejo com um acrescento de 5 e 4 pontos percentuais respectivamente (taxas de cobertura de 26,2% e 25,4%). Com estas novas vagas as taxas de cobertura destas 5 regiões situam-se entre os 24,2% e os 26,2%.

3. AS NECESSIDADES DA RESPOSTA SOCIAL CRECHE 154

Nuts III - Norte N.º Lugares em Falta Módulos em Falta Capacidade Nova Nova Taxa de Cobertura

Minho-Lima 755 23 2.125 24,2%

Cávado 983 30 4.552 24,3%

Ave 1.266 38 5.283 24,3%

Grande Porto 5.578 169 13.115 24,1%

Tâmega 4.860 147 6.188 23,9%

Entre Douro e Vouga 435 13 2.789 24,3%

Douro 427 13 1.780 24,3%

Alto Trás-os-Montes 584 18 1.542 24,2%

Norte 14.888 451 37.374 24,2%

Fonte: DGEEP-DSESSAS, Carta Social - Rede de Serviços e Equipamentos; INE

Quadro 32 – N.º de Lugares em Falta, nova Capacidade e Nova Taxa de Cobertura por Nuts III. Região Norte. Proposta para 2009.

É a região Norte que necessita de um maior número de lugares, com 14.888 correspondendo a 451 módulos de creches. Destas, as regiões do Grande Porto, Tâmega e Ave são as que carecem de uma maior necessidade, que no total recolhem 78,6% do total dos lugares em falta. Após este acrescento, a região do Tâmega foi a que obteve um maior crescimento da taxa de cobertura com 18,8 pontos percentuais (como já foi referido, a taxa real de cobertura desta região para o ano de 2005 é de 5,1%), seguida da região do Grande Porto com 10,3 pontos percentuais.

As regiões do Douro, do Entre Douro e Vouga, e do Alto Trás-os-Montes são as que necessitam de um menor número de creches (estas 3 regiões absorvem quase 10% dos lugares em falta), obtendo assim um aumento de 6, 4 e 9 pontos percentuais na taxa de cobertura.

Após este reforço de vagas proposto neste trabalho, a taxa de cobertura mais baixa para a região Norte é de 23,9% (correspondente à região do Tâmega) e a mais alta é de 24,3% para as regiões do Cávado e do Ave.

Nuts III - Centro N.º Lugares em Falta Módulos em Falta Nova Capacidade Nova Taxa de Cobertura Baixo Vouga 0 0 4.168 26,5% Baixo Mondego 8 0 2.903 24,4% Pinhal Litoral 1.286 39 2.638 24,1%

Pinhal Interior Norte 38 1 1.136 24,4%

Dão-Lafões 862 26 2.612 24,2%

Pinhal Interior Sul 0 0 311 28,0%

Serra da Estrela 0 0 525 40,5%

Beira Interior Norte 0 0 1.355 39,7%

Beira Interior Sul 0 0 755 32,5%

Cova da Beira 0 0 1.165 39,3%

Oeste 1.336 40 3.622 24,2%

Médio Tejo 1.278 39 1.958 24,0%

Centro 4.808 145 23.148 26,2%

Fonte: DGEEP-DSESSAS, Carta Social - Rede de Serviços e Equipamentos; INE

Quadro 33 – N.º de Lugares em Falta, nova Capacidade e Nova Taxa de Cobertura por Nuts III. Região Centro. Proposta para 2009.

Uma vez que 6 das 12 regiões das Nuts III pertencentes à região Centro têm uma taxa de cobertura superior a 24,7%, estas não sofreram um aumento de lugares em creche. Assim, foi proposto um aumento para as outras 6 regiões de 4.808 vagas, correspondendo a um aumento de 145 módulos de creches.

As regiões do Pinhal Litoral, Oeste e Médio Tejo foram as que obtiveram uma maior proposta de aumento no número de vagas em creches, onde, no seu conjunto, albergam 81% destas vagas (1.286 lugares para a região do Pinhal Litoral, 1.336 para a região do Oeste e 1.278 para o Médio Tejo). Segue-se a região de Dão-Lafões com uma proposta de 862 novos lugares, e as regiões do Pinhal Interior Norte e do Baixo Mondego com 32 e 8 novos lugares, respectivaente.

No que respeita ao aumento da taxa de cobertura, o maior observou-se na região do Médio Tejo em 15,7 pontos percentuais, obtendo uma nova taxa de cobertura de 24%, seguido da região do Pinhal Litoral com um aumento de 11,7 pontos percentuais e com uma nova taxa de cobertura de 24,1%. Seguem-se as regiões do Oeste e Dão-Lafões com aumentos de 9 e 8 pontos percentuais,

3. AS NECESSIDADES DA RESPOSTA SOCIAL CRECHE 156

obtendo assim uma taxa de cobertura de 24,2%. As restantes duas regiões com aumento de vagas propostas (Pinhal Interior Norte e Baixo Mondego) obtém um aumento inferior a 1%.

Nuts III - Lisboa N.º Lugares em

Falta Módulos em Falta Nova Capacidade Nova Taxa de Cobertura Grande Lisboa 7.971 242 22.359 24,2% Península de Setúbal 4.225 128 8.532 24,1% Lisboa 12.196 370 30.891 24,2%

Fonte: DGEEP-DSESSAS, Carta Social - Rede de Serviços e Equipamentos; INE

Quadro 34 – N.º de Lugares em Falta, nova Capacidade e Nova Taxa de Cobertura por Nuts III. Região de Lisboa. Proposta para 2009.

Uma vez que as duas regiões pertencentes às Nuts III de Lisboa têm uma taxa de cobertura inferior a 24,7%, foi proposto um reforço de vagas em creche para as regiões da Grande Lisboa e da Península de Setúbal com um total de 12.196 lugares correspondendo a 370 novos módulos de creches, ficando estas regiões com uma taxa de cobertura de 24,2%.

Foi na região de Lisboa onde foi proposto um maior reforço neste tipo de vagas, com 7.971 novos lugares. Das 28 regiões das Nuts III, esta foi a que foi proposto o maior número de vagas (também é a região da Grande Lisboa a que tem o maior número de crianças com idades até aos 3 anos), aumentando, assim, em 8,6 pontos percentuais na sua taxa de cobertura.

Também foi proposto um aumento de lugares para a região da Península de Setúbal de 4.225, representando um aumento de 11,9 pontos percentuais na sua taxa de cobertura, e 34,6% das vagas propostas para a região de Nuts II de Lisboa.

Nuts III - Alentejo N.º Lugares em Falta Módulos em Falta Nova Capacidade Nova Taxa de Cobertura Alentejo Litoral 87 3 795 24,4% Alto Alentejo 0 0 1.257 32,0% Alentejo Central 0 0 1.502 24,6% Baixo Alentejo 46 1 1.141 24,4% Lezíria do Tejo 985 30 2.351 24,1% Alentejo 1.118 34 7.046 25,4%

Fonte: DGEEP-DSESSAS, Carta Social - Rede de Serviços e Equipamentos; INE

Quadro 35 – N.º de Lugares em Falta, nova Capacidade e Nova Taxa de Cobertura por Nuts III. Região Alentejo. Proposta para 2009.

À semelhança da região Centro, a região do Alentejo possui regiões das Nuts III cuja taxa de cobertura é superior a 24,7%. Tais regiões são as do Alto Alentejo e Alentejo Central, na qual não foi proposto o aumento de vagas nessas. Assim, as 1.118 vagas propostas (correspondendo a 34 novos módulos de creches e a uma taxa de cobertura de 25,4%) serão repartidas por 3 das 5 regiões.

A região da Lezíria do Tejo alberga 88,1% do total de novos lugares, verificando assim um aumento de 10 pontos percentuais na taxa de cobertura. Seguem-se as regiões do Alentejo Litoral e do Baixo Alentejo com aumentos de 87 e 46 novas vagas, correspondendo a aumentos de 3 e 1 pontos percentuais, respectivamente, nas suas taxas de cobertura.

As novas taxas de cobertura são todas superiores a 24,1% e inferiores a 32%.

Nuts III - Algarve N.º Lugares em Falta Módulos em Falta Nova Capacidade Nova Taxa de Cobertura Algarve 1.341 41 4.598 24,2% Algarve 1.341 41 4.598 24,2%

Fonte: DGEEP-DSESSAS, Carta Social - Rede de Serviços e Equipamentos; INE

Quadro 36 – N.º de Lugares em Falta, nova Capacidade e Nova Taxa de Cobertura por Nuts III. Região Algarve. Proposta para 2009.

3. AS NECESSIDADES DA RESPOSTA SOCIAL CRECHE 158

Para a região do Algarve foi proposto um aumento de 1.341 lugares repartidos em 41 módulos de creche, correspondendo a um aumento de 7,1 pontos percentuais na sua taxa de cobertura, ficando assim com uma taxa de 24,2%.

Após o reforço no número de vagas em creches verifica-se que a região com a menor taxa de cobertura continua a ser a região do Tâmega com 23,9%, aumentando 18,8 pontos percentuais e ficando a 0,8 pontos percentuais da média Nacional. A região com a maior taxa de cobertura continua a ser a região da Serra da Estrela (que se mantém, uma vez que esta taxa era superior à taxa a nível Nacional, e, por isso, esta região não sofreu qualquer alteração no número de vagas) com uma taxa de cobertura de 40,5%.

Taxa de Cobertura das Creches Gráfico de Quartis - Nova Proposta

0,2000 0,2500 0,3000 0,3500 0,4000 0,4500

Gráfico 48 – Gráfico de Quartis para as taxas de cobertura das creches. 28 regiões das Nuts III. Proposta para 2009.

Conseguiu-se assim cumprir o objectivo de reduzir as assimetrias existentes entre as diversas regiões das Nuts III, trazendo uma maior equitatividade e uma maior igualdade entre as diversas regiões.

No documento A REALIDADE E A NECESSIDADE (páginas 175-183)