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Após a definição da listagem de “pacientes que já tiveram internações” e dos “pacientes que não foram internados”, realizou-se uma nova visita, nos meses de junho e

julho de 2012, a cada município, visando à elaboração do planejamento da coleta de dados no domicílio de cada paciente.

Nos municípios, buscou-se um contato de referência relacionado à Secretaria de Saúde, com o intuito de facilitar o acesso aos pacientes e executar o processo de coleta de dados em uma visita, junto com os agentes de saúde. A equipe de pesquisa aprovada pelo Comitê de Ética, juntamente, com as agentes de saúde, iniciou as visitas no mês de agosto de 2012, que findaram em meados de outubro de 2012.

As visitas ocorreram, em sua maioria, no período de trabalho das agentes de saúde, isto é, durante a semana, nos períodos da manhã ou tarde. Outras visitas foram realizadas no período noturno e aos sábados, dependendo do acesso e disponibilidade das famílias dos pacientes.

Em cada visita, buscou-se identificar a pessoa responsável pelo paciente, seja o tutor (responsável legal) ou a pessoa que faz a função de cuidador. No início de cada visita, os pesquisadores se identificavam, explicavam os objetivos da pesquisa e solicitavam o preenchimento do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) descrito no Apêndice B. Em alguns casos, o paciente também presenciou a visita e as respostas dos questionários, entendendo que ele tinha direito de participação.

Na maioria das vezes, tentou-se, por até 2 vezes, encontrar esse responsável no seu domicílio, tendo, às vezes, sido deixado recados com vizinhos e parentes.

Após a leitura e as assinaturas do termo, as pesquisadoras iniciavam as perguntas do formulário. Cada pergunta foi contextualizada e explicada, buscando minimizar os problemas de interpretação. Em situação de dúvidas, os pesquisadores repetiam e explicavam novamente na busca de uma correta interpretação.

Ao final de cada questionário, as pesquisadoras também indagavam sobre o entendimento e processo de respostas do formulário, o que pode ser mais bem entendido a partir do Quadro 9.

O tratamento estatístico foi efetuado recorrendo ao programa PASW Statistics 18.0. A análise das respostas dos entrevistados demonstrou que, dos 294 entrevistados, somente 2 entrevistados foram indiferentes ao entendimento das afirmações e resposta do formulário com clareza (Figura 3). Nesses dois casos, ao serem questionados se havia dúvidas, eles responderam que sim, porém as dúvidas foram esclarecidas e eles conseguiram responder o questionário sem maiores problemas. Diante dessa avaliação, não se pode afirmar que as perguntas foram interpretadas sem dúvidas, e sim que, durante o processo de pesquisa, buscou-se minimizar as dúvidas e as interpretações sobre cada questão, para cada respondente.

Quadro 9 – Questões de apoio para avaliação da interpretação das questões do formulário. Fonte: Elaboração própria.

Figura 3 – Análise das observações sobre qualidade das perguntas Fonte: elaborado pelo autor

Após a coleta de dados, a base de referência do presente estudo foi estruturada, inicialmente, com 447 pacientes, os quais estão assim distribuídos: 311 pacientes I (que já foram internados) e 136 NI (pacientes que já nunca foram internados).

Você entendeu as afirmações e/ou perguntas desse formulário.

Não Sei (NS) Discordo Totalmente (1) Discordo parcialmente (2) Nem concordo Nem discordo = indiferente

(3) Concordo Parcialmente (4) Concordo Totalmente (5)

Você respondeu com clareza as afirmações e/ou perguntas desse formulário.

Não Sei (NS) Discordo Totalmente (1) Discordo parcialmente (2) Nem concordo Nem discordo = indiferente

(3) Concordo Parcialmente (4) Concordo Totalmente (5)

Dos 311 pacientes I, 104 pacientes não puderam ser levados em consideração na base de dados final, em virtude de vários problemas identificados. Vários deles não tiveram os seus prontuários encontrados e, com isso, não foi possível identificar o código da CID. Sabia- se que alguns pacientes usavam antipsicóticos e não eram atendidos por psiquiatras, e que outros foram diagnosticados com outras doenças, como, por exemplo, Mal de Alzheimer, demência, retardo mental ou síndrome do pânico, transtornos esses que não faziam parte do escopo do presente estudo. Dessa forma, somente 207 pacientes I fizeram parte da base de dados final (Figura 4).

Figura 4 – Constituição da base final de dados para análise Fonte: elaborado pelo autor

Em relação aos pacientes NI, identificou-se um total de 136 pacientes. Desses pacientes, 48 foram excluídos da base final pelo fato de não terem sido encontrados, por motivos de falecimento, inexistência ou mudança de endereço, ou porque os formulários coletados apresentavam muitos missings values. Dessa forma, a base final foi formada por 88 pacientes do tipo I.

Com a base de dados completa, um total de 295 pacientes, iniciou-se uma nova avaliação de dados, a partir da análise de missing values e outliers.

Para os casos de observações com muitos missing values, a observação foi excluída. Para os demais casos, optou-se pelo uso da resposta indiferente (escala 3 de Likert) devido ao consenso entre os entrevistadores em relação à forma pela qual os entrevistados se

447 pacientes 311 (I) 136 (NI) 104 207 88 48 295 152 Pacientes excluídos da base Base Final

comportavam em algumas perguntas. Para os casos em que os entrevistados responderam explicitamente “Não Sei”, optou-se para manutenção dos missings.

Executou-se o boxplot de todas as variáveis na tentativa de identificar outliers não pertencentes à base, devido a possíveis erros de digitação, por exemplo. Após essa análise prévia, todos os outliers foram analisados e optou-se para sua manutenção dentro da base.

Por fim, em janeiro de 2013, obteve-se a base de dados completa do Datasus contendo os espelhos das AIH´s do Hospital Psiquiátrico desde janeiro de 2002 a dezembro 2012, sendo parte dela sob controle da Gerência Estadual de Saúde em Belo Horizonte e parte sob responsabilidade da Gerência Municipal de Saúde, no município de Ituiutaba. Houve uma organização, alinhamento, junção, análise e correção dos dados. Essa nova base serviu para conferir as internações a partir dos códigos de AIH´s para cada paciente. Além disso, verificou-se um procedimento de (re)internações subsequentes (com internação-alta- internação) que havíamos considerado como 2 internações, mas que, de fato, se configurava apenas como uma única internação que durava mais tempo.