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4 APLICAÇÃO DA TÉCNICA DE PESQUISA

4.2 LEVANTAMENTO FÍSICO

4.2.1 Levantamento Físico das Alvenarias

O levantamento físico das alvenarias tem como objetivo simplificar o método aqui utilizado nas atividades realizadas em campo para a obtenção dos dados que serão, posteriormente, analisados e descritos.

4.2.1.1 Espessuras

Em um primeiro momento, verificam-se as espessuras dos edifícios, pois é através desses dados que é possível identificar se existia conhecimento prévio sobre a técnica empregada na construção, e se esse conhecimento pode afetar na resistência das paredes.

A igreja Nossa Senhora dos Prazeres e a casa paroquial apresentam paredes grossas no quesito espessura, pois possuem uma quantidade considerável de material. A partir dos dados coletados dos edifícios, pode-se observar que não existe uma grande variação na igreja, com relação à espessura dessas paredes.

A partir da Figura 35, é possível perceber que existe uma repetição entre as espessuras das paredes de cada área da igreja. As espessuras da sacristia apresentam uma variação de 5 cm entre as suas paredes, excluindo a parede que translada para a nave central. Pode-se considerar as paredes da sacristia como paredes estruturais, por existir a possibilidade de ter havido um segundo pavimento nesta área da igreja, pois ainda existem resquícios das vigas que poderia dar suporte para um piso superior.

A área da Nave possui uma pequena variação de 3 cm entre as suas paredes que ocorre entre 73 a 76 cm, e possuem uma maior robustez. Levando em consideração a sua altura e espessuras, as paredes da nave central são estruturais. O batistério também pertence ao mesmo grupo, pois suportava a torre sineira da igreja e isso requer paredes reforçadas para sustentação.

O altar mor possui uma variação maior, pois uma de suas paredes tem 89 cm de espessura, que pode ser justificado pelo fato de existir uma construção em rocha na sua lateral, que poderia ser uma escada que daria acesso a uma espécie de porão existente no altar mor. As outras duas paredes 60 e 65 cm.

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Figura 35 - Identificação das espessuras das paredes da igreja.

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A partir desses dados foi possível observar que a igreja Nossa Senhora dos Prazeres apresenta uma média de três espessuras: 60 cm para as paredes da sacristia, fachada frontal e altar mor, 75 cm para a nave central, 90 cm apenas uma parede do altar mor. Os dados apresentados acima podem revelar que existia uma tentativa de seguir uma mesma medida, porém as pequenas variações podem revelar que não existia um rigor nas construções dessas paredes.

A área denominada E1, figura 36, é uma construção baixa de rocha, que aparentemente foi utilizada como base para a colocação de uma escada que dá acesso ao suposto segundo piso. A igreja atualmente não possui nenhum outro piso, além da sua área térrea. O E1 não foi escolhido para estar dentre as alvenarias por não pertencer às paredes estruturais, e por isso não foi incluído nas análises aqui realizadas.

Figura 36 - Identificação das espessuras das paredes da casa paroquial.

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O altar mor possui uma profundidade de 2,15 m, levando a crer que poderia ter sido feito em madeira seu piso, pois, essa lacuna existente faz com que o seu piso não esteja no mesmo nível que o restante da igreja. O E2 está localizado ao lado da parede do altar, que possivelmente pode ter sido construído como base de uma escada que dava acesso ao subtérreo do altar. A construção foi realizada em rocha e não é possível observar detalhes, visto que está recoberta por terra e a vegetação local. Essa área também não foi escolhida como alvenaria por não pertencer às paredes estruturais, e por isso não foi incluída nas análises aqui realizadas.

Ambas as áreas, E1 e E2, necessitam de uma escavação para que possam ser melhores analisadas, porém essa atividade não pôde ser realizada, devido ao pouco tempo e falta de recursos.

Figura 37 - Ponto E1 - construção feita em rocha na sacristia.

Legenda: Estrutura que pode ter sido utilizada como base para a construção de uma escada que dava acesso ao segundo piso.

Fonte: Freitas, 2017.

A casa paroquial tem em sua fachada frontal 60 cm de espessura, a fachada lateral direita 50 cm, fachada lateral esquerda 50 cm e a fachada posterior 55 cm. A casa paroquial apresenta uma variação maior, pois cada parede possui uma medida diferente, sem um padrão estabelecido, o que também revela que possivelmente ela tenha sido construída sem rigor nas técnicas.

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4.2.1.2 Identificação das Alvenarias

Para identificar as alvenarias existentes nos edifícios foi preciso realizar alguns procedimentos como: percorrer toda a estrutura da igreja e da casa paroquial procurando variações nas alvenarias a partir do seu material e a paginação dos materiais. A cada mudança foi necessário realizar o registro fotográfico e o registro da extensão da alvenaria.

O registro da extensão da alvenaria foi realizado com o auxílio de uma trena de fita, além da planta baixa para a anotação das medidas e das informações coletadas. Na igreja foram identificadas 15 mudanças de alvenarias, como pode ser visto na planta abaixo, e a casa paroquial não apresentou nenhuma mudança, pois observa-se uma uniformidade em sua estrutura com relação aos materiais e organização dos mesmos.

Sendo assim, a figura abaixo identifica todas as paredes da igreja denominadas como P 01, P 02, P 03 e assim por diante, e a indicação das alvenarias e os materiais que a compõem. A alvenaria de rocha constitui-se apenas com a utilização de rochas e rejuntes. A alvenaria mista é composta em sua paginação pela presença de tijolos, rocha e rejuntes. A alvenaria de tijolo possui apenas tijolo e rejunte.

As paredes 13 e 14 estão apresentadas na figura 39 como alvenaria de rocha e tijolo, pois ambas possuem apenas rochas na base da igreja e até uns 2 m de altura, e tem os tijolos na parte mais alta da igreja, parte esta que não pode ser medida, devido a sua altura.

Com a identificação das alvenarias, outros procedimentos serão necessários para cada parede e os seus materiais. Para a construção de tabelas com as informações coletadas em campo, a fim de classificar e qualificar os materiais utilizados, algumas características são observadas para constatar as variações ou semelhanças existentes nos materiais presentes nas alvenarias.

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Figura 38 - Identificação e qualificação das paredes da igreja.

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Figura 39 - Identificação das alvenarias escolhidas para análise da casa paroquial.

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