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Desde 1976, o Estado de São Paulo conta com legislação ambiental pioneira138 que estabeleceu a necessidade de prévio licenciamento ambiental de usinas e destilarias de álcool. A validade das licenças emitidas, contudo, prolongou-se até 04/12/2002, quando o Decreto 47.397 passou a exigir sua renovação.

Conforme definição da CETESB:

O Licenciamento Ambiental é um procedimento pelo qual o órgão ambiental competente permite a localização, instalação, ampliação e operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais, e que possam ser consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou daquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental.139

Em 1981, a Lei Federal 6.938 estabeleceu a Política Nacional de Meio Ambiente – PNMA, fixando como seus instrumentos o zoneamento ambiental, a Avaliação de Impactos Ambientais (AIA), o licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras. Em 1986, a Resolução CONAMA n° 1, Inciso XII, conceituou o entendimento de Impacto Ambiental e fixou a necessidade de elaboração de Estudo de Impacto Ambiental – EIA e sua aprovação por órgão estadual (ou federal), quando do licenciamento de atividades consideradas modificadoras do meio ambiente, tais como usinas e destilarias de álcool.

A Constituição de 1989, Artigo 225, Inciso IV, exigiu, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, elaboração de estudo prévio de impacto ambiental. Somente o Brasil e mais 37 países possuem norma Constitucional expressa nesse sentido. Contudo, segundo Ronza (1998), no Estado de São Paulo, historicamente, a responsabilidade pela implementação da Avaliação de Impacto Ambiental foi delegada a uma estrutura burocrática já instituída, cujos procedimentos a distanciaram de seus objetivos principais. De acordo com Munno (2005), apesar de reconhecida como um poderoso instrumento da política ambiental, a avaliação de impacto

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Lei 997/76 regulamentada pelo Decreto 8468/76. 139 CETESB. Disponível em:

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realizada no Estado de São Paulo não é acompanhada por um eficaz monitoramento. Falta de compromisso com a qualidade ambiental e a sustentabilidade, [grifo nosso], falta de estrutura dos órgãos ambientais, burocratização e consequente lentidão do processo e baixa participação da sociedade são fatores que conferiram descrédito à avaliação de impacto, transformando-a em mais um dos numerosos entraves burocráticos. O setor sucroalcooleiro, por meio da UNICA, queixa-se, enfaticamente, quanto à lentidão na aprovação dos estudos e emissão das licenças ambientais.140

A Lei 7.641, de 19 de dezembro de 1991, que dispõe sobre a proteção ambiental das bacias dos rios Pardo, Mogi Guaçu e Médio Grande, foi a primeira a reiterar a necessidade da aprovação do EIA–RIMA (Estudo de Impacto Ambiental – Relatório de Impacto Ambiental) para os empreendimentos sucroalcooleiros.

A Lei Estadual 9.472/96, por sua vez, estabeleceu algumas restrições às atividades situadas nas zonas de uso predominantemente industrial, da Região Metropolitana de São Paulo. O conteúdo do seu artigo 4º, se aplica aos empreendimentos industriais em geral, e em todo o território estadual:

Artigo 4º – Na avaliação para a criação, ampliação ou alteração do processo produtivo de estabelecimentos industriais, o órgão estadual responsável pelo

controle da poluição ambiental [grifo nosso] deverá observar os seguintes

aspectos:

II – o gerenciamento do uso e conservação das formas de energia utilizadas; III – o uso racional e econômico de matéria-prima e de transporte;

IV – o uso racional, conservação e reutilização com reciclagem da água do processo;

V – a minimização, reciclagem, tratamento ou disposição segura de resíduos sólidos, líquidos e gasosos;

VI – o aperfeiçoamento de métodos de produção, com o objetivo de torná-los menos agressivos ao meio ambiente;

VII – o planejamento de produtos, com vistas a eliminar ou minimizar seus efeitos negativos sobre o meio ambiente;

X – a informação ao público externo sobre as atividades da instituição e relacionamento com a comunidade localizada em seu entorno e, também, do direito de conhecimento de riscos involuntários a que está submetida.

Os princípios elencados tratam da prevenção à poluição. Segundo Souza (2004), apesar de autoaplicável desde 1996, o artigo 4º, da Lei 9.472, não teve assimilação

140 TETTI, L. Revista Opiniões, julho - setembro/2006. Falta governo no licenciamento ambiental. Disponível em: < http://www.revistaopinioes.com.br/aa/materia.php?id=215 >. Acesso em: 07.10.2009.

administrativa consistente. Os aspectos relativos aos GEE e à conservação eficiente de água, energia e transportes, por exemplo, não são abordados nos processos de licenciamento ambiental.

Até julho/2007 havia seis tipos de licenças: prévia, de instalação, de operação, de operação-parcial, de operação a título precário e de renovação, emitidas pelo Departamento de Avaliação de Impacto Ambiental – DAIA, da Secretaria de Estado do Meio Ambiente – SMA e CETESB.141 Participam ainda dos procedimentos de licenciamento, as Prefeituras Municipais, o Departamento de Águas e Energia Elétrica – DAEE e o Departamento Estadual de Proteção de Recursos Naturais – DEPRN. Embora a atividade sucroalcooleira seja eminentemente interiorana e regionalizada, não há uma unicidade nas licenças, bem como uma integração horizontal entre as diversas instituições envolvidas. Com a ampliação e instalação de novas unidades e o prazo de validade exíguo das licenças de operação (2 anos), é provável que aproximadamente 200 pedidos de licença, estejam em análise, atualmente.

Em virtude do grande número de licenciamentos de novas unidades e ampliações, observa-se que algumas empresas de consultoria produzem EIA(s) e RAP(s) em série, com notórios prejuízos ambientais. Além disso os estudos elaborados (Avaliação de Impacto Ambiental, Estudo de Impacto Ambiental, Relatório de Impacto Ambiental, Estudo Ambiental Simplificado – EAS, ou Relatório Ambiental Preliminar – RAP), não fixam cronogramas físico-financeiros para mitigação dos impactos.

Em 16/05/2007 a Secretaria de Estado do Meio Ambiente – SMA editou a resolução SMA-22 com o objetivo de agilizar, integrar e unificar o licenciamento ambiental no Estado. Preliminarmente, o DEPRN e a CETESB atuarão em conjunto, sob a forma do que se convencionou chamar de ―balcão único‖. Em 08/05/2009 a Lei 13.542 alterou o nome da CETESB para Companhia Ambiental do Estado, constituindo-se em único órgão licenciador e assumindo competências até aquele momento compartilhadas com o DAIA e DEPRN. Com a Política Estadual de Mudanças Climáticas – PEMC, o licenciamento realizado pela CETESB se firmará como importante instrumento para a meta de redução de 20% dos GEE, até 2020.

141 A Resolução SMA 42, de 14/10/2006, estabeleceu critérios e procedimentos para o licenciamento ambiental prévio de destilarias de álcool, usinas de açúcar e unidades de fabricação de aguardente. Estão vigentes as resoluções SMA-SAA 4 de 18.09.2008, SMA 88 de 19.12.2008 e SMA-SAA-006 de 24.09.2009, referentes ao Zoneamento Agroambiental da cana-de-açúcar e aos critérios para licenciamento de empreendimentos do setor sucroalcooleiro no Estado de São Paulo.

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