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Licenciamento Ambiental: instrumento da Política Nacional de Meio Ambiente: Licença

CAPÍTULO IV - DOS CRIMES AMBIENTAIS

4.1 Licenciamento Ambiental: instrumento da Política Nacional de Meio Ambiente: Licença

Para tentar assegurar a efetividade da Política Nacional do Meio Ambiente e de seus princípios, foram arrolados vários instrumentos definidos no art. 9º da Lei 6.938/81 como o licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras. Por meio do licenciamento ambiental, a administração pública demanda operar o fundamental controle sobre as atividades que interferem no meio ambiente, desse modo, tem por finalidade a combinação do desenvolvimento econômico com o uso de recursos naturais, assegurando a sustentabilidade do ecossistema. Deve ainda, estar calcado por outros instrumentos como a avaliação ambiental estratégica, avaliação ambiental integrada, assim como por outros instrumentos de gestão (IBAMA, 2016, online).

Os fundamentos legais do licenciamento estão traçados na Lei da Política Nacional do Meio Ambiente, Lei 6.938/81, nas Resoluções do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) 001/86 e 237/97 que estabelecem procedimentos, e na Lei Complementar n.º 140/2011 que estipula as normas de cooperação das esferas administrativas.

A Lei Complementar n.º 140, de 08 de dezembro de 2011, em seu artigo 2º, inciso I, conceitua licença ambiental como “o procedimento administrativo destinado a licenciar atividades ou empreendimentos utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental” (BRASIL, 2011).

Da maneira como estabelece o inciso IV do artigo 9º da lei 6.938/81, o licenciamento é um instrumento de caráter preventivo de tutela do meio ambiente, para que assim não sejam realizadas violações contra o meio ambiente (BRASIL, 1981).

A Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) 237, de 19 de dezembro de 1997 em seu artigo 1º, inciso I adota a seguinte definição para o licenciamento ambiental:

Artigo 1 da Resolução 237/97: I – licenciamento ambiental: procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental competente licencia a localização, instalação, ampliação e a operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais, consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou daquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental, considerando as disposições legais e regulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao caso (BRASIL, 1997).

O licenciamento ambiental tem um papel importante como instrumento da administração pública, por intermédio dele exercem o controle sobre as atividades que possam interferir nas condições ambientais. Com ele há harmonização do desenvolvimento econômico e o uso dos recursos naturais, assegurando a sustentabilidade do meio ambiente.

Todos os empreendimentos e/ou atividades que utilizam os recursos naturais ou causam algum tipo de degradação ao meio ambiente estão sujeitos ao licenciamento ambiental, pois este é uma exigência legal.

Via de regra, as licenças ambientais são atos administrativos de um controle preventivo de atividades particulares em situações em que o particular é titular de um direito ao uso ou exploração de um bem ambiental de sua propriedade.

Mas o exercício desse direito depende do cumprimento de requisitos legalmente estabelecidos tendo em vista a proteção ambiental, de tal sorte que fica ele condicionado à obtenção da competente licença da autoridade competente, pois o licenciamento de atividades potencialmente poluidoras é uma exigência da Lei 6.938/81 como instrumento da Política Nacional do Meio Ambiente (Art. 9º, IV) (BRASIL, 1981).

Consta no artigo 8º da Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) 237/97, que o Poder Público expedira três tipos de licenças distintas e o artigo 18º da mesma, nos traz os prazos de validade para cada tipo de licença:

Artigo 8º da Resolução 237/97- O Poder Público, no exercício de sua competência de controle, expedirá as seguintes licenças:

I - Licença Prévia (LP) - concedida na fase preliminar do planejamento do empreendimento ou atividade aprovando sua localização e concepção, atestando a viabilidade ambiental e estabelecendo os requisitos básicos e condicionantes a serem atendidos nas próximas fases de sua implementação;

(BRASIL, 1997).

Para a expedição da Licença Prévia, os documentos devem ser juntados e entregues na agência da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB) que atende o município. O pagamento dessa licença corresponde à analise a expedição e calculado com base no potencial poluidor e no porte do empreendimento. O prazo de validade desta deverá ser estabelecido pelo cronograma de elaboração de programas e projetos pertencentes ao empreendimento, não podendo exceder 5 (cinco) anos.

Artigo 8º da Resolução 237/97: (...)

I - Licença de Instalação (LI) - autoriza a instalação do empreendimento ou atividade de acordo com as especificações constantes dos planos, programas e projetos aprovados, incluindo as medidas de controle ambiental e demais condicionantes, da qual constituem motivo determinante;(BRASIL, 1997).

O procedimento para a concessão da Licença de Instalação é o mesmo, e o prazo de validade não pode ser superior a 6 (seis) anos. As licenças prévias e de operação poderão ter seus prazos de validade prorrogados, desde que não ultrapassem o previsto em lei.

Artigo 8º da Resolução 237/97: (...)

III - Licença de Operação (LO) - autoriza a operação da atividade ou empreendimento, após a verificação do efetivo cumprimento do que consta das licenças anteriores, com as medidas de controle ambiental e condicionantes determinados para a operação.

Parágrafo único - As licenças ambientais poderão ser expedidas isolada ou sucessivamente, de acordo com a natureza, características e fase do empreendimento ou atividade (BRASIL, 1997).

O diferencial está na Licença de Operação, que para a contagem de prazos considera o plano de controle ambiental, sendo no mínimo 4 (quatro) e no máximo 10 (dez) anos. Com intuito de renovação, o órgão competente poderá aumentar ou diminuir o prazo de validade, mediante fundamentação lógica, logo após avaliação do desempenho ambiental da atividade ou empreendimento.

Todas as licenças devem passar pelas etapas previstas no artigo 10º da resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA):

Artigo 10 da Resolução 237/97: O procedimento de licenciamento ambiental obedecerá às seguintes etapas:

I - Definição pelo órgão ambiental competente, com a participação do empreendedor, dos documentos, projetos e estudos ambientais, necessários ao início do processo de licenciamento correspondente à licença a ser requerida;

II - Requerimento da licença ambiental pelo empreendedor, acompanhado dos documentos, projetos e estudos ambientais pertinentes, dando-se a devida publicidade;

III - Análise pelo órgão ambiental competente, integrante do SISNAMA , dos documentos, projetos e estudos ambientais apresentados e a realização de vistorias técnicas, quando necessárias;

IV - Solicitação de esclarecimentos e complementações pelo órgão ambiental competente, integrante do SISNAMA, uma única vez, em decorrência da análise dos documentos, projetos e estudos ambientais apresentados, quando couber, podendo haver a reiteração da mesma solicitação caso os esclarecimentos e complementações não tenham sido satisfatórios;

V - Audiência pública, quando couber, de acordo com a regulamentação pertinente;

VI - Solicitação de esclarecimentos e complementações pelo órgão ambiental competente, decorrentes de audiências públicas, quando couber, podendo haver reiteração da solicitação quando os esclarecimentos e complementações não tenham sido satisfatórios; obrigatoriamente, a certidão da Prefeitura Municipal, declarando que o local e o tipo de empreendimento ou atividade estão em conformidade com a complementação em decorrência de esclarecimentos já prestados, conforme incisos IV e VI, o órgão ambiental competente, mediante decisão motivada e com a participação do empreendedor, poderá formular novo pedido de complementação (BRASIL, 1997).

A responsabilidade pela autorização da licença é dos órgãos ambientais estaduais, ou em casos específicos, a responsabilidade também é do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (IBAMA), em casos que se tratar de grandes projetos. A Resolução do Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA) estabelece os empreendimentos sujeitos ao licenciamento ambiental, salientando que esta lista poder ser complementada sempre que necessário. Alguns exemplos de empreendimentos: extração e tratamento de minerais; pesquisa mineral com guia de utilização; lavra garimpeira; indústria metalúrgica; indústria mecânica; indústria de madeira; (IBAMA, 2016, online).

O licenciamento ambiental é um procedimento imposto para todas as atividades potencialmente poluidoras, como um meio de fazer que o desenvolvimento social e o uso dos recursos naturais fiquem em consonância, pois é o instrumento da administração pública que controla as atividades que possam ser potencialmente poluidoras.

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