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3.5 Licenciamento ambiental no Brasil

3.5.3 Licenciamento ambiental para parques eólicos no Ceará

Conforme estabelecido na Lei Complementar 0208/2015 do estado do Ceará e nas Resoluções COEMA 11/2017 e 07/2018, os empreendimentos eólicos podem ser caracterizados como de baixo impacto ou de não baixo impacto (SEUMA, 2015; COEMA, 2017; 2018b).

A Resolução COEMA nº 07, de 06 de setembro de 2018, que altera a Resolução COEMA nº 05, de 12 de julho de 2018, em seu Art. 2º define que os parques e as usinas eólicas são atividades de Baixo PPD (COEMA, 2018b; 2018c). Sendo que, a Resolução COEMA nº 11, de 01 de junho de 2017, que altera a Resolução COEMA nº 10, de 11 de junho de 2015, em seu Anexo III define que os parques e as usinas eólicas são atividades de Médio PPD (COEMA, 2017; 2015b), conforme apresentado no Quadro 7.

Quadro 7 - Potencial Poluidor Degradador de parques eólicos.

Parque, usina e central eólica Porte (potência gerada – MW)

Potencial Poluidor Degradador Micro Pequeno Médio Grande Excepcional PPD Baixo – COEMA 07/2018. >5 <= 10 > 10 <= 30 > 30 <= 60 > 60 <= 150 > 150 Potencial Poluidor Degradador Micro Pequeno Médio Grande Excepcional PPD Médio – COEMA 11/2017. = 10 > 10 = 15 > 15 = 20 > 20 = 150 > 150 Fonte: Adaptado de COEMA, 2018b; 2017.

No entanto, na Resolução COEMA 07/2018, em seu Art. 5º, é definido que não serão considerados de baixo impacto os empreendimentos eólicos classificados como de Porte excepcional (> 150 MW / POTÊNCIA GERADA) e com a localidade prevista nos termos da legislação vigente, além das situações previstas no art. 3º, § 3º da Resolução CONAMA nº 462/2014, exigindo a apresentação EIA/RIMA e de audiências públicas (CONAMA, 2014; COEMA 2018b). Desta forma, a Resolução COEMA 07/2018 segue o que está estabelecido na Resolução CONAMA 462/2014, no Art. 3º, que define que, no tocante ao enquadramento do impacto ambiental dos empreendimentos eólicos, o órgão licenciador deve considerar o Porte (Potencial Poluidor Degradador – PPD) da atividade e a sua Localidade (CONAMA, 2014; COEMA 2018b).

Sendo assim, no Art. 3º desta Resolução, está definido que não serão considerados de baixo impacto, independentemente do Porte, exigindo-se a apresentação de EIA/RIMA e a comprovação de inexistência de alternativa técnica e locacional às obras, planos, atividades ou projetos propostos, além de audiências públicas, nos termos da legislação vigente, os empreendimentos eólicos que estejam localizados: I - em formações dunares, planícies

fluviais e de deflação, mangues e demais áreas úmidas; II - no bioma Mata Atlântica e implicar corte e supressão de vegetação primária e secundária no estágio avançado de regeneração, conforme dispõe a Lei nº 11.428, de 22 de dezembro de 2006; III - na Zona Costeira e implicar alterações significativas das suas características naturais, conforme dispõe a Lei nº 7.661, de 16 de maio de 1988; IV - em zonas de amortecimento de unidades de conservação de proteção integral, adotando-se o limite de 3 km (três quilômetros) a partir do limite da unidade de conservação, cuja zona de amortecimento não esteja ainda estabelecida; V - em áreas regulares de rota, pouso, descanso, alimentação e reprodução de aves migratórias constantes de Relatório Anual de Rotas e Áreas de Concentração de Aves Migratórias no Brasil a ser emitido pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - ICMBio, em até 90 dias; VI - em locais em que venham a gerar impactos socioculturais diretos que impliquem inviabilização de comunidades ou sua completa remoção; VII - em áreas de ocorrência de espécies ameaçadas de extinção e áreas de endemismo restrito, conforme listas oficiais (CONAMA, 2014; COEMA 2018b).

A resolução CONAMA (2014), em seu Art. 5º, determina que nos casos em que não forem exigidos EIA/RIMA, deverá ser adotado procedimento simplificado de licenciamento e, no que tange ao procedimento simplificado, estabelece o Termo de Referência (TR) no seu Anexo II. Salientando-se que, no Parágrafo único da referida resolução, o órgão licenciador poderá atestar a viabilidade ambiental, aprovar a localização e autorizar a implantação do empreendimento eólico de baixo impacto ambiental em uma única fase. Desta forma, a licença de instalação será emitida diretamente, cujo requerimento deverá ser realizado antes da implantação do empreendimento, desde que apresentadas medidas de controle, mitigação e compensação. No entanto, a Lei Federal nº 9.985/2000, em seu Art. 36, define que nos casos de licenciamento ambiental de empreendimentos de significativo impacto ambiental, com fundamento em estudo de impacto ambiental e respectivo relatório - EIA/RIMA, o empreendedor é obrigado a apoiar a implantação e manutenção de unidade de conservação do Grupo de Proteção Integral (BRASIL, 2000).

No que tange a compensação ambiental no Estado do Ceará, as Resoluções COEMA nº 26, de 10 de dezembro de 2015 e nº 10, de 11 de junho de 2015 (revogada pela Resolução nº 02, de 11 de abril de 2019) prevê que o Grau de Impacto (GI) nos ecossistemas, para fins do cálculo do Valor da Compensação Ambiental (CA), pode atingir 0,5%, sendo este multiplicado pelo Valor de Referência (VR) que deve ser o somatório dos investimentos necessários para implantação do empreendimento, não incluídos os investimentos referentes aos planos, projetos e programas exigidos no procedimento de licenciamento ambiental para

mitigação de impactos causados pelo empreendimento, bem como os encargos e custos incidentes sobre o financiamento do empreendimento, inclusive os relativos às garantias, e os custos com apólices e prêmios de seguros pessoais e reais. Conforme a seguinte fórmula: CA = VR x GI (COEMA, 2019a; 2015a; 2015b).

O Art. 3º da Resolução COEMA 07/2018, também prevê que os procedimentos de licenciamento ambiental dos empreendimentos eólicos, considerando o porte e o potencial poluidor estabelecidos nesta Resolução, serão os seguintes: I – Para os portes micro, pequeno, médio e grande, a licença ambiental será emitida em duas etapas: Licença Prévia (LP) e Licença de Instalação e Operação (LIO); II – Para o porte excepcional, a licença ambiental será emitida em três etapas: Licença Prévia (LP), Licença de Instalação (LI) e Licença de Operação (LO) (COEMA, 2018b).

A referida Resolução, em seu Art. 4º, também trata dos prazos para análise e emissão das licenças de que trata o inciso I do art. 3º, sendo: a) de, no máximo, 45 (quarenta e cinco) dias contados a partir da data de protocolização do requerimento da Licença Prévia (LP); b) de, no máximo, 45 (quarenta e cinco) dias a partir da data de protocolização do requerimento da referida Licença de Instalação e Operação (LIO). Sendo suspensa a contagem do prazo previsto durante a elaboração dos estudos ambientais complementares ou preparação de esclarecimentos pelo empreendedor (COEMA, 2018b).

A Resolução COEMA nº 02 de 2019, além de tratar os parques, usinas e centrais eólicas como atividades sujeitas a Licença Prévia (LP) e Licença de Instalação e Operação (LIO), também indica estas atividades como tendo um (PPD - B), ou seja, um Potencial Poluidor Degradador baixo (COEMA, 2019a). Da mesma forma que a Resolução COEMA 07/2018 (COEMA, 2018b), conforme apresentado no Quadro 7.

A Resolução COEMA nº 03 de 2018 estabelece os prazos para a adequação do licenciamento e autorização ambiental dos municípios, em conformidade com a Resolução COEMA nº 01/2016 que foi revogada pela Resolução COEMA nº 07/2019 (COEMA, 2019b; 2018a; 2016).