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3. MATERIAIS E MÉTODOS

3.4. Fases de Laboratório

3.4.2. Metodologia para caracterização dos materiais dos revestimentos

3.4.2.2. Ligantes asfálticos

A caracterização do desempenho dos ligantes asfálticos foi realizada com base nos ensaios das especificações brasileiras, para ligantes puros (ANP, 2005) e modificados por polímeros elastoméricos (ANP, 2010), e norte-americana Superpave, conforme os ensaios listados a seguir: (i) Envelhecimento de curto prazo em estufa de filme fino rotativo - RTFOT (ASTM D2872, 2004); (ii) Penetração (PEN) a 25°C, 100 g, 5 s (ASTM D5, 2006); (iii) Ponto de amolecimento (PA) (ASTM D36, 2009); (iv) Recuperação elástica a 25°C, 20 cm, pelo Ductilômetro (ASTM D6084, 2006); (v) Viscosidade rotacional a 135, 150, 177 e 190°C (ASTM D4402, 2007); (vi) Grau de desempenho (PG) (ASTM D6373, 2013); (vii) Cisalhamento dinâmico (AASHTO T315, 2012); (viii) Fluência e relaxação sob carregamento em tensão múltipla – MSCR; Jnr (kPa-1) e R (%) (ASTM D7405, 2010).

a) Envelhecimento Oxidativo

O envelhecimento de curto prazo, em estufa de filme fino rotativo – RTFOT, dos ligantes asfálticos foi realizado de acordo com os procedimentos da norma ASTM D2872 (2004). As amostras foram aquecidas a 163°C por 85 minutos. As massas antes e após o ensaio RTFOT foram verificadas e os resultados foram empregados nos cálculos do balanço de massa. Quanto maior a perda ou ganho de massa (dependendo do sinal do parâmetro), maior a sensibilidade do material ao envelhecimento a curto prazo.

b) Ensaios Empíricos

Os ensaios de penetração e ponto de amolecimento foram realizados em amostras antes e após o envelhecimento no RTFOT. Os efeitos do envelhecimento também foram avaliados por

95 meio da penetração retida (PENRET), calculada pela razão entre a penetração do material envelhecido a curto prazo e do material virgem, expressa em porcentagem, e do incremento do ponto de amolecimento (IPA), calculado pela diferença entre o ponto de amolecimento do material envelhecido a curto prazo e do material virgem, em ºC. Valores mais baixos de PENRET e mais elevados de IPA indicam uma sensibilidade maior do ligante asfáltico ao envelhecimento a curto prazo, à luz das variações destas propriedades. Determinou-se ainda o índice de suscetibilidade térmica (IST) por meio da Equação 27, considerando os valores de penetração (PEN a 25°C em dmm) e ponto de amolecimento (PA em °C) de cada amostra (READ e WHITEOAK, 2003).

IST = og PEN+ PA− 9 og PEN+PA (27)

c) Caracterização Reológica

(i) Viscosidade Rotacional

O equipamento utilizado para a determinação das viscosidades rotacionais foi um viscosímetro Brookfield, modelo DV-II+viscometer, acoplado a um controlador de temperatura Thermosel. Foram empregadas as temperaturas de 135, 150, 177 e 190°C na velocidade de 20 rpm. Os spindles utilizados foram os de no. 21 e 27 (ASTM D4402, 2007), respectivamente, para os ligantes puros e modificados. As temperaturas de usinagem e de compactação foram obtidas graficamente (ASTM D2493, 2009), com base nas medidas de viscosidade obtidas nas 04 temperaturas de ensaio. A faixa de viscosidade para usinagem é de 0,15 a 0,19 Pa.s (0,17 ± 0,02 Pa.s) e para compactação é de 0,25 a 0,31 Pa.s (0,28 ± 0,03 Pa.s). Foi calculada também a temperatura média de cada intervalo a partir das temperaturas extremas. Esses valores são tradicionalmente aplicados a CAPs puros que são fluidos newtonianos, mas foram utilizados também na determinação das temperaturas de usinagem e de compactação dos ligantes modificados.

96 (ii)Ensaios Reológicos em Reômetro de Cisalhamento Dinâmico (DSR)

As propriedades viscoelásticas de cada ligante foram obtidas por meio de um reômetro de cisalhamento dinâmico (Dynamic Shear Rheometer – DSR) modelo AR-2000 (Fabricante TA

Instruments). O ensaio foi realizado utilizando a geometria de placas paralelas de 8 mm de diâmetro, conforme recomendações contidas na norma norte americana AASHTO T 315-12. Para a execução do controle da temperatura, foi acoplado na base do reômetro um acessório denominado placa peltier, capaz de aplicar variações de temperatura na amostra. Os resultados de módulo complexo (|G*|) e ângulo de fase ( ) em função da frequência, a uma temperatura de referência de 20°C (frequency sweep de 0,1 a 25 Hz e de 4,4 a 54,4°C), foram dispostos horizontalmente em uma escala log log para se originar a curva mestra. Nesse ensaio as amostras de ligante foram previamente submetidas ao envelhecimento no Rolling Thin Film Oven Test– RTFOT. Mais detalhes são apresentados em Gouveia (2016).

Além desses parâmetros viscoelásticos, foram determinados: o grau de desempenho (PG) a 58, 64, 70, 76 e 82ºC; recuperação elástica (R), suscetibilidade ao acúmulo de deformação plástica (Jnr) e classificação Multiple Stress Creep Recovery (MSCR) dos ligantes dos 5 trechos experimentais

Os ensaios MSCR foram conduzidos em conformidade com o protocolo descrito na norma ASTM D7405 (2010), que prescreve a utilização de amostras envelhecidas em curto prazo (ASTM D2872, 2004) para os ensaios. Esses ensaios são realizados normalmente à temperatura máxima do PG. Para esta tese, os ensaios foram realizados a 58, 64, 70, 76 e 82ºC e duas réplicas foram consideradas para cada formulação. Um total de 10 ciclos de fluência e recuperação – 1 s de fluência e 9 s de recuperação (Figura 38a) – usando uma carga de cisalhamento constante de 100 Pa aplicada na amostra de ligante condicionada entre as duas placas paralelas do DSR (25 mm de diâmetro e 1,0 mm de espaçamento entre placas) (Figura 38b), seguido de outros 10 ciclos a uma carga de cisalhamento constante de 3200 Pa (Figura 38c). Os percentuais de recuperação (R) (Equação 28) e as compliâncias não recuperáveis

97 (Jnr) (Equação 29) foram calculados para todos os ciclos a 100 e a 3200 Pa, sendo que os resultados finais de ambos os parâmetros correspondem à média aritmética de 10 ciclos para cada um dos níveis de tensão ensaiados. Por sua vez, as diferenças percentuais entre as compliâncias (Jnr, diff) foram calculadas conforme a Equação 30.

R = �

� × (28)

= � (29)

, � = [ − ]. (30)

Onde, � : deformação recuperável; � : deformação total; � : deformação não recuperável; e �: tensão adotada no ensaio (kPa); Jnr, diff: diferença entre as compliâncias recuperáveis (%); Jnr100: compliância não recuperável a 100 Pa (kPa-1); e Jnr3200: compliância não recuperável a 3200 Pa (kPa-1).

Figura 37 – Exemplo do ensaio MSCR a 100 e a 3200 Pa.

(a) Deformações em 1 ciclo de fluência e recuperação no MSCR (b) Fim do ensaio no DSR

(c) Exemplo de curva de resultados do ensaio de MSCR para ligantes asfálticos Fonte: Autora (2016). 0 0.01 0.02 0.03 0 2 4 6 8 10 De for maç ão Tempo (s)

10

t

r

f

0

nr 0.001 0.01 0.1 1 10 0 50 100 150 De for maç ão Tempo (s) 200

98 Os ligantes asfálticos podem ser classificados com base nos resultados dos ensaios de MSCR

em função do tipo de tráfego (volume e/ou velocidade), utilizando como parâmetro o valor da compliância de fluência não recuperável (Jnr) (AASHTO M332, 2014). Esse parâmetro apresenta boa correlação com os ensaios mecânicos realizados nas misturas asfálticas (D’ANGEδO, 2009). A classificação é apresentada na Tabela 14, na qual ESAL (Equivalent Single Axle Load) corresponde ao somatório de passagens do eixo padrão de 8,2 toneladas durante a vida de projeto.

Tabela 14 – Classificação do ligante em função do tráfego (AASHTO M332, 2014). Limites

Jnr3200, Jnr, diff< 0,75

Classificação MSCR ESAL

≤ 4,5 kPa-1 S – Standard (tráfego padrão) < 10 milhões e velocidades > 70 km/h

≤ 2,0 kPa-1 H – Heavy (tráfego pesado) > 10 até 30 milhões ou tráfego lento (20 a 70 km/h)

≤ 1,0 kPa-1 V – Very Heavy (tráfego muito pesado) > 30 milhões ou tráfego permanente (< 20 km/h)

≤ 0,5 kPa-1 E – Extreme (tráfego extra pesado) > 30 milhões e tráfego permanente (< 20 km/h)

Fonte: adaptada da AASHTO M332 (2014).

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