LIMITAÇÕES

Tendo em vista o tamanho do mercado de transportadoras de cargas, que segundo a CNT (2017) foi de 111.743 transportadoras em 2016, não foi possível atingir uma amostra representativa, mas sim, uma amostra de concebíveis. Além disso, deve-se também levar em consideração a natureza subjetiva da variável de Desempenho Geral, a qual foi oriunda da percepção dos entrevistados sobre o desempenho que estes consideravam como benchmark do mercado.

4 RESULTADOS

4.1 ANÁLISE DESCRITIVA

Para esta pesquisa, responderam ao questionário 74 representantes de transportadoras de cargas no Brasil de diversas regiões do país. No entanto, após a eliminação de outliers e respostas incompletas, chegou-se à amostra final de 56 participantes, divididos entre microempresas (3,6%), empresas de pequeno porte (16,1%), empresas de médio porte (23,2%) e grandes empresas (57,1%). Quanto à frota, houve empresas que apenas usam frota terceirizada (7,0%), que possuem menos de 50% de frota própria (38,6%), com mais de 50% de frota própria (40,4%) e empresas que contam com toda frota própria (14,0%). Em relação ao crescimento do faturamento nos últimos 12 meses, tiveram um crescimento acima de 20% (20,0%), cresceram de 0 a 20% (54,5%), não cresceram (23,6%) e descresceram entre 0 e -20% (1,8%). Já em relação ao crescimento da margem de lucro nos últimos 12 meses, tiveram um crescimento acima de 20% (7,5%), cresceram de 0 a 20% (52,8%) e não tiveram crescimento nem descrescimento neste indicador (39,6%).

4.2 MEDIDAS

Para verificar se as perguntas de cada dimensão poderiam ser agrupadas em conjunto, avaliou-se o alpha para cada uma delas, em que acima de 0,6 indicaria que de fato existiria a possibilidade de agrupamento. Assim, teve-se como resultados:

 Cultura e Organização: tendo em vista as definições operacionais desta dimensão de maturidade digital, foram feitas 5 perguntas relativas à Cultura e Organização, as quais foram medidas com uma escala Likert de 5 pontos, variando entre 1 = discordo totalmente e 5 = concordo totalmente (α = 0,61);

 Processos Operacionais: tendo em vista as definições operacionais desta dimensão de maturidade digital, foram feitas 5 perguntas relativas a Processos Operacionais, as quais foram medidas com uma escala Likert de 5 pontos, variando entre 1 = discordo totalmente e 5 = concordo totalmente (α = 0,78);

 Dados e Algoritmos: tendo em vista as definições operacionais desta dimensão de maturidade digital, foram feitas 5 perguntas relativas a Dados e Algoritmos, as quais

foram medidas com uma escala Likert de 5 pontos, variando entre 1 = discordo totalmente e 5 = concordo totalmente (α = 0,85);

 Relacionamento com os Clientes: tendo em vista as definições operacionais desta dimensão de maturidade digital, foram feitas 5 perguntas relativas a Relacionamento com os clientes, as quais foram medidas com uma escala Likert de 5 pontos, variando entre 1 = discordo totalmente e 5 = concordo totalmente (α = 0,83);

 Estratégia da Organização: tendo em vista as definições operacionais desta dimensão de maturidade digital, foram feitas 5 perguntas relativas à Estratégia da Organização, as quais foram medidas com uma escala Likert de 5 pontos, variando entre 1 = discordo totalmente e 5 = concordo totalmente (α = 0,90);

 Desempenho Geral: tendo em vista as definições operacionais desta dimensão de maturidade digital, foram feitas 4 perguntas relativas a Desempenho, as quais foram medidas com uma escala Likert de 5 pontos, variando entre 1 = muito abaixo da média do mercado e 5 = somos a melhor empresa do mercado (α = 0,86);

 Desempenho Financeiro: tendo em vista as definições operacionais desta dimensão de maturidade digital, foram feitas 5 perguntas relativas a Resultados, as quais foram medidas com uma escala Likert de 5 pontos, variando entre 1 = variação dos últimos 12 meses abaixo de -20% e 5 = variação dos últimos 12 meses acima de 20% (α = 0,81).

Portanto, pôde-se concluir que as perguntas referentes às dimensões da maturidade digital e aos desempenhos geral e financeiro podem de fato ser agrupadas em conjunto, tendo em vista que o alpha para cada uma delas foi sempre acima de 0.6.

4.3 CONTROLES

Como controles de amostragem, considerou-se o tamanho da empresa (podendo ser microempresas (atribuição de valor “1”), empresas de pequeno porte (atribuição de valor “2”), empresas de médio porte (atribuição de valor “3”), e grandes empresas (atribuição de valor “4”), e propriedade da frota, podendo ser 100% de frota terceirizada (atribuição de valor “1”), menos de 50% de frota própria (atribuição de valor “2”), mais de 50% de frota própria (atribuição de valor “3”), e 100% de frota terceirizada (atribuição de valor “4”).

O motivo da escolha das respectivas variável de controle “tamanho de empresa” foi devido à experiência empírica do autor, que partiu do princípio que empresas maiores possuem

mais entregas em locais mais concentrados, e por isso apresentariam Desempenho Geral e Desempenho Financeiro mais elevado que seus pares, tendo em vista o ganho de produtividade que a particularidade de acúmulo de entregas para um mesmo local poderia gerar. Já em relação à propriedade de frota, além de também partir da experiência empírica do autor, a escolha foi devida à Zazzerini (2016), onde citou que a prática (de terceirização de frota) otimiza a flexibilidade e permite que a empresa cresça aceleradamente, pois elimina a necessidade de pessoal para gerenciar esses ativos.

Dessa forma, tomou-se como premissa que ambas as características poderiam ter grande influência nos níveis de Desempenho Geral e Financeiro das empresas, e que portanto deveriam ser controladas para poder-se avaliar as dimensões de maturidade digital sem a influência destes fatores externos.

4.4 ANÁLISES PRELIMINARES

Na Tabela 1 são reportados os números de obsevações, médias, desvios-padrões das variáveis e correlações.

Tabela 1 − Médias, Desvios-padrões e Correlações

Fonte: O autor (2018).

Ao serem analisadas as correlações entre as variáveis, percebeu-se que existem relações significantes entre os indicadores de Maturidade Digital e o Desempenho das empresas pesquisadas. Ao analisar a relação com os resultados, percebeu-se que apenas a variável Cultura e Organização possui relação com os Resultados Financeiros das empresas. Porém, como correlações apenas indicam interdependência entre as variáveis, para entender melhor a relação

entre elas e como estão numericamente relacionadas, se fez necessário também utilizar regressões lineares múltiplas com o objetivo de testar as hipóteses.

4.5 TESTE DE HIPÓTESES

Com o objetivo de testar os efeitos dos Indicadores de Maturidade Digital sobre a percepção dos entrevistados sobre o Desempenho das empresas, foi realizada uma regressão múltipla, controlando pelo tamanho da empresa e o tamanho de frota própria (qual a porcentagem de frota própria a empresa possui). Em cada modelo foi testado o efeito direto de cada preditor de Maturidade Digital sobre o desempenho. Os resultados mostram que Dados e Algoritmos (b = 0,33; p < 0,01), Relacionamento com os Clientes (b = 0,22; p < 0,05) e Estratégia da Organização (b = 0,33; p < 0,01) possuem influência sobre o desempenho, enquanto os indicadores de Cultura e Organização (b = 0,18; p = não significativo) e Processos Operacionais (b = 0,20; p = não significativo) não possuem relação significante com o desempenho. É importante ressaltar que em 5 dos 6 modelos propostos o tipo de frota possui relação significante com o desempenho. Os resultados podem ser vistos na Tabela 2.

Fonte: O autor (2018).

Em um segundo teste, analisamos as relações entre os indicadores de Maturidade Digital e a percepção dos entrevistados sobre os resultados financeiros da empresa. Ao se observar os resultados reportados na Tabela 3, percebe-se que apenas o indicador de Cultura e Organização (b = 0,24; p < 0,05) possui um efeito significante sobre os resultados. Os resultados podem ser vistos na Tabela 3.

Tabela 3 − Regressão Múltipla – DV: Desempenho financeiro

Fonte: O autor (2018).