• Nenhum resultado encontrado

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1.2. Limite de Quantificação (LQ) e Limite de Detecção (LD)

O LQ estimado do método para a detecção de cloridrato de metformina na absorbância de 232nm foi de 3,07µg/mL, enquanto que o valor estimado de LD foi de 1,01µg/mL. Valores superiores a estes são detectados com precisão e exatidão relacionando com sua sensibilidade (BRASIL, 2010; USP 2011).

5.1.3. Teste dos filtros

Os resultados obtidos (Figuras 11 e 12) indicam que ambos os filtros não interagem com a metformina, além disso, 5mL do fármaco é suficiente para saturar os filtros de polietileno e Nylon, com 100% de recuperação. Para este trabalho, foi escolhido os filtros de polietileno pela facilidade de aquisição e menor valor de compra.

1.2 1 0.8 0.6 0.4 0.2 y = 0.016x - 0.0032 R² = 0.9993 0 0 10 20 30 40 50 60 70 Concentração µg/mL Ab sor b ân cia

Figura 11- Filtro de nylon 0,45µ

Fonte: Próprio autor.

Figura 12- Filtro de polietileno 45µ

5.2. CARACTERIZAÇÃO DO FÁRMACO

5.2.1. Pureza

Após a análise em DSC para o cloridrato de metformina, um evento endotérmico iniciado à 217,3 °C, alcançando seu ápice (T do pico ou Tpeak) à

220,3 °C com valor de entalpia de 348 mJ/mg, pode ser atribuído à sua fusão (Figura 12), que ocorre na faixa de temperatura entre 222 °C a 226 °C (FARMACOPEIA BRASILEIRA, 2010).

A pureza da amostra utilizada para o preparo dos comprimidos e demais experimentos do projeto cumpriu as especificações da farmacopeia brasileira. O grau de pureza obtido foi de 98,96%, quando o aceitável é a faixa que se estende de 98,5% à 101,0% (Figura 13) (FARMACOPEIA BRASILEIRA, 2010).

Figura 13- Ponto de fusão e pureza para cloridrato de metformina

Fonte: Próprio autor.

O fator de correção calculado para as impurezas foi de 4,26% e o desvio padrão permaneceu em 0,005%, contribuindo para a conclusão de que a amostra utilizada estava cumprindo com as especificações que os órgãos competentes indicam para o teste de pureza.

5.2.2. Densidade Verdadeira

Os valores de densidade verdadeira obtidos para o cloridrato de metformina são apresentados na Tabela 4.

Tabela 4- Ensaio de densidade verdadeira para metformina. Densidade verdadeira

Peso (g) 5,2229

Volume médio (cm3) 3,7961 Densidade média (g/cm3) 1,3759 Desvio padrão relativo (%) 0,0015

5.2.3. Solubilidade

Os valores de solubilidade obtidos para a metformina (tabela 5) indicam que ela é um fármaco altamente solúvel em meios com pH de 1,2; 4,5; 5,8; 6,8 e 7,4. Tais resultados estão em concordância com sua classificação biofarmacêutica, uma vez que pertencente a classe 3 e, assim, possuí alta solubilidade. Seus valores de pKa é de 2,8 e 11,5 (OFORI-KWAKYE et al., 2015).

Tabela 5- Solubilidade de cloridrato de metformina para diferentes valores de pH.

Valor de pH Solubilidade (mg/mL) ± DP Vsol (mL) Valor de Do

pH 1,2 295 ± 0,48 3,38 0,013

pH 4,5 322 ± 0,51 3,10 0,012

pH 5,8 296 ± 1,2 3,38 0,013

pH 6,8 353 ± 0,37 2,83 0,011

pH 7,4 352 ± 0,32 2,84 0,011

É importante destacar que apenas 33,8mL de meio é suficiente para manter a condição sink por todo o ensaio de dissolução. Os resultados de solubilidade obtidos corroboram com os resultados obtidos por Skripnik (2015). A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), com base no SCB, caracteriza um fármaco altamente solúvel nas seguintes condições:

Um fármaco será considerado altamente solúvel se sua maior dose administrada oralmente como uma formulação de liberação imediata (dose máxima por administração descrita em bula) solubiliza- se completamente em até 250 ml de cada uma das soluções tampão utilizadas dentro da faixa de pH fisiológico (1,2 a 6,8), a 37 ±1ºC (BRASIL, 2010; AMIDON et. al, 1995).

Todos os valores de Do para as solubilidades testadas foram menores que “1” (um), confirmando a alta solubilidade do fármaco

5.3. FORMULAÇÕES

5.3.1. Formulações teste

5.3.1.1. Doseamento de metformina em comprimidos das

formulações T1, T2 e T3.

Segundo a farmacopeia brasileira (2010), os comprimidos contendo cloridrato de metformina devem apresentar teor de no mínimo 95% e no máximo 105% de fármaco em relação à dose do comprimido.

Comprimidos com peso total acima de 250 mg é aceito uma variação de ± 5% em relação ao peso final do comprimido.

Os valores de peso médio e teor de fármaco nas formulações T1, T2 e T3 são apresentadas na tabela 6.

Tabela 6- Peso e teor médio para T1, T2 e T3

T1 T2 T3 Especificação

Peso médio

(mg) 989,19 ± 0,07 951,54 ± 0,02 919,72 ± 0,21 967,1 ± 48,3 Teor médio

(%) 96,58 ± 0,8 93,44 ± 0,5 102,66 ± 1,2 100 ± 5,0

Considerando o preconizado pela farmacopeia brasileira, todas as formulações têm o peso dentro da faixa de aceitabilidade especificado por tal órgão (918,7 à 1015,9). Em relação ao teor, apenas a formulação T2 está fora dos limites aceitos pela farmacopeia brasileira, contendo uma média de 467,23 mg de fármaco nos comprimidos (93,44%). Este valor foi considerado nos cálculos para estabelecer a taxa de dissolução de metformina após a realização dos ensaios de dissolução e também no programa DDDPlus® para a simulação dos ensaios in vitro, para as demais formulações, foi considerado o valor de 500mg (teor de 100%).

5.3.1.2. Dimensões dos comprimidos das formulações T1, T2 e T3.

A influência do formato dos comprimidos de liberação modificada por matriz polimérica no processo de dissolução já foi tema de pesquisas (KARASULU & ERTAN, 2002).

Ford e colaboradores (1987) estabeleceram uma relação linear entre a área superficial de comprimidos de liberação modificada contendo HPMC e a liberação do fármaco, sendo que, quanto maior a área superficial do comprimido, maior era a taxa de liberação do ativo.

Os trabalhos mais recentes indicam uma série de fatores que influenciam a liberação do fármaco a partir destas FF’s. A área superficial, por modular a forma como o meio de dissolução penetra o comprimido para a formação do gel, está entre estes fatores (ADDO et. al., 2010; TAJAROBI et. al., 2009; TUKARAM et. al., 2010).

As médias das medidas de 20 comprimidos das formulações T1, T2 e T3 são apresentadas na tabela 7.

Tabela 7- Medidas médias dos comprimidos das formulações T1, T2 e T3 (n=20).

Dimensões (cm) T1 T2 T3

Raio (A) 0,70 ± 0,00 0,70 ± 0,00 0,70 ± 0,00

Altura (B) 0,41 ± 0,03 0,40 ± 0,00 0,42 ± 0,02 Altura (H) 0,13 ± 0,01 0,13 ± 0,01 0,14 ± 0,01

Os valores das medidas “A”, “B” e “H” dos comprimidos das formulações T1, T2 e T3 demonstraram valores semelhantes entre eles, uma vez que a punção utilizada na compressão foi a mesma, de forma que a liberação de metformina a partir dessas formulações não seja afetada pela área superficial dos comprimidos secos em uma comparação entre T1, T2 e T3.

5.4. ENSAIOS DE DISSOLUÇÃO

5.4.1. Avaliação dos perfis de dissolução

Os resultados dos ensaios de dissolução de todas as condições testadas são apresentados na figura 14.

Figura 14- Perfis de dissolução das formulações T1, T2 e T3 nas condições aparato 2, meio de dissolução solução tampão fosfato pH 6,8 velocidades de agitação de 25 e 50 RPM com ou sem uso do sinker.

A liberação de fármacos a partir de matrizes poliméricas é um fenômeno bastante complexo que tem sido estudado por diversos autores ao longo dos anos. A conclusão mais bem aceita em relação à esses estudos é a de que essa liberação ocorre por três maneiras: a) difusão; b) erosão e c) ambos os processos (GAJDOŠOVÁ et. al. 2016; CACCAVO et. al., 2015; TAJAROBI et. al., 2009).

Todas as condições apresentaram dissolução igual ou superior a 80% do fármaco ao final de 24 horas de ensaio para todas as formulações testadas.

Previsivelmente, quando o sinker não foi utilizado, o HPMC presente na formulação, ao entrar em contato com o meio de dissolução formou um gel, fazendo com que o comprimido aderisse ao fundo da cuba. Esse fenômeno foi verificado nos ensaios envolvendo as formulações T1, T2 e T3.

Os gráficos da figura 6 mostram uma clara tendência a uma maior dissolução do fármaco nos ensaios que utilizaram o sinker, segundo Ford e colaboradores, a maior superfície de contato do comprimido com o meio de dissolução melhora a erosão promovida pela agitação da pá dentro da cuba. Uma vez que o sinker impede a adesão do comprimido, sua superfície de contato com o meio de dissolução aumenta. Isso é comprovado pelos resultados de ED (Tabela 8).

Tabela 8- Valores de ED para as formulações T1, T2 e T3.

Condições do ensaio T1 T2 T3

Sem Sinker 25RPM 0,57 0,55 0,51

50RPM 0,58 0,62 0,57

Com Sinker 25RPM 0,69 0,71 0,60

50RPM 0,70 0,66 0,64

Uma maior agitação do meio de dissolução nos ensaios com comprimidos de matriz polimérica aumenta a erosão da camada de hidrogel e permite uma liberação maior do fármaco presente nesta camada (KAVANAGH & CORRIGAN, 2004; COSTA & LOBO, 2001; ADDO et. al., 2010), entretanto, o uso do sinker indicou que para T1 a superfície de contato com o meio de dissolução é um fator mais determinante para a ED (Figura 15).

Figura 15- Gráfico de Pareto (A) e superfície de resposta (B) de ED para T1.

Fonte: Próprio autor

Os resultados dos fatores f1 e f2 refletem a maior influencia do sinker em

comparação à velocidade de rotação no processo de dissolução (a hipótese de que a área superficial aumentada, devido à presença do sinker, teve uma maior contribuição para o valor de ED) (Tabela 9).

Tabela 9- Resultados de f1 e f2 para T1.

Comparação dos métodos Valores de f2 Valores de f1

25 RPM Com Sinker Versus

25 RPM Sem Sinker 45 17

50 RPM Com Sinker Versus

50 RPM Sem Sinker 45 17

25 RPM Com Sinker Versus

50 RPM Com Sinker 76 4

25 RPM Sem Sinker Versus 50

RPM Sem Sinker 75 4

Para T2, o gráfico de Pareto (Figuras 16) e de superfície de resposta indicam que, juntos, a velocidade das pás e o uso do sinker exercem influência sobre a ED.

T2.

Figura 16- Gráfico de pareto (A) e superfície de resposta (B) de ED para

Fonte: Próprio autor

Diferentemente dos valores de f1 e f2 encontrados para a formulação T1,

para a formulação T2, somente os ensaios que utilizaram uma velocidade de 25 RPM indicaram diferença quanto ao uso ou ausência do sinker (Tabela 10).

Tabela 10- Resultados de f1 e f2 para T2.

Comparação dos métodos Valores de f2 Valores de f1

25 RPM Com Sinker Versus

25 RPM Sem Sinker 39 21

50 RPM Com Sinker Versus

50 RPM Sem Sinker 68 6

25 RPM Com Sinker Versus

50 RPM Com Sinker 61 8

25 RPM Sem Sinker Versus 50

RPM Sem Sinker 57 1

Os gráficos de Pareto e superfície de resposta para a formulação T3 indicam que o uso do sinker ainda é relevante no ensaio, uma vez que seu uso garantiu uma maior ED (Figura 17).

T3.

Figura 17- Gráfico de pareto (A) e superfície de resposta (B) de ED para

Fonte: Próprio autor

Os valores dos fatores f1 e f2 para a formulação T3 são apresentadas na

tabela 11, nota-se que nenhum dos itens discutidos neste trabalho demonstram influência sobre a liberação de metformina, isto é, todas as curvas de dissolução são semelhantes entre si.

Tabela 11- Resultados de f1 e f2 para T3.

Comparação dos métodos Valores de f2 Valores de f1

25 RPM Com Sinker Versus

25 RPM Sem Sinker 51 15

50 RPM Com Sinker Versus

50 RPM Sem Sinker 55 11

25 RPM Com Sinker Versus

50 RPM Com Sinker 58 1

25 RPM Sem Sinker Versus 50

RPM Sem Sinker 51 13

Embora os gráficos de pareto indiquem que todos os fatores foram significativos para os resultados de MDT, o uso do sinker teve maior impacto para as formulações T1, T2 e T3, os ensaios em que se utilizou este dispositivo obteve uma liberação mais rápida de metformina (Tabela 12).

Tabela 12- Valores de MDT para as formulações T1, T2 e T3. Condições do ensaio T1 T2 T3 Sem Sinker 25RPM 3,20 3,46 3,81 50RPM 2,85 2,91 2,95 Com Sinker 25RPM 2,51 2,73 3,10 50RPM 2,35 2,80 2,83

Figura 18- Gráfico de pareto (A) e superfície de resposta (B) de MDT para T1 e gráfico de pareto (C) e superfície de resposta (D) de MDT para T2.

Fonte: Próprio autor.

Também foi verificado que o uso do sinker teve maior influência nos ensaios operados sob a velocidade de 25RPM, neste caso, o MDT foi menor quando utilizado sinker no ensaio (Tabela 10). Assim como nas análises de ED da formulação T2, para MDT, a combinação entre os dois fatores avaliados teve maior importância para o MDT quando comparado a velocidade das pás separadamente (Figura 18C).

Entretanto, para a formulação T3, a velocidade das pás se mostrou o fator mais crítico para MDT. Os ensaios que foram realizados sob uma velocidade de 50RPM demonstraram que a liberação de metformina foi mais rápida que quando

utilizado a velocidade de 25RPM, corroborando com os achados de Addo e colaboradores (2010) (Figura 19A).

Figura 19- Gráfico de pareto (A) e superfície de resposta (B) de MDT para T3.

Fonte: Próprio autor.

Considerando todos os resultados de ED, MDT, fatores f1 e f2, discutidos

anteriormente, os ensaios que fizeram uso do sinker têm clara diferença daqueles que não o fizeram.

Pode-se supor que a baixa solubilidade e a capacidade de formação de gel da celulose microcristalina tornou a adesão ao fundo da cuba dos comprimidos de T1 ainda mais crítica se camparadas às formulações T2 e T3 (que possuem menor quantidade do excipiente citado) (TUKURAM et. al., 2010; FORD et. al., 1987).

Em relação aos ensaios realizados com a formulação T2 a 50RPM, o autor sugere que o processo de erosão ocorre de forma mais rápida e acentuada em comparação a 25RPM e o aumento da superfície de contato proporcionado pela erosão compensa a diminuição de superfície de contato pela adesão do comprimido à cuba e reduz a influencia do sinker (KAVANAGH & CORRIGAN, 2004; COSTA & LOBO, 2001; ADDO et. al., 2010).

Em contrapartida, conforme o aumento da concentração de HPMC, a área superficial dos comprimidos deixou de ser o único fator limitante, uma vez que aumenta a influência do polímero em modular a liberação do fármaco. Os resultados de ED da formulação T2 e de MDT da formulação T3 corroboram com

esse raciocínio (KAVANAGH & CORRIGAN, 2004; COSTA & LOBO, 2001; ADDO et. al., 2010).

Os resultados dos ensaios de dissolução para T1, T2 e T3 auxiliaram na otimização do método de dissolução adotado para o estudo dos perfis de dissolução dos produtos do mercado.

Documentos relacionados